terça-feira, 22 de março de 2016

Maior revista da Alemanha denuncia tentativa de golpe no Brasil

Por Redação
Lula e Dilma - ABr(1)
A revista semanal Der Spiegel, da Alemanha, publicou no último sábado (19) um texto em que analisa a crise política e a tentativa de golpe em andamento no Brasil. Segundo a publicação, havia “cada vez mais golpistas, radicias de direita e reacionários” nos protestos ocorridos contra o governo no último dia 13. O veículo destacou ainda as possíveis motivações políticas do juiz Sérgio Moro e o fato de que acusados de corrupção terão o papel de julgar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Leia o texto na íntegra abaixo.
A CRISE INSTITUCIONAL NO BRASIL: UM GOLPE FRIO
Por Jens Glüsing
Os opositores de Lula erigiram, o que sua frágil sucessora não conseguiu desde sua posse: unificar as bases do Partido dos Trabalhadores, dos sindicatos e movimentos sociais com o Governo.
Cem mil simpatizantes de Lula protestaram ao longo da sexta-feira em todo país contra o Impeachment da presidenta, que visa retirá-la do poder. Na Avenida Paulista em São Paulo, onde o termômetro para o protesto é contado, foram ocupados 11 quarteirões. As manifestações foram pacíficas e Lula mostrou uma postura conciliadora. Ele absteve-se de atacar a Justiça e conclamou para o diálogo. As palavras de ódio foram pouco ouvidas nas manifestações de Rio e São Paulo.
O mesmo não ocorreu nos protestos massivos contra o Governo do último final de semana, que juntaram um número cada vez maior de golpistas, radicais de direita e reacionários. Embora eles não sejam a maioria dos manifestantes, têm atraído cada vez mais simpatizantes. Isso tem se mostrado preocupante para ainda jovem democracia brasileira.
Pela primeira vez, desde o fim da ditadura militar em meados dos anos 80, o maior país da América Latina se vê diante de uma iminente profunda crise institucional que pode destruir todos os progressos conquistados nos últimos 30 anos. Parte da oposição e da Justiça age, juntamente com a maior empresa de telecomunicações TV Globo, para estimular uma verdadeira caça às bruxas que tem como alvo o ex-presidente Lula.
Sérgio Moro, ambicioso juiz de Curitiba, Sul do Brasil, persegue um evidente objetivo central: colocar o ex-presidente atrás da grades. Moro dirige as investigações do escândalo de corrupção sobre a empresa semi-estatal petrolífera Petrobras, no qual centenas de empresários, lobistas e políticos estão implicados, entre eles vários membros do alto escalão do partido de Lula, o Partido dos Trabalhadores.
Como num furacão, o juiz Moro varreu a elite política e econômica. Ele revelou desvios da ordem de bilhões de Reais. Mais de cem suspeitos estão na cadeia e, a maior parte, sem estarem ainda condenados. Muitos brasileiros celebram, por isso, o juiz como um verdadeiro herói nacional.
FRACOS INDÍCIOS
Porém, nos últimos meses os sucessos de Moro lhe subiram a cabeça. O juiz faz política, que não é a sua função. A quebra de sigilo das escutas telefônicas entre Lula e a presidente Rousseff, poucas horas depois da nomeação de Lula como Ministro, perseguiu fins políticos e fez com que o juiz fosse questionado, para pelo menos dar explicações.
Até o momento, Moro não foi bem sucedido na elaboração de sua acusação contra Lula, embora dezenas de promotores e policiais federais em Curitiba já há meses realizam uma devassa nas finanças e relações pessoais do ex-presidente. Os indícios são ainda frágeis.
Lula não tem milhões em contas na Suíça, como o poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que foi acusado por corrupção e lavagem de dinheiro e chamado de criminoso por um juiz da Suprema Corte. Mas, isso não o fez deixar a presidência e não o impediu de ter o controle sobre a comissão responsável pelo Impeachment da presidente.
Nessa referida comissão, possui lugar o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, que foi condenado na França por corrupção, mas que não será entregue pelas autoridades brasileiras, pois é deputado federal.
Essas são as figuras responsáveis por dar a palavra sobre a deposição da presidente, que não teve até agora nenhuma culpa revelada, minando a legitimidade de todo o processo.
À reboque de Lula, adverte-se um golpe frio sobre a democracia brasileira. Há grandes motivos para se preocupar.
 
 

segunda-feira, 21 de março de 2016

Haverá templo judeu, sacerdócio levítico e sacrifícios no milênio?

Na presente revista da CPAD que trata sobre escatologia como também nos comentários e subsídios feitos pelos blogueiros, percebi que ninguém animou a falar de uma polêmica que envolve o dispensacionalismo e o milênio e defensores famosos como J. Dwight Pentecost, onde é defendida a tese de que no milênio haverá um templo judeu com classe sacerdotal, sacrifícios e um Rei Davi ressurreto como regente milenial.

O Dispensacionalismo como já foi dito aqui  no blog em outras postagens, é um sistema doutrinário recente no seio do cristianismo, tendo em vista seu sistema codificado, ele possui cerca de 250 anos ao passo que a história do cristianismo tem 2.000 anos. Possui vertentes brandas e exageradas. Equilibrados e extremados, isso no âmbito da Lei e da Escatologia.

A versão mais recente desse teoria é a do dispensacionalismo progressista, que em alguns pontos se afastou de alguns posições da versão clássica e se aproximou um pouco do amilenismo, do pré-milenismo histórico e do pós-milenismo. Por isso, o tema abordado nesta postagem, não significa que é compartilhado por todos os dispensacionalistas. O comentário da lição da CPAD sobre essa lição, prefiriu omitir essa parte, para evitar polêmica.

A questão de se no Milênio haverá sacrifícios.


O Absurdo - O Templo, com seu sistema sacerdotal e sacrificial, serão restaurados no milênio! A interpretação nasce de um equívoco em considerar as profecias de Ezequiel, em sua maioria, literal e aplicando ao milênio.

I. O Templo: O dispensacionalista J. Dwight Pentecost, no Manual de Escatologia afirma a respeito da interpretação ‘correta’ das visões de Ezequiel: “[...] temos aqui uma previsão do templo construído na era milenar. Essa parece ser uma sequencia adequada e inteligente às profecias precedentes.” (p.519), cita então Merril F. Unger para corroborar sua posição de que: “O templo de Ezequiel é um santuário literal e futuro a ser construído na Palestina como esboçado durante o milênio.” (Manual de Escatologia, p.521).

As dimensões do templo das visões de Ezequiel são levadas a sua literalidade (p.521), sendo assim demonstrado que tal interpretação está bem definida nessa direção. Até o local para a sua construção, “uma montanha que será miraculosamente preparada para esse propósito” (Manual de Escatologia, p. 520)

II. O sistema sacerdotal: O sistema sacerdotal que será restaurado no milênio, segundo os dispensaccionalistas, é semelhante ao arônico, mas não necessariamente o mesmo. Existem diferenças e semelhanças. Que semelhanças são essas? J. D. Pentecost usa texto de Ezequiel e afirma:

“Existem certas semelhanças entre os sistemas arônico e milenar. No sistema milenar encontramos o centro da adoração num altar (Ez 43.13-17), onde o sangue é aspergido (43.18), e são oferecidos holocaustos, ofertas pelo pecado e culpa (40.39). A ordem levítica é restituída, já que os filhos de Zadoque são escolhidos para o ministério sacerdotal (43.19). A oferta de manjares está incorporada ao ritual (42.13). Existem rituais prescritos para a purificação do altar (43.20-27), dos levitas que ministram (44.25-27) e do santuário (45.18). Haverá observação das luas novas e dos sábados (46.1). Sacrifícios serão oferecidos diariamente pela manhã (46.13). Heranças perpétuas serão reconhecidas (46.16-18). A Páscoa será novamente observada (45.21-15) e a festa dos tabernáculos torna-se um acontecimento anual (45.25). O ano do jubileu observado (46.17). Há semelhanças nos regulamentos dados para governar o modo de vida, o vestuário e o sustenta da ordem sacerdotal (44.15-31). O templo no qual esse ministério é executado torna-se novamente o local onde se manifesta a glória de Jeová (43.3-5). Percebemos então que a forma de adoração no milênio terá grande semelhança com a velha ordem arônica.” (Manual de Escatologia, pp. 524,525).

Embora segundo Pentecost, o que mais importa são as diferenças e não as semelhanças, mas ambas são preocupantes. Achar que por ter diferenças, torna mais sublime, é um meio de nublar toda a problemática. Até mesmo nas diferenças, algumas coisas estranhas são apresentadas. Pois sugerem até que tal Templo e sacerdócio terá um “rei-sacerdote da ordem de Melquisedeque, talvez Davi ressurreto [...]” (p. 529)!!!

III. O sistema sacrificial: Segundo os defensores dessa visão, os sacrifícios serão comemorativos e não expiatórios. Diz J. D. Pentecost que nem no VT os sacrifícios eram expiatórios, pois apontavam a Cristo, assim também serão os sacrifícios no milênio dispensacional: “Que insensatez argumentar que um ritual poderia realizar no futuro o que nunca pôde ser realizar, ou realizou, ou foi projetado para realizar no passado.”(Manual de Escatologia, p. 530). Os sacrifícios, então, “serão memoriais quanto ao caráter” escreveu o dispensacionalista. Enquanto no VT era algo que apontaria para o futuro, os sacrifícios do milênio dispensacionalista, serão em retrospectiva (p. 531).

Os sacrifícios de animais durante o milênio, proposto na escola dispensacionalista, talvez guiado por Davi, exercerá uma mesma função semelhante da santa ceia. Veja:

“o pão e o vinho da ceia do Senhor são, para o crente, símbolos e memoriais físicos e materiais da redenção já adquirida. E esse será o caso com os sacrifícios reinstituídos em Jerusalém; eles serão comemorativos, como sacrifícios antigos se davam em perspectivas.” (Manual de Escatologia, p. 532).


Refutações:

1. "Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: "E aos seus descendentes", como se falando de muitos, mas: "Ao seu descendente", dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo". Gálatas 3:16.

2. "De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?
12 Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.
13 Porque aquele de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar,
14 Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio.
15 E muito mais manifesto é ainda, se à semelhança de Melquisedeque se levantar outro sacerdote,
16 Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.
17 Porque ele assim testifica: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque.
18 Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade
19 (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.
20 E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes,
21 Mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque,
22 De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador.
23 E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer,
24 Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
25 Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
26 Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;
27 Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre".  A carta aos Hebreus capítulo 7:11-28.

3. O problema seria totalmente resolvido se os dispensacionalistas aceitassem que o NT nunca fez uma aplicação dessas. A interpretação neotestamentária é totalmente diferente a respeito de realidades sacrificiais, sacerdotais e do templo, não tendo nunca um cumprimento futuro, em uma roupagem escatológica. Mas sempre como sombras, algo passageiro, envelhecido e que desapareceria, (Hebreus 8:13).

4. Qualquer menção que a Bíblia faça de reis e sacerdotes sobre a terra (Ap 5.10), e no chamado milênio (Ap 20.4-6), deve ser norteada pela revelação posterior a Ezequiel, que é o Novo Testamento: "Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo,
9 "Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço;
10 Consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.
11 Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
12 Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção". Hebreus 9:8-12.

5. A mesma palavra usada em hebraico usada em Ezequiel 45.15, etc., é usada em Levítico 16.6, etc. E o que sabemos, é que a palavra “expiar”significa “cobrir, reconciliar, propiciar, pacificar” (Dicionário Vine, p.122). Não significa, por certo, “celebrar, relembrar, comemorar”, como desejam os defensores do dispensacionalismo.
6. O NT classifica a Igreja como templo de Deus, seus membros como sacerdotes, seus serviços como adoração, seus sacramentos como memorial e sinal, o sacrifício de Cristo, como único e suficiente. Há diante de Deus há um povo (Efésios 2:14).

7. Quanto a regência de Davi no milênio, deve-se lembrar que quando o apóstolo Tiago fez menção da profecia de Amos 9:11 onde está escrito que o Tabernáculo caído de Davi seria levantado, ele faz uma aplicação da passagem direto para a igreja ao falar da inclusão dos  gentios dentro da comunidade cristã (Atos 15:13-21). Paulo vai na mesma linha ao falar das bençãos de Abraão, dizendo que as mesma chegaram aos gentios através de Cristo, (Gálatas 3:16,28,29). Ou seja, assim como em Efésios, novamente em Gálatas noção de um só povo - Igreja, não mais judeu nem gentio.