sexta-feira, 1 de abril de 2016

Subsídio para EBD - A Epístola aos Romanos

 
A Epístola aos Romanos, Epístola de Paulo aos Romanos, geralmente referida apenas como Romanos, é o sexto livro do Novo Testamento. Os estudiosos da Bíblia concordam que ela foi escrita pelo apóstolo Paulo aos romanos para explicar como a salvação é oferecida por meio do Evangelho de Jesus Cristo. É a primeira e a mais longa das Epístolas Paulinas, e é considerada a epístola com o "mais importante legado teológico".
 
Escrita aproximadamente entre 55dC e 57dC, “a carta de Paulo aos romanos tem sido considerada como a chave de Deus para a compreensão de toda a Escritura. Nela Paulo alinhava os grandes temas da Bíblia – pecado, lei, julgamento, destino humano, fé, obras, graça, justificação, santificação, eleição, o plano da salvação, a obra de Cristo e do Espírito, a esperança cristã, a natureza e vida da igreja, o lugar do judeu e do não judeu nos propósitos de Deus, a filosofia da igreja e a história do mundo, o significado e a mensagem do Antigo Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios da retidão e moralidade pessoal. Romanos nos abre uma perspectiva através da qual a paisagem completa da Bíblia pode ser vista e a revelação de como as partes se encaixam no todo se torna clara. O estudo de Romanos é vitalmente necessário para a saúde e entendimento espiritual do cristão.
 
 
Paulo não conhece a igreja em Roma, entretanto, intentando ir à Espanha, evangelizar, (Rm 15.24) espera visitá-la no caminho, assim como tê-la como um apoio em sua empreitada.
É uma carta para apresentar-se, isto é, discorrer sobre seu ministério e entendimento do evangelho, que são suas credenciais, assim como solicitar apoio financeiro e logístico para sua viagem missionária até a Espanha. Viagem esta que nunca aconteceu, Paulo foi a Roma como prisioneiro e lá foi morto.

“O fato da fé dos cristãos de Roma ser bem conhecida (Rm 1.8) e o desejo de Paulo de visitá-los há um bom tempo (Rm 1.13) indicam que a fé cristã tinha sido estabelecida na capital do império há bastante tempo. Estes fatos são apoiados pelas palavras do historiador romano Suetônio, que diz que Cláudio já tinha expulsado os judeus (em 49dC) por terem criado um tumulto ‘por causa de um tal Cresto’ (evidentemente uma referência a Cristo). Visitantes de Roma estavam presentes no Dia de Pentecostes (At 2.10-11) e podem ter sido os primeiros a levarem as boas novas à cidade. Por causa da importância estratégica da cidade e do grande número de judeus que lá vivia, a mensagem do evangelho deve ter chegado a Roma como que atraída por um ímã. Apesar da tradição, é certo que a igreja não foi fundada Pedro. A ausência de qualquer referência a Pedro ou aos outros apóstolos indica que a igreja romana não vivenciou um ministério apostólico direto.”

A apresentação de Paulo:
1-    Paulo se apresenta como servo de Cristo, chamado para ser apóstolo (v 1). Qualquer ministério deve ser fruto da disponibilidade em servir a Cristo. Separado para o evangelho de Deus (v 1) – apóstolo: enviado para levar o evangelho de Cristo onde ele ainda não foi anunciado ( Rm 15.20). O equivalente hoje ao termo apóstolo é o termo missionário.
2-     Expõe as bases das boas novas que anuncia: as promessas dos profetas (v 2) e o cumprimento cabal dessas profecias em Jesus Cristo, tanto na vida, como na morte, como na ressurreição. O que tornou Cristo Senhor (v4). Paulo deixa claro que apresenta Jesus Cristo como o Messias profetizado pelos profetas, que seria filho de Davi, que, porém, pelo fato de ter ressuscitado dentre os mortos foi designado Filho de Deus. “Paulo está dizendo que o poder da ressurreição representava o decreto pelo qual, como se acha no Salmo 2.7, Cristo foi declarado Filho de Deus: “Neste dia eu te gerei.3 ”
3-     Deixa claro que isto é obra de Deus que lhe deu a graça capacitadora e o apostolado que é o ministério que essa graça veio tornar possível. “A tradução recebi graça para ser apóstolo seria preferível.”4 Outra lição: a graça vem sobre nós não apenas para nos salvar, mas, para nos por a serviço de Deus.
4-     Deus fez isto por amor ao Seu Nome, para que Ele fosse conhecido pelos gentios, isto é, para que os gentios tivessem a oportunidade de receber fé, porque “a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo” (Rm 10.17)5 ; para que pela fé pudessem obedecer a Deus, isto é, não só tivessem a oportunidade de, pela fé que receberiam, submeterem-se a Deus, como, pela fé, receberem a graça que lhes permitiria viver em obediência ao Senhor. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6)”
5-     Paulo encerra a sua apresentação falando de seu amor para os que estão em Roma, reconhecendo que também eles estão entre os que Deus chamou para viverem exclusivamente para Ele, que é o signifcado de ser santo. Sem a graça de Deus, revelada em Jesus Cristo, a paz é uma impossibilidade. É pela graça que somos perdoados, o que nos coloca em paz com Deus, e é pela graça que perdoamos, alcançando paz com todos. Só há paz onde há perdão.
6        Roma – o desafio da grande cidade (Rm 1.8-10) Roma, a cidade eterna, como era designada, era uma cidade voltada ao prazer a qualquer preço, basta lembrar uma das frases de Júlio César, no tocante a isso. Dizia ele: “Quero ser o homem de todas as mulheres, e a mulher de todos os homens”. Quão difícil era viver como cristão em meio a tais circunstâncias. Daí a expressão de gratidão de Paulo pelo estilo de vida da Igreja em Roma, testemunhado pelas igrejas de todo o mundo. Certamente referia-se à fidelidade em meio às tentações a que estavam expostos, como à firmeza na fé frente à sempre presente possibilidade de perseguição (eram tempos de Nero – 54dC – 64dC – primeiro imperador a perseguir os cristãos). Referia-se também, provavelmente, a atuação dos cristãos na cidade, o que tornava marcante sua presença. O que foi, no correr da história, testemunhado pelo imperador Juliano (361dC – 363dC) que, embora inimigo do cristianismo, atesta em carta a seu amigo Lucrécio a atuação dos cristãos em favor dos pobres, tanto cristãos como não cristãos.
 
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo de Genebra – introdução à epístola de Paulo aos romanos – pg 1316-1317. Editora Cultura Cristã – Sociedade Bíblica do Brasil – 1999.
Op. cit. pg 1316 3 Calvino, João – Romanos – Comentário à Sagrada Escritura – pg 42 – Edições Paracletos – 1997
Calvino, João – Romanos – Comentário à Sagrada Escritura – pg 44 – Edições Paracletos – 1997.
Bíblia na Linguagem de Hoje – SBB

quinta-feira, 31 de março de 2016

A BÍBLIA E O IMPEACHMENT – CAIO FÁBIO



Acabamos de lançar e disponibilizar para download gratuito a versão revisada do livro “A Bíblia e o Impeachment”, do Rev. Caio Fábio. Se você é um cidadão brasileiro, discípulo de Jesus, e deseja ter luz e fundamento espiritual para exercer o seu papel nos dias atuais, esta se torna uma leitura indispensável! Informe aos amigos, compartilhe!




PREFÁCIO DO LIVRO:

O livro do pastor Caio Fábio, A Bíblia e o Impeachment, continua tão pertinente hoje quanto o fora há quase duas décadas e meia, seja porque o país está em clima de um outro impeachment, seja porque quem ao qual o livro se destinou no início da década de 90 permanecer sendo ainda destinatário do mesmo: a igreja evangélica.

Falar em igreja evangélica (igreja como instituição, claro) nos dias de hoje não é exatamente a mesma coisa de há duas décadas e meia. Nos idos do início dos anos 80, a igreja ainda era uma recém-saída dos negros anos da ditadura militar. Nesse período, a igreja foi silente. Com raríssimas exceções, uma ou outra voz evangélica se erguera contra o regime de exceção. A igreja era apenas um componente social discreto, avesso à política, longe dos embates que diziam respeito à nação e nutria, até, uma certa simpatia com o autoritarismo por conta de sua “filosofia da ordem”. Em suma, o regime militar não perturbava e ela não perturbava o regime militar.

Quando ocorre a redemocratização do país, a igreja começa a sair da toca e percebe que tem que se colocar no mundo. Inicia-se então a propagação de um mote que grassou o meio evangélico na segunda metade da década de 80, que era o “irmão vota em irmão”. Sendo um ambiente estranho ao pensamento crítico e à politização da vida, a igreja estava desguarnecida de formulações intelectuais/espirituais para discutir esse pressuposto, especialmente os meios pentecostais que, à época, estava em outra dimensão com Paul (hoje David) Young Cho. Pouquíssimas vozes, advindas sempre das igrejas históricas, eram os ‘hereges’ que se metiam nesse tipo de assunto.

Na virada década, com as eleições para presidente, a igreja já estava no páreo político, mas ainda carente das já referidas formulações. Mas àquela altura os líderes evangélicos já tinham percebido a força eleitoreira do rebanho, especialmente depois das eleições de 88. Em 92, essa igreja, quase que maciçamente, ajudou a eleger Collor de Mello presidente. Quando este se viu em apuros, em meio a escândalos vindos a público por denúncias do próprio irmão, e foi submetido a um processo de impeachment, essa igreja política e biblicamente desguarnecida entrou em parafuso. O crente deveria ou não apoiar o impeachment? E Romanos 13, como fica? Ora, uma igreja que foi ordeira e cordeira nos anos de ditadura havia sido doutrinada o suficiente para sê-lo num regime democrático. O golpe de 64 foi mais fácil porque, além do combate ao comunismo como pretexto, não fora a igreja quem sujara as mãos. Na democracia, não. Na democracia ela não teve como se esconder.

Nesse vácuo, surge A Bíblia e o Impeachment, livro que o reverendo Caio Fábio escreveu às pressas (seis dias), em quartos de hotel, para dar uma resposta ao dilema e uma fundamentação bíblica da questão.

Quase duas décadas e meia depois, o livro continua pertinente, primeiro, pelo momento político do país (em que uma presidente se vê envolvida em novos escândalos de corrupção, politicamente fragilizada, moralmente combalida e executivamente desorientada) e, segundo, pelo mesmo destinatário que, em muitos aspectos, já não é mais o mesmo. A igreja, antes no quase anonimato, tem hoje protagonismo de sobra. Ela se emaranhou ao poder, tem uma bancada no Congresso (o ainda presidente da câmara, Eduardo Cunha, é evangélico), é detentora de cadeias de comunicação, esbanja poder econômico e já demonstrou ter grande simpatia por um Estado teocrático. Sua pertinência persiste, ainda que as questões não sejam mais as mesmas de vinte e poucos anos atrás.

Depois de pequenas revisões, que tivemos o cuidado de manter seu escopo, A Bíblia e o Impeachment continua a ser leitura imprescindível para os dias de hoje, para a hora de agora.
Boa leitura!

Fonte: http://www.caiofabio.net/


quarta-feira, 30 de março de 2016

31 de Março o dia do golpe. Calma!!! Isso foi em 1964!

Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart. A falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável. Não se conseguiu articular os militares legalistas. Também fracassou uma greve geral proposta pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) em apoio ao governo. João Goulart, em busca de segurança, viajou no dia 1o de abril do Rio, para Brasília, e em seguida para Porto Alegre, onde Leonel Brizola tentava organizar a resistência com apoio de oficiais legalistas, a exemplo do que ocorrera em 1961. Apesar da insistência de Brizola, Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas e seguiu para o exílio no Uruguai, de onde só retornaria ao Brasil para ser sepultado, em 1976.
 
Nos primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda no espectro político, como por exemplo o CGT, a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. O líder comunista Gregório Bezerra, por exemplo, foi amarrado e arrastado pelas ruas de Recife. 
Presidente João Goulart condecora o ministro Hermes Lima (entre set 1961 e junho 1963).
A junta baixou um "Ato Institucional" – uma invenção do governo militar que não estava prevista na Constituição de 1946 nem possuía fundamentação jurídica. Seu objetivo era justificar os atos de exceção que se seguiram. Ao longo do mês de abril de 1964 foram abertos centenas de Inquéritos Policiais-Militares (IPMs). Chefiados em sua maioria por coronéis, esses inquéritos tinham o objetivo de apurar atividades consideradas subversivas. Milhares de pessoas foram atingidas em seus direitos: parlamentares tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos suspensos e funcionários públicos civis e militares foram demitidos ou aposentados. Entre os cassados, encontravam-se personagens que ocuparam posições de destaque na vida política nacional, como João Goulart, Jânio Quadros, Miguel Arraes, Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes. 
Ademar de Barros, entre jornalistas, fala ao microfone (entre 1947 e 1951).
Entretanto, o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, 
Carlos Lacerda e Cordeiro de Farias (1955)
da Igreja católica, vários governadores de estados importantes (como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo) e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica. 
Antônio Carlos Muricy, Magalhães Pinto e Aurélio Lira Tavares numa cerimônia de condecoração do primeiro (entre 1967 e 1969).
O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto a conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido militar, Vernon Walters, e haviam decidido, através da secreta "Operação Brother Sam", dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a Jango. 
John F. Kennedy recebe João Goulart na embaixada americana em Roma durante visita à Itália (1963).
Os militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a "ameaça comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil. Uma idéia fundamental para os golpistas era que a principal ameaça à ordem capitalista e à segurança do país não viria de fora, através de uma guerra tradicional contra exércitos estrangeiros; ela viria de dentro do próprio país, através de brasileiros que atuariam como "inimigos internos" – para usar uma expressão da época. Esses "inimigos internos" procurariam implantar o comunismo no país pela via revolucionária, através da "subversão" da ordem existente – daí serem chamados pelos militares de "subversivos". Diversos exemplos internacionais, como as guerras revolucionárias ocorridas na Ásia, na África e principalmente em Cuba, serviam para reforçar esses temores. Essa visão de mundo estava na base da chamada "Doutrina de Segurança Nacional" e das teorias de "guerra anti-subversiva" ou "anti-revolucionária" ensinadas nas escolas superiores das Forças Armadas.

Os militares que assumiram o poder em 1964 acreditavam que o regime democrático que vigorara no Brasil desde o fim da Segunda Guerra Mundial havia se mostrado incapaz de deter a "ameaça comunista". Com o golpe, deu-se início à implantação de um regime político marcado pelo "autoritarismo", isto é, um regime político que privilegiava a autoridade do Estado em relação às liberdades individuais, e o Poder Executivo em detrimento dos poderes Legislativo e Judiciário. 
Ernani do Amaral Peixoto por ocasião da entrega do projeto de reforma administrativa ao presidente João Goulart (dez 1963).
A falta de resistência ao golpe de 1964 não deve ser vista como resultado da derrota diante de uma bem articulada conspiração militar. Foi clara a falta de organização e coordenação entre os militares golpistas. Mais do que uma conspiração única, centralizada e estruturada, a imagem mais fidedigna é a de "ilhas de conspiração", com grupos unidos ideologicamente pela rejeição da política pré-1964, mas com baixo grau de articulação entre si. Não havia um projeto de governo bem definido, além da necessidade de se fazer uma "limpeza" nas instituições e recuperar a economia. O que diferenciava os militares golpistas era a avaliação da profundidade necessária à intervenção militar. 
Antônio Carlos Muricy, Joaquim Justino Alves Bastos, Homero Souto de Oliveira, Paulo Guerra e outros na Parada da Vitória (24 maio 1964).
Desde o início havia uma nítida diferenciação entre, de um lado, militares que clamavam por medidas mais radicais contra a "subversão" e apoiavam uma permanência dos militares no poder por um longo período e, de outro lado, aqueles que se filiavam à tradição de intervenções militares "moderadoras" na política – como havia acontecido, por exemplo, em 1930, 1945 e 1954 – seguidas de um rápido retorno do poder aos civis. Os mais radicais aglutinaram-se em torno do general Costa e Silva; os outros, do general Humberto de Alencar Castelo Branco. 
Antônio Carlos Muricy e outros durante visita de Humberto Castelo Branco a Recife (junho 1964).
Articulações bem-sucedidas na área militar de um grupo de oficiais pró-Castelo e o apoio dos principais líderes políticos civis favoráveis ao golpe foram decisivos para que, no dia 15 de abril de 1964, Castelo Branco assumisse a presidência da República, eleito, dias antes, por um Congresso já bastante expurgado. O novo presidente assumiu o poder prometendo a retomada do crescimento econômico e o retorno do país à "normalidade democrática". Isto, no entanto, só ocorreria 21 anos mais tarde. É por isso que 1964 representa um marco e uma novidade na história política do Brasil: diferentemente do que ocorreu em outras ocasiões, desta vez militares não apenas deram um golpe de Estado, como permaneceram no poder.  (Celso Castro)
 
Fonte: Texto elaborado por Celso Castro do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) é a Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas. Endereço - https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964.
 
Meu Comentário: Com o agravamento da crise política, com denúncias e mais denúncias de corrupção no meio político, seja em nível federal, estadual ou municipal, e atingindo um número cada vez maior de partidos políticos, vejo crescer um sentimento de descrença com a política partidária e ao próprio regime democrático. É também nítido no país principalmente após as eleições de 2014, uma divisão no país e um clima de ódio.

Falar em alternância de poder dentro do sistema democrático é uma coisa, mas ultimamente ando ouvindo e lendo sobre gente defendendo a intervenção militar no Brasil, dizendo que é a única solução já que os partidos estão em sua maioria dominado pela corrupção. Aí depois fazem uma ressalva, que essa intervenção deveria ser provisória e tutelada pelo STF, convocando em seguida uma nova eleição.

Esse pensamento é um ledo engano, pois a história como mostra a postagem acima está aí para provar. Em 1964, muitos que apoiaram o golpe também quiseram derrubar o governo e pensavam que o poder voltaria logo para os civis. Carlos Lacerda, um dos apoiadores, queria ser candidato a presidente nas eleições de 1965, que não ocorreu. Juscelino que era senador por Goiás na época votou em Castelo Branco na eleição indireta no Congresso Nacional, também era candidato para a essa mesma eleição. 
Resultado, ambos foram cassados juntos com os "comunistas". O regime que era para durar menos de dois anos durou 21 anos. Quando se solta um pitbull, é difícil colocar a coleira de novo.

O apóstolo Paulo diz em I Cor 10:11, se referindo aos cristãos que muitas coisas que ocorreram com os hebreus foi para aviso nosso. Que a história do próprio Brasil seja para nós um aviso para não repetirmos os mesmos erros!

terça-feira, 29 de março de 2016

Papa e filho de Billy Graham divergem sobre quem é "filho de Deus"


A onde crescente de ataques terroristas islâmicos no mundo tem causado diferentes reações. Desde o surgimento de milícias cristãs, até campanhas de oração, os cristãos procuram se posicionar de várias formas. Quando foi divulgado que terroristas islâmicos fizeram um ataque suicida visando apenas os cristãos no Paquistão, o saldo foi 70 mortos e cerca de 350 feridos, a maioria mulheres e crianças.
 
Imediatamente, o pastor Franklin Graham, líder a Associação Evangelística Billy Graham, usou seu perfil no Facebook para trazer uma mensagem de conforto:
“Como cristãos, sabemos que quando a morte chega para alguém que confiou em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, somos conduzidos à presença de nosso Pai Celestial e viveremos eternamente em Sua presença. A sepultura não tem poder sobre o crente!”, escreveu.
 
No mesmo texto, após dizer que soube da ameaça do grupo terrorista em fazer outros atentados em breve, lembrou: “Os muçulmanos querem a sharia… para que o mundo inteiro se curve ao Islã. Isso não vai acontecer. A Palavra de Deus nos diz que um dia ‘ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai’. (Filipenses 2: 10-11). Eu sirvo um Salvador ressuscitado!”.
 
O papa Francisco também falou de modo genérico sobre o terrorismo em sua mensagem pascal no domingo.
“Confiamos ao poder do Senhor ressuscitado as conversações em curso, de modo que, com a boa vontade e a cooperação de todos, seja possível colher os frutos da paz e dar início à construção de uma sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de cada cidadão. A mensagem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra rolada do sepulcro vença a dureza dos corações e promova um encontro fecundo entre povos e culturas”, diz o documento.
 
Curiosamente, na quinta (24), o pontífice fez na cerimônia do lava-pés, um discursou enfatizando: “Todos nós, juntos: muçulmanos, hindus, católicos, coptas e evangélicos. Somos irmãos, filhos do mesmo Deus. Queremos viver em paz, integrados”, disse Francisco.
 
Outro aspecto que chama atenção é o fato de que no dia anterior (25), o papa Francisco ter pedido perdão aos protestantes e membros de outras igrejas cristãs pela perseguição de católicos no passado. Anunciou ainda que irá participar do lançamento das comemorações do 500º aniversário da Reforma.
Dia 31 de outubro, o pontífice estará na cidade sueca de Lund, na sede da Federação Luterana Mundial. Já foi anunciado que será usada uma “oração comum” que ambas as denominações cristãs irão usar durante as comemorações de 2017.
 
Francisco volta a buscar aproximação com grupos religiosos que no passado eram inimigos mortais do catolicismo. Isso mostra que sua agenda ecumênica avança. Se uma união total ainda não é possível, essa situação seria impensável séculos atrás, quando os cruzados católicos travavam guerras contra os muçulmanos. Ou ainda quando protestantes e católicos derramavam mutuamente sangue nas guerras religiosas na Europa entre 1525 e 1648.
 
Em visita a Turquia no ano passado, o papa disse que cristãos e muçulmanos são “irmãos e irmãs viajando pelo mesmo caminho”.
Em reunião com Bartolomeu I, um dos mais importantes líderes da igreja ortodoxa falou sobre a tentativa de reunificação das duas vertentes do cristianismo, separadas há quase mil anos.
 
No último outubro, uma cerimônia no Vaticano reuniu líderes, de mais de uma dezena de tradições religiosas, incluindo sikhs e hindus. Francisco pediu na ocasião que “Todos os crentes, de todas as religiões, juntos, podemos adorar ao criador por ter nos dado o jardim que é esse mundo”.
No final, pediu que cada um fizesse orações, “conforme sua própria tradição religiosa” e conclamou aos representantes das diferentes fés presentes que pedissem ao “seu deus” que os fizesse “mais irmãos”. Perto da virada do ano, incluiu os ateus nesse grupo.
 
No início de 2016, o Vaticano publicou um vídeo com o papa afirmando “só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus”. Com informações de EFE e Reuters.
 
O contraste da mensagem do evangélico Franklin Graham é óbvio, pois este não deixa de fora o imperativo bíblico que se reconheça Jesus como Senhor e que somente os que creem nele podem ser chamados “filhos de Deus” (Jo 1:12 e 3:18). Com informações de Christian Post.
 
 

segunda-feira, 28 de março de 2016

Os manifestos evangélicos e a crise política do Brasil

Neste mês, em face da crise política que atravessa o nosso país, alguns Conselhos de pastores tem lançado alguns manifestos. Até o momento foram três, mas outros devem aparecer por aí. O primeiro foi o Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito, assinado por pastores como Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz, Carlos Queiroz e Paulo Cappeleti, entre outros. Todos ligados a Missão Integral da Igreja, que para seus opositores soa mais como uma versão evangélica da Teologia da Libertação. 

A gritaria contra foi grande. Foram chamados de esquerdistas, petistas, ainda foi dito sobre eles, de como poderiam apoiar um partido como o PT, que se deixaram levar pela ideologia, etc. 

O segundo manifesto foi o da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, que vai justamente contra a linha feita pelo manifesto anterior. Esse segundo o jornal Folha de São Paulo foi assinado por líderes de denominações como Sara Nossa Terra, Universal, Batista, Assembléia de Deus. O documento faz uma nota de apoio uma nota em defesa do juiz federal Sergio Moro, do combate à corrupção e da punição dos culpados. 

O terceiro foi o do Manifesto à Nação Brasileira do Conselho Apostólico Brasileiro. Fica claro que ele também vai contra o primeiro Manifesto e também que expressa seu conceito de Batalha Espiritual. Não é atoa que ele é assinado entre outros líderes pelas apóstolas Neuza Itioka e Valnice Millomens. 

Olhando a posição política dos  líderes evangélicos brasileiros vê-se o seguinte:

Bispo Rodovalho (Sara Nossa Terra) - Teve o mandato de deputado federal cassado pelo TSE em 2010 por infidelidade partidária.

Valnice Millomens - Entre outras coisas, já profetizou a vinda de Jesus para 2007, e depois a eleição de Marina Silva em 2014.

Edir Macedo/Crivela e a IURD – Demonizaram o Lula na Eleição de 1989. Devem ter feito uma sessão descarrego nele, porque depois de 2003, com o início do governo petista, entraram dentro de corpo e alma, conquistando cargos públicos, mais concessões midiáticas, e etc. Agora, depois de treze anos juntos, o presidente do partido que criaram, diz que eles precisam ouvir “o barulho das ruas” e estão de malas prontas fora do governo, provavelmente já esperando o próximo entrar para embarcar de novo.

Manoel Ferreira (CONAMAD) e José Wellington (CGADB) - Nas últimas eleições Ferreira ficou com Lula e Dilma e Wellington com Serra, já para Aécio parece que o apoio foi mais velado.  
 
Malafaia – Em2002, apoiou Lula e gravou depoimento para o programa eleitoral. Na gestão Lula, foi indicado para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social como representante dos evangélicos. Disse que se afastou do PT durante a tramitação da PL 122 no Congresso que criminaliza a homofobia, e depois de tentativas do governo de tentar puni-lo por considerar seus programas na televisão como tendo conteúdo homofóbico. Em 2010, Malafaia inciou apoiando a Marina Silva, depois rompeu com ela e apoiou José Serra (PSDB), contra Dilma Rousseff. Em 2014, apoiou no primeiro turno o pastor Everaldo (PSC) e no segundo, Aécio Neves (PSDB). Agora convoca manifestações contra Dilma e sobe no trio elétrico junto com o deputado Jair Bolsonaro (PSC) que é pré-candidato a presidente na próxima eleição presidencial.

Marco Feliciano – Crítico do PT, sonha com a Presidência, mas na minha opinião é o elo mais fraco da corrente com Malafaia e Bolsonaro. Vai ter que se contentar em ser um apoiador bolsonarista, porque acredito que até 2018, nem vice ele vai ser.

Caio Fábio – Foi grande apoiador de Lula na década de 90, mas depois do Dossiê Cayman, passou a crítico de Lula, pois diz que o mesmo jogou no seu colo a responsabilidade pelo Dossiê Cayman de 1998. Nas eleições de 2010 e 2014 apoiou publicamente Marina Silva. Não tem mais a influência de antes, mas ainda é um formador de opinião.

Ariovaldo Ramos/Ed René e o pessoal da Teologia da Missão Integral – O Conselho de igrejas que criaram representa uma parcela menor dos evangélicos, pois há grandes denominações não fazem parte da mesma. Mas estão pontuando sua posição e mostrando sua voz, mesmo recebendo críticas de todo lado, depois que lançaram um manifesto, chamando eles de esquerdistas, apoiadores do PT e tal.
 
O que penso: Eu sei que vou contrariar muita gente, mas se fosse me dado a opção de escolher entre os três manifestos acima, eu prefiro assinar o manifesto do Ariovaldo e companhia do que entrar na onda de alguns pregadores midiáticos que se levantam contra o atual governo pelo simples fato de não terem alguns de seus pedidos atendidos, dentre os quais, concessões de canais de TV, cargos públicos, leis que beneficiam sua própria classe, etc.  E tem mais: se o primeiro manifesto é ideológico, os outros também são.

Não concordo com teólogos fundamentalistas de plantão destilando seu veneno para apoiar a derrubada de um governo, distorcendo a Bíblia a seu bel-prazer para impor sua agenda estilo “Maioria Moral” norte-americana sobre um estado laico. Não tenho vocação para ser massa de manobra e nenhum líder religioso tem procuração para pensar em meu lugar.

Não posso  concordar com uma tentativa para derrubar um governo que mal ou bem foi eleito por voto popular. Se me convencessem de que a corrupção só surgiu no país a partir do atual governo e que membros de partidos da oposição também não foram indiciados na operação lava-jato. A lista da Odebretch recentemente divulgada prova que as propinas envolvendo essa empresa estão documentadas em planilhas desde 1988 (governo Sarney).
 
Alguém pode dizer: Mas o Collor também foi eleito e sofreu o impeachment!
É verdade, com o próprio irmão denunciando o esquema PC que acontecia dentro do Palácio do Planalto. Agora, que eu saiba até o momento não houve consenso entre os juristas se realmente a Presidente cometeu os crimes que tipificam um impeachment.

Tudo indica que um Congresso no qual grande parte de seus integrantes estão arrolados em coisas nada éticas, alguns até já respondendo processos como réus e que vão julgar a Presidente. Quanta legitimidade!

Eu até acreditaria do patriotismo de toda esta gente não fosse o fato de que muitos que vociferam contra a corrupção não fossem os mesmos a sonegar impostos ao entrarem no país sem declarar o que compraram em sua viagem a Miami.

O que está ocorrendo é nada mais do que a tomada do poder por um partido que desde a redemocratização em 1985, não saiu do poder, seja como governo (Sarney) ou como participante do mesmo de todos até hoje. Agora um vice que tem 1% nas pesquisas de opinião deve assumir a presidência e fazer uma nova divisão do bolo.

Eu me proporia a fazer coro com a grande turba vestida de verde e amarelo se não tivesse a consciência de que o Brasil corre o risco de dar uma guinada à direita que resultaria no abandono de programas governamentais que contemplam os mais necessitados e que são responsáveis pela inserção de 36 milhões oriundas das classes mais baixas na classe média.

Sou mas favorável a tese da Marina Silva, de que se esperasse a decisão do TSE, caso comprovado ilícito na eleição de 2014, que a chapa inteira fosse cassada e se convocasse novas eleições.

Se eu tiver que marchar, não será contra um partido, mas contra a corrupção cuja metástase já comprometeu todo o tecido político e social deste país. Não será ao lado de Bolsonaros, Cunhas, Aécios, Felicianos e Malafaias, cuja mensagem é de ódio e não de paz.

Observação: O Pr. Geremias do Couto em seu comentário na postagem, informa sobre outro Manifesto, na verdade uma Declaração feita por ocasião do 10º Congresso de Teologia Vida Nova, nos dias 15 a 18 de março de 2016 em Águas de Lindoia/SP, onde pastores e teólogos e líderes evangélicos, como o próprio Pr. Geremias, Norma Braga, Renato Vargens, Franklin Ferreira, Russell Shedd e outros assinaram o documento. Eu não o mencionei porque até então não havia lido sobre o mesmo. Portanto, fazendo aqui  no blog uma correção, em vez de três Manifestos, são na verdade quatro até agora. O nome do último documento citado é Declaração sobre a Atual Conjuntura Sociopolítica da Nação.

Em um assunto como esse, dificilmente se consegue manter a neutralidade, e apesar da Declaração produzida no Congresso da Vida Nova, ter muitos nomes os quais tenho respeito e admiração,  minha posição pessoal não muda, se fosse para assinar um dos quatro, ainda fico com o primeiro que foi mencionado.