sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Brasileiro retorna ao Brasil, após prisão por proselitismo no Egito





O guia turístico maranhense Dagnaldo Pinheiro Gomes, 36 anos, deportado do Egito por, supostamente, divulgar ideais cristãos no país de maioria muçulmana, chegou na manhã desta sexta-feira ao Brasil. Ele ficou nove dias preso no que definiu como um "esconderijo clandestino", ao lado de prisioneiros que teriam sofrido torturas.
Gomes morava no Egito há sete anos e foi preso no dia 18, em Cairo, quando visitava as pirâmides. Policiais encontraram bíblias e folhetos cristãos escritos em árabe no seu carro e o detiveram pelo crime de proselitismo religioso, proibido pelas leis egípcias.
"Fui colocado em um lugar clandestino, com outros prisioneiros que eram torturados. Tive muito medo, cheguei a ficar incomunicável por alguns dias", afirmou. Oficiais do corpo diplomático brasileiro visitaram Gomes na prisão e atuaram para que ele fosse libertado. "É muito bom voltar para meu país. Aqui tem liberdade de expressão", afirmou, após desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.


Fonte: O Estadão



MEU COMENTÁRIO:


Fico feliz e grato a Deus, pela libertação do Daguinaldo, estávamos orando por isso. Agora gostaria de comentar sua frase: "É muito bom voltar para meu país. Aqui tem liberdade de expressão". Bom, por enquanto tem mesmo, mas, até quando?


Nesse instante, em nosso país, estamos assistindo estarrecidos sobre a quebra do sigilo de dados na Receita Federal de pelo menos 140 pessoas, que inclui políticos, empresários, artistas e outros. O humor feito por humoristas com políticos foi liberado, graças ao bom senso de um ministro do Supremo Tribunal Federal, porque senão estaria proíbido. Cadê a liberdade de expressão? Volta e meia surge tentativas de se controlar a imprensa.


Em países vizinhos como Argentina e Venezuela, os governos tem procurado cercear a imprensa local. Esse ano, é eleitoral, portanto, que cada um vote conscientemente e veja quem de fato, é a favor do processo democrático.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Brasileiro é preso no Egito por portar Bíblias e folhetos

O guia turístico brasileiro Dagnaldo Pinheiro Gomes, 36 anos, foi preso no Egito na última terça-feira porque as autoridades daquele país teriam encontrado no carro dele panfletos religiosos. Dagnaldo foi preso quando levava duas turistas brasileiras para um passeio nas pirâmides.

Na quarta-feira, ele falou com a noiva que mora em Balsas, sul do Maranhão, avisando da prisão e de que seria deportado para o Brasil. Mariângela Vale disse que esta foi a última vez que conseguiu falar com o noivo. "Ele só me falou que haviam apreendido os celulares dele e, por isso, não podia mais falar no celular. Mas ele estava esperando ser deportado no dia seguinte. Eu achei até que ele estava tranquilo. Ele disse que encontraram material evangelístico no carro", afirmou a noiva do brasileiro.

O maranhense Dagnaldo Gomes mora há mais de seis anos no Egito. Ele presta serviço para uma agência paulista que leva turistas para o Oriente Médio. O visto de permanência dele no Egito é válido até 2012. O Itamaraty confirmou a detenção do brasileiro e que as duas turistas, mãe e filha, já foram liberadas. Uma delas já voltou ao Brasil, segundo a agência de turismo. O governo brasileiro ainda não confirmou o motivo da prisão.

Fontes: vídeo do Jornal Hoje, Tv Globo. Texto do site terra.com.br

MEU COMENTÁRIO: Conheço Daguinaldo há mais de doze anos, ele é membro da nossa igreja AD em Uberlândia/MG. Fomos líderes da UMADUC em 1998. No ano seguinte em 1999, Daguinaldo juntamente com vários outros irmãos foram enviados para o Projeto Radical, da Missões Horizontes em parceria com a nossa igreja local. Foram cinco anos de projeto. Aprendeu o inglês e já estava indo bem na língua árabe.

Ao término do mesmo, ele voltou para o Brasil. Em 2004, ele foi trabalhar no Egito, sendo que a última igreja em que ele esteve antes de embarcar, foi justamente a que eu pastoreava. A última informação foi divulgada hoje pela Folha Online:

"O Ministério das Relações Exteriores informou que o operador de turismo Dagnaldo Pinheiro Gomes, 36, preso no Egito, deve ser extraditado. A informação foi passada pelo pelo governo egípcio para a embaixada brasileira no Cairo. O brasileiro foi detido no dia 17, acusado de proselitismo religioso. A prática é proibida no país africano, um Estado laico de maioria muçulmana".

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Carta ao Povo de Deus e a ausência de Dilma no Debate nas Tvs Católicas






Carta ao Povo de Deus

Vedete da campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, a "Carta ao Povo Brasileiro", feita sob medida para acalmar o mercado, ficou para trás. De olho no voto de católicos e evangélicos, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, escreveu agora um manifesto intitulado "Carta ao Povo de Deus", no qual defende a família e promete não espichar a polêmica sobre aborto e união civil entre homossexuais.
"Cabe ao Congresso Nacional a função básica de encontrar o ponto de equilíbrio nas posições que envolvam valores éticos e fundamentais, muitas vezes contraditórios, como aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes, tanto para as minorias como para toda sociedade brasileira", diz a carta assinada por Dilma.
No último parágrafo do manifesto, que será distribuído em seu comitê, a petista pede "oração" e "voto" para ter a "oportunidade" de continuar o projeto de Lula. Em tom pontuado por expressões de fé e esperança, Dilma diz que programas como o Bolsa-Família e o Minha Casa Minha Vida resgatam valores da cidadania e a "semente do Evangelho".
Disposta a cativar todas as denominações cristãs, ela observa que a miséria e as distorções sociais têm "o dedo imperfeito do homem, e não o desígnio de um Deus perfeito".
“Votar na Dilma é uma decisão acertada para que as coisas continuem melhorando. Afinal, mudar o jogo agora é arriscado. Time que vence não muda. Ela é competente e isso basta”, defende o deputado federal Manoel Ferreira (PR-RJ).
“Dilma é uma lutadora. Ela é uma vencedora, uma mulher de fibra. Juntamente com o presidente Lula desenvolveu o projeto de um Brasil que está dando certo”, afirma o deputado federal Bispo Robson Rodovalho (PP-DF), fundador do ministério Sara Nossa Terra.
“Dilma Rousseff, em sua luta por liberdade e justiça, no período da ditadura, sintetiza todas as virtudes da vocação democrática, e também as resistências morais e de caráter da mulher brasileira”, avaliou o presidente da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Jerônimo Alves.

Debate dos presidenciáveis na Tv Aparecida/Canção Nova, dia 23/08/2010

A candidata Dilma Rousseff (PT) não participou do primeiro debate presidencial realizado na noite de hoje pelas TVs Canção Nova e Aparecida, o primeiro realizado por TVs católicas, mas foi o principal alvo dos rivais José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Principal adversário da petista, Serra aproveitou para atribuir a ausência de Dilma a eventual dificuldade que ela teria para explicar o apoio do PT ao polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), fortemente criticado pela Igreja Católica.
A candidata do PT foi também alvo frequente das estocadas de Plínio. O socialista, que mais uma vez arrancou risos da plateia com suas ironias, usou sua primeira participação no debate para denunciar a adversária, e a certa altura entregou a candidata petista: “Ali naquela cadeira deveria estar a pessoa que deveria estar aqui defendendo o PNDH-3. Sabe o que ela está fazendo? Está tuitando”, disse Plínio em referência a Dilma, arrancando aplausos da plateia.

Fonte: As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

MEU COMENTÁRIO:
As declarações vergonhosas de apoio dos líderes evangélicos na reportagem, demonstram a que ponto chegou a politicagem na igreja. Não vou nem comentá-las, porque elas já falam por si. O que eu gostaria de comentar é a contradição da candidata do PT, que emite uma “Carta ao Povo de Deus”, em um dia e no outro foge de um debate realizado por duas emissoras católicas.
A propósito, as emissoras estão de parabéns pela realização do evento, que só veio a contribuir com o processo democrático, no intuito de se conhecer as propostas dos candidatos.
Mas a pergunta que não quer calar continua: Se a candidata ao fazer a dita “Carta”, defendeu os valores familiares e cristãos, porque então não foi pessoalmente ao debate, para fazer essa defesa? Por que fugiu de temas como aborto, PNDH-3, Lei da Homofobia? Ou será porque seu grupo político é a favor deles, e ela teria como criticar aquilo que os mesmos apóiam?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pentecostalismo em debate - parte 01

Próximo de completar seu primeiro centenário no Brasil, o pentecostalismo só passou a receber maior atenção do meio acadêmico e da opinião pública nacional a partir da década de 1980. A partir daí aumentou o interesse da imprensa e da comunidade científica sobre os pentecostais.
Tal segmento vem reconfigurando o campo religioso brasileiro de várias maneiras. Uma delas é atestada quantitavivamente no seu contínuo e excepcional crescimento. Pode-se dizer que “o crescimento dos evangélicos pentecostais se constitui no principal fator da diversificação religiosa que vem ocorrendo no Brasil, a partir dos anos 1980.” (JACOB et al, 2003, p. 39).
Embora se fale muito em um crescimento do universo evangélico brasileiro, é enganoso estender tal fenômeno a todos os segmentos de origem protestante. Simone R. Bohn observa que “as religiões evangélicas pentecostais cresceram muito mais que as históricas.” (BOHN, 2004, p. 291).
Juntamente com o crescimento numérico, o impacto do pentecostalismo está sendo sentido em todo o campo religioso brasileiro e também na esfera pública política nacional.
Além disso não há como deixar de notar sua influência nos outros ramos do cristianismo: “Não se pode mais estudar o campo religioso brasileiro sem se levar a sério a carismatização do catolicismo e a pentecostalização do protestantismo histórico, nem a multiplicação de novos grupos pentecostais.” (CAMPOS, 2008, p. 45). De fato, o pentecostalismo consolidou-se como uma parte importante da religiosidade brasileira contemporânea, tanto em termos numéricos quanto em termos de influência.

Não se deterá mais sobre detalhes da história dos primórdios do pentecostalismo no Brasil. O trabalho de Freston36 já avançou bem neste sentido. Cabe destacar, baseando-se em Mariano (2005), que tanto na Assembléia de Deus quanto na outra igreja pioneira no pentecostalismo brasileiro, a Congregação Cristã do Brasil, em seu início, caracterizavam-se por sua composição majoritária de pessoas pobres e de baixa escolaridade, pela ênfase na glossolalia, pela expectativa do retorno iminente de Cristo, pelo anticatolicismo e por um comportamento sectário e politicamente apático.

O pentecostalismo abraçou o pré-milenarismo, e os pesquisadores têm visto nele uma explicação para o comportamento apático, sectário e direcionado para fora da história que tem caracterizado o pentecostalismo brasileiro. A luta justificável seria aquela por conquista de almas para Jesus numa batalha contra as tentações do mundo e as forças espirituais satânicas.
As armas para tal batalha seriam as espirituais, especialmente orações e exorcismos, e a
prática de uma vida reta, livre de vícios e de relacionamentos mais profundos com o “mundo”.
Os problemas sociais e políticos seriam reflexos desta luta, pois aqueles em posição de poder no Brasil estavam do lado do “mal”, do lado do catolicismo, da cultura brasileira, das hostes satânicas, da secularização, etc.
Composta, majoritariamente, por pessoas de classe social e nível de instrução baixos, alijados do poder temporal e minoritários na composição da sociedade brasileira, a crença pré-milenarista e apocalipsista adequava-se às conjunturas do pentecostalismo brasileiro nascente. Segundo Peixoto (2008, p. 41), “os pentecostais assumiram uma forma de ser isolacionista, retirada do mundo e de suas preocupações políticas, não formulando um modelo de sociedade que se devesse almejar. Seu projeto poderia ser denominado de a-histórico”, pois as questões de cunho social não faziam parte de sua agenda de prioridades.

O estereótipo do assembleiano (homens com ternos baratos e mulheres de longos cabelos e saias compridas) e seu legalismo (inclusive com a proibição aos membros de assistirem TV) parecem não combinar com os novos tempos.

Surgem tensões entre os tradicionalistas e aqueles que são favoráveis a uma modernização da Assembléia de Deus. Tais mudanças parecem ser cada vez mais demandadas, na medida em que há um “aburguesamento” (NIEHBUR, 1992) dos seus membros: Muitos deles começam a ascender socialmente e a ter um maior grau de instrução. Essas camadas médias urbanas começam a reivindicar uma acomodação ao contexto cultural onde vivem. “Apesar das resistências, as mudanças estão ocorrendo. São inevitáveis.

Alguns falam sobre elas com pesar, outros mencionam constrangimentos que sofriam por sua causa.” (MARIANO, 2005, p. 206). Na prática, os chamados “usos e costumes” se tornaram problemáticos e geram várias tensões internas entre os membros mais jovens e os mais velhos e entre os pastores mais tradicionais e aqueles dispostos a se adaptar às possibilidades da vida moderna e a buscar novos conversos provenientes da classe média urbana.

Algumas mudanças já são perceptíveis na busca “de algo que mantenha a tradição carismática de uma religião entusiasta, mas sem os tabus legalistas.” (FRESTON, 1994b, p. 95). A Assembléia de Deus também vem buscando, ao longo dos anos, diminuir sua postura anti-intelectual e sectária. Fundaram-se institutos bíblicos, e seus pastores agora necessitam de formação teológica. Sua Casa Publicadora vem disponibilizando vasta literatura teológica, não necessariamente pentecostal, inclusive de autores ligados ao protestantismo histórico.

A televisão, antes condenada, agora virou meio de evangelização e divulgação dos trabalhos da igreja. Apesar de ainda poder ser classificada como uma das igrejas mais conservadoras dentro do universo pentecostal, a Assembléia de Deus sofreu muitas transformações nas últimas décadas, fazendo-se necessárias novas pesquisas que busquem atualizar os conhecimentos sobre esta importante representante do pentecostalismo brasileiro.

Por outro lado, é interessante observar que na nova configuração pós-pentecostalista da religiosidade brasileira não são só os pentecostais de classe média que, embora busquem os dons do Espírito e experiências extáticas, almejam bênçãos intra-terrenas. O pentecostalismo ainda continua crescendo entre as camadas desfavorecidas: “as dificuldades materiais (...) agem como forças propulsoras do crescimento pentecostal.” (CAMPOS, 2008, p. 35). Porém, a adesão dessa nova pobreza urbana ao pentecostalismo possui, atualmente, um caráter mais pragmático e imediatista, buscando-se a graça material e emocional aqui e agora.
Fonte: Tese de Mestrado em Ciência da Religião, apresentado por Daniel Rocha na Puc Minas, sob o título: "Venha a nós o vosso reino: rupturas e permanências na relação entre escatologia e política no pentecostalismo brasileiro". Ela pode ser acessada na íntegra pelo endereço: http://www.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20100503191040.pdf