Paulo
inicia o capítulo oito, dizendo que nenhuma condenação há para os que são de
Cristo Jesus, ou seja, aqueles que receberam ao Senhor Jesus, como único e
suficiente salvador, e se arrependeram de seus pecados, estão justificados com
Cristo, por isso estão livre da condenação do juízo final (Rm 5.1,2).
O
capítulo 8 nos fala de libertação do pecado e da morte (8.1-11), estamos
livres, diz o apóstolo Paulo. A lei do Espírito da vida passou a atuar em nós,
uma lei mais forte do que a lei do pecado e da morte, que denunciava nossa
impotência. A lei do Espírito e da vida fala do poder que agora atua em nós
como resultado do sacrifício de Jesus Cristo. Esse sacrifício não só nos livrou
da condenação, porque pagou os nossos débitos, que a lei denunciava na vida de
cada um de nós, mas, mais do que isso, tirou-nos da lei do pecado e da morte,
ou seja, livrou-nos daquilo que nos mantinha constantemente sob débito. Agora
uma nova força atua em nós, a força do Espírito de Deus. Agora, aquilo que a
lei exigia, que era a justiça e santidade se tornou possível, por causa do
Espírito que habita nessas pessoas.
No capítulo 7, a força do pecado em nós
era o que nos causava impotência absoluta; no capítulo seis, a marca daqueles
que foram afetados pela Graça é buscar cada vez mais crescer na Graça, ou na
linguagem do capítulo oito, inclinar-se para as coisas do Espírito. Neste
capítulo, é destacada a diferença entre aquele que ainda vive preso a uma vida
de pecado, com aquele que pela fé creu no Senhor Jesus e teve seus pecados
justificados. Aquele que se mantém rebelde contra Deus e vive no pecado, ele
também esta obedecendo a sua carne, se inclina para os desejos dela e vive para
satisfazê-la, mas aquele que ouviu a vontade de Deus, crendo que ele mandou seu
Filho para que através de sua morte e ressurreição fosse salvo (Jo 3.16), este
recebeu o Espírito de Deus e por isso é inclinado a obedecer ao que o Espírito
lhe conduz a fazer. E isso não é algo que o Espírito nos obriga a fazer, muito
pelo contrário, ele age mansamente, nos convencendo de que aquilo é o melhor
para nossa vida e gera em nós um desejo de agradar a Deus, por isso obedecemos,
porque o amamos.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
A lei do
pecado e da morte não se refere à lei de Moisés (veja 7.7,13); Refere-se ao
domínio do pecado e da morte sobre nós enquanto estávamos por nossa conta, fora
de Cristo (7.23). O papel da lei, determinado por Deus, em um mundo caído, é
revelar a natureza do pecado humano. Em Rm 7.24, a figura de linguagem é sobre
uma pessoa acorrentada a um cadáver do qual ela não pode ser libertada,
desesperançada de libertação. Mas o desespero cede lugar a uma declaração de
vitória, não porque a batalha para, mas porque a força humana é superada pelo
poder do Espírito Santo.
Paulo não está criticando a lei moral, mas observa uma
vez mais que, por causa da pecaminosidade da humanidade, a lei não pode dar a
salvação ao ser humano (v.3). Em si mesma, a lei, a qual nos leva a reconhecer
a realidade do pecado em nosso sistema moral e espiritual (3.20;5.13,20), é
santa, boa e justa (v. 12). A lei é uma revelação fiel do que é certo e do que
é errado e nunca perde a sua validade para aquilatar e dirigir o nosso
comportamento moral. A lei foi usada por Deus para cumprir Seu propósito. Sem a
lei, a promessa de Deus não teria sido cumprida. A inadequação da lei não é
devida a alguma falha de sua parte, mas é por causa das condições em que ela
tem de operar. Nosso pecado impossibilita a libertação pela lei. O comentário ‘Assim, a Lei ficou doente’, deve ser entendido à luz de
7.11-13: o pecado, não a lei, deve ser censurado. A lei de Deus, refletindo seu
princípios morais justos, é santa. Ela simplesmente não tem o poder de nos
tornar justos.]
É
interessante ressaltar que Paulo usa o termo ‘carne’ em pelo menos, três
sentidos: em um sentido mais geral, refere-se ao que é humano. Em um outro
sentido, refere-se ao corpo físico. Em um sentido mais específico,
principalmente quando aparece em oposição a ‘espírito’, refere-se à natureza
Adâmica, que envolve também mente e alma.
No caso de Gl 5.17, se os gálatas
abandonam a Cristo e põem sua confiança na lei, estarão voltando à confiança na
carne. Há uma guerra sendo travada na psique humana, isto é, a carne, as
vontades pessoais, a razão humana lutam incansavelmente contra o Espírito. São duas
vontades lutando em uma só mente. Por isso, o apóstolo Paulo escreveu: “Porque
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer
o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro,
mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.18-19).
Paulo afirma: “Porque não
faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” – isto é a guerra
entre a natureza pecaminosa e a natureza Santa do Espírito. É guerra da vontade
própria e contra a vontade de Deus. Na verdade, existe uma resistência
involuntária da parte humana, e é esta resistência que cria este atrito
espiritual, ou seja, é a nossa carne resistindo à vontade de Deus. Para vencer
esta batalha contra a velha inclinação, o crente deve viver no Espírito. Mas o
que é viver no Espírito? Paulo responde: “logo, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20).]
Ao falar sobre
o sofrimento, é bom lembrar que a vitória do cristão não é não sofrer. vitória
do cristão é não ser derrotado
pelo sofrimento. Nesse período, que ainda temos aqui, enquanto aguardamos a
volta de Jesus Cristo, vamos sofrer sim, principalmente porque vamos nos
levantar contra tudo que se opõe a Deus, portanto vamos estar em confronto
direto com as forças das trevas, vamos estar em confronto direto com a rebelião
humana, vamos entrar em confronto direto com a injustiça, vamos estar em
confronto direto com a maldade, vamos entrar em contato direto com a miséria, e
é óbvio que vamos sofrer. É impossível enfrentar batalhas dessa monta, sem
experimentar algo de sofrimento ainda que pequeno.
Vamos sofrer pelo simples
fato de sermos diferentes. Não tem como escapar disso, mas é preciso lembrar
que o sofrimento que vamos enfrentar enquanto pregamos o Reino de Deus, e por
pregarmos o Reino de Deus, enquanto lutamos pela implantação do Reino de Deus,
pela evidenciação dos sinais do Reino, esse sofrimento não se pode comparar com
a glória que há de ser revelada a nós, ou seja, não se pode comparar com aquilo
que Deus vai fazer no final do processo, dando-nos plenamente aquilo que nos
prometeu em Cristo Jesus,
dando-nos uma glória que só
será inferior ao do próprio Cristo.
Essa glória não é apenas particular, nossa,
de cada um de nós, mas é a glória da Igreja, e é também a glória do Planeta,
porque com a nossa glorificação, haverá a restauração de todas as coisas, e o
Apóstolo Paulo diz que a própria natureza está esperando esse dia, em que a
nossa glorificação representará a restauração
da própria natureza. Então não somos só nós que estamos sofrendo, todos os
seres vivos estão sofrendo de alguma maneira aguardando o dia da redenção.
Aguardando quando o projeto de Deus se cumprir em nós. Então nos deixemos
amedrontar, não desfaleçamos diante do sofrimento, da angústia porque são
inevitáveis, pelo contrário, nutramo-nos de esperança na certeza de que esse
sofrimento, fruto natural da postura que tomamos na vida em relação a Deus, há
de ser consolado e vai gerar, em nós, eterno peso de glória e, portanto, não
pode ser comparado ao que nos aguarda em Cristo Jesus.]
A graça de
Deus faz com se seja possível sermos salvos. A Bíblia diz em Efésios 1.7-8 “Que
ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência, fazendo-nos
conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele
propôs.” John Wesley discorrendo sobre ‘A Salvação pela Fé’, escreve: “Pela
graça sois salvos, mediante a fé (Ef 2.8) - Todas as bênçãos que Deus tem dado
ao homem provêm da sua mera graça, generosidade ou favor; favor totalmente
imerecido: o homem não tem nenhum direito à menor misericórdia divina. Foi a
graça livre que formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas suas narinas o fôlego
da vida e imprimiu na alma a imagem de Deus e “pôs tudo sob seus pés”. (Gn 2,7;
Sl 8,6).
Agora podemos ter plena confiança no sangue de Cristo, uma confiança
nos méritos de sua vida, morte e ressurreição, um descansar nele como nossa
propiciação e nossa vida, como dado por nós e vivendo em nós. A segura confiança que
temos em Deus e que, através dos méritos de Cristo, nossos pecados estão
perdoados, estamos reconciliados ao favor de Deus e, como conseqüência,
próximos e apegados a Ele, como nossa “sabedoria, justiça, santificação
redenção” ou, numa palavra, nossa salvação] “NaquEle que me garante: "Pela
graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus"
(Ef 2.8)”,
Referência Bibliográfica
CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus.
5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.94).
Fonte: www.auxilioaomestre.com/