quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Decepcionado com igreja



 Durante os últimos meses, li alguns depoimentos, que de fato, me comoveram. Irmãos em Cristo, porém dispersos por aí, alguns ligados a uma igreja, outros não. Pessoas que sinceramente querem viver para Deus, mas a decepção que tiveram com a "igreja" foi grande. Estarei reiniciando uma série de estudos com esta temática.


Nesta primeira parte vou colocar dois depoimentos, de duas pessoas. Um foi postado pela própria pessoa em seu blog, outro foi dado como comentário em outro blog, dando sua opinião sobre disputa eclesiástica. Retirei a identificação pessoal dos depoimentos, em seguida vou colocar meu comentário, que eu dei a uma das pessoas. Acredito que muitos estejam na mesma situação que os depoentes. Faço isso, na esperança de ajudar quem está assim.

DEPOIMENTO I: 
"Qualquer disputa por poder, dentro da Igreja, enfraquece o testemunho, a missão, a pregação do Evangelho, a busca pelos desgarrados, o trabalho na seara... Porque nossa luta não é contra a carne, mas espiritual. Não sou nada, em Igreja nenhuma. Não tenho cargo, não quero ser da liderança, não aspiro a posto nenhum.

Se Deus me abençoar para mostrar e pregar a Palavra e o Amor dEele, defeituosa de nascença como sou, a qualquer pessoa que encontrar pela frente, já vou achar uma honra e um favor. Às vezes me pergunto porque após anos eu não tenho ânimo para ir à Igreja. Oro em casa, leio a Bíblia em casa, canto sozinha, deposito dízimo e contribuiçoes no caixa eletrônico.

É por causa de coisas assim, Congressos, reuniões, publicações, disputas. Eu fico triste com isso, porque fora da Igreja as pessoas estão morrendo sem Deus, e o número dos que morrem sem saber que Ele veio e morreu por nós, por seu imenso Amor, é crescente. Quero ir para onde Ele me mandar, mas peço para ser sempre esse nada, dentro da instituição Igreja".

DEPOIMENTO II: 
"As vezes me pego assim, diante de mim mesma, e a perguntar o porque dos fatos, o que afinal é certo ou errado. Tenho fé, creio em Cristo muito mais do que em mim mesma, conheço Seu Poder e Seu Amor como muitos sequer imaginam conhecer um dia.

Já precisei Dele e fui socorrida e já fui socorrida sem saber que precisava Dele. Iniciei minha vida em Cristo diante do maior dos milagres, diante do milagre da vida - literalmente. Sei que minha própria vida e minha conversão por si só já é um milagre e me alegro nisso, agradeço e adoro por isso.
Vivi anos a fio dentro de uma única igreja, tive um único pastor e me entreguei de corpo e alma a um único ministério.

Esse ministério já não existe mais, esse pastor já não é mais pastor e essa igreja fechou suas portas. O que se chama de pecado, de ira, de inveja, vaidade e adultério (nos dois sentidos da palavra) entraram nessa igreja e tomaram por completo seus líderes, impedindo-os de verem a verdade e consequentemente se libertarem de todas essas coisas.

Vi desmoronar sonhos, dissolverem-se adoradores, dispersarem-se ovelhas, acusarem-se inocentes, mentiras sendo ditas com vozes doces e suaves, acusações atiradas de púlpito sem direito de defesa ou resposta, pastores e apóstolos reunidos e sentados à mesa do café e combinando como atacar e destruir aqueles que supostamente os afrontavam.

Vi usarem a Bíblia e o Nome de Deus para acusar e condenar, enfim, como se diz entre nós, vi o diabo "sentado e rindo" dentro da igreja enquanto os ditos crentes se degladiavam.

Descobri , com o passar do tempo, que amizades que eram declaradas não passavam de interesse pessoal, chacorrices ditas pelas costas de quem se entregava e se dedicava com amor, e o pior, vi roubarem a alegria do rosto de muitas pessoas.

Hoje, coloco em dúvida muitas coisas que aprendi naquele lugar e com aquelas pessoas.
Me martirizo em dúvidas sobre pentecostalismos e doutrinas e já não sei mais o que fazer. São quase 2 anos sem igreja, visitando uma ou outra mas nunca estando em nenhuma.

Sinto uma falta imensa, mas não consigo mais me entregar. Moro numa cidadezinha pequenina e conheço de trás pra frente toda crentolândia desse lugar. Conheço suas histórias, suas famílias, seus atos e desatos, e creio que isso seja o que mais me assusta e me afasta do convívio com eles.

Nessa tal igreja que fechou, eu conseguia ficar sim, porque encontrava lá o amor que era pregado, e durante muitos anos foi verdadeiro e maravilhoso, mas não suportou quando o pecado tomou a cúpula pastoral.

Uma tristeza só. Hoje vejo andando por aí, pastores sofrendo de depressão bipolar profunda e virando a cara para todos nas ruas, odiando com uma força que me assusta e tendo muita vergonha de tudo, vejo pastoras que sustentam as piores mentiras para defender suas crias e que se escondem envergonhadas dentro de casa, invadidas pela solidão e desprezo de grande parte da cidade que conhece seus atos.

Vejo castelos que desmoronaram, vidas retalhadas e tentando mostrar um equilíbrio que não existe e areia espalhada por todos os lados.
Vejo a mentira tomando o corpo da verdade e impedindo a cura, o perdão e o sorriso.
Vejo um apóstolo se vangloriando em cima do fechamento dessa igreja só porque essa o assustava.

Cansei de ver os interesses humanos acima dos interesses de Deus.
Não suporto mais ver inocentes pagando o preço alto pelo que não fizeram.
Não aguento mais mentiras ditas com lágrimas, voz doce, pestanas caídas e com tanta cara de pau.
Me enojo diante de tanta falsidade e hipocrisia, e em resumo, me afasto do convívio denominacional.

É muito simples me dizerem que preciso da igreja , que sem ela não sobrevivo, que preciso estar em comunhão com irmãos , que tenho que olhar para Deus e não para os homens.... é muito simples dizer isso para os outros, eu mesmo já disse muito para pessoas que um dia eu julguei estarem desviadas, mas quando é você quem vive essas dores e dúvidas, fica tudo mais difícil.

Já tive até mesmo vontade de mudar dessa cidade tão lindinha, só pra encontrar uma outra igreja, mas sei que os homens estarão em todas e que encontrarei tudo igual a aqui.
Então, vou ficando nessa em que estou, sozinha, visitando uns e outros, recusando convites para estar com uns e outros, mas nunca negando a Cristo.
Vou caminhando assim, com ELE, mas um dia aqui e outro lá, orando para que esses ditos líderes reconheçam seus erros e sejam curados, pois sei que são pessoas boas e merecedoras da Graça de Deus.
Vou seguindo meu caminho, esperando um dia encontrar as tão famosas águas tranquilas e os tão desejados pastos verdejantes que com tanta alegria eu já experimentei".

MEU COMENTÁRIO
O grande problema da religião é este: Deus só é Deus dentro de suas estreitas paredes! Desse modo, a gente de uma certa maneira, fica “viciado” pela religião, e acreditando que as visitas a um determinado lugar ou endereço equivalem a usufruir a “presença de Jesus”, quando se afasta daquela “congregação”, sempre se sente desviado de Deus.

Trata-se de um poder tão grande esse da religião, que muita gente de fato deixa de orar, de ler a Palavra, de testemunhar a fé, de dizer o que pensa e crê, de ser sal da terra e luz do mundo, de enfrentar o mal, de repreender o diabo, de celebrar o amor de Deus, etc...apenas porque não gosta de um lugar e decidiu que ali não dá. Assim nascem os “desviados”.

Algumas vezes a pessoa deixa o Caminho mesmo. Perde a exultação na esperança e não crê na Graça de Deus. Porém, quem conheceu a Graça de Deus em Cristo se torna indesviável. Pode até não gostar da “cultura de igreja”. Pode até, circunstancialmente, não desejar nenhum envolvimento. Pode até estar vivendo uma estação de desapontamento e falta de alegria no convívio cristão, razões jamais faltarão, como no seu depoimento.

Então se pergunta: Para o que serve a igreja como ajuntamento humano? Bem, para mim ela é Fundamental, embora não seja Essencial. Cristo é Essencial. Sem Ele não há salvação! A Igreja é Fundamental. Sem ela não se cresce em maturidade e comunhão! Sem Jesus não há nada. Sem a Igreja não há muitas coisas boas. A Carta aos Hebreus diz que não devemos deixar de nos congregar com os irmãos. A saúde humana demanda convívio.

Bem, dizendo isto não estou desencorajando você a deixar de ir a uma igreja. Ao contrário: penso que você precisa muito congregar. E também não estou dando nenhum pouquinho de força para você ficar onde está, ou seja: lugar nenhum. O pior é que quanto mais esse pensamento se instala, mais a pessoa se “sente” longe de Deus mesmo. Trata-se, portanto, de um afastamento psicológico de Deus, e baseado na culpa de não gostar da representante de Deus na terra: a “igreja”. Assim, quanto MENOS a pessoa gosta da “igreja”, MAIS julga que está longe de Deus.

Ora, o caminho é justamente o inverso: eu tenho que ter uma relação muito forte e firme na Graça de Deus com Deus, a fim de suportar a “igreja”. Ou seja: eu tenho que ser Igreja a fim de poder conviver com a “igreja”. Do contrário, aconteceria comigo o que acontece com milhares: quando não agüentam mais a “igreja”, deixam a fé; e assumem seu desvio de Deus, indo de mal a pior.

Portanto, o que aconselho nesses casos é pegar sua Bíblia e lê-la. Reiniciar a vida oração (isto quando a pessoa parou com essas duas atividades). Saiba que Deus é seu Pai. Creia em Jesus e saiba que se você é Dele ninguém e nem nada a tirarão de Suas mãos. E, por último, procure um lugar leve, legal de estar, e freqüente sem neurose. A Palavra faz o resto do trabalho. No mais você é livre para ficar onde for bom. Simplesmente abrace o seu chamado em Cristo

Postado originalmente em 06/08/2008.

Lição 07 de Jovens CPAD - Miquéias: Deus quer obediência de coração



Uma das declarações comumente repetidas da Bíblia se encontra em I Sm. 15.22 “eis que obedecer é melhor do que o sacrificar”. Miquéias, através da mensagem profética, chama a atenção a esse respeito. Para aprendermos a respeito desse assunto, estudaremos, na aula de hoje, sobre a importância da obediência. Inicialmente apontaremos os aspectos contextuais de Miquéias, em seguida sua mensagem, e por último, a aplicação para a igreja contemporânea.


1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Miquéias, cujo nome significa “quem é como Deus?”, natural de Moresete, nas proximidades de Gate, cerca de 32 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, profetizou para Israel (Reino do Norte) e Judá (Reino do Sul). Miquéias foi contemporâneo do profeta Isaias, o estilo inclusive assemelham-se. O propósito central do seu livro é mostrar ao povo que o julgamento de Deus estaria próximo, bem como o perdão divino para aqueles que se arrependessem dos seus pecados e se dispusessem a obedecer a Palavra do Senhor. O versículo-chave do livro se encontra em Mq. 6.8: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?”. O livro foi escrito por volta de 742 a 687 a. C., durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, em um período de prosperidade sem precedentes, mas politicamente conturbado, registrado em II Rs. 15-20 e II Cr. 26 -30. Israel e Judá viviam com base na ostentação, davam pouco interesse a Deus. Enquanto isso Tiglate-Pileser III (745-727) expandia o território da Assíria, que viria a se tornar uma potência mundial. A mensagem é caracteristicamente poética, constituindo-se em um clássico da literatura hebraica, repleta de paralelismos. O livro pode ser assim dividido: 1) o julgamento que virá sobre o povo e a liderança (Mq. 1-3); 2) a restauração que virá através do reino do Messias (Mq. 4-5); e 3) dois apelos ao arrependimento e a promessa de salvação de Deus (Mq. 6,7).

2. A MENSAGEM DE MIQUÉIAS
O profeta inicia sua mensagem descrevendo o julgamento que sobreviria sobre Samaria, a capital de Israel. Ainda que este seja temível, deveria ser visto como parte da justiça divina, pois Seus atos são corretos (M1.1.1-16). Um dos pecados do povo era social, pois os ricos defraudavam os mais pobres, arrebatavam as suas terras, causando fome e necessidade (Mq. 2.1-5). Os falsos profetas se levantaram contra o profeta de Deus, motivados por interesses financeiros, já que recebiam salários dos líderes corruptos (Mq. 2.6-11). Essa liderança corrupta, juntamente com os religiosos, ignorava a justiça divina, e proclamava uma paz aparente (Mq. 3.1-12). Mesmo assim, o juízo de Deus sobreviria sobre a nação, mas Ele não permitiria que Seu povo fosse totalmente destruído. Haveria esperança, pois no futuro haverá um mundo onde reinará a verdadeira paz, em que não haverá mais guerra (Mq. 4.1-4). Um Rei, que nasceria em Belém (Mq. 5.1-4), triunfará, depois que o povo for purificado pelo castigo, uma alusão ao período da Tribulação (Mq. 5.5-15). Esse Rei é Jesus, que nasceu em Belém (Lc. 2.4-7), e que no futuro virá como o Príncipe da Paz (Is. 6.9; Ap. 19-22). Antes disso Israel precisará se arrepender dos seus pecados (Mq. 6.1-2), fazer o bem e andar humildemente diante do Senhor (Mq. 6.3-8), pois Deus não terá o culpado por inocente (Mq. 6.9-16). Miquéias lamentou a derrota de Israel e a corrupção da sociedade na qual vivia (Mq. 7.1-7), mas concluiu com uma mensagem de esperança, pois um dia a nação se voltará para o Senhor (Mq. 7.11-17). O Deus de Israel é compassivo e perdoador, e fiel para cumprir as Suas promessas (Mq. 7.18-20).

3. PARA HOJE
Miquéias tem muito a dizer para a igreja destes dias, a começar pelo seu nome: Quem é igual a Deus?. Essa é uma pergunta que as igrejas evangélicas precisam fazer constantemente. De vez em quando esquecemos que Deus exige exclusividade, e O substituímos por ídolos (Mt. 4.10). As seduções do presente século estão conquistando muitas igrejas, que estão se distanciando dos princípios bíblicos (Gl. 1.7-9). A corrupção está invadindo muitas igrejas evangélicas, a liderança, a fim de tirar proveito financeiro, está fazendo concessões com a verdade (Ap. 2.10,15). A mensagem de Deus continua sendo a mesma, por isso não podemos deixar de fazer o bem (Gl. 6.9). Esta geração volúvel precisa aprender a se manter firme e constante na obra do Senhor, ciente que tudo o que fazemos para Ele não é vão (I Co. 15.58). A sociedade moderna endeusou o dinheiro, não busca outra coisa senão a prosperidade financeira (Mt. 6.24). Mas a igreja, em obediência à Palavra de Deus, deve ser rica perante Deus (Lc. 12.16-21), e não se fundamentar nas riquezas materiais (Ap. 3.17,18). Ao invés de pactuar com a corrupção, deverá denunciá-la, somente assim estará cumprindo seu ministério profético (I Tm. 3.15). O reino da igreja não é deste mundo, pois Jesus, o Rei dos reis, que nasceu em Belém, já governa sobre seus súditos (Jo.18.36). Ele também é o Bom Pastor, pois entregou Sua vida pelas ovelhas, e as conhece individualmente, chamando-as pelo nome (Jo. 10.11-14). Suas ovelhas O obedecem, pois escutam a Sua voz, nela se comprazem, sabem que nEle há vida abundante (Jo. 10.4,10).

CONCLUSÃO
O Senhor é o nosso Pastor, por isso de nada temos falta, Ele nos é suficiente (Sl. 23.1). Essa agradável revelação nos motiva à obediência, não como um fardo pesado a ser carregado, mas por amor (Jo. 14.21). A obediência a Deus é resultado de um andar constante com Deus, por meio do qual o Espírito Santo produz o Seu fruto (Gl. 5.22). Aqueles que seguem por esse caminho não estão imunes ao pecado, mas quando pecam, se arrependem e o confessam, buscando o Senhor, que é misericordioso para perdoar (I Jo. 1.9; 2.1).


BIBLIOGRAFIA

BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W., ALEXANDER, T. D. STURZ, R. J. Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2001.