sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A TENTAÇÃO NO PINÁCULO DO TEMPLO

Um texto da Escritura que mostra um momento crucial é a tentação de Jesus no Pináculo do Templo.

Ela é vista também como a tentação do marketing da piedade pessoal—o que também é poder;ou ainda, como a tentação de “encurtar” a longa estrada do discipulado e da vivência na Palavra, por uma “rota mais curta”, especialmente visando à auto-afirmação ministerial no ambiente cristão.

No entanto, Satanás convidava Jesus muito mais do que para um Show Messiânico. Ele convidava Jesus para o “Pináculo do Templo”, para aquele lugar de onde o “Querubim da Guarda” foi derrubado, tornando-se Diabo e Satanás.
Figurativamente, Satanás tenta colocar Jesus acima do Pai, no Pináculo de Sua Habitação!

Essa é a tentação de todos aqueles que desejam se afirmar acima de sua vocação e que desejam se tornar independentes de Deus no “lugar sagrado”.
E pior: é a tentação dos que confundem Deus com o “lugar sagrado”, que rejeitam sua situação de criaturas, que pensam que possuem auto-suficiência para cumprir sua própria missão e que se enganam pensando-se detentores da chave da vida, ou do significado pessoal de suas próprias histórias — baseados em suas próprias virtudes —, sendo que, na maioria das vezes, tomam para si também a prerrogativa de juízes na Terra.

E isto tudo fundados no sucesso de suas performances espirituais ou materiais. Ora, Satanás também tem anjos a seu serviço. E se estavam disponíveis para o “sucesso do salto de Jesus”, não estariam também disponíveis para o sucesso da “igreja”?

Sucesso não é problema para quem disse “tudo isto te darei se prostrado me adorares”. E se fosse mentira, não seria, pelo menos para Jesus, nenhuma tentação!

A tentação é a possibilidade! Exatamente como lá no Jardim do Éden. Tanto era possível, que aconteceu! Tanto era mentira, que aconteceu sem realizar a promessa de Vida e Saber para o Bem!

As “verdades” do Diabo realizam o possível. O que não realizam é o impossível dos homens — e do Diabo também —, que só são possíveis para Deus, e, no caso, a maior impossibilidade da Terra e do Céu é a salvação de um homem por seus próprios méritos ou pelo apropriar-se das “possibilidades disponíveis”.

A proposta de Satanás realiza qualquer coisa, menos a entrega verdadeira ao Deus de Jesus! Neste sentido, pode-se dizer que nos ambientes da Religião, a tentação se apresenta de forma bem sedutora.

Quanto mais perto do Pináculo do Tempo se chega, mais entregue aos ventos dessa tentação nós ficamos! Afinal, o que o Diabo diz também é: “Prove, por você mesmo, e com seus próprios méritos, que você é Filho de Deus!”

O próximo passo é a “interpretação da Escritura”, conforme uma “hermenêutica satânica”. Aparece, então, a exegese do Salmo 91.
Pois, então, lhe disse o Diabo: “Se és o Filho de Deus, atira-te abaixo, por que está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te guardem; e: Eles te sustentarão em suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra”.
E que ironia: no pináculo teológico e religioso a tentação é muito maior!

E nesse particular é bom que ninguém esqueça os fariseus e os escribas da Lei dos dias de Jesus. Eles eram homens do templo, sua piedade e religiosidade externas eram inquestionáveis; suas boas obras, irrepreensíveis; suas esmolas e jejuns, impossíveis de não serem reconhecidos; seu interesse pelas Escrituras, obsessivo.

Mas, e daí? Quanto mais uma pessoa se dedica à letra, menos se dedica à Palavra e mais distante fica de Deus. A letra mata! Satanás também nos incita à “possibilidade” de escravizar Deus às “ordenanças de nossas profecias”. Afinal, “está escrito!”

E neste aspecto, basta ouvir a programas cristãos no rádio ou vê-los na televisão, ou mesmo, basta ir à maioria das “igrejas de poder”, que se verá a “hermenêutica de satanás” sendo pregada.
É quando Deus tem que “obedecer” à Sua Palavra em sujeição à ignorância humana — o que é o de-menos em toda a história; ou quando Ele tem de se tornar “cúmplice” da pilantragem realizada em Seu nome, cumprindo, supostamente, promessas que Ele não fez; ou quando Ele é o “estivador celestial” que apenas realiza a “agenda” de curas e milagres que os agentes de publicidade e marketing da religião predefiniram.
E mais: isto acontece também quando Deus tem que cumprir a “Escritura”, que no caso foi objeto não só de exegese satânica, mas também teve seu aplicativo “cristão” muito bem “apropriado” aos interesses financeiros, psicológicos — no caso de “messias” que sofrem de surto religioso—; ou, “teológicos”, daqueles que dizem: “Deus não pensa assim!”

Assim, aprende-se que é no lugar sagrado e no manejo autônomo da Escritura, onde mais corremos o risco de cair em tentação!
Jesus poderia até ter pulado do Pináculo do Templo. Anjos poderiam até ter vindo socorrê-Lo — e não faltavam voluntários celestiais satânicos para cumprir a missão de aterrissagem de Jesus no pátio do Templo —, mas a Glória do Pai teria sido profanada!

Na base de tudo está o seguinte: A Escritura é absoluta. Sua interpretação, todavia, é relativa. Olhamos em volta e vemos o Livro de Deus em todas as prateleiras. Vemos o povo carregando-o sob o braço, e percebemos que eles são apenas “consumidores de Bíblias”.

Vemos certos líderes e os percebemos, muitas vezes, apenas como “mercadejadores” de Bíblias e dos “esquemas” e “programas” que se derivam do marketing que oferece e vende sucesso em “pacotes em nome de Jesus”.
Sim! E isto tudo, não porque nos faltam Bíblias e, muito menos, acesso à Palavra.
Se há medo, não há amor. Se não há amor, pode haver sujeição, mas nunca obediência.
.Assim, nascem os “sacrifícios” e as “trocas” com a divindade.
Jesus, todavia, responde ao Diabo com o que, estando “escrito”, estava também dito; e não com aquilo que estando “escrito”, não fora jamais dito.
“Não tentarás ao Senhor teu Deus” — respondeu Jesus. O que equivale a dizer: “Não use o que está escrito contra aquilo que Deus disse!”

Se eu busco o texto bíblico, uso-o, o exploro para meus próprios fins — sejam eles quais forem —, de fato estou é obedecendo à hermenêutica de Satanás, que, sobretudo, manipula o texto com o fim de fazê-lo ser a “nossa palavra”.
No fundo, é apenas um “outro evangelho”, mesmo que seja pregado por um anjo de Luz ou um ministro de justiça.

Aprendemos também como a Escritura pode se transformar num concurso de verdades e de sabedorias.Jesus, todavia, não entrou na disputa. Respondeu não com um discurso, mas com a Palavra. E se colocou na fragilidade que Ele escolheu para si, pois, sendo Deus, não julgou, como usurpação, ser igual a Deus. Antes pelo contrário: se humilhou e confiou apenas na Palavra e disse: “Ele dará ordens a teu respeito para que te guardem...”.
Portanto, é Deus quem sabe a hora. É Dele e somente Dele a agenda. E qualquer tentativa de tirar a Palavra de Deus das mãos de Deus e colocá-la nas mãos do homem, dando a este o poder de decidir, de ordenar, de demandar, de liberar, ou de trazer da mera “Escritura” o cumprimento de suas promessas, conforme a agenda humana, é aceitar a sugestão de Satanás e é ensinar as pessoas a usarem a “Escritura” contra a Palavra e contra elas mesmas.

Na tentação de Jesus — e quando falo de “tentação”, obviamente não me refiro apenas às três “clássicas”, conforme os evangelhos, mas a todas, conforme Hebreus—, o que vemos é Deus se entregando ao “risco supremo”.
Entregar Seu Filho ao confronto verdadeiro com a tentação em sua maior plenitude, foi, sem dúvida, um risco divino imensamente maior que qualquer outro.
A vitória de Jesus sobre a tentação é também vitória da Cruz. É a decisão da liberdade do Messias. É o fruto de Seu amor ao Pai e de Sua escolha pela Escritura como Palavra de Deus. Ele é livre e usa Sua liberdade na submissão de um amor obedientemente livre!

Cada um vive sua própria tentação e “usa” a do outro para justificá-la! Tentação é normal num mundo caído. Jesus é a prova de que saúde espiritual não nos isenta de tentações. Ele foi “tentado em todas as coisas à nossa semelhança, mas sem pecado”.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

BILLY GRAHAM E A REVISTA VEJA



A revista Veja do dia 09/10/1974, publicou nas páginas amarelas uma entrevista histórica com o pastor Billy Graham. Ele estava fazendo uma cruzada de cinco dias no Brasil, no Estádio do Maracanã, onde se reuniram milhares de pessoas para ouvi-lo. A entrevista foi feita pelo jornalista Leo Gilson Ribeiro e o título da mesma foi o “Pastor do Apocalipse”. Está disponível no acervo dos 40 anos da revista no seu site: veja.abril.com.br. Apesar de transcorridos 35 anos, vale a pena conferir a entrevista, por isso postei alguns trechos dela abaixo:
VEJA – o senhor estava enredado na carne, naquela época? (Se referindo a conversão de Billy Graham aos 16 anos de idade.
GRAHAM – Bem, todo mundo está.
VEJA – Mas o senhor estava?
GRAHAM –Todo mundo está, sim, mas não na carne, enfim, não sei o que o senhor quer dizer com a carne.
VEJA – O sexo, o pecado do sexo.
GRAHAM – Não. Não estava. Nunca tive relações sexuais com nenhuma outra mulher em toda a minha vida, exceto com minha esposa.
VEJA – Então o senhor se casou virgem, digamos assim?
GRAHAM – Ah, sim, casei-me com uma virgem, e eu era virgem também.
VEJA – Até o casamento, o senhor levava uma vida de castidade?
GRAHAM – Certo. Deus me protegeu a vida inteira, não permitiu que eu me envolvesse com as coisas ruins. Eu nunca bebi, tentei fumar algumas vezes, mas meu pai meu deu uma surra por causa disso – se bem, que ele mesmo fosse fumante. Ele não queria que eu fumasse, achava que prejudicaria minha saúde. E eu não tinha relações sexuais com garotas. Mas mesmo assim, eu sabia que era um pecador.
VEJA – O senhor acredita que as forças do Mal se multiplicaram?
GRAHAM – Não; acho que o homem assenhorou-se de toda esta formidável tecnologia, mas seu controle é que constitui um perigo enorme para o mundo. O homem em si constitui um perigo devido ao mal enraizado no seu coração: o ódio, a luxúria, a cobiça. Na Bíblia, isso tem o nome de pecado e foi por isso que Cristo morreu na cruz, para tirar o pecado do mundo. Ele está vivo e a Bíblia diz que antes de o homem se destruir e destruir a raça humana, Cristo vai voltar na batalha de Armagedom, a última guerra da história, que será travada no Oriente Médio. Ele voltará e reinará sobre o mundo e o mundo terá paz.
VEJA – Qual a sua atitude diante do ecumenismo evangélico atual, para com as religiões orientais, o hinduísmo e o budismo?
GRAHAM – Eu prego em todos esses países, na India, Coréia, no Vietnam, em lugares budistas. Há a verdade e o bem em todas essas religiões, pois a verdade, é a mesma em todas as partes. Mas, no fim de sua vida, Buda disse: “Ainda estou procurando a verdade”. Enquanto Jesus disse: “Eu sou a verdade”. Ou Jesus estava mentindo, ou era louco, ou então era o que afirmava ser.
VEJA – Muitos movimentos missionários nas Américas, destruíram as civilizações e culturas dos índios. Não foi um pecado?
GRAHAM – Não, não foi.
VEJA – Uma mulher ignorante na India ou no Ceilão não pode, então ao adorar Krishna, estar adorando o mesmo Deus?
GRAHAM – Na sua própria ignorância ela poderá estar procurando Deus, mas Krishna não é o Deus verdadeiro. Acho, porém, que Deus se revelará de alguma forma a quem procurá-lo sinceramente, mesmo na India ou na China.
VEJA – Mas só através de Jesus? Senão irão para o limbo?
GRAHAM – Para o limbo, não. Sem Jesus elas estarão perdidas.
VEJA – Martins Luter King não se baseou também nos trabalhos de Gandhi? Ele adotou “ahimsa”, a teoria da não-violência da India que Gandhi pregou para liberar a India do domínio britânico.
GRAHAM – Discordo. Baseou-se em Jesus Cristo – leia seus livros e seus sermões. Estudou os métodos, as técnicas, não a filosofia religiosa. O movimento inteiro da abolição da escravatura foi causado pela conversão de dois homens: John Newton (que foi um ex-negreiro) que influiu em William Wilberforce, que foi o primeiro homem a dirigir a luta contra o cativeira na Inglaterra. Os ingleses foram os primeiros a libertar os escravos em meados de 1700.

domingo, 6 de setembro de 2009

IGREJA E POLÍTICA

Vem aí mais uma eleição. Nos últimos anos, o segmento da sociedade brasileira que mais se adensou politicamente, foi a igreja evangélica. Em razão de seu grande crescimento numérico e de demonstrações claras, por parte de alguns líderes, de uma imensa volúpia por alcançar posições de comando na vida nacional, a igreja evangélica tem sido objeto de várias investidas de todos os lados. Primeiro, de dentro, surgem os que nem sempre tem compromisso com a fé ou com o preparo para o exercício político, mas que tem acesso às multidões de crentes que enchem os nossos templos. E aí, nessa hora, para alguns deles, vale tudo. O esperançosismo evangélico, algumas vezes simplista, é usado ao extremo por esses que vendem à igreja, a idéia de que os males da nação só serão resolvidos, quando pessoas que se digam evangélicas estiverem em todos os lugares-chaves do país. Além desses, há também os de fora, que chegam, geralmente por duas vias: a convite de alguns líderes inescrupulosos que negociam, pretensamente, o voto de toda a comunidade em troca de favores ou de mera sensação de proximidade ao “poder”. Ou ainda, mediante a investida objetiva e sedutora daqueles que vêm trazendo a proposta do “tudo isso te darei, se engajado me apoiares”. E alguns, seja por ingenuidade ou por maligno pragmatismo, cedem à tentação e aceitam fazer o que Jesus não fez; pois ao ser confrontado com algo semelhante, manifestou-se com um forte brado: “Arreda-te!”
É um ótimo negócio ser evangélico quando se pleiteia um cargo eletivo. Afinal, no Brasil de hoje, nós somos uma enorme minoria, com perspectivas concretas, nos próximos anos, tornarmo-nos maioria. Pela maneira como centenas de “pastores” – alguns incautos e despreparados – lançam-se a um lugar na política, dá-se a impressão de que se quer transformar no futuro, o Palácio do Planalto numa espécie de Vaticano: Estado religioso, dirigido por pastores e despachantes de igrejas. Pode ser o filme Constantiniano em versão nacional. Deus nos livre! Pode haver militância política, mas que sejam representantes genuínos, legítimos e conscientes. Porque se não a igreja, torna-se “massa de manobra” nas mãos dos “espertos de fora” que marionetam os “bonecos de dentro”, a troco de carros equipados para evangelização, bancos para templos, terrenos para para a comunidade, ou empregos para parentes dos líderes. A maioria dos nossos candidatos são “bonecos de ventrílogos”: sem voz própria, sem o mínimo de consciência ideológica, sem plataforma e sem programa. Tudo o que eles sabem é dizer: “Esta é a hora do povo de Deus”. Hora de quem e para o quê? – pergunto eu. Aqueles cujas únicas propostas são a criação de praças da Bíblia, título de cidadão honorário a pastores e lutas por querelas religiosos, não terão o meu voto. Na minha opinião, pastor ou quem deseja candidatar que o faça. Mas, quem desejar pleitear um cargo desses, deve fazê-lo em nome de sua própria consciência como cidadão, e nunca como pastor, em nome da igreja e muito menos em nome de Deus. Fazer isto é ideologizar a Deus e a igreja. O fim é sempre blasfemo e corrompido.
Portanto, não sou contra cristãos na política, porém sou veementemente contrário à utilização da igreja para essa finalidade. Hoje tudo não passa de um grande nojo. Já pensou se o ministério terreno de Jesus, estivesse acontecendo agora e ele entrasse, nas igrejas em ano de eleição. Faria com azorrague e de lá expulsaria os cambistas da corrupção. Foi Ele quem disse que o “reino de Deus não é deste mundo e não está entre nós com visível aparência, visto que está em nós”.