domingo, 6 de setembro de 2009

IGREJA E POLÍTICA

Vem aí mais uma eleição. Nos últimos anos, o segmento da sociedade brasileira que mais se adensou politicamente, foi a igreja evangélica. Em razão de seu grande crescimento numérico e de demonstrações claras, por parte de alguns líderes, de uma imensa volúpia por alcançar posições de comando na vida nacional, a igreja evangélica tem sido objeto de várias investidas de todos os lados. Primeiro, de dentro, surgem os que nem sempre tem compromisso com a fé ou com o preparo para o exercício político, mas que tem acesso às multidões de crentes que enchem os nossos templos. E aí, nessa hora, para alguns deles, vale tudo. O esperançosismo evangélico, algumas vezes simplista, é usado ao extremo por esses que vendem à igreja, a idéia de que os males da nação só serão resolvidos, quando pessoas que se digam evangélicas estiverem em todos os lugares-chaves do país. Além desses, há também os de fora, que chegam, geralmente por duas vias: a convite de alguns líderes inescrupulosos que negociam, pretensamente, o voto de toda a comunidade em troca de favores ou de mera sensação de proximidade ao “poder”. Ou ainda, mediante a investida objetiva e sedutora daqueles que vêm trazendo a proposta do “tudo isso te darei, se engajado me apoiares”. E alguns, seja por ingenuidade ou por maligno pragmatismo, cedem à tentação e aceitam fazer o que Jesus não fez; pois ao ser confrontado com algo semelhante, manifestou-se com um forte brado: “Arreda-te!”
É um ótimo negócio ser evangélico quando se pleiteia um cargo eletivo. Afinal, no Brasil de hoje, nós somos uma enorme minoria, com perspectivas concretas, nos próximos anos, tornarmo-nos maioria. Pela maneira como centenas de “pastores” – alguns incautos e despreparados – lançam-se a um lugar na política, dá-se a impressão de que se quer transformar no futuro, o Palácio do Planalto numa espécie de Vaticano: Estado religioso, dirigido por pastores e despachantes de igrejas. Pode ser o filme Constantiniano em versão nacional. Deus nos livre! Pode haver militância política, mas que sejam representantes genuínos, legítimos e conscientes. Porque se não a igreja, torna-se “massa de manobra” nas mãos dos “espertos de fora” que marionetam os “bonecos de dentro”, a troco de carros equipados para evangelização, bancos para templos, terrenos para para a comunidade, ou empregos para parentes dos líderes. A maioria dos nossos candidatos são “bonecos de ventrílogos”: sem voz própria, sem o mínimo de consciência ideológica, sem plataforma e sem programa. Tudo o que eles sabem é dizer: “Esta é a hora do povo de Deus”. Hora de quem e para o quê? – pergunto eu. Aqueles cujas únicas propostas são a criação de praças da Bíblia, título de cidadão honorário a pastores e lutas por querelas religiosos, não terão o meu voto. Na minha opinião, pastor ou quem deseja candidatar que o faça. Mas, quem desejar pleitear um cargo desses, deve fazê-lo em nome de sua própria consciência como cidadão, e nunca como pastor, em nome da igreja e muito menos em nome de Deus. Fazer isto é ideologizar a Deus e a igreja. O fim é sempre blasfemo e corrompido.
Portanto, não sou contra cristãos na política, porém sou veementemente contrário à utilização da igreja para essa finalidade. Hoje tudo não passa de um grande nojo. Já pensou se o ministério terreno de Jesus, estivesse acontecendo agora e ele entrasse, nas igrejas em ano de eleição. Faria com azorrague e de lá expulsaria os cambistas da corrupção. Foi Ele quem disse que o “reino de Deus não é deste mundo e não está entre nós com visível aparência, visto que está em nós”.

8 comentários:

  1. Pastor Juber,
    Parabéns pelo Texto!
    Todas as vezes que se usou a política em nome de Deus só ocorreram tragédias para a Humanidade que o diga A Igreja Católica que promoveu guerras Santas em Nome da Política e do Poder Territorial portanto Política e Igreja deve ser como agua e óleo, nunca devem se misturar.
    Existe um ditado que diz: dê o Poder ao Homem pra descobrir o seu cárater(ou algo assim).O Poder corrompe as pessoas,principalmente as que não estão totalmente preparadas e não tem a consciência exta do que querem fazer na Política quando se elegem,por isso é tão complicado usar a Igreja para tentar se eleger..se queres adentar ao POLÍTICA DE UMA SOCIEDADE FAÇA ISSO SEM USAR O NOME DE DEUS OU DE INSTITUIÇÕES CRISTÃS,pois Jesus nunca teve nada a haver com o poder e a política,os homens é que distorcem tudo!

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  2. Prezamado pr. Juber Donizete,

    A Paz do Senhor!

    Estou grato a Deus por seu texto sem medo, e em confronto ao que se realiza e negocia com o evangelho de Cristo.

    É uma vergonha a postura de pastores que se perdem nas negociações para parentes e irmãos em sua vasta necessidade de poder.

    Não concordo em hipótese nenhuma com o vandalismo cheios de desculpas para se conseguir o sonho político de pastores que tentam se beneficiar de sua população em detrimento da sua responsablidade diante da igreja.

    Sinto vergonha dos púlpitos sendo utilizados por mentirosos ou futuros mentirosos e corrompidos homens que, cheios de mentira invadem a soberba de muitos pastores em seus desvaneos de poder.

    Não me surpreenderá as próximas eleições quando já muitos líderes estão enfraquecidos pela sua vaidade e desejo de completar a sua carne com mais um cargo ou seja o de político.

    Creio que o interesse deve ser simplesmente ser PASTOR DE OVELHAS, e pregar a Palavra sem a demagogia do culto aos políticos para a possibilidade de ver um ou outro parente nos cargos de indicação.

    Sinto vergonha desta atitude, e me sinto honrado por pastores da sua extirpe.

    É melhor se pronunciar do que estar na sombra do medo.

    O Senhor seja contigo!

    pr. Newton Carpintero
    www.pastornewton.com
    Contra a Falácia da Prosperidade!
    Contra pastores candidatos à Política!

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  3. Aline,

    Quando o imperador Constantino misturou o Estado (a política), com a igreja, o resultado foi o início de um período conhecido como Era das Trevas. Hoje, também estamos vendo aberrações, que estão pervertendo o Cristianismo. Uma delas é a política na igreja.

    Obrigado pela participação.

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  4. Pr. Newton Carpintero,

    Essa história de pastores políticos, está se mostrando uma verdadeira tragédia para a igreja. Um membro da igreja, que tenha vocação política, pode fazer o exercício da mesma, desde que não seja, como disse a Aline, em nome de Deus ou da Igreja, antes faça isso como cidadão. Agora, deixar de lado, o ministério da Palavra, para se envolver na política, é uma demonstração de não ter interesse no Reino de Deus e sim em dinheiro e poder.

    Grande abraço.

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  5. Prezado Pr. Juber, queria ver essa sanha para "servir" ao povo se não fora pelas benesses e pelo salário!? O que essa turma quer mesmo é mamata e benefício. Como você disse: Arreda-se!

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  6. Graça e Paz, Pr. Juber!

    Infelizmente, em toda eleição a história se repete. Usam "Deus", "Igreja" para benefícios políticos.

    O crescimento "evangélico" não é acompanhado pela qualidade do Evangelho. Daí, o surgimento de "políticos evangélicos", em sua maioria pastores. Arreda-te!

    Um abração!

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  7. Daladier,

    Tem mais é que dizer arreda-te, mesmo para esses sanguessugas (esse nome lembra alguma coisa?), que só querem o benefício pessoal e nunca o coletivo.

    Abraço.

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  8. Marcos Wandré,

    Estou gostando do coro, vamos fazê-lo nas eleições de 2010, para os pastores políticos? Arreda-te neles!

    Abraço.

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