Paulo aprendeu a se
contentar com o que tinha em todas as circunstâncias, tendo em vista que a fonte
da sua alegria era Cristo, não as condições materiais, nem mesmo a oferta dos
filipenses.
O
RECEBIMENTO DA OFERTA POR PAULO
Paulo recebeu a oferta dos crentes filipenses com
gratidão, não com um espírito de ganância, como muitos líderes evangélicos
contemporâneos. Como ele mesmo expressou em Fp. 4.17, seu foco não estava nos
presentes. Ele havia aprendido o segredo do contentamento, esse mistério que se
encontra em Cristo, a fonte da verdadeira alegria. Essa é uma demonstração de
maturidade, nem todos a alcançaram. Há obreiros totalmente dependentes das
circunstâncias, que se distraem com qualquer tribulação. Esses certamente
passarão por muitas provas, até que sejam capazes de tirar as lições dadas por
Deus através do Apóstolo. A escola de Deus é o inverso da humana, primeiro
passamos pela prova, depois extraímos a lição. Somente aqueles que passam por
esse aprendizado podem dizer como Paulo: “tudo posso em Cristo que me
fortalece” (Fp. 4.13). Quando o cristão chega a esse nível de maturidade, então
é capaz de depender de Deus, e colocar nEle sua confiança. Tal como o salmista,
poderá afirmar: o Senhor é o meu pastor e de nada tenho falta (Sl. 23.1). Essa
é a tradução aproximada do texto no hebraico, o Senhor, de fato, é nosso
Pastor, mesmo que falte alguma coisa, Ele é nossa suficiência. Para o obreiro
que confia em Deus, as ofertas que chegam às suas mãos são sacrifícios,
agradáveis a Deus. Primeiramente porque sabe que se trata de uma provisão de
Deus, a expressão de renúncia dos irmãos. Além disso, é uma demonstração de
generosidade, atitude pouco comum, em virtude da natureza egocêntrica do ser
humano. Paulo diz aos crentes filipenses, e por extensão, a nós, que Deus supre
as necessidades daqueles que contribuem para a obra do Senhor. De vez em quando
alguém quer se apropriar indevidamente de Fp. 4.19, requerendo o suprimento das
necessidades, sem predisposição para o sacrifício da oferta. O agricultor
investe alguns grãos na terra, a fim de, no futuro, possa colher o seus frutos,
assim acontece com aqueles que contribuem para o crescimento do Reino de Deus
(II Co. 9.6). Em uma sociedade que endeusou Mamom, curvando diante do Mercado,
é um sacrifício ofertar, mas essa é uma demonstração de submissão ao senhorio
de Cristo (Mt. 6.24).
COMO
SACRIFÍCIO AGRADÁVEL A DEUS
Deus ama aqueles que entregam suas ofertas com
alegria, não porque são coagidos a fazê-lo, mas com generosidade (II Co. 9. 7).
Paulo reconheceu que a atitude dos crentes filipenses era um exercício de
sacrifício. Esse é um sentimento que precisa ser cultivado pelos obreiros do
Senhor. Nem todos atentam para o fato de que muitos abrem mão do pouco que
ganham para investir no Reino. Em uma sociedade de consumo, na qual todo
dinheiro é pouco, somente os que são fiéis a Deus podem ser generosos. Os
obreiros, ao invés de coagir os crentes à doação, devem orientá-los, ao
desprendimento. Ao mesmo tempo, serem compreensíveis, e motivando aqueles que
têm dificuldade para tal. Eles precisam ser ensinados que na medida em que doam
ao outro, menos colocam o foco em neles mesmos. É o que faz Paulo em Fp. 4.17,
inicialmente revela que seu propósito maior não é a dádiva, mas o aumento da
conta espiritual dos crentes. O Apóstolo faz uso de uma metáfora contábil, o
verbo grego pleonazein, traduzido por “que aumente”, mostra que os crentes têm
um banco espiritual no qual precisam investir. Jesus também ensinou Seus
discípulos a depositarem não apenas o dinheiro, mas a fé, na eternidade (Mt.
6.19,20). A oferta é um ato espiritual que tem uma dimensão escatológica.
Aqueles que o fazem com alegria estão mostrando, não apenas a Deus, mas a eles
mesmos, que miram em riquezas eternas. Os líderes da teologia da ganância têm
explorado essas passagens bíblicas para explorarem seus adeptos. A teologia da
barganha tem campeado nos arraias pseudopentecostais. Os cristãos evangélicos
precisam ter cuidado com esses lobos devoradores (II Co. 12.14-18). Por outro
lado, não podem deixar de reconhecer que aqueles que ofertam ao Senhor, exercitam
a generosidade, se o fizerem com alegria. Dízimos e ofertas devem ser entregues
à igreja, mas isso não exime o crente de atentar para os necessitados.
Lembremos, pois, da orientação do sábio: “quem se compadece do pobre ao Senhor
empresta” (Pv. 19.17), e que “mais bem-aventurado é dar do que receber” (At.
20.35).
TUDO PARA
A GLÓRIA DO DEUS
A igreja de filipos supriu as necessidades de Paulo,
não os desejos, que são coisas totalmente diferentes. Há muitos líderes, e
também liderados da igreja, que querem ter todas as suas vontades satisfeitas.
Mas Jesus nos ensinou a orar pedindo “o pão nosso de cada dia”, não tudo o que
desejamos (Mt. 6.11). Estar atento às necessidades, e diferenciá-las dos
desejos, é uma forma de dar glória a Deus. Na verdade, tudo que nos acontece,
deve ser motivo de glorificar o Deus de providência. Por isso Paulo conclui sua
Epístola com uma doxologia, um louvor ao Senhor que a tudo providencia. Lutero
dizia que muitas pessoas chegam diante de Deus somente com os cestos vazios.
Tal como os nove leprosos curados por Jesus, não retornam para agradecer (Lc.
19.11-19). Em consideração à generosidade dos filipenses, Paulo impetra sobre
eles as bênçãos divinas. Ele invoca a graça do Senhor Jesus Cristo, para que
essa esteja com eles (Fp. 4.23). Isso porque o tratamento de Paulo para com os
filipenses está baseado na graça, o favor imerecido de Deus. Diferentemente dos
líderes religiosos que tentavam se infiltrar naquela igreja, ele tinha amor
pelo rebanho de Deus, e não fazia imposições legalistas. Ele saúda “a todos os
santos em Cristo Jesus”, esse é o fundamento da comunhão cristã, sem ela
imitamos o mundo, em suas hierarquias e relações de negociação. Os santos que
estavam com Paulo também enviaram saudações aos filipenses, principalmente os
que estavam “na casa de Cesar” (Fp. 4.22). O evangelho de Jesus Cristo estava
sendo disseminando até mesmo no seio do império romano. Esse era um espaço
inóspito, repleto de traições, opressão e violência. Mas o senhorio de Cristo
estava tomando lugar entre os súditos do imperador, vidas estavam sendo
transformadas naquele antro de dissolução. O lugar dos cristãos não é escondido
em guetos, ou em clausuras, mas no mundo, para nele serem sal e luz (Mt.
5.13-15). Paulo compreendeu que sua prisão em Roma era uma oportunidade, não
uma adversidade, para que o evangelho se espalhasse a partir daquele grande
centro.
CONCLUSÃO
Como Paulo, devemos, no mundo, agir como súditos do
Reino de Cristo, certos de que somos embaixadores de uma pátria celestial. Essa
não é uma tarefa fácil, na verdade, é desafiador proclamar uma mensagem que é
considerada ultrapassada pela sociedade moderna. Mas devemos, com amor,
investir esforços e recursos, para a expansão da mensagem de Cristo até aos
confins da terra (At. 1.8). Para tanto é preciso demonstrar generosidade, na
contribuição para com aqueles que estão além-fronteiras, trabalhando na seara
de Cristo, esses devem ser objeto da nossa consideração, e não poucas vezes,
sacrifício, inclusive financeiro.
BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Filipenses.
São Paulo: Hagnos, 2007.
WIERSBE,
W. W. Philippians: be joyfull.
Colorado: David Cook, 2008. Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com/
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