segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Jesus e a Instituição

Esses dias, eu estava conversando com um músico da igreja, e depois que o mesmo criticou algumas coisas da denominação, disse: "É por essas e outras, que Jesus veio acabar com a instituição!" Disse-lhe que não era bem assim.

Albert Nolan, religioso sul-africano famoso por seu livro Jesus Antes do Cristianismo (1976), diz o seguinte em seu livro recente Jesus Hoje: Uma Espiritualidade de Liberdade Radical (2006) da Editora Paulinas: “Seria errado pensar que Jesus rejeitava, pura e simplesmente, a instituição religiosa do seu tempo. Jesus respeitava a instituição como tal, respeitava a ‘cátedra de Moisés’ (Mt. 23.2), e até se pode dizer que ele amava todos os que faziam parte dela. No entanto, rejeitava completamente a forma como ela era usada e como dela se abusava para oprimir o povo (Mt. 23.3-4)… Jesus não era anarquista, no sentido de pensar que podia viver sem qualquer tipo de estrutura hierárquica.” (grifo meu).  Eu concordo com ele. De fato, acho uma tremenda ingenuidade rejeitar pura e simplesmente a instituição e toda e qualquer forma de hierarquia.

Jesus é o cumprimento das Sagradas Escrituras, sem ser o cumprimento dos modelos religiosos dos seus dias. Nem sempre a religião tem algo a ver com a Palavra de Deus. Na maioria das vezes a igreja institucional evangélica se vê esquecida de que é possível cair na armadilha do farisaísmo judaico. Nesse caso a Palavra de Deus se volta para a igreja-instituição, a fim de julgá-la como Cristo condenou a religiosidade dos seus dias. Tenhamos em mente o seguinte: O compromisso de Deus é com a igreja que Cristo instituiu como expressão central e orgânica do seu Reino na História presente (Mateus 16:18), e não com a igreja que os homens instituíram para funcionar como seu feudo religioso e instrumento dos seus caprichos. A promessa de Jesus de que a sua Igreja seria invencível tem se cumprindo e cumprir-se-á sempre. Tenhamos todavia em mente que várias igrejas - instituições religiosas - sucumbiram à própria história.

6 comentários:

  1. Enquanto continuarem a ver a vida da igreja como uma serie de reunioes,sentira falta de maior profundidade.A verdade é que as escrituras nos contam muito pouco sobre como se reuniam os primeiros cristaos.Por outro lado, elas nos falam bastante sobre como eles partilhavam suas vidas.Nao viam a igreja como uma instituiçao, mas sim como uma familia vivendo sob o Pai.

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  2. Paz do Senhor Jesus Cristo,

    O texto é bastante oportuno para os dias em que estamos vivendo, vemos que está em ascensão o número de "desigrejados" o que considero preocupante, as seitas, politicagem, heresias, e tantas outras coisas que não estão conforme a Bíblia Sagrada tem sido praticado por algumas denominações causando essa "desigrejação".
    Criticar a instituição não é a solução e sim aqueles que estão sendo "religiosos".
    Quando leio os Evangelhos não vejo Jesus condenando a instituição e sim aqueles que a compõem, isto é, sai, deixar a instituição não é de maneira alguma a solução o que deve ser feito é uma renovação, uma mudança por cada um daqueles que compõem a denominação.
    E mais uma vez digo! Desigrejação não é solução!
    Anderson Cruz
    Palavra e Fé - anderscrz.blogspot.com.br

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  3. Webstter,

    Além do livro de Atos dos apóstolos e das cartas paulinas, os escritos do período patrístico revela muito sobre a igreja dos três primeiros séculos.

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  4. Anderson,

    A dúvida sobre os desigrejados é com relação ao fator tempo. Melhor dizendo, como estarão daqui a algum tempo e como serão os efeitos de uma vivência fora da igreja/comunidade, se para melhor ou pior.

    Abração.

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  5. Olá, a paz
    Acredito que está havendo uma perda de referência do que é Igreja, Corpo de Cristo, comunhão, unidade. De certo modo o humanismo com seu narcisismo, espirito competitivo se embrenhou na comunidade dos santos e deturpou a doutrina.O fato é que esqueceu-se do mandamento principal: amai-vos uns aos outros e aprendeu-se muito "o buscai e achareis", o "tomar posse da bênção". O problema é a instituição,os institucionalizados ou os anti-institucionais?É fácil apontar para o templo e os homens. Dificil é reconhecer que perdeu-se o exercício da unidade.O que Jesus nos ensinou ? Se tem placa, parede, se não tem, não importa se é no monte ou Jerusalém,onde dois ou mais se reunirem, congregarem, se ajuntarem em seu Nome, Ele prometeu estar lá. Então creio que o maior problema está no foco errado, os canhões apontados para as portas dos templos ou até mesmo o contrário (pode acontecer).A unidade dispensa tal tipo de discussão.

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  6. Sei de muita gente que, apesar de nao pertencer a qualquer instituiçao, nao so desenvolve um relacionamento em grande profundidade com Deus como estabelece com outros crentes ligaçoes mais intensas do que as que manteria dentro da instituiçao.E pessoas que conheço nao estao mais na instituiçao,e nao perderam nem um pouco da paixao por Jesus ou do apreço por sua igreja.Pelo contrario, ambos aumentaram muito,e com grande rapidez.Muitos de nos fomos levados a crer que se nao estivermos a cobertura do grupo cairiamos no erro ou em pecado, mas sera que isso nao acontece tambem no interior da nossa igreja particular?

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