terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Quando as profecias políticas não se realizam

 

Na Bíblia, vemos profetas falsos e verdadeiros cujas palavras se revelaram falsas.

CRAIG KEENER|19/JANEIRO/2021


Image: Spencer Platt / Getty Images

 Profecia é dizer o que Deus diz, algo que frequentemente tem mais a ver com anunciar do que com predizer.

 Às vezes, entretanto, as profecias de fato predizem o futuro. No final de outubro, Pat Robertson declarou que tinha ouvido do Senhor: “Sem dúvida, Trump vai ganhar a eleição”. Para crédito de Robertson, Trump se saiu muito melhor do que o esperado. Com base nos 70 milhões de votos de Donald Trump, o segundo maior total [de votos] da história dos Estados Unidos, segundo dizem, podemos pensar que Robertson de fato ouviu alguma coisa. Mas ele entendeu a história toda?

Em algumas eleições, as profecias são mais do que suposições com 50 por cento de chance de darem certo ou errado. Em 2016, Jeremiah Johnson, pastor e profeta, previu com precisão o primeiro mandato de Trump, antes mesmo de ele despontar como líder nas primárias republicanas. Robertson não foi o único a ver outra vitória do presidente em 2020. A maioria das profecias que vieram a público, incluindo as de Johnson, ficou do lado de Trump, às vezes mencionando uma eleição disputada.

Mas mesmo alguns dos que votaram em Trump sentiam que Deus estava dizendo que Biden venceria desta vez. Ron Cantor, líder do judaísmo messiânico que vive em Israel, disse que ouviu duas vezes de Deus que Biden venceria porque a igreja estava idolatrando Trump. Ele disse aos seguidores: “Mesmo que um milagre acontecesse e [Trump] fosse, de fato, reeleito, o que parece menos provável a cada hora que passa, provando ser verdade o que disseram os outros profetas, o aviso aqui permanece o mesmo.”

Se os resultados da eleição se mantiverem, apesar das recontagens e contestações na justiça, todos aqueles que previram a vitória de Trump eram falsos profetas?

Os erros nas profecias não transformam todos os que se enganam em falsos profetas, assim como os erros no ensino não transformam todos os que se enganam em falsos mestres. No entanto, falsos profetas existem — e até mesmo os cessacionistas, que não acreditam que o verdadeiro dom de profecia é para hoje, concordam que existem.

Quer venham de falsos profetas ou não, profecias erradas de grande notoriedade correm o risco de trazer grande desonra ao nome de Deus e devem ser tratadas com especial seriedade. Pessoas que já zombam dos cristãos podem encontrar ainda mais motivos para os ridicularizarem. Deuteronômio 18 adverte contra profecias equivocadas, embora se refira a profetizar “com presunção”; o termo em hebraico normalmente envolve rebelião insolente (como em Deuteronômio 1.43 e 17.13).

“Se o que o profeta proclamar em nome do SENHOR não acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do SENHOR”, diz Deuteronômio 18.22. “Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele”.

Ouvindo de Deus

No entanto, mesmo uma profecia verdadeira pode ser mais confusa do que muitos de nós gostaríamos. Na Bíblia, profetas verdadeiros com frequência agiam de maneiras que outras pessoas consideravam excêntricas (Jr 19.10; At 21.11), e seus contemporâneos às vezes os consideravam mentalmente desiquilibrados (2Rs 9.11; Jr 29.26; Jo 10.20).

Contrastando com as profecias sobre os propósitos divinos de longo prazo, a maioria das profecias na Bíblia sobre os propósitos divinos de curto prazo são condicionais, sejam ou não declaradas como tais. Assim, a profecia de Jonas — “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída” (Jn 3.4) — não se cumpriu na geração de Jonas porque Nínive se arrependeu.

Jeremias explica esse processo claramente: “Se em algum momento eu decretar que uma nação ou um reino seja arrancado, despedaçado e arruinado, e se essa nação que eu adverti converter-se da sua perversidade, então eu me arrependerei e não trarei sobre ela a desgraça que eu tinha planejado. E, se noutra ocasião eu decretar que uma nação ou um reino seja edificado e plantado, e se ele fizer o que eu reprovo e não me obedecer, então me arrependerei do bem que eu pretendia fazer em favor dele”(Jr 18.7–10). As perspectivas sobre como funciona a profecia condicional variam. Minha opinião pessoal é que Deus conhece de antemão as escolhas humanas ou resultados finais, mas ele também acomoda dentro do tempo pessoas limitadas ao tempo.

Da mesma forma, às vezes Deus adia os resultados prometidos. Elias profetizou a destruição da linhagem de Acabe (1Rs 21.20–24). Ainda assim, depois que Acabe se humilhou, Deus disse a Elias em particular: "Visto que [Acabe] se humilhou, não trarei essa desgraça durante o seu reinado, mas durante o reinado de seu filho" (21.29). Da mesma forma, Deus encarregou Elias de três tarefas (1Rs 19.15–16). Elias cumpriu pessoalmente uma delas — chamar Eliseu. As outras duas tarefas foram cumpridas por Eliseu e por um profeta que ele, por sua vez, comissionou. A maior parte da missão foi cumprida por outra pessoa.

Frequentemente, as profecias bíblicas trazem mais indicações sobre o que [acontecerá] do que sobre quando. Por exemplo, os dois primeiros capítulos de Joel descrevem uma invasão iminente de gafanhotos como o dia do Senhor, o tempo do juízo de Deus. O último capítulo, entretanto, parece descrever uma invasão real no dia final do julgamento de Deus (3.9-17, especialmente o versículo 14). Ou seja, nas profecias, eventos mais próximos podem prenunciar eventos posteriores, sem se preocupar em especificar o tempo entre eles. Os cristãos veem as profecias do Antigo Testamento sobre a vinda do Messias desta forma: Ninguém reconheceu de antemão que Jesus viria duas vezes.

Mas a maioria das profecias sobre as eleições nos EUA foram condicionais? Ou elas estavam simplesmente erradas? Afinal, qualquer um pode dizer: “O resultado da eleição será tal e tal, desde que um número suficiente de pessoas votem em tal e tal.” (Dadas as probabilidades contra Trump, entretanto, as profecias prevendo sua eleição foram um tanto ousadas.)

Ouvindo nossos próprios ecos

Mas mesmo cristãos piedosos às vezes podem interpretar mal o que ouvem. Nem todos sempre ouvem Deus com tanta clareza quanto Moisés, face a face (Nm 12.6-8). Natã teve de se corrigir quanto à garantia que havia dado a Davi, depois que o Senhor falou com ele (2Sm 7.3-5). Mesmo profetas da corte como Natã, também piedosos, podem fazer suposições erradas em tempos favoráveis.

Esse problema, entretanto, não se limita aos profetas da corte.

Quando João Batista ouviu que Jesus estava curando pessoas, ele questionou sua identidade (Mt 11.2–3; Lc 7.18–20). Provavelmente João fez isso porque, antes, ouvira de Deus que aquele que viria batizaria com o Espírito e com fogo (Mt 3.11; Lc 3.16). Pelo que João soubera, Jesus não estava batizando ninguém com fogo. O que João ouviu de Deus estava certo, embora a inferência que João fez estivesse errada, porque ele, como todos os profetas, via apenas uma parte do cenário maior.

Não só todas as profecias são parciais, mas, o que é mais perigoso, às vezes podemos confundir a nossa interpretação errada com a mensagem de Deus. Alguns de nós talvez se lembrem de momentos em que oramos pelo cônjuge ou emprego certos; quanto mais envolvidos emocionalmente estivermos em uma decisão, mais difícil será pensar e ouvir com clareza [sobre ela].

Talvez seja por isso que Lucas se abstém de chamar o discurso guiado pelo Espírito, em Atos 21.4, de “profecia”. Os amigos de Paulo disseram-lhe “pelo Espírito” para não ir a Jerusalém. Apesar disso, Deus já havia dito ao próprio Paulo para ir a Jerusalém (o provável significado de Atos 19.21). Os amigos de Paulo tinham ouvido corretamente que ele sofreria em Jerusalém (20.23; 21.11), mas erroneamente inferiram, a partir dessa informação, que ele não deveria ir para lá (21.12-14; ver também 2Rs 2.3-5,16-18). A subjetividade é algo confuso, mas enquanto precisarmos da sabedoria do Senhor, temos de conviver com alguma subjetividade.

E é assim porque toda profecia é “em parte”, assim como os mestres conhecem "em parte” (1Co 13.9). Até que Jesus volte, nosso conhecimento é limitado e parcial (v. 9-12). Dizer que todas as profecias que entraram na Bíblia são perfeitas não significa que nenhum dos servos de Deus jamais fez profecias imperfeitas. É por isso que Paulo insiste em que cada profecia deva ser avaliada (1Co 14.29). Ele nos avisa para não apagar o Espírito nem desprezar as profecias; em vez disso, devemos pô-las à prova, ficando com o que é bom e rejeitando o que é mau (1Ts 5.19-22).

Certos ensinamentos populares tornaram muitas profecias contemporâneas ainda mais problemáticas. Acredito que os excessos cometidos no ensino da “confissão positiva” introduziram uma grande fonte de erro em potencial na questão da profecia. Até mesmo muitos círculos hoje em dia que repudiam a teologia do “dar nome e tomar posse” agora se envolvem em “declarações proféticas”. Algumas dessas declarações pretendem ser afirmações de fé. Afinal de contas, Jesus nos convida a dar ordem até aos montes pela fé (Mc 11.23). Mas a fé é apenas tão boa quanto seu objeto, o qual, por sua vez, Jesus especifica no versículo anterior como sendo Deus (v. 22). As “declarações” proféticas são vazias, a menos que sejam autorizadas e dirigidas por Deus. Como diz Lamentações: “Quem poderá falar e fazer acontecer, se o Senhor não o tiver decretado?” (Lm 3.37).

Ouvindo coisas diferentes

As pessoas mais proeminentes que afirmam falar por Deus nem sempre estão certas, mas isso não significa que Deus não fale. Em 2008, um pastor etíope, que nada sabia a meu respeito, profetizou com precisão sobre meu filho e sobre eu estar escrevendo dois livros grandes. O que me confundiu foi ele ter dito que meu segundo livro seria maior do que o primeiro. Eu esperava que meu comentário de Atos saísse primeiro; mas ele acabou tendo mais de 4 mil páginas. Embora eu tenha ficado parcialmente impressionado, pensei que Mesfin estava errado sobre um livro maior. Mas meu livro sobre milagres, que no fim teve apenas 1.100 páginas, acabou saindo antes do meu comentário de Atos. Mesfin estava certo e eu errado.

Este ano, muitos cristãos ouviram líderes profetizarem que Trump venceria novamente a eleição. Alguns, como Jeremiah Johnson, insistiram em afirmar que sua profecia acabaria se revelando verdadeira. Outros, como Kris Vallotton, pediram desculpas publicamente. Por ora, [pelo que parece] muitos decidirão que a profecia foi contingente, mal calculada ou, mais provavelmente, errada.

Embora eu não tenha apoiado Trump, sou alguém que deseja ver as profecias piedosas se confirmarem, e posso entender a decepção.

Não sou profeta, mas meus próprios sonhos já me causaram dúvidas. Por exemplo, em março de 2016, oito meses antes da eleição, sonhei que Trump poderia ser como o Jeú da Bíblia (2Rs 10.28–31) e precisava se arrepender. Em maio de 2016, sonhei que Deus estava irado com os (futuros) maus tratos de Trump às crianças refugiadas. Mais tarde, sonhei que suas palavras provocariam tumultos raciais. Após a eleição de 2016, escrevi em meu diário: “Eu me pergunto por que, após ter tido esses pesadelos com ele, muitos outros não estão vendo a mesma coisa”. No ano seguinte, sonhei que estava alertando os apoiadores de Trump sobre uma reação adversa: “Eles semeiam vento e colhem tempestade” (Os 8.7).

Não consegui me livrar desses sonhos, embora muitas pessoas que respeito apoiassem o presidente, e por motivos que eu compreendia. Às vezes, minha própria perspectiva vacilou, já que sou pró-vida e aprecio o respeito do presidente pelos evangélicos. Em agosto de 2020, sonhei que Trump perdeu a eleição desse ano. Foi apenas um sonho. Tenho sonhos dos mais diversos e, mesmo quando alguns parecem significativos, nem sempre tenho certeza de como interpretá-los. Alguns são provavelmente influenciados por pesquisas noticiadas pela BBC, antes de eu ir para a cama. Mas os sonhos ao menos me motivam a orar.

As perspectivas são diferentes, e cada um de nós tem somente uma peça do quebra-cabeça maior. De uma coisa podemos ter certeza: O Senhor continua no controle da história, e podemos viver pautados em sua Palavra nas Escrituras, que é certa, aconteça o que acontecer.

Se, contrariando todas as probabilidades, Trump de repente se tornasse presidente, as profecias chamariam a atenção do público para a obra de Deus. Caso contrário, pode ser que, em vez disso, Deus esteja chamando a atenção para uma necessária faxina em muitos círculos carismáticos. O encorajamento do Espírito nem sempre se traduz nas palavras que queremos ouvir; “declarações proféticas” podem nos entorpecer para o que Deus realmente está dizendo; e, dependendo do que outros dizem que Deus disse, pode ser um negócio arriscado (veja 1Rs 13.11–32).

Como cristão carismático, gosto de ver profecias se tornarem realidade. Mas profecias precisam ser avaliadas. Sempre que possível, antes de irem a público. E, quando necessário, depois.

Craig Keener é (F. M. e Ada Thompson) Professor de Estudos Bíblicos no Asbury Theological Seminary. Ele é o autor de Christobiography: Memories, History, and the Reliability of the Gospels, que ganhou em 2020 o prêmio do CT Book Award.

Fonte: https://www.christianitytoday.com/


 

E se Jesus entrasse hoje nas nossas igrejas?

 


Fico a imaginar como seria se Jesus voltasse como foi na primeira vez, em vez de voltar em glória. Dando asas a imaginação, como a vê-lo andar pelas ruas das cidades brasileiras e não na terra de Israel e da Palestina.


Ao olhar os nossos mega-templos, será que diria palavras diferentes do que disse para os discípulos em Mateus 24, falando sobre o templo embelezado por Herodes, de que um dia as construções humanas podem ser derribadas?

No que tange a política de sua época, Jesus vivia no auge do Império Romano, com governantes despóticos e tiranos seja em Jerusalém, Cesaréia ou Roma. O grande problema social era a escravidão. No mundo grego e romano, principalmente na elite, os bacanais e orgias, corriam soltos. Sobre a escravidão, limitou-se a dizer de que veio trazer libertação da escravidão do pecado.

No entanto, a única vez em que ele mencionou o nome de César foi quando lhe tentaram a ir contra os tributos romanos. Heródes, Uma vez ele chamou Herodes de “raposa” e quando o mesmo no julgamento pediu um show de milagres, Cristo nem resposta deu. Não respondeu a pergunta filosófica de Pilatos sobre o que era a verdade e quando o governador disse que tinha poder, Jesus disse que o era considerava como poder  na verdade não passava de uma concessão divina provisória.

Aos seus discípulos, Jesus disse que havia no mundo, um sistema maligno que tinha um príncipe espiritual. Em nenhum momento tentou fazer lobby para ter uma assento na corte de Herodes, Pilatos, ou de César, com o intento de ter influência para mudar as coisas. O que diria se entrasse nos templos hoje e visse a política que é feita usando seu nome?

Também não quis dar uma de politicamente correto, fazendo uma média com os saduceus, sacerdotes e doutores da lei, para consiguir uma vaguinha no Sinédrio, onde estavam as autoridades eclesiásticas. Pregava, curava e ensinava onde queria e responde os que se achavam como representantes ou donos da religião, disse que não diria em nome ou autoridade de quem fazia isso. Com esse comportamente, em qual igreja ele teria acesso ao púlpito para pregar? Teria que ir para as ruas, praças, praias e montanhas assim como naquela época.

Bastava, pregar ao povo o que está escrito em Mateus 23, que foi seu mais duro discurso feito contra os líderes religiosos, do jeito que está escrito lá, para que fosse chamado hoje pelos “ungidos”, como herege, anticristo e falso profeta.

O que diria aos líderes religiosos que andam com motoristas, seguranças armados, possuem patrimônios milionários como mansões, fazendas, aviões, empresas as custas das contribuíções de muitos crentes, oriundos em sua maioria das classes menos favorecidas?  Penso que diria: “Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores.
Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve”, 
Lucas 22:25-26.

Havia nos tempos bíblicos algumas classes de pessoas bem menosprezadas alvos de preconceito como os bastardos, estrangeiros, leprosos, prostitutas, publicanos, mulheres estéreis, eunucos entre outros. Vou me ater aos eunucos que, assim como outros marginalizados acima não podiam sequer entrar na congregação do Senhor (Deut 23:1). Nos dias do profeta Isaías essa lei no tocante aos eunucos foi flexibilizada (Isaias 56:3-6). Percebe-se nitidamente que a graça está por trás desta “adaptação” à realidade. A Lei aponta para um mundo ideal, onde não haja homens incapazes de reproduzir. Porém, a graça lida com as demandas da realidade. A Lei acentua a distância entre o real e o ideal. A graça reverte este fluxo. Em vez de exclusão, inclusão. Em vez de distanciamento, aproximação.

Jesus mesmo falou sobre o princípio original da criação em Mateus 19:4. Depois disso, houve a Queda com todas as suas implicações na vida do ser humano e da criação em geral, que agora geme como diz Paulo aos Romanos, aguardando a Redenção. A terra em virtude da entrada do pecado, produziria a partir da aí, espinhos e cardos. A partir da entrada do pecado no mundo passou-se a conviver com o ideal e o real.

Sabendo que os eunucos não são sinônimos de homoafetividade, embora alguns entre eles o sejam, como há exemplos atuais na Índia que são os hijras (que lá são tidos como transgêneros e intersexuais), o que impediria Cristo em aplicar aos homoafetivos o mesmo aplicativo descrito em Mateus?
Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.
Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o”, 
Mateus 19:11-12.

Para quem quiser pesquisar: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eunuco

Acredito que não agradaria ao movimento gay, porque iria dizer com todas as letras qual foi o princípio ideal de Deus na criação, nem agradaria aos Malafaias e Felicianos da vida, porque usaria de graça e misericórdia com quem não tem nada haver com o movimento ideológico gayzista, mas sofre na pele, por ter sentimentos homoafetivos com traumas, preconceitos e tremendos conflitos interiores.


Essa reflexão é grande, estava queimando dentro do meu coração, e eu resolvi compartilhar no blog. Vou parar por aqui, depois eu continuo...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Ordem dos Pastores Batistas desliga Ed René Kivitz

 


pastor Ed René Kivitz, da Igreja Batista Água Branca, foi expulso da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil de São Paulo (OPBB). A informação foi dada pelo pastor Alex Azevedo, da Igreja Batista Livre.

Pelas redes sociais, Alex, que também faz parte da OPBB, anunciou a expulsão de Ed René Kivitz da convenção e prestou solidariedade ao amigo.

“A Ordem dos Pastores Batistas de SP acaba de expulsar o pastor Ed Rene Kivitz. Um recado claro para nós que estamos dentro da convenção. Minha solidariedade ao pastor Ed e toda a comunidade IBAB”, escreveu ele.

A Ordem dos Pastores Batistas de SP acaba de expulsar o pastor Ed Rene Kivitz. Um recado claro para nós que estamos dentro da convenção.
Minha solidariedade ao pastor Ed e toda a comunidade IBAB

— Pastor Alex Azevedo Oficial (@azevedo_pastor) December 1, 2021

No entanto, muitos ficaram sem entender os motivos que fizeram o líder da Igreja Batista Água Branca ser expulso da OPBB. Mas, internautas relembraram que ele tem sido muito criticado por causa de declarações que tem feito no púlpito. “A Ordem o chamou para conversar. Ele persistiu duro e irreversível quanto a posição dele. A Ordem usa, ao meu ver, a posição bíblica de disciplina”, comentou um internauta.

Vale lembrar que o pastor esteve no centro de uma grande polêmica após dizer em uma pregação no ano passado, que a Bíblia “era insuficiente” e defender uma possível atualização das sagradas escrituras. As declarações do religioso surtiram efeito negativo na comunidade evangélica, que protestaram e criticaram Kivitz, inclusive vários líderes evangélicos.

Na época, a Convenção Batista e a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, ambos de São Paulo, afirmaram que a exposição explicativa de Ed René “não refletia e não representava o posicionamento das instituições”.

Além disso, os dois órgãos abriram uma investigação para analisar as falas do pastor.

Ao ser expulso da OPBB, o religioso não será mais reconhecido pela Ordem como pastor batista. Agora, cabe à igreja na qual é líder, analisar se, a partir disso, ele continua, ou não, como pastor da congregação. A Igreja Batista Água Branca pode se desfiliar da convenção por conta disso, ou querer outro pastor à frente da instituição religiosa.

A reportagem do Portal do Trono entrou em contato com a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil de São Paulo para confirmar a suposta expulsão do pastor Ed René Kivitz, mas até o fechamento desta matéria a convenção não havia nos retornado. Procuramos o pastor Ed René Kivitz, e também aguardamos uma posição sobre o assunto.

Fonte: https://portaldotrono.com/pastor-diz-que-ed-rene-kivitz-foi-expulso-da-ordem-dos-pastores-batistas/


terça-feira, 30 de novembro de 2021

Haverá templo judeu, sacerdócio levítico e sacrifícios no milênio?

 Na presente revista da CPAD que trata sobre escatologia como também nos comentários e subsídios feitos pelos blogueiros, percebi que ninguém animou a falar de uma polêmica que envolve o dispensacionalismo e o milênio e defensores famosos como J. Dwight Pentecost, onde é defendida a tese de que no milênio haverá um templo judeu com classe sacerdotal, sacrifícios e um Rei Davi ressurreto como regente milenial.


O Dispensacionalismo como já foi dito aqui  no blog em outras postagens, é um sistema doutrinário recente no seio do cristianismo, tendo em vista seu sistema codificado, ele possui cerca de 250 anos ao passo que a história do cristianismo tem 2.000 anosPossui vertentes brandas e exageradas. Equilibrados e extremados, isso no âmbito da Lei e da Escatologia.

A versão mais recente desse teoria é a do dispensacionalismo progressista, que em alguns pontos se afastou de alguns posições da versão clássica e se aproximou um pouco do amilenismo, do pré-milenismo histórico e do pós-milenismo. Por isso, o tema abordado nesta postagem, não significa que é compartilhado por todos os dispensacionalistas. O comentário da lição da CPAD sobre essa lição, prefiriu omitir essa parte, para evitar polêmica.

A questão de se no Milênio haverá sacrifícios.


O Absurdo - O Templo, com seu sistema sacerdotal e sacrificial, serão restaurados no milênio! A interpretação nasce de um equívoco em considerar as profecias de Ezequiel, em sua maioria, literal e aplicando ao milênio.

I. O Templo: O dispensacionalista J. Dwight Pentecost, no Manual de Escatologia afirma a respeito da interpretação ‘correta’ das visões de Ezequiel: “[...] temos aqui uma previsão do templo construído na era milenar. Essa parece ser uma sequencia adequada e inteligente às profecias precedentes.” (p.519), cita então Merril F. Unger para corroborar sua posição de que: “O templo de Ezequiel é um santuário literal e futuro a ser construído na Palestina como esboçado durante o milênio.” (Manual de Escatologia, p.521).

As dimensões do templo das visões de Ezequiel são levadas a sua literalidade (p.521), sendo assim demonstrado que tal interpretação está bem definida nessa direção. Até o local para a sua construção, “uma montanha que será miraculosamente preparada para esse propósito” (Manual de Escatologia, p. 520)

II. O sistema sacerdotal: O sistema sacerdotal que será restaurado no milênio, segundo os dispensaccionalistas, é semelhante ao arônico, mas não necessariamente o mesmo. Existem diferenças e semelhanças. Que semelhanças são essas? J. D. Pentecost usa texto de Ezequiel e afirma:

“Existem certas semelhanças entre os sistemas arônico e milenar. No sistema milenar encontramos o centro da adoração num altar (Ez 43.13-17), onde o sangue é aspergido (43.18), e são oferecidos holocaustos, ofertas pelo pecado e culpa (40.39). A ordem levítica é restituída, já que os filhos de Zadoque são escolhidos para o ministério sacerdotal (43.19). A oferta de manjares está incorporada ao ritual (42.13). Existem rituais prescritos para a purificação do altar (43.20-27), dos levitas que ministram (44.25-27) e do santuário (45.18). Haverá observação das luas novas e dos sábados (46.1). Sacrifícios serão oferecidos diariamente pela manhã (46.13). Heranças perpétuas serão reconhecidas (46.16-18). A Páscoa será novamente observada (45.21-15) e a festa dos tabernáculos torna-se um acontecimento anual (45.25). O ano do jubileu observado (46.17). Há semelhanças nos regulamentos dados para governar o modo de vida, o vestuário e o sustenta da ordem sacerdotal (44.15-31). O templo no qual esse ministério é executado torna-se novamente o local onde se manifesta a glória de Jeová (43.3-5). Percebemos então que a forma de adoração no milênio terá grande semelhança com a velha ordem arônica.” (Manual de Escatologia, pp. 524,525).

Embora segundo Pentecost, o que mais importa são as diferenças e não as semelhanças, mas ambas são preocupantes. Achar que por ter diferenças, torna mais sublime, é um meio de nublar toda a problemática. Até mesmo nas diferenças, algumas coisas estranhas são apresentadas. Pois sugerem até que tal Templo e sacerdócio terá um “rei-sacerdote da ordem de Melquisedeque, talvez Davi ressurreto [...]” (p. 529)!!!

III. O sistema sacrificial: Segundo os defensores dessa visão, os sacrifícios serão comemorativos e não expiatórios. Diz J. D. Pentecost que nem no VT os sacrifícios eram expiatórios, pois apontavam a Cristo, assim também serão os sacrifícios no milênio dispensacional: “Que insensatez argumentar que um ritual poderia realizar no futuro o que nunca pôde ser realizar, ou realizou, ou foi projetado para realizar no passado.”(Manual de Escatologia, p. 530). Os sacrifícios, então, “serão memoriais quanto ao caráter” escreveu o dispensacionalista. Enquanto no VT era algo que apontaria para o futuro, os sacrifícios do milênio dispensacionalista, serão em retrospectiva (p. 531).

Os sacrifícios de animais durante o milênio, proposto na escola dispensacionalista, talvez guiado por Davi, exercerá uma mesma função semelhante da santa ceia. Veja:

“o pão e o vinho da ceia do Senhor são, para o crente, símbolos e memoriais físicos e materiais da redenção já adquirida. E esse será o caso com os sacrifícios reinstituídos em Jerusalém; eles serão comemorativos, como sacrifícios antigos se davam em perspectivas.” (Manual de Escatologia, p. 532).


Refutações:

1. "Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: "E aos seus descendentes", como se falando de muitos, mas: "Ao seu descendente", dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo". Gálatas 3:16.

2. "De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?
12 Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.
13 Porque aquele de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar,
14 Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio.
15 E muito mais manifesto é ainda, se à semelhança de Melquisedeque se levantar outro sacerdote,
16 Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.
17 Porque ele assim testifica: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque.
18 Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade
19 (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.
20 E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes,
21 Mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque,
22 De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador.
23 E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer,
24 Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
25 Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
26 Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;
27 Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre".  A carta aos Hebreus capítulo 7:11-28.

3. O problema seria totalmente resolvido se os dispensacionalistas aceitassem que o NT nunca fez uma aplicação dessas. A interpretação neotestamentária é totalmente diferente a respeito de realidades sacrificiais, sacerdotais e do templo, não tendo nunca um cumprimento futuro, em uma roupagem escatológica. Mas sempre como sombras, algo passageiro, envelhecido e que desapareceria, (Hebreus 8:13).

4. Qualquer menção que a Bíblia faça de reis e sacerdotes sobre a terra (Ap 5.10), e no chamado milênio (Ap 20.4-6), deve ser norteada pela revelação posterior a Ezequiel, que é o Novo Testamento: "Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo,
9 "Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço;
10 Consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.
11 Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
12 Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção". Hebreus 9:8-12.

5. A mesma palavra usada em hebraico usada em Ezequiel 45.15, etc., é usada em Levítico 16.6, etc. E o que sabemos, é que a palavra “expiar”significa “cobrir, reconciliar, propiciar, pacificar” (Dicionário Vine, p.122). Não significa, por certo, “celebrar, relembrar, comemorar”, como desejam os defensores do dispensacionalismo.
6. O NT classifica a Igreja como templo de Deus, seus membros como sacerdotes, seus serviços como adoração, seus sacramentos como memorial e sinal, o sacrifício de Cristo, como único e suficiente. Há diante de Deus há um povo (Efésios 2:14).

7. Quanto a regência de Davi no milênio, deve-se lembrar que quando o apóstolo Tiago fez menção da profecia de Amos 9:11 onde está escrito que o Tabernáculo caído de Davi seria levantado, ele faz uma aplicação da passagem direto para a igreja ao falar da inclusão dos  gentios dentro da comunidade cristã (Atos 15:13-21). Paulo vai na mesma linha ao falar das bençãos de Abraão, dizendo que as mesma chegaram aos gentios através de Cristo, (Gálatas 3:16,28,29). Ou seja, assim como em Efésios, novamente em Gálatas noção de um só povo - Igreja, não mais judeu nem gentio.





segunda-feira, 29 de novembro de 2021

O Milênio e o Juízo Final - As dificuldades de interpretação

 1. Este é o capítulo mais polêmico do livro de Apocalipse. Não há consenso entre os crentes sobre sua interpretação. Os premilenistas crêem que o milênio relatado no capítulo sucede cronologicamente à segunda vinda de Cristo, descrita no capítulo 19. Os amilenistas crêem que o capítulo 20 é o início de outra seção paralela e não sucessão cronológica do capítulo 19.


2. Apocalipse 19:19-21 nos leva ao final da história, ao dia do juízo. Apocalipse 20 retorna ao começo da dispensação atual. Assim, a conexão entre os capítulos 19 e 20 é semelhante à conexão dos capítulos 11 e 12. Apocalipse 11:18 anuncia o dia do juízo e Apocalipse 12:5 descreve o nascimento, ascensão e coroação de Cristo.

3. Assim, o milênio antecede a segunda vinda de Cristo e não sucede a ela. O capítulo 12 introduz os cinco inimigos da igreja: o dragão, a besta, o falso profeta, a meretriz e os selados da besta. Todos caem juntos. Apenas as cenas são descritas em telas diferentes.

4. A interpretação de um milênio literal enfrenta várias dificuldades:

a) Não encontramos essa idéia de um milênio terrenal após a segunda vinda de Cristo nos Evangelhos e nas Epístolas paulinas e gerais.
b) O milênio fala de Cristo reinando fisicamente aqui neste mundo, enquanto o seu ensino mostra que o seu reino é espiritual.
c) A idéia de um milênio na terra e a posição de preeminência dos judeus, reintroduz aquela distinção entre judeus e gentios já abolida (Cl 3:11; Ef 2:14,19). Só existe uma igreja e uma noiva, formada de judeus e gentios.
d) A idéia do milênio terrenal ensina que haverá pelo menos duas ressurreições, uma de crentes antes do milênio e outra de ímpios depois do milênio e isto está em oposição ao que restante da Bíblia ensina (Jo 5:28-29; Jo 6:39,40,44,54; 11:24).
e) A idéia do milênio cria a grande dificuldade da convivência do Cristo glorificado com os santos glorificados vivendo com homens ainda na carne (Fp 3:21).
í) Como conceber a idéia de que as nações estarão sob o reinado de Cristo mil anos e depois elas se rebelam totalmente contra ele? (Ap 20:7-9)?
g) Todo o ensino do NT é que o juízo é universal e segue imediatamente à segunda vinda, mas a crença no milênio terrenal, o juízo acontece mil anos depois da segunda vinda e só para os incrédulos.

5. O capítulo pode ser dividido em quatro quadros distintos:
I. A PRISÃO DE SATANÁS - V. 1-3

1. O que significa a prisão de Satanás? - v. 1-3
• Segundo Apocalipse 9:1,11; 11:7; 20:1-3, podemos concluir que o poço do abismo tem uma tampa (9:l)que pode ser aberta (9:2), fechada (20:3) e selada (20:3).
• João vê que o anjo tem a chave do abismo e uma grande corrente (20:1). Diz que ele prendeu a Satanás por mil anos (20:3). E que o fechou no abismo até completarem os mil anos. Isso tudo é um simbolismo. Um espírito não pode ser amarrado com corrente.
Prendeu, fechou e selou são termos que denotam a limitação do seu poder.
• Isso significa que a sua autoridade e seu poder foram restringidos. Satanás não pode mais enganar as nações. A evangelização dos povos foi ordenada e Deus vai chamar os seus eleitos!
• A prisão de Satanás não significa que ele está inativo, fora de cena. Ele está na corrente de Deus. Essa corrente é grande. Mas ele é um inimigo limitado.

2. O que significa que Satanás não pode mais enganar as nações?
• A prisão de Satanás tem a ver com a primeira vinda e não com a segunda vinda:
a) Mt 12:29: "Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa."
b) Lc 10:17-18: "Então regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo:
"Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse:
"Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago".
c) Jo 12:31-32: "Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo".
d) Cl 2:15: "E despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz".
e) Hb 2:14: "...para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo".
f) 1 Jo 3:8: "...Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo".
g) Ap 12:5-17 - A expulsão de Satanás foi o resultado da coroação de Cristo.

h) Assim, a amarração de Satanás começou na primeira vinda de Cristo e isso é o queApocalipse 20:2 significa. A prisão ou restrição do poder de Satanás tem a ver com a obra de Cristo na cruz e com a evangelização das nações, de onde Deus chama eficazmente todos os seus eleitos.
i) Satanás está restrito em seu poder no sentido de que não pode destruir a igreja (Mt 16:18) nem pode impedir que os eleitos de todas as nações recebam o evangelho e creiam (Rm 8:30). A igreja é internacional. O particularismo da antiga dispensação (judeus) deu lugar ao universalismo da nova (igreja).

3. O que significa o pouco tempo em que Satanás será solto depois do milênio?
• Esse pouco tempo retrata o mesmo período da grande tribulação, a apostasia e o reinado do anticristo. Esse é o tempo que antecede à segunda vinda de Cristo.

4. O que significa os mil anos durante os quais Satanás é preso? - v. 3
 • Este capítulo usa várias figuras simbólicas. O abismo, a corrente, a prisão, e também o milênio. O número mil sugere um período de completude, um período inteiro. Sugere um longo período, um período completo, o número dez cubicado. Mil anos é o tempo que vai da primeira à segunda vinda. É o período que Cristo está reinando até colocar todos os seus inimigos debaixo dos seus pés (1 Co 15:23-25).
• Esse período do milênio precede o juízo e o juízo no ensino geral das Escrituras segue imediatamente à segunda vinda (Mt 25:31; Rm 8:20-22).

II. O REINADO DOS SALVOS COM CRISTO NO CÉU V. 4-6

1. Esse reinado não é na terra, mas no céu - v. 4

a) Vi Tronos - A palavra "tronos" aparece 67 vezes no NT e 47 no Apocalipse. Apenas três vezes o trono está na terra e sempre falam do trono de Satanás e do anticristo (2:13; 13:2; 16:10). Sempre que a palavra aparece em Apocalipse, esse trono está no céu (Hendriksen, p. 231). Não existe neste capítulo nenhuma referência à terra nem muito menos Palestina, Jerusalém. A cena ocorre no céu e não terra.

b) São as almas que estão reinando - Portanto, esse reinado não pode ser na terra. João vê almas e não corpos. Essas almas são as mesmas descritas em Apocalipse 6:9. As almas reinam durante todo o tempo entre a morte e a ressurreição que se dará na segunda vinda de Cristo (o período intermediário). Depois da ressurreição, os salvos reinarão com corpo e alma (Ap 22:5).

c) Jesus está no céu e não na terra e as almas estão reinando com ele – Os premilenistas crêem que Cristo desceu do céu (19:11-16) e que o esse reinado sucede à segunda vinda. Contudo, o ensino geral das Escrituras e o contexto do livro de Apocalipse provam o contrário. O crente quando morre vai morar com Jesus (Fp 1:23; 2 Co 5:8).

2. Qual é a missão daqueles que estão reinando com Cristo? - v. 4
 a) Eles estão assentados em tronos para julgar - Os santos vão julgar as doze tribos de Israel (Mt 19:28), o mundo (1 Co 6:2) e os anjos (1 Co 6:2). Jesus prometeu aos vencedores que eles se assentariam com ele no seu trono (Ap 3:21). Os salvos estão com ele no Monte Sião (Ap 14:1), cantam diante do trono (Ap 14:3; 15:3) e verão sua face (Ap22:3).
b) Eles participarão da glória de Cristo, pois reinarão com ele - Os salvos estarão no céu com Cristo em glória (Ap 7:9-17). Estas almas celebram a vitória de Cristo sem cessar.
c) Quem são esses que estão reinando com Cristo - Todos os salvos, os mártires e todos aqueles que morreram em sua fé. Os outros mortos, ou seja, os incrédulos, não tornaram a viver até que os mil anos sejam cumpridos. Nesse período entram na segunda morte.

3. Qual é o significado da primeira ressurreição e da segunda morte? - v. 5-6
• Quem morre uma vez (morte física), ressuscita duas vezes (espiritual e corporalmente na segunda vinda). Quem morre duas vezes (física e eternamente), ressuscita uma única vez, para o juízo.
• A regeneração é uma espécie de ressurreição espiritual (Jo 5:24; Jo 11:25-26; Rm 6:11; Ef 2:6; Cl 3:1-3). Essa é a primeira ressurreição. Ela é espiritual. Quem não passa por essa ressurreição espiritual, morre duas vezes, física e eternamente.
• Todos quantos são regenerados ressuscitaram com Cristo - e essa é a primeira ressurreição. A ressurreição do corpo é posterior - essa é a segunda ressurreição. A frase "primeira ressurreição", se refere à ressurreição espiritual, é uma forma de escrever "o novo homem" em Cristo que foi regenerado. Então, mesmo mortos, suas almas estão reinando com Cristo no céu (Fp 1:21,23; 2 Tm 2:12; Ap 3:21).

III. DERROTA FINAL DE SATANÁS V. 7-10
1. Essa batalha final é a mesma já descrita no capítulo 19 — v. 7-9

• É um equívoco pensar que a batalha final seja distinta de outras batalhas já descritas no livro de Apocalipse (16:14-21; 19:19-21; 20:7-9). O Armagedom, a batalha final aqui descrita é a mesma descrita noutros textos. Essas não são três diferentes batalhas. Temos aqui a mesma batalha. Nos três casos é a batalha do Armagedom. É o ataque final das forças anticristãs à igreja.

• Armagedom (16:16) e Gogue e Magogue são a mesma batalha. É a derrota final dos inimigos de Deus.
2. Embora os inimigos de Deus são derrotados em descrições diferentes, eles caem todos no mesmo momento
• A queda da Babilônia, do anticristo, do falso profeta, de Satanás, dos ímpios e da morte acontecem ao mesmo tempo, ou seja na segunda vinda de Cristo, embora os relatos sejam em cenas diferentes.

3. As figuras usadas por João ensinam lições claras:
a) Gogue e Magogue descrevem a batalha final contra o povo de
Deus (Ez 38-39) v. 7 - Essa é uma descrição da última batalha contra o Cordeiro e sua noiva. É o Armagedom. É a grande tribulação. O pouco tempo de Satanás, o período mais amargo da história.
b) Os exércitos inimigos são numerosos - v. - Todo o mundo iníquo vai perseguir a igreja. A perseguição será mundial. É o último ataque do dragão contra a igreja. Essa realidade corrige dois erros: 1) Otimismo irreal - O mundo no tempo do fim não será de paraíso, mas de tensão profunda; 2) Pessimismo doentio - Não importa a fúria ou a força numérica do inimigo, a vitória é do Cordeiro e de sua igreja.
c) A derrota dos inimigos será repentina e completa v. 9-10 - Essa derrota imposta ao inimigo é uma ação direta de Deus. 2 Ts 2:8 diz que Cristo mata o homem da iniqüidade com o sopro da sua boca na manifestação da segunda vinda. Ap 19:20 diz que o anticristo e o falso profeta são lançados no lago do fogo. Ap 20:10 diz que Satanás foi lançado no lago do fogo. Eles três são lançados juntos! São atormentados juntos para sempre!
d) A derrota de Satanás será o ápice da vitória de Cristo v. 10 -Como Satanás o agente principal do mal, sua derrota é descrita em último lugar. Sua condenação será eterna. Satanás não é rei nem no lago do fogo. O fogo eterno foi preparado para ele para os seus anjos (Mt 25:41).

IV. O JUÍZO FINAL - V. 11-15
1. Cristo assenta-se no trono como juiz - v. 11
• O trono branco fala da santidade e da justiça do juiz e do julgamento.
• Diante dele o próprio universo se encolhe. A terra será redimida do seu cativeiro. A terra não será destruída, mas transformada (2 Pe 3:10; At 3:31; Rm 8:21).
• Jesus é o juiz diante de quem todos vão comparecer (20:11; At 17:31; Jo 5:22-30). Aqueles que rejeitaram Jesus como advogado vão ter que comparecer diante dele como juiz.

2. Os mortos ressuscitam para o julgamento - v. 12-14
• Aqui não se trata apenas dos mortos ímpios, mas de todos os mortos, de todos os tempos.
• A idéia de duas ressurreições físicas não tem base bíblica (Dn 12:2; Jo 5:28-29; Jo 6:39,40,44,54; Jo 11:24; At 24:15). Aqui é a única ressurreição geral de todos os mortos de todos os tempos. Crentes e ímpios ressuscitam no mesmo dia.
• O julgamento será universal e também individual (v. 13). Um por um será julgado segundo as suas obras. Ninguém escapará.

3. Os mortos serão julgados segundo as suas obras - v. 12
• Esse julgamento será justo e universal. Os livros serão abertos e todos serão julgados segundo o que está escrito nos livros: seremos julgados pelas palavras, obras, omissão e pensamentos. A graça de Deus e a responsabilidade humana caminham juntas.
• Pelas obras ninguém poderá ser justificado diante de Deus. Pelas obras todos serão indesculpáveis diante de Deus.

4- O juízo final será deferente dos tribunais da terra: Lá terá um juiz, mas não jurados; acusação, mas não defesa; sentença, mas não apelo. A única maneira de escapar desse julgamento é confiar agora no Senhor Jesus Cristo (Jo 5:24).

5. O critério para a salvação não são as obras, mas a graça - v. 15
• Ninguém pode ser salvo pelas obras, por isso o livro da vida é aberto. Quem tem o nome escrito nele não é lançado no lago do fogo. Isso já nos mostra que os salvos estão participando desse julgamento (2 Co 5:12; Rm 14:10).
• Os que não têm o nome escrito no livro da vida são lançados dentro do lago do fogo, a segunda morte. Somente os salvos terão seus nomes no livro da vida (Fp 4:3; Ap 13:8; 17:8; 20:15; 21:27; Lc 10:20).

6. A própria morte e o inferno serão lançados no lago do fogo - v. 14
• A morte é o estado e o hades é o lugar. Esses dois andam conectados (Ap 6:8).
Quando a morte e o inferno são lançados no lago do fogo, finda também a autoridade que exerciam no tempo cósmico. A morte é o último inimigo a ser vencido. O inferno é lugar onde os ímpios são atormentados no estado intermediário. Depois da segunda vinda e do juízo não haverá mais separação entre o corpo e a alma nem no céu nem no inferno. A vitória de Cristo sobre os seus inimigos será completa a final.

7. Os tormentos dos inimigos de Deus e dos ímpios serão eternos - v. 10,15
• A Bíblia não ensina universalismo nem aniquilacionismo. Antes fala de penalidades eternas. O sofrimento dos ímpios no lago do fogo é indescritível (Lc 16:19-31). O lago do fogo é estado e lugar.
• Enquanto os salvos têm seus nomes no livro da vida, os ímpios serão lançados no lago do fogo.

CONCLUSÃO:
1. Você estará preparado para o dia do juízo? De que lado você estará naquele tremendo dia?
2. Você está seguro, debaixo do sangue do Cordeiro ou ainda está sob o peso e condenação dos seus pecados?

3. Hoje, é o tempo oportuno; hoje é o dia da salvação!

Referência:
Lopes, Hernandes Dias, Estudos no Livro de Apocalipse, Editora Hagnos.
HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o Futuro. São Paulo: Cultura Cristã.