sábado, 20 de outubro de 2018

Famoso Frei católico pergunta: Porque a Igreja Católica fez opção pelos pobres e eles fizeram pelos pentecostais?


O texto abaixo foi publicado em 0612/2016 /pelo Frei Betto. Além de continuar muito atual explica bem não somente o cenário religioso brasileiro como também até o político desse ano.

"Há quem diga que a Igreja Católica optou pelos pobres, e os pobres, pelas Igrejas evangélicas. Isso tem certa dose de verdade se considerarmos os índices que demonstram que, nos últimos anos, houve diminuição do número de católicos no Brasil e aumento de protestantes (adeptos das Igrejas históricas) e evangélicos (adeptos das Igrejas pentecostais e neopentecostais).

Segundo o Censo, em 2000 73,6% da população era formada por católicos e apenas 15,4%, por protestantes e evangélicos. Já em 2010, os católicos representavam 64,6% e os protestantes e evangélicos, 22,2%. Em dez anos, o número destes no país aumentou 61,45%. Hoje eles são 42,3 milhões. Em 1970, eram 4,8 milhões (5,2% da população). Estima-se que, a cada ano, sejam abertos, no Brasil, 14 mil novos templos evangélicos.
Os evangélicos se dividem em Igrejas protestantes tradicionais ou históricas (Luterana, Presbiteriana, Batista, Anglicana, Metodista etc.); pentecostais (Assembleia de Deus, Presbiteriana Renovada etc.); e neopentecostais (Universal do Reino de Deus, Sara Nossa Terra, Internacional da Graça de Deus etc.). A maioria dos neopentecostais se encontra nas periferias das cidades, e 63,7% recebem por mês no máximo um salário mínimo. Daí o interesse pela Teologia da Prosperidade, que propõe uma ética que transforma em valor religioso a ascensão social dentro da mobilidade urbana.

Pedagogias apostólicas
Enquanto a pregação católica se centra no dogmatismo (no que se deve crer), a neopentecostal está focada no pragmatismo (o caráter utilitário da fé para alcançar benefícios, desde emprego até a cura de doenças). Daí o lema adotado pela principal Igreja neopentecostal, a Universal do Reino de Deus: “Pare de sofrer”. É uma pregação muito colada na autoajuda.

A que se deve tal fenômeno? Há várias hipóteses. Uma delas é explicada pela coincidência entre a urbanização brasileira, na virada do século XIX para o XX, e a disseminação de Igrejas evangélicas. O êxodo rural, a urbanização desordenada, a quebra de vínculos familiares tradicionais, o inchamento das periferias e a massificação dos meios de comunicação são fatores que estão na origem da explosão evangélica.

Mais recentemente há que considerar os 34 anos de pontificados conservadores de João Paulo II e Bento XVI, que inibiram, na esfera católica, a Igreja dos Pobres, às vezes duramente reprimida, bem como seu fundamento teórico, a Teologia da Libertação. No entanto, jamais foram condenados.

Católicos das periferias urbanas e rurais que não se sentiam mais acolhidos em Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e pastorais populares trataram de migrar para os espaços evangélicos. E o fizeram por duas razões básicas: a ânsia de encontrar possíveis soluções para seus problemas crônicos (enfermidades, desemprego, carência de identidade nos grandes centros metropolitanos etc.) e o mal-estar quando chamados a frequentar os templos católicos, predominantemente ocupados pela classe média, e nos quais reina o clericalismo.

As Igrejas evangélicas adotam um modelo pastoral já qualificado de “canibal”. Instaladas em antigas salas de cinema ou garagens, elas abrem, diretamente nas calçadas, sua bocarra faminta de fiéis… Para tais Igrejas, o espaço físico religioso não exige necessariamente construção de templos. Qualquer sala ou galpão pode ser transformado em local de culto. E muitos templos mantêm suas portas abertas 24 horas por dia, o que é impensável em se tratando de templos católicos. Quando se chega a certos templos evangélicos em plena madrugada, é possível ser recebido por um obreiro que dedica especial atenção ao fiel em potencial. Em uma paróquia católica, não é fácil ser atendido por um sacerdote, ainda que no período vespertino.

Nos cultos evangélicos há participação de fiéis. Adota-se uma espiritualidade “personalizada”, predestinadora, sem dimensão social. O que fascina é o Deus da misericórdia, que cura, conforta, perdoa, ajuda a obter emprego, traz prosperidade e une a família. Deus que liberta o fiel dos vícios, do adultério, do pecado, enfim, das garras do diabo… Espiritualidade que penetra fundo no coração e no bolso do fiel. Nesse mundo de perdição, a Igreja desponta como uma ilha de salvação individual, na qual cada fiel se sente um eleito do Senhor.
E, se demonstra vocação para a música, seja o canto, seja o domínio de um instrumento musical, o fiel é valorizado pela comunidade religiosa.
Já na Igreja Católica, muitos entraves dificultam a adesão dos mais pobres. Reina o clericalismo, quase tudo é centrado na figura patriarcal do sacerdote, e as mulheres participam como meras figurantes. Não há mulheres diáconas nem sacerdotes, quanto mais revestidas de caráter episcopal.

As liturgias católicas são asfixiadas pelas rubricas canônicas que entravam a improvisação, a dança, a participação dos fiéis, os rituais de bênçãos e curas. Nossos fiéis não passam necessariamente por escolas bíblicas nem têm o hábito de ler as sagradas escrituras e meditar sobre elas. Quase toda a aproximação com a Bíblia se resume a leituras litúrgicas seguidas de sermões que raramente fazem exegese do texto e, quando o fazem, ela não está ao alcance do nível cultural dos fiéis.

Os templos e capelas católicos não contam com obreiros ou agentes pastorais que, a qualquer hora do dia ou da noite, estão dispostos a atender quem os procura e preparados para acolher o bêbado, a mulher agredida pelo marido, o desempregado tomado pelo desespero, o endividado submerso na angústia, a moça aflita pela gravidez inesperada e indesejada…
E por vezes utilizamos uma linguagem demasiadamente politizada ou meramente moralista, sem corresponder à fome de sacralidade do fiel, de mística, de sentir-se acolhido pela misericórdia de Deus e pela Igreja como família ou comunidade religiosa.
Conservadorismo
Desde que os evangélicos despontaram no Brasil, em fins do século XIX, eles se caracterizaram por uma postura conservadora impulsionada pela leitura fundamentalista da Bíblia e pelo puritanismo. Basta conferir o alinhamento da maioria das Igrejas protestantes e evangélicas à ditadura militar (1964-1985), embora alguns de seus fiéis figurem como mártires e confessores da resistência democrática, como os irmãos Paulo e Jaime Wright, e os pastores Jether Ramalho e Anivaldo Padilha.

Embora haja, hoje em dia, segmentos evangélicos abertos ao ecumenismo e, inclusive, à Teologia da Libertação, o que ainda predomina é o conservadorismo teológico e político. Neste início de século XXI, o alvo do fundamentalismo evangélico são as políticas de direitos humanos e gênero.

Há que destacar o avanço das Igrejas evangélicas no uso dos meios de comunicação, criando figuras midiáticas de forte apelo popular, como Silas Malafaia, R. R. Soares e Edir Macedo. A compra da Rede Record, TV aberta, em 1989, pela Igreja Universal, causa um forte impacto na formação da opinião pública nacional. E o mercado fonográfico gospel gera a maior arrecadação da indústria musical brasileira, em torno de R$ 500 milhões por ano. E o editorial, R$ 483 milhões por ano.

Já a Igreja Católica lida com a mídia sem o devido profissionalismo, sobretudo na esfera imagética, como TV e internet. O máximo de audiência obtida pelos católicos se restringe ao sucesso dos padres cantores, como Marcelo Rossi, Fábio de Melo, Reginaldo Manzotti e outros.

É preciso também destacar os segmentos evangélicos progressistas, como a Rede Evangélica Nacional de Ação Social (Renas), criada no Rio em 2006, que congrega fiéis das Igrejas Batista, Assembleia de Deus, Anglicana e Luterana. Os membros da Renas são críticos ao discurso e à prática conservadores da bancada evangélica no Congresso, contrários à redução da maioridade penal e favoráveis ao diálogo com religiões de matriz africana, ao debate sobre a descriminalização do aborto e à união civil e religiosa de casais homossexuais (cf. O Globo, 19 set. 2015, p.26).

Rumo à direita
Em outubro de 2013, pesquisa do Datafolha comprovou que a maioria dos brasileiros se identifica com valores de direita. Esse retrato se revelou quando se indagou a respeito de questões como pena de morte e papel dos sindicatos. Dos entrevistados, 38% foram classificados como de centro-direita, 26% de centro-esquerda, 22% de centro, 11% de direita e 4% de esquerda.
A tendência à direita é reforçada por muitas Igrejas evangélicas indiferentes à moral social e defensoras do livre mercado. Elas se posicionam contra o aborto e o controle da natalidade; são favoráveis ao tratamento psicológico de homossexuais; e consideram que a democracia é plenamente compatível com os parâmetros do capitalismo. Advogam o Estado mínimo e, em nome da “salvação da família”, a criminalização dos movimentos civis por direitos sociais.
Conforme análise da teóloga protestante Magali do Nascimento Cunha, a bancada evangélica não cresceu tão significativamente como se propagou nas eleições de 2014. Os discursos homofóbicos, em defesa da família e contra o comunismo não foram suficientes para atrair os votos que se esperavam.
Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o número de parlamentares evangélicos na Câmara dos Deputados não sofreu alteração significativa nas eleições de 2014. Estimava-se que chegaria a uma bancada de cem eleitos (crescimento de 30%), tendo em vista o aumento de 20% alcançado nos pleitos anteriores. Foram eleitos 72 parlamentares. Em 2010, elegeram-se 66 para o Congresso Nacional, entre deputados federais e senadores.

A expectativa era de que nomes de projeção nacional, como o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), atualmente acusado de estupro, recebessem ao menos 1 milhão de votos. Um de seus mais fortes cabos eleitorais, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chegou a declarar: “Se o Feliciano tiver menos de 400 mil votos na próxima eleição, eu estou mudando de nome”. E ironizou a reação dos movimentos sociais quando Feliciano ocupou a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara: “Quero agradecer ao movimento gay. Quanto mais tempo perderem com o Feliciano, maior será a bancada evangélica em 2014”. Malafaia deveria cumprir a promessa: Feliciano teve, na eleição de 2014, 398.087 votos.
O PSC acreditou tanto no êxito eleitoral de seus candidatos que lançou o pastor Everaldo candidato a presidente da República.
Marina Silva e pastor Everaldo
Os evangélicos apresentaram, nas eleições de 2014, dois candidatos a presidente: Marina Silva e o pastor Everaldo, ambos da Assembleia de Deus.
Marina Silva se destacou depois da morte inesperada de Eduardo Campos, candidato a presidente pelo PSB, de quem ela era vice. Isso esvaziou a candidatura do pastor Everaldo, pois os evangélicos, embora não sejam aliados de Marina, somaram forças em torno dela, movidos pelo antipetismo.
Contudo, a candidata não alcançou o segundo turno, figurando em terceiro lugar. Em comparação à eleição de 2010, quando também concorreu ao mesmo cargo, houve aumento de 2% no número de votos que lhe foram dados: de 19% para 21%. Pressionada por lideranças evangélicas, Marina apresentou constantes mudanças de discurso, o que provocou a perda de confiança de muitos de seus eleitores.

Já o pastor Everaldo teve pouco mais de 780 mil votos e ficou atrás da candidata de esquerda Luciana Genro (Psol-RS), que obteve 1,6 milhão de votos.
O que surpreendeu a muitos foi o apoio de Marina Silva, no segundo turno, à candidatura do oposicionista Aécio Neves (PSDB). O pragmatismo superou os princípios.
A servidão voluntária
La Boétie publicou, em 1576, o Discurso da servidão voluntária, texto no qual analisa esse estranho fenômeno que faz certas pessoas abdicarem de sua autonomia para pensar pela cabeça alheia e agir segundo seu mestre mandar.
Ocorre em todos os âmbitos, desde a mulher que se deixa subjugar pelo marido até o funcionário que jamais questiona as ordens do chefe. Aliás, os criminosos nazistas e os torturadores brasileiros que chegaram às barras dos tribunais alegaram, em sua defesa, o cínico argumento: “Cumpríamos ordens”.

Outro dia, perguntei a uma senhora a quem dará seu voto para prefeito. “Naquele que Deus mandar”, respondeu. Espantei-me e, confesso, fiquei com uma ponta de inveja. Sempre quis saber a vontade de Deus quanto aos meus passos na vida. Tenho uma fé entremeada de incertezas.
Sei, porém, que Deus é Pai (e também Mãe, lembrou o papa João Paulo I), mas não é paternalista. Como reza Gilberto Gil, deu-me régua e compasso, e o caminho, eu mesmo traço. Isso se chama livre-arbítrio.
Aquela senhora, entretanto, dava mostras de ter merecido um canal direto com Deus. E mais: um Deus cabo eleitoral na acirrada disputa das eleições municipais.

“Como a senhora saberá quem é o candidato preferido de Deus?”, indaguei. Ela retrucou candidamente: “O pastor dirá. Ele é a voz de Deus”.
“Meu Deus!”, reagi intimamente. Confundir a função de padre, bispo ou papa com a vontade de Deus é uma das mais aberrantes artimanhas para favorecer o fundamentalismo e suscitar a servidão voluntária. Vide o que os terroristas islâmicos fazem em nome de Maomé!

O mais curioso é que nem ateus escaparam disso. Basta ler O homem que amava os cachorros (Boitempo), de Leonardo Padura. Em nome da Causa, encarnada na vontade inquestionável de Stalin, Ramón Mercader sacrificou a vida para assassinar Trotsky.
Aliás, quase todos os líderes, sejam eles políticos, religiosos ou empresariais, preferem que seus subordinados abdiquem da consciência crítica. E, ainda que tenham opinião diferente, que tratem de omiti-la. O peixe morre pela boca…

Daí o fenômeno degradante da humilhação voluntária. Para não perderem prestígio, manterem a função ou se julgarem bem-vistos aos olhos do chefe, muitos abaixam a cabeça e exibem os fundilhos… E qualquer crítica é tida como desvio ideológico, heresia, conspiração ou traição.
Volto à canção de Gil. Na esfera cristã, a régua é a Bíblia, e o compasso, a prática de Jesus. Ele atuou em defesa dos direitos dos pobres e excluídos. Denunciou os opressores e “despediu os ricos com as mãos vazias”. Realizou a partilha dos pães e dos peixes, e “saciou de bens os famintos”.

Todos que se consideram seus discípulos e acreditam que ele agia segundo a vontade de Deus, deveriam, portanto, agir como ele, inclusive ao votar. Os critérios evangélicos são óbvios para quem tem olhos para ver e orelhas para ouvir.
O resto é demagogia e tentativa de perpetuar a servidão estrutural daqueles que, fora do mercado, não merecem dignidade nem salvação.
Papel da mídia
Todo esse processo tem a cumplicidade da grande mídia, historicamente alinhada aos valores e políticas conservadores. De certo modo, programas de rádio e TV monitorados por pastores evangélicos fortalecem a legitimação do status quo, razão pela qual são apoiados pelos donos do capital. A estes não interessa a agenda dos movimentos sociais nem a ampliação das conquistas em prol dos direitos humanos.

Esta postagem de um pastor evangélico no Facebook reflete bem o espírito de cruzada de certas Igrejas: “Devemos nos unir cada vez mais, já somos milhões de evangélicos no Brasil, fora os simpatizantes. Temos força, é claro que nossa força vem de Deus. Precisamos nos mobilizar contra as forças das trevas, que querem desvirtuar os bons costumes e a moral e, principalmente, que querem afetar a honra da família. Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar, não tem capeta que resista”.
O ovo da serpente
Em resumo: é preocupante a confessionalização da política. Na eleição de Dilma, o tema “religião” ganhou mais relevância que programas de governo. Na de prefeito à capital paulista, em 2012, pastores e bispos se conflitaram, e o padre Marcelo Rossi virou ícone político. E, no Rio, o candidato Crivella teve seu passado fundamentalista denunciado com base em seus próprios escritos, nos quais demoniza o catolicismo e as religiões de origem africana.

A modernidade separou Estado e Igreja. Agora o Estado é laico. Portanto, não pode ser pautado por determinada crença religiosa. Todas têm direito a difundir sua mensagem e promover manifestações públicas, desde que respeitados aqueles que não creem ou pensam de modo diferente.

O Estado deve estar a serviço de todos os cidadãos, crentes e não crentes, sem se deixar manipular por esta Igreja ou aquela denominação religiosa.
O passado do Ocidente comprova que mesclar poder religioso e poder político é reforçar o fundamentalismo e, em suas águas turvas, o preconceito, a discriminação e, inclusive, a exclusão (Inquisição, “heresias” etc.). Ainda hoje, no Oriente Médio, a sobreposição de doutrina religiosa em certos países produz políticas obscurantistas.

Temo que também no Brasil esteja sendo chocado o ovo da serpente. Denominações religiosas apontam seus pastores a cargos eletivos; bancadas religiosas constituem casas legislativas; fiéis são mobilizados segundo o diapasão da luta do bem contra o mal; Igrejas se identificam com partidos; amplos espaços da mídia são ocupados pelo proselitismo religioso.

Algo de perigoso não estaria sendo gestado? Já não importa a luta de classes nem seus contornos ideológicos. Já não importa a fidelidade ao programa do partido. Importa a crença, a fidelidade a determinada doutrina ou líderes religiosos, a “servidão voluntária” à fé que mobiliza corações e mentes.
O que seria de um Brasil cujo Congresso Nacional fosse dominado por legisladores que aprovassem leis não em benefício do conjunto da população, e sim para enquadrar todos sob a égide de uma doutrina confessional, tenham ou não fé nessa doutrina?

Sabemos que nenhuma lei pode forçar um cidadão a abraçar um princípio religioso. Mas a lei pode obrigá-lo a se submeter a um procedimento que contrarie a razão e a ciência, e só faz sentido à luz de um princípio religioso, como proibir transfusão de sangue ou o uso de preservativo.
Não nos iludamos: a história não segue em movimento linear. Por vezes, retrocede. E aquilo que foi ainda será se não lograrmos predominar a concepção de que o amor – que não conhece barreiras e “tudo tolera”, como diz o apóstolo Paulo – deve sempre prevalecer sobre a fé.

Se nós, católicos, pretendemos atrair os pobres aos nossos templos e comunidades, só nos resta um caminho: evitar qualquer combate às Igrejas evangélicas, como estigmatizá-las com a pecha de “seitas”; dialogar ecumenicamente com seus fiéis e pastores; recriar espaços pastorais nos quais os pobres se sintam em casa, como outrora nas CEBs e na Pastoral Operária; adaptar a liturgia católica aos paradigmas culturais populares; e, sobretudo, em nome da fé em Jesus, nos colocarmos a serviço da erradicação da pobreza e de suas causas".

Referências bibliográficas
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CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.
IANNI, Octavio. Enigmas da modernidade-mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
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ORO, Ari Pedro; STEIL, Carlos Alberto (Orgs.). Globalização e religião. Petrópolis: Vozes, 1997.
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WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1996.
Fonte: https://diplomatique.org.br/por-que-fizemos-opcao-pelos-pobres-e-eles-pelo-neopentecostalismo/



quarta-feira, 3 de outubro de 2018

A igreja e o poder político

A igreja em nosso país tem a tendência de desenvolver uma relação ambígua com o poder político. O poder constituído não sabe existir como tal ao lado de qualquer outra entidade ou realidade que, crescendo, possa constituir para ele ameça. 

Quando isso acontece, o Estado lutar contra ela, ou então a absorve. No nosso caso, aqui no Brasil, historicamente o poder constituído não tentou nos enfrentar. O que ele fez foi assimilar-nos, absorver-nos, e nós num certo sentido, permitimos que isso acontecesse. 

Quando eles sentiram que tínhamos uma teologia que nos ensinara uma atitude de quieta subserviência a qualquer tipo de poder constituído, uma compreensão do mundo que nos fazia viver em guetos fechados e relativamente bem organizados, e que éramos em quantidade suficiente para fazermos diferença em pleitos políticos, e que ao manipular-nos, poderiam alterar as coisas; então, em lugar de nos rejeitarem, eles nos assimilaram.

Hoje a grandeza numérica da igreja evangélica brasileira tornou-se um de seus maiores inimigos. Essa grandeza acaba sendo problema, quando é alienada, sem cabeça, sem ética, e que favorece toda e qualquer perspectiva de manipulação. 

Vivemos então um momento em que muitos de nós nos sentimos deslumbrados com as oportunidades, os privilégios, os acenos, as portas abertas, as coisas que para a igreja evangélica são franqueadas. E isso pode ser um elemento que pode ou nos tem corrompido.

A tal ponto que ficamos a questionar se essa entrada no mundo político, a princípio ingênua, afoita e descomprometida com o reino, não estará hoje sendo pior que  nossa alienação no passado.

Refletindo a esse respeito, o escritor e pensador Jacques Ellul diz no seu livro "A Subversão do Cristianismo", que a tendência do cristianismo como instituição tem sido a do adesismo ideológico. E mais, Ellul diz que os teólogos sempre foram capazes de encontrar suficiente base "bíblica" para justificar tais atrelamentos. Por exemplo, quando sob monarquias enfatiza-se o Cristo-Rei. Sob repúblicas democráticas se evoca o argumento do povo eleito de Deus e que o próprio Senhor associa a sí mesmo à vontade e às aspirações dos povos. Debaixo de regimes totalitários de direita ou esquerda, lembra-se o fato de que o Estado é ministro de Deus para o bem.

Por mais duro que seja o comentário de Elull quem pode contestar sua veracidade? A situação é tal que Ellul segue adiante dizendo que no sexto século havia inclusive a idéia de que os atos de Deus na história eram todos mediatizados pelos Francos (a gesta Dei per Francos).  Foi também dessa forma que a igreja se tornou Nacional Socialista (Cristã Alemã) quando Hitler tomou o poder. tornou-se socialista em países socialistas. Tornou-se Libertacionista quando isso se tornou padrão em países da América Latina. O escândalo é que cada vez mais ela busca legitimar tanto a sua adaptação quanto a existência do Estado. E enquanto age assim é também instumento de propaganda.

Exemplos recentes mostram que o mesmo potencial "abençoador" de Estados e ideologias políticas está presente na igreja evangélica brasileira. Tanto faz se o grupo é de direita ou esquerda. Nas eleições passadas de 2002, 2006, 2010, 2014, a gente viu líderes denominacionais e partidos a eles ligadas apoiando nesse período, Garotinho, Lula, Serra, Alckmin, Marina, Aécio, Dilma, e agora Bolsonaro.

A gente como igreja  tem que tomar muito cuidado com o dinheiro que vem da mesa dos reis da terra. Ouço frequentemente  alguns irmãos bem "espirituais" dizerem: "Ah, irmãos que benção! O governo tem uma verba reservada ao povo de Deus. Aleluia!" Este é um aleluia constantitiniano. Um aleluia que até o imperador dá com prazer, mas não é um aleluia que os profetas ousariam pronunciar.

A história nos ensina que até o século IV não havia  dinheiro para erigir grandes catedrais, a igreja cristã não sabia o que era isso. Não havia dinheiro para chegando dos impostos do Estado, verbas públicas para financiar  igreja, no entanto, havia graça, poder espiritual, paixão e integridade. No decorrer da história, esse dinheiro não tem chegado para nos fazer bem, mas para nos comprar e nos corromper, pois não temos sabido discernir que Deus é um Deus que age quase sempre em fraqueza em vez de ser com os recursos dos governantes da terra.

Muito cuidado irmãos porque muitas vezes na história Romanos 13, virou Apocalipse 13.




terça-feira, 25 de setembro de 2018

Meu posicionamento nas eleições de 2018 - Pr. Ricardo Gondim

Todo líder religioso tem o dever de se antecipar à história antes que algum desastre aconteça. No jargão da teologia, isso se chama “ser profético” – já que profecia é um diagnóstico dos rumos que os eventos podem, ou não, tomar. Portanto, se um pastor falha em avisar sobre o futuro, ele fracassa em sua vocação.
Por outro lado, por lidar com diversidade de pensamentos e com pessoas de diferentes perfis, o líder religioso deve proibir a si mesmo de querer influenciar os votos de sua comunidade. Ele, ou ela, não pode usar de suas prerrogativas para tentar gerar em seu auditório “comportamento de manada”. É sua obrigação jamais manipular com medo, falsos inimigos; e nunca identificar os que pensam diferente como aliados do Diabo.
Dito isso, a partir desses dois parágrafos, sinto pesar sobre os ombros o imperativo de prever: o que vem por aí se mostra tenebroso caso Bolsonaro prevaleça. Se não me compete afirmar em quem votar, aceito como mandamento aconselhar em quem não votar: #elenão.
Embora ainda esteja muito distante comparar Bolsonaro a Hitler, preciso esclarecer que nos primórdios do fascismo alemão, algumas atitudes serviram para suavizar a ascensão do partido nazista. O radicalismo da direita não chegou de forma abrupta.
Poucos judeus ricos consideraram os alarmes de antissemitismo exagerados – eles repetiam que o ódio aos judeus era secular e não devia criar pânico maior; jornais acalmaram os leitores com textos do tipo: “esses discursos de violência não passam de bravatas”; segmentos da academia, com filósofos de primeira linha como Heidegger, engenheiros, físicos e arquitetos, afirmaram total confiança no nazismo. Por último, não menos importante, inúmeros pastores e padres carimbaram os anseios do nacionalismo.
Todavia, muita gente falou, protestou, foi torturada e assassinada por prever o desastre. Os protestantes Paul Tillich, Dietrich Bonhoeffer, Karl Barth não se calaram – Barth chegou a pegar em armas, Bonhoeffer participou de uma conspiração para assassinar Hitler e por isso foi enforcado em um campo de concentração. Entre os católicos romanos não se pode esquecer do jesuíta Rupert Mayer, cujo sofrimento terminou em um campo de concentração em Sachsenhausen – sua grandeza mereceu o reconhecimento da igreja e ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II. Outro católico, feroz opositor do regime e membro da resistência, foi o jesuíta Alfred Delp, também executado em 1945.
As razões pelas quais denuncio a candidatura, bem como as pretensões políticas de Bolsonaro não são partidárias. Sim, já fui filiado ao PT. Porém, no dia em que Delúbio Soares compareceu à CPI que investigava desvios e compra de voto, o famoso mensalão, entendi como dever ético não mais associar meu nome ao partido. Portanto, não tenho qualquer interesse em defender ninguém ou qualquer bandeira partidária.
Entendo apenas que Bolsonaro representa uma ameaça à democracia e ao estado de direito. Ele põe em risco grupo minoritários como indígenas, homossexuais e imigrantes. Sua ideologia é confessadamente machista, já que tem as mulheres em um patamar inferior. O discurso de ódio que o ex-capitão repete, guarda o potencial de alavancar a agenda fascista. Bolsonaro apela a grupos radicais e eles alimentam a intolerância. Suas ideias se baseiam na propaganda falsa de que armar o povo estanca a violência. Um argumento tão grotesco como dizer que gasolina apaga fogo.
Bolsonaro tem ambição totalitária; seu discurso contém as sementes do fascismo clássico. A viabilidade de um possível governo seu dependeria da suspensão dos direitos fundamentais dos cidadãos. A democracia falha e trôpega do Brasil corre sérios riscos.
Ele, entretanto, não é protagonista das próprias aspirações. Eu o percebo fantoche de grupos de extrema-direita, interessados em suspender a ordem em nome da segurança, e de meter o Brasil num perigoso fundamentalismo religioso.
Como cristão não posso me calar. Como pastor sinto que me omitir seria negar tudo o que já falei e escrevi. Também sei que tanto a história como Deus são implacáveis com os covardes, e não quero ser contado entre eles.
Fonte: www.ricardogondim.com.br/
Meu comentário: Assim como a Carta Pastoral à Nação que eu republiquei na postagem anterior, também assino esse comentário do Pr. Ricardo Gondim sobre as eleições de 2018.

Evangélicos publicam carta contra o uso do nome de Deus em campanhas eleitorais Texto se opõe ao nome da coligação de Jair Bolsonaro chamada "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos"

Carta Pastoral à Nação Brasileira foi elaborada por 88 religiosos e já conta com 2.520 assinaturas.

Publicado em 24/09/2018.

Magno Malta e Silas Malafaia declaram apoio ao presidenciável de extrema-direita Jair Bolsonaro.

Pastores, pastoras e líderes evangélicos e cristãos de diferentes igrejas lançaram, neste mês a Carta Pastoral à Nação Brasileira, contra e extremismos e violências do conturbado momento eleitoral do país. A Carta Pastoral, que está disponível na internet para assinatura, é uma reação ao apoio de líderes evangélicos ao presidenciável de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL), ao “voto de cabresto” e à instrumentalização da fé cristã para uso político.
A Carta contém 12 tópicos, que tratam de vários temas, como o repúdio a todo tipo de preconceito, violência e uso de Deus para fins políticos partidários, defesa dos menos favorecidos e da diversidade, além de lembrar aos cristãos o perdão, o amor e a esperança. Foi elaborada por 88 religiosos e já conta com 2.323 assinaturas, até esse momento.
Pastores neopentecostais, como Silas Malafaia, políticos evangélicos, como o senador Magno Malta (PR) e artistas gospel, como o cantor André Valadão, declararam apoio a Bolsonaro. Malafaia e Malta fazem campanha ferrenha contra os candidatos opositores e a favor do candidato extremista, bombardeando as redes sociais com vídeos.
A Confederação do Conselho de Pastores do Brasil, que congrega as principais denominações neopentecostais, também declarou apoio a Bolsonaro.
O nome da coligação de Bolsonaro é “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. O tópico 4 condena o uso do nome de Deus para fins políticos e um suposto governo exercido em seu nome.
“4) Nossa indignação contra toda pretensão de haver um governo exercido em nome de Deus, bem como contra toda aspiração autoritária e antidemocrática. Afirmamos nossa firme convicção de que o nome de Deus não pode ser usado em vão, ainda mais para fins políticos. Por isso, recomendamos, enfaticamente, que se desconfie de qualquer tentativa de manipulação do nome de Deus (Ex 20.7);”
Segue o texto na íntegra da Carta Pastoral à Nação Brasileira. (Leia e assine a Carta aqui)
CARTA PASTORAL À NAÇÃO BRASILEIRA
Nós – pastores e pastoras, e líderes evangélicos e cristãos das mais diferentes tradições – vimos à nação brasileira, neste conturbado contexto eleitoral, marcado por polarizações, extremismos e violência, afirmar:
1) Nosso compromisso com o Evangelho do Cristo, personificado na figura de Jesus de Nazaré, que, suportando todo tipo de contradição, injustiça, humilhação e violência, legou-nos o caminho do amor, da paz e da convivência; e promoveu a dignidade humana. Sim, em Cristo, não há direita, nem esquerda, nem homem, nem mulher, nem estrangeiro, nem rico, nem pobre. Também não há distinção de classe, de cor, de nacionalidade ou de condição física, pois, nele, todos somos iguais (Fp 2.1,5-11; Jo 4; Mt 19.14; Is 53.4-7; Rm 10.12; Gl 3.23-29; Cl 3.11; Fp 2.5-8);
2) Nosso renovado compromisso de orar não só pelo futuro mas, sobretudo, pelo presente do país, incluindo seus governantes, neste momento em que o povo brasileiro é convidado a fazer suas escolhas, de tal modo que elas sejam exercidas em paz e pela paz (1Tm 2.2; Rm 13.1-7; Pv 28.9; Mt 7.7-8; Rm 8.26-27; Ef 6.18; 1Ts 5.17; 1Tm 2.1-2; Tg 5.16);
3) Nosso convite para que todos os brasileiros e brasileiras exerçam sua cidadania, escolhendo seus candidatos pelo alinhamento deles com os valores do Reino de Deus, evidenciados na defesa dos mais pobres e dos menos favorecidos, na crítica a toda forma de injustiça e violência, na denúncia das desigualdades econômicas e sociais, no acolhimento aos vulneráveis, na tolerância com o diferente, no cuidado com os encarcerados, na responsabilidade com a criação de Deus, e na promoção de ações de justiça e de paz (Dt 16.19; Sl 82.2-5; Pv 29.2; 31.,9; Is 10.1-2; Jr 22.15-17; Am 8.3-7; Gn 2.15; Rm 8.18-25; Mt 5.6; 25.34-35; Lc 6.27-31; Tg 1.27; 2.6-7);
4) Nossa indignação contra toda pretensão de haver um governo exercido em nome de Deus, bem como contra toda aspiração autoritária e antidemocrática. Afirmamos nossa firme convicção de que o nome de Deus não pode ser usado em vão, ainda mais para fins políticos. Por isso, recomendamos, enfaticamente, que se desconfie de qualquer tentativa de manipulação do nome de Deus (Ex 20.7);
5) Nosso repúdio a toda e qualquer forma de instrumentalização da religião e dos espaços sagrados para promoção de candidatos e partidarismos. Cremos num Deus grande o suficiente para não se deixar usar por formas anticristãs de pensamento e de ação;
6) Nossa denúncia da instrumentalização da piedade e da posição pastoral com objetivo de exercer uma condução do voto. Reafirmamos a liberdade que o cidadão tem de optar por seus candidatos, sem se sentir levado por sentimentos de medo e culpa, frequentemente promovidos por profissionais da religião visando a manipulação política de fiéis (Mt 7.15-20; Rm 16.17-18; 2 Pe 2.1-3; Jo 10.10a);
7) Nossa denúncia de toda e qualquer forma de corrupção, desde aquelas que lesam os cofres públicos às demais travestidas ora de opressão social, ora de conluios e conveniências com a injustiça, com a impunidade e com os poderes estabelecidos (Dt 25.13-16; Pv 11.1; 20.10; 31.9; Is 10.1-2; Jr 22.15-17; Mq 6.11; 7.2-3; Lc 3.12-13);
8) Nossa certeza de que o Reino não está circunscrito à Igreja e de que não pode ser capitaneado por ninguém, seja qual for o cargo que exerça ou credencial que possua (Lc 17.20-21; At 10.34-35);
9) Nossa inconformidade com o clima violento que tomou conta do país, o qual foi, também, muito alimentado por lideranças religiosas que, ao invés de pacificarem o povo e abrandarem os discursos, inflamam ainda mais o contexto polarizado em que vivemos (Mt 5.9; 11.29; Lc 6.27-31; Rm 12.19-21; Cl 3.12);
10) Nossa defesa do Estado laico, da liberdade de consciência e de expressão, do direito à vida, à maturidade individual e à integridade, e do pleno direito de exercermos a liberdade religiosa (Jo 8.31-32,36; 2Co 3.17; Gl 5.1.13; Rm 6.22; Cl 1.13);
11) Nosso renovado compromisso de semear perdão onde houver ofensa, amor onde houver ódio, esperança onde houver desespero, luz onde houver trevas, verdade onde houver mentira e união onde houver discórdia, manifestos no respeito e na contínua intercessão a Deus pelo processo democrático brasileiro (Mt 5.9; 18.21-22; Lc 6.27-31; Jo 13.3-5; Rm 12.19-21; Gl 5.13);
12) Nossa união em defesa da vida digna, em sua plenitude, para todas as pessoas, cujo exemplo e potencial maior está em Jesus de Nazaré; e do amor, da paz e da justiça estabelecidos por ele como valores para sua efetivação (Mt 11.29; Jo 10.10; 13.3-5,15; Rm 12.1-2; Fp 2.5-8).
“A graça do Senhor Jesus Cristo,
e o amor de Deus,
e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vós.”
(2 Co 13.13)
Brasil, setembro de 2018.
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Meu comentário: Eu já assinei.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Eu, as eleições e a política - relato de experiência pessoal


A primeira vez que votei foi no ano de 1986. Foi a primeira vez que votei. Em outubro daquele ano completei 18 anos, tirei meu título e fui votar. As opções para governador de Minas Gerais eram Newton Cardoso-PMDB, Itamar Franco-PL e Murilo Badaró-PDS. Como não entendia nada de política e ainda com medo do comunismo em plena Guerra Fria, votei no candidato do PDS, antiga ARENA.

Em 1989, foi quando comecei minha politização mais à esquerda, como a maioria dos jovens da época. Éramos os chamados “filhos da ditadura”, nascidos nos anos 60 e 70, em busca de liberdade, fim da censura, etc. O Lula me assustava, pois eu via o PT como uma extrema esquerda, mas o Brizola já me atraia, pois para mim era um representante do Getúlio Vargas, que eu admirava pelos livros de história.

Era a primeira eleição direta para presidente desde 1960, e seria também a primeira a ser realizada em dois turnos. Quando chegou o primeiro turno, acabei votando num candidato que representava para mim uma posição mais moderada, uma centro-esquerda e que defendia a social democracia que estava em voga na Europa. O nome do candidato era do então senador Mário Covas.
No segundo turno entre Lula e Collor, quase votei no Lula, mas na semana da eleição acabei votando no “caçador de marajás” de araque. Logo me arrependi daquele voto e torci pelo seu impeachment em 1992.

Gostava do Itamar Franco, o mineiro de Juiz de Fora. Era considerado um político tradicional porém ficha limpa. Nesse interim houve um Plebiscito para escolher entre Monarquia ou República, Parlamentarismo ou Presidencialismo. Escolhi República e Presidencialismo.

Em 1994 foi lançado o Plano Real e na eleição daquele ano o ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, também conhecido pelas iniciais FHC, foi eleito no primeiro turno. Eleição em que também disputaram Lula (segundo lugar), Enéias Carneiro (terceiro lugar), Brizola (minha escolha na eleição), Enéias, Orestes Quércia e Espiridião Amim.

Nas eleições de 1998, novamente FHC foi vitorioso no primeiro turno, sendo os outros postulantes mais votados respectivamente, Lula e Ciro Gomes (escolhido para ter meu voto).

Em 2002 na eleição que teve mais candidatos competitivos desde a de 1989, foi vencida por Lula no segundo turno contra José Serra. No primeiro turno também participaram Antony Garotinho (um candidato que se apresentava como evangélico) e Ciro Gomes. De início eu pensava em repetir o voto da eleição anterior e votar no Ciro, mas acabei de última hora votando no Garotinho no primeiro turno e no segundo turno em Serra.

Já em 2006, a eleição foi disputada entre Lula, Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque. No segundo turno, ficou entre Lula e Alckmin, sendo novamente vencida por Lula. Nessa eleição votei no primeiro e segundo turno no mesmo candidato: Alckmin.

Em 2010, depois de 21 anos o nome de Lula, não estava nas cédulas, mas estaria representado pela sua Ministra Chefe de Governo, Dilma Rousseff, vencedora do pleito. Além dela disputaram a eleição José Serra, Marina Silva e Plinio de Arruda Sampaio. Havia outros, mas esses foram os mais votados. No primeiro turno fui de Marina e no segundo turno entre Dilma e Serra, pela segunda vez votei no Serra como segunda opção.

Na última eleição presidencial, os candidatos foram Dilma, Aécio Neves, Marina, Eduardo Jorge, Levy Fidelix, Luciana Genro, Pastor Everaldo e o sempre presente em quase todas eleições José Eymael. No primeiro turno, votei novamente na Marina e no segundo turno entre Dilma e Aécio, fui de Aécio. Resultado da eleição, Dilma reeleita em 2014 e depois a semelhança de Collor, sofreu o impeachment em 2016, consequência, o vice que custava ganhar para deputado federal se torna o presidente que terminaria o mandato: Michael Temer.

Convém destacar que eu já quis ser candidato a cargo político. Em 1989, empolgado com a eleição e me politizando fiz um plano de que em 1992, nas eleições municipais, eu sairia candidato a vereador. Só minha família e algumas pessoas bem próximas sabiam do meu plano. Quando o ano de 1992 chegou tudo deu errado: fiquei desempregado quase o ano inteiro e naquele ano fui separado a presbítero na igreja. Esses dois fatos, aliados a uma disputa entre uns quatro candidatos já posicionados dentro da minha igreja, me fizeram desistir da ideia. Nessa época eu ainda era solteiro.  

No ano de 1995, já sendo casado, passei num concurso público municipal e me tornei servidor público de carreira, passando a ver como é o serviço público por dentro. Nesses últimos 23 anos já exerci alguns cargos comissionados ou como são chamados, cargos de confiança, em áreas que me fizeram entender um pouco a administração pública, como de ser responsável durante 08 anos pela elaboração e o acompanhamento da execução orçamentária do órgão que trabalho.

Fiz vários cursos na área de administração pública, sendo os que mais me marcaram foram os três realizados no IBAM (Instituto Brasileiro de Administração) no Rio de Janeiro, tive oportunidade de conhecer também o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais.

No ano 2000, foi quando pela última vez pensei em me candidatar a vereador, mas logo desisti da ideia. Nunca participei de sindicato. Partido político, cheguei a me filiar uma vez, mas não ia em reunião do partido. Assim sendo, me desfiliei depois de cinco anos da filiação entre 1999 a 2004. Para não dizer que não fui em nada do partido eu me lembro de ter ido no lançamento das candidaturas a prefeito e vereador em 2000. O nome do partido? Prefiro não mencionar, só posso dizer que era um partido de centro.

As eleições deste ano? Isso eu vou deixar para comentar na próxima postagem.




terça-feira, 14 de agosto de 2018

Hipocrisia versus santidade

No meio cristão há doutrinas, que além de não serem bíblicas, são também o que chamo de Mães da Hipocrisia. E por quê? Primeiro, porque em tais doutrinas tem-se um conceito muito limitado de pecado. São aquelas doutrinas que afirmam que o verdadeiro cristão nunca peca e se pecar é porque nunca nasceu de novo.

Somente quem não conhece a santidade de Deus e a natureza humana é que pode
afirmar tais doutrinas. Em tais perspectivas doutrinárias, se garante que o crente não peca porque para elas o conceito de pecado está limitado apenas à área do comportamento Moral-sexual. Ora, em tais casos, se o irmão ou a irmã não adulteram e não se prostituem, então não pecam!
Todos nós sabemos que este era precisamente o princípio que governava a estreiteza
do conceito de pecado dos fariseus. Jesus, no entanto, jamais acusou o “comportamento
Moral” deles, mas o que eles tinham “dentro de si”(Leia Mt. 23).
De fato, eu sofro quando vejo pessoas afirmarem que é possível a um crente viver sem
pecar. Eu creio que a Bíblia ensina que é possível viver sem a “cronificação” da prática do pecado. Isto porque, do ponto de vista da palavra de Deus, o conceito de pecado cobre um campo vastíssimo, e não apenas a área do comportamento Moral-sexual.

“Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem”.
É interessantíssimo que Jesus ponha todos os males dentro da mesma fonte (o coração), e aumente muito a extensão do pecado que nasce da motivação: vem de dentro e vai do desejo maligno à morte do próximo. Nesta lista temos as motivações sexualmente impuras bem como há pecados do pensamento, da língua, do mau uso do dinheiro, da “esperteza”, da inveja e outros males que só Deus conhece.
Quem pode dizer diante de Deus que está “acima” destes dramas da carne, da alma e do espírito?

Ora, no meio cristão, os pecados têm sido relacionados quase apenas à área sexual. E é por esta razão que nós temos empresários que não vão para a cama com suas secretárias, mas que fazem da sonegação o grande negócio de suas empresas e que exploram os seus empregados sem nenhuma convicção de pecado.E se eles dão gordas ofertas para a igreja, nós, pastores, fingimos não saber o que acontece.
É também pela mesma razão que há líderes religiosos pregando que não pecam (porque não cometeram adultério na prática), enquanto “derrubam” um colega através de
“manobras piedosas” cuja malícia, às vezes, não se encontra nem entre os políticos ateus.
Aqui devemos incluir aquilo que a Bíblia chama de pecados de acepção de pessoas. E deste pecado nenhum de nós se livra. Quem de um modo ou de outro não faz acepção entre pessoa e pessoa, entre ser humano e ser humano, entre um grande líder e um outro que preside algo menor.

Ora, o equilíbrio bíblico é aquele que diz:
“Eu sei que sou um pecador que foi redimido pelo sangue de Jesus, mas que precisa
crucificar a concupiscência da carne todos os dias, pois a minha natureza é caída e rebelada contra a Lei de Deus. Por isto, eu preciso andar no Espírito e no amor a fim de que eu não alimente minha natureza caída, ainda que, eu mesmo saiba, que conquanto não viva mais na prática do pecado, eu não me livro de reconhecer, todos os dias, que eu sou pecador e que, por essa mesma razão, peco mesmo quando penso que não peco. No entanto, eu me escondo e me glorio na Cruz de Jesus: onde meu pecado foi pago e de onde eu recebo Graça para purificar meus pecados e receber perdão para as eventuais ou freqüentes contradições do meu ser. No entanto, eu sei que a Graça que me perdoa, é também a Graça que me transforma e santifica.
Daí, eu querer e poder viver em santidade, ainda que eu seja um pecador”.

Continua...

terça-feira, 31 de julho de 2018

Corpo do pastor Antônio Gilberto será velado na AD Cordovil, no RJ Pastores comentam a morte do religioso, reconhecido por seu trabalho no ensino teológico

O corpo do pastor Antônio Gilberto está sendo velado na Assembleia de Deus Ministério de Cordovil, Rio de Janeiro (RJ). O velório estava previsto para começar entre as 18h e 19h, onde os fiéis, amigos e familiares começarão a se despedir do pastor.
O sepultamento está marcado para acontecer nesta terça (31) no Cemitério Memorial do Rio às 15h.
Aos 91 anos, o pastor Antônio Gilberto deixou um grande legado, principalmente na área do Ensino, sendo um dos principais nomes da teologia pentecostal.
Sua morte gerou grande comoção entre os pastores da Igreja Assembleia de Deus de todo o Brasil. O pastor Silas Malafaia comentou em um vídeo sobre a importância do religioso para o segmento. Assista aqui.
O deputado federal Paulo Freire escreveu que o pastor foi “um servo de Deus que deixa um legado e uma lacuna na Assembleia de Deus no Brasil, sendo uma referência teológica, um amigo, um conselheiro e um homem fiel ao Senhor”.
Pelo Instagram, o pastor José Wellington Bezerra da Costa declarou que ao longo de sua vida o pastor Antônio Gilberto “destacou-se como educador, jornalista, teólogo, autor de milhares de livros, tornando-se também uma referência na área de Escola Bíblica Dominical”.
O pastor Ciro Zibordi usou o Facebook para comentar: “Meu pai, meu mestre, meu pastor, meu amigo. O maior erudito que conheci, a despeito de ele nunca se dar a conhecer como tal. Já está com o Senhor Jesus o inesquecível pastor Antonio Gilberto, um ícone da #AssembleiadeDeus. Deixou um grande legado! #PregadoresDaBiblia, #CPAD.”
Fonte: https://www.jmnoticia.com.br/

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Após denúncias, cantores gospel cancelam participação em evento de seita Aline Barros, André Valadão e Priscilla Alcântara emitiram notas oficiais

Após uma série de denúncias nos últimos  dias, O “Festival Família 2018”, que ocorrerá no Allianz Parque (SP) dia 4 de agosto, não terá mais as participações de Priscilla Alcântara, Aline Barros e André Valadão.
Três dos quatro nomes que fariam apresentações no evento promovido pela Igreja da Unificação, uma seita coreana fundada pelo Reverendo Moon, usaram as redes sociais para explicar a desistência. Apenas Thalles Roberto ainda não se pronunciou.
Moon dizia ser uma reencarnação de Jesus e que estaria na terra para “terminar a sua obra”. No passado, a Igreja da Unificação já procurou aproximação com segmentos evangélicos. Em 2011, realizou um evento no Brasil e se aproximou de lideranças da Assembleia de Deus Ministério Madureira.
Essa nova investida, com a contratação de nomes conhecidos do meio gospel, fez soar o alarme entre vários pastores. Ontem, o pastor Silas Malafaia foi contundente no vídeo que divulgou, pedindo que os cantores anunciados não participassem.
Através de seus perfis nas redes sociais ele anunciaram sua desistência, mas não mencionaram as denúncias.
Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br/
Meu Comentário: Tenho posições diferentes do Malafaia em muitos assuntos, mas desta vez ele marcou bem posição. É triste ver que os cantores gospel só desistiram depois de denúncias que o evento era promovido por heréticos.
Veja abaixo na íntegra:



quinta-feira, 12 de julho de 2018

Crivella diz que sofre perseguição da Globo: “Inimiga dos evangélicos”

Nesta quarta-feira (11), o Ministério Público do Rio de Janeiro ajuizou uma ação civil pública contra o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB). A acusação é de “improbidade administrativa”, pois ele teria utilizado a máquina pública para atender a interesses de igrejas evangélicas.
A 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidade está conduzindo as investigações desde agosto do ano passado. Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, poderá responder por ter permitido a realização de eventos da igreja em escolas públicas e pelo encontro com pastores no Palácio da Cidade, sede do governo municipal do Rio.
Desde a semana passada, o jornal “O Globo”, vem fazendo denúncias sobre o prefeito, acusando-o de oferecer facilidades para os pastores, como ajuda para solucionar problemas com IPTU e auxílio aos fiéis que precisem de cirurgias de catarata, vasectomia e varizes.
Áudios vazados por alguém que estava na reunião mostram Crivella dizendo que existem vários projetos da prefeitura dos quais os evangélicos poderiam se beneficiar. Após a publicação do material, vereadores da oposição rapidamente conseguiram reunir assinaturas para a realização de uma sessão extraordinária da Câmara de Vereadores nesta quinta (12) que discutirá os pedidos de impeachment do prefeito.
Paralelamente, a ação do MP reclama da realização de censos religiosos na Guarda Municipal, a realização de um festival de cinema cristão na Cidade das Artes, o corte de patrocínio de eventos religiosos de matrizes afro-brasileiras, entre outras ações da prefeitura consideradas discriminatórias.
Na peça jurídica, a Promotoria solicita que Crivella se abstenha “de conceder privilégios para utilização de serviços e espaços públicos por pessoas ligadas ao seu grupo religioso”. Se essas determinações forem desrespeitadas, o MP recomenda que o prefeito seja afastado do cargo.
Caso seja condenado, ele pode ser obrigado a pagar uma multa de R$ 500 mil, além de perder o mandato e ter os direitos políticos suspensos.

Perseguição religiosa

Em entrevista ao SBT, o prefeito disse ser “tudo mentira”, e que a Globo teria “infiltrado” um repórter na reunião. “Todo mundo sabe que a Globo é inimiga jurada dos evangélicos, contra a família e a favor do aborto”.
Crivella reclamou de perseguição religiosa e afirmou que reuniões na prefeitura são uma “coisa normal”. “Já recebi lá moradores de comunidade, garçons, taxistas”, destacou, lembrando que em relação à cobrança do IPTU, “toda igreja no Brasil inteiro tem imunidade constitucional”.
Para ele, “o prefeito tem o dever de ajudar”, observando que o benefício também vale para centros espíritas e para a Igreja Católica. Sobre o tratamento de catarata, o prefeito explica que foram contratadas 15 mil cirurgias, sendo que 9.000 pacientes foram convocados, 3.000 já foram operados e 30% não compareceram. Portanto, haveria muitas disponíveis ainda.
Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br/
Assista reportagem do SBT!