Estou espantado com o que aconteceu ao Brasil. Parece que os sonhos foram roubados. Os muitos ideais que marcaram as últimas gerações desaparecem subitamente como a névoa ante o incidir implacável do sol da manhã. Bem ou mal, em tempos passados, a gente via o mover irrequieto de ondas de esperança agitando a sociedade brasileira e a igreja.
Acompanho a igreja desde a década de 80, portanto, lembro das propostas de integralidade ministerial através do clamor para que a fé fosse vivida no seu todo, buscando ocupar espaços para a missão evangelizadora no mundo secular, da tentativa de oferecer um referencial cristão novo e desafiador para o mundo; e que sonhou com a possibilidade de que a mensagem bíblica da unidade da igreja pudesse ser praticada.
Os fatos, porém foram outros. De um lado o movimento pentecostal e da renovação carismática, tomou rumos estranhos. Um lado se tornou legalista e comportamentalista. Um outro lado optou por um intimismo espiritual irracional que conseguiu ser superficial e, muitas vezes, vizinho da maluquice.
Já o movimento da Missão Integral da Igreja, gerou bastante material reflexivo e produziu uma geração que sabe muito, mas que, na maioria das vezes, não consegue transformar em missão aquilo que diz saber ser imprescindível na prática da fé. Muitos dos discípulos daquele projeto estão hoje deprimidos, sabendo o que deve ser feito, mas incapacitados por razões diversas, de realizar o que sabem. Admitem isso, em seus sites e blogs, dizendo que estão cansados, desanimados e frustrados. Decepcionados com pessoas e entidades evangélicas, que acreditavam.
Por último, eu diria que o movimento pela unidade visível acabou sendo vítima de si mesmo. Pessoalmente, fico perplexo quando vejo as mais lindas palavras de ordem do clamor pela unidade serem esvaziadas de seus conteúdos e enchidas com valores totalmente contrários ao evangelho do Senhor Jesus.
Unidade que biblicamente significa a vivência do amor generoso que respeita e afirma diferenças, mas que converge fraternalmente para a prática da missão que nos é comum, tendo a Palavra da Verdade como elo vinculador, foi transformada em imperativo estratégico, motivado pela necessidade de mostrar força política que impressione a sociedade, a mídia, os políticos e os que podem dar e receber em eventuais negócios com aqueles que se acham os “donos de igreja”.
Corpo de Cristo, que no Novo Testamento encerra a idéia de organicidade carismática e de vinculação essencial uns aos outros pelo Espírito Santo e seus dons, acabou virando senha maçônica-evangélica, palavra de ordem que caracteriza a entrada ao corporativismo da religião, onde valores, princípios, verdade e coerência não têm nenhuma importância. Alguém pode pensar: Será que está tudo perdido? Como tirar esperança do caos? Sobre isto, eu quero falar na próxima postagem.
Olá Juber,
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de parabenizá-lo pelo blog e pelos excelentes artigos. Gostaria de saber se você não pode me recomendar alguns livros bons que falem sobre a história, costumes e práticas do povo judeu na época bíblica.
Um abraço,
Vanderson de Almeida
Prezado Vanderson,
ResponderExcluirAtualmente sou mais mais seletivo no que leio. Por isto, não leio só por ler, e muito menos para dizer que sou culto e atualizado.
Os comentários bíblicos em geral são úteis, e os livros técnicos são bons para quem não fica neles, mas os aplica para além deles mesmo, pois em geral, são frios e não se propõe a nada na vida.
O que sugiro:
1. Leia a Bíblia. Em seqüência, toda ela—sempre! E busque saber qual era a história que estava acontecendo enquanto aqueles livros estava sendo escritos. Digo: dentro e fora de Israel!
2. Tenha comentários, para os livros da Bíblia, que não sejam sempre das mesmas editoras, especialmente se forem denominacionais, pois até nisso a gente tem que ter cuidado. Eu por exemplo gosto de ver idéias diferentes sobre o mesmo assunto. Por exemplo, a Biblia de Estudo Pentecostal e Genebra, representam interpretações diferetes, uma é da linha pentecostal e a outra reformada.
3. Use material que o ajude a entender os tempos e épocas bíblicas. Jeoquim Jeremias e autores como ele são bons. Por exemplo: Jerusalém no tempo de Jesus, ou A Vida Diária nos Dias de Jesus, são livros ótimos.
4. Leia Flávio Josefus...Antiguidades, etc...Ou mesmo Heródoto...E você vai aprender muito com o contexto.
5. Se tiver acesso aos canais Discovery e National Geographic, são maravilhosos para quem quer se divertir e aprender história universal, arqueologia,etc.Esses conhecimentos são úteis para quem não lê a Bíblia esquizofrenicamente.
6. O mais é com você...sua vida interior...seu pensar em Deus...sua capacidade de crer, e, portanto, de saber que a Verdade não foge do saber.
Bem, em linhas gerais, é isso o que faço.Mas não estou dizendo o que você ou ninguém tenha que fazer.Cada um aprende a seu próprio modo.
Não há receitas, faça a sua.
Abraço,
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ResponderExcluirJuber,
ResponderExcluirVc como sempre, um mestre das palavras e pensamentos ! admiro sua inteligencia espiritual e emocional !
Penso que vivemos hoje as vésperas do verdadeiro encontro com Cristo. Tudo isso que vimos acontecer nas últimas 2 e 3 décadas resume-se na máxima:
" Se é de Deus, se cumprirá".... Vimos que muitas , ou inúmeras, ou ainda quase todas as coisas não eram de Deus, mas sim meninices ou até mesmo sandices de um modismo exacerbado de paixões (que são sempre carnais)e de concupiciencias (que satisfazem somente a carne), além da busca desenfreada de poder movida pelo orgulho e vaidade.
Vimos a liberdade do pentecostalismo escravizar os inocentes em suas doutrinas e por isso vimos tb muitos se perderem, vimos a integralidade do fundamentalismo crucificar os puros de coração, vimos novas leis sendo ditadas, apóstolos de sei-lá-o-que sendo consagrados por desejos e interesses totalmente humanos, vimos a santidade sendo negociada com a modernidade, vimos as missões abandonadas as traças ou então esquecidas dentro das gavetas dos escrítórios pastorais, vimos o púlpito sendo usado para coagir, pedir, intimidar, acusar e "entortar" a Palavra de Deus, vimos que o amor pregado tem extrema dificuldade de ser vivido e que o perdão concedido é mentiroso e passageiro, e muito mais coisas ....
Mas também temos visto (como dizemos) uma nova geração levantando, gente que quer ser chamado de filho, quer ser digno e merecedor do Amor de Cristo, gente que procura um Corpo, e que ama e ora por seus opositores com uma dedicãção que chega a constrager, gente que se preocupa em cumprir o Deus fala, ainda que limitados, sozinhos, excluídos e acusados, gente que não se dobra diante de ídolos, diante de Mamon ou diante de heresias, e que tem pago com seu nome, sua moral, seus sonhos e sua família...Vejo uma nova igreja despontando. Uma igreja sem apoio e sem modismo, sem estrutura organizacional ou um nome na placa, uma igreja que vem alimentado os pobres, visitando os presos, amparando as viúvas e os orfãos, mas quando questionadas de onde são só podem responder , de Cristo.
Vimos a igreja amada sendo assaltada e atropelada por desilusões e decepções tão grandes que chegaram a ser fatais para muitos, mas acima de tudo, vejo DEUS, que se levanta do Seu trono com Justiça e que como águias tem renovado as forças dos puros de coração.
Tenho esperança.
Tenho fé, que meus olhos ainda verão a verdadeira igreja (que está sendo purificada) com suas vestes imaculas se tornar agradável ao Noivo.
A ELE, toda Glória.
Muitos abraços em Cristo para ti, que certamente é abençoado por ELE.
Alice,
ResponderExcluirAgradeço por ter compartilhado na sua bela exposição, a temática referente a igreja. Devo dizer que também tenho esperança. A igreja é ao mesmo tempo uma construção social e espiritual. Jesus afirmou: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.” Chamou para si a responsabilidade de edificar sua igreja. Também nos convocou amorosamente para sermos seus parceiros. Eis a razão de haver ao mesmo tempo tanta beleza e imperfeição. Nesta ambigüidade devemos nos arrepender de nossos defeitos e celebrar nossa beleza. Creio na fidelidade de Deus. Ele terminará a boa obra que começou em nós. Acredito que ainda vamos amadurecer e nos aprimorarmos no projeto do Reino.
Obrigado pela participação, que só enriqueceu a postagem.
Graça e Paz,
Juber,
ResponderExcluir"Deus é maior que todas as coisas e todos os homens juntos, e não há o que possam fazer que ELE não faça melhor!"
É assim que creio, e é assim que vivo, e sinto que você não é muito diferente de mim pelo pouco que consigo captar de seu coração em suas palavras, vejo que és daqueles poucos escolhidos para erguer a nova , viva e verdadeira Igreja-Corpo do Senhor!!
Louvo a Deus por ti.
Alice,
ResponderExcluirObrigado pelas palavras, mas eu só estou colocando meu grãozinhos de contribuição com este blog. Que aliás só comecei a cinco meses atrás. Vejo que há muita gente boa, que já está a mais tempo na estrada, como o Volney, Lou da Gruta, Paulo Brabo, junto com outros que estão começando agora e que fazem excelentes reflexões desde momento histórico que estamos vivendo.
Graça e paz.
Oi, Juber, postei sua entrevista!
ResponderExcluirUm abraço, seus textos têm me feito bem.
Deus guarde vc e sua família.
:)
Maya,
ResponderExcluirSó tenho a te agradecer pela oportunidade da entrevista. Desculpe não ter enviado a foto, pois estava meio corrido e só fui ler o email, agora. Se os meus textos tem feito bem a você, louvo a Deus, que este trabalho não tem sido em vão, mas sim produzido seus frutos.
Que a benção do Senhor esteja sobre ti.
Não, Juber, sou eu quem tem a agradecer, por sua atenção e gentileza em me responder.
ResponderExcluirUm abraço,
:)
A vós, graça e paz da parte de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo, irmão Juber!
ResponderExcluirOs rumos tomados por certos movimentos que, conforme vosso texto, demonstra a total alienação às denominações, à 'igreja quatro paredes', por isto, muitos hoje, conhecem e sabem o que fazer, mas não vão a prática, deixam de seguir o Evangelho de Jesus para se dedicarem à doutrina de suas denominações...
A 'igreja' tem sido definida como uma organização e edifício local. Nesse caso, o único paralelo com o Templo do Velho Testamento (no qual habitava o Senhor) é agora o corpo dos crentes individuais, o Corpo de Cristo (onde Deus habita agora, conforme 1Coríntios 3:16, 17 e 6:19). Mas muitos ainda assim, permanecem vinculados as pedras sobre pedras, e, os que conseguem enxergar com os olhos da fé a corrupção humana, que se apodera de tudo que se chama Deus (aliás, tenta!), tornam-se decepcionados com o que aí se chama de 'igreja'...
Fraternalmente.
James.
www.jesusmaioramor.blogspot.com
Irmão James,
ResponderExcluirAté o século IV não havia templos, onde os cristãos se reuniam. Foi depois de Constantino que começaram a construção dos templos. Não tenho nada contra templos, só devemos lembrar que apesar de congregarmos neles, somos chamados primeiro para sermos templos.
Obrigado pela participação,
Graça e Paz.
Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor, irmão Juber!
ResponderExcluirGostaria de afirmar que minha mensagem não se prende exclusivamente a discutir sobre o uso ou não de templos, independente de surgirem após o século IV...
Quero sim, declarar, que muitos se tornam decepcionados com o que aí se chama de 'igreja', devido à conduta dos que, na maioria das vezes, estão na direção das ‘igrejas’, conhecem e sabem o que fazer, mas, deixam de seguir o Evangelho de Jesus para se dedicarem à doutrina de suas denominações...
Irmão James,
ResponderExcluirEstá entendido sua mensagem. Como Paulo devemos orar para Cristo seja formado em vidas em que ainda não foi.
Obrigado pela participação.
Graça e Paz.