quarta-feira, 10 de setembro de 2008

VIVENDO PELA FÉ

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As pessoas, embora confessem que vivem pela fé, na maioria das vezes vivem pela alma, pela emoção e pelas sensações e impressões. O que é desastroso no dia-a-dia.
Viver pela fé é não viver por vista, por emoção, por sensação, por circunstância, por impressão, por alegrias ou por sucesso. A gente vê isso claramente no Salmo 103, onde o salmista tem uma conversa consigo mesmo, onde o seu espírito fala com a alma, e a exorta.
Viver pela fé é ver o invisível apesar de todas as visibilidades negativas. É subjugar a alma ao espírito. É tirar a alma de seu estado de submissão natural aos poderes do Inconsciente e de suas pulsões, e pela consciência que advém da certeza da fidelidade de Deus. É sentir as águas invisíveis de um dilúvio de emoções nos afogando, e mesmo assim, tratá-las como miragem ou como truques da subjetividade frágil e impressionável da alma. É, no pior dia, poder dizer: “Mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. É afirmar que a vitória que vence o mundo é a nossa fé. É cantar louvores entre lágrimas. É ver a Nova Jerusalém mesmo em dias de Apocalipse. É ver na morte, qualquer morte, apenas um portal para a Vida. É saber que nada pode nos separar do amor de Cristo: nem a vida, nem a morte, nem o pecado, nem o diabo, nem qualquer criatura, e nem qualquer poder ou ambiente de mal.
O problema, como disse, é que a alma é retardada. Ela é tarda para crer, como disse Jesus. Muitas vezes o espírito já viu a vitória, mas a alma ainda chora lutos de defuntos que já ressuscitaram.
Elias é um bom exemplo. Pedira a Deus que golpeasse a Baal, deus das fertilidades, a fim de que pela ausência de chuva os supostos poderes de Baal fossem relativizados. Enquanto isso, todos os profetas genuínos haviam sido mortos, e ele peregrinava e se escondia. Quando, porem, chegou a hora do enfrentamento, no espírito, ele estava pronto; e convocou o povo e os profetas de Baal e do poste-ídolo e os venceu. Fogo caiu. O povo disse “Só o Senhor é Deus!” — e ele se alegrou no Espírito de Deus. Mandou dizer a Acabe que a chuva viria como temporal. E correu mais que carruagens, tamanha era a sua euforia. Mas quando Jezabel, agora já enfraquecida pela desmoralização de Baal, mandou dizer que o mataria, ele que a tudo e todos enfrentara, refugiou-se a 580 quilômetros de distância, em Horebe (indo à pé) e fez um discurso da alma retardada; posto que o que ele disse a Deus na caverna teria feito sentidos três anos antes; mas agora, depois de ter sido vindicado por Deus mediante uma vitória retumbante, era a manifestação de um coração entregue às emoções atrasadas.
O espírito está pronto, mas a “carne” (alma, emoções, impressões) é fraca e sempre atrasada.
Assim, ele se deprime com três anos de atraso; pois, enquanto estava sob a tensão proveniente da perseguição, a alma não tinha tido ocasião de se expressar. Agora, porém, depois de haver prevalecido, deu a si mesmo o direito retardado da autopiedade.
É por isso que Paulo diz que nenhuma dimensão pode nos separar do amor de Deus, mas não inclui o passado na lista de Romanos 8. E a razão é simples: a alma se alimenta do passado. E conquanto nem o passado possa nos separar do amor de Deus, ele, entretanto, pode nos separar da alegria vigente do amor de Deus. Posto que a alma é retardada — em razão de se alimentar de dores antigas, na maioria das vezes.
Daí a Psicologia lidar sempre com o passado, pois é dele que vêm as falsas impressões que pretendem cristalizar nossa alma em estados que já não são.
90% das angústias humanas nada têm a ver com hoje, mas com ontem. Portanto, para que se viva pela fé, tem-se que deixar de ser movido pelo ontem —e até pelo hoje circunstancial— e aprender a viver no dia chamado Hoje, o qual, mesmo no pior hoje, alimenta-se da Promessa que é; e que não muda nem em razão de traumas passados ou de impressões do presente.
Quem crê nisso ganha e perde, e não se impressiona. Chora lutos, mas não se sepulta junto. Lamenta perdas, mas não se faz perdido. Constata a realidade, porém, pela fé, a transcende.
No dia em que o povo de Deus de fato andar pela fé, praticamente tudo aquilo que hoje enche as clínicas psicológicas e os gabinetes pastorais já não existirá como problema. Pois o que se vê é que a maioria sofre de miragens porque não anda pela fé, mas apenas pelas sensações e impressões.
A fé, porém, é a certeza de coisas que se esperam e a firme convicção de fatos que se não vêem.

13 comentários:

  1. .... e como é difícil andar por essa fé , não é ?
    Todos os dias somos assolados por sentimentos, fatores externos, agressões e violencias, somos tocados, esmagados , somos chamados ao ódio e ao amor, e então , nos confrontamos com a Palavra Fé que nos lança seu anzol e nos levanta das profundezas do mar da vida , nos trazendo a tona e aos braços de Cristo mais uma vez.
    Fé, esse firme fundamento tão bem estalecido e perfeitamente medido que nos envolve trazendo vida novamente em todos e quaisquer momentos , é a grande mola propulsora do verdadeiro evangelho.
    Que o Senhor nos acrescente mais fé, e nos sustesnte nela. Sempre.


    Só pra variar: Belíssimo texto!!

    bjussss

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  2. Alice,

    O poder só pode se aperfeiçoar na fraqüesa mesmo! Fiel é a Palavra. Obrigado por sua participação, que sempre é acrescentadora.

    Graça e Paz sobre ti.

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  3. Demais... Precisamos mesmo aprender a viver pela fé, andar pela fé, além do que nossa humanidade possa compreender!

    Paz

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  4. Andressa,

    É isso mesmo, andar por fé é crer, mesmo não sentindo nada, não vendo nada, mas confiar. É um salto sem ver ninguém, mas crendo que os braços do Pai, estará lá para nos segurar. Obrigado pela visita.

    Graça e paz.

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  5. Amigo Juber,

    esse texto combina bem como título do Blog, radicalidade!!

    Eu particularmente não separo minha fé dos meus sentimentos. Não faço isso pois o Espírito pode estar usando tais sentimentos para indicar que algo está errado em minha "suposta" fé.

    Por exemplo a exuberância da natureza revelam o poder de Deus e sua divindade. A miséria no mundo mostra-nos que existe o pecado. Uma criança, por outro lado aponta para o Reino de Deus, de justiça, paz e alegria no Espírito.

    Concordo plenamente com seu radicalismo: a verdadeira fé é a vitória. Mas às vezes, e não poucas essas, o problema não está na fé, mas em nosso conceito de vitória sobre o mundo. A fé de forma teimosa aponta não só para o pós cruz, mas primordialmente para a cruz! As emoções, nesse sentido, ajudam a fazer a ficha cair. Quando tá mau, tá mau. Quando sangra, sangra. Quando dói, há choro. E não seria justamente aí que estamos galgando os maiores degraus?

    Por isso são três coisas, dentre elas a esperança. Esta, distinta da fé. A esperança tira o foco do firme fundamento e coloca-o nas coisas futuras em si: o céu, o livramento, o novo dia. E nos dá um sentimento novo para suportarmos as trevas presentes em silêncio. Até mesmo porque a realidade das coisas presentes mostram-se insuportáveis para a razão e para o sentimento.

    A voz de Deus que produz fé, pode passar pela alma ou não, mas geralmente passa. Mas obviamente nem toda voz que chega à alma é divina.

    Como você bem lembrou o salmista, temos que às vezes fazer uma purificação do filtro da alma, dar uma sacudida e perguntarmos: o que é isso que está acontecendo contigo alma?

    ichi... falei de mais!

    Abração,

    Roger

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  6. Roger,

    Não meu irmão, você não falou demais. Venha sempre que quiser, e esteja à vontade para falar. Quando o salmista disse “Bendize minha alma ao Senhor e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome” — para então depois acrescentar as razões para tal louvor; e que vinham do fato de que é Ele quem cura as nossas enfermidades, perdoa as nossas iniqüidades e da cova redime a nossa alma — ele falava de algo que seu espírito sabia, mas que sua alma, naquele dia e hora, não sentia.
    É muito difícil saber com o espírito quando a alma não está sentindo de modo correspondente ao que se sabe.
    Desse modo, o que o salmista diz ao exortar a sua alma, é que ela estava deprimida pela enfermidade, culpada de iniqüidades, e sentindo-se à beira da cova, em sentimento de profunda desesperança.
    Mas veja que quando o espírito fala com a alma, e a ela se refere com carinho, porém com autoridade em fé, soa como se ele, o homem que escreve, estivesse forte, cheio de todas as certezas, alinhado em espírito e alma, quando, de fato, esta não é o fato existencial da hora.
    Entretanto, o caminho da fé que anda em espírito [em verdade e na e da Verdade], tem que exercer autoridade sobre a alma, sobre as emoções e sentimentos; pois, os sentimentos soltos [sem a chancela da verdade] em si mesmos são os diabos para o caminho humano.

    Assim, a espiritualidade do salmo é a espiritualidade do espírito e não da alma.
    A “espiritualidade da alma” escreve poesias de desalento ou de euforia; posto que a alma tende à bipolaridade.
    Porém, a espiritualidade do espírito [perdoe-me a redundância] é firme na fé, e não se entrega aos sentimentos, antes a eles dá ordens de gratidão consciente e sóbria.
    Humanamente falando, devemos perguntar: Quem opera o nosso ser? Quem é a torre de controle? Quem é o que faz as decisões? Nossa alma ou o espírito? As emoções ou a consciência?

    As emoções servem à alma. A consciência serve à fé.

    Obrigado pela sua participação.

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  7. Paz do Senhor, Pastor,
    Tenho visitado seu blog, juntamente com a minha esposa, e temos sido edificados.
    Gostaria de saber sua análise a respeito daqueles que buscam saber, através das "profecias", o que Deus teria para elas. Sei de inúmeras frustrações e erros através dessas buscas, por isso eu vivo através da Fé e não de profecias.
    A pergunta é a seguinte: Os que buscam "profecias" e aqueles que no mundo vão a "adivinhos"... ou "mãe fulana de tal"... não estariam sob o mesmo espírito? Ou seja: “o que me reserva?”, “o que será que virá?” etc.
    Obrigado!

    Jorge Francisco Souza

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Prezado Jorge,

    Que bom que Deus, pelo Evangelho, está enchendo a sua vida de fé e confiança!
    Creio em profecias, mas não creio em profetas de plantão. Profecias desse tipo que você mencionou existem, mas não são feitas em escala industrial como se vê no meio pentecostal. Por isso, muitas vezes não são genuínas.
    Quem procura profecias acaba apenas encontrando profetadas.
    Tenho dito que embora tenha ouvido muitas profecias, entretanto, dentre todas, poucas me vieram como genuínas.
    A maioria é, ou coisa da vaidade do profeta, ou é fruto da pressão que fazem sobre o profeta (que fica na obrigação de atender a demanda), ou é cobiça e doença do profeta, tomado pelo espírito do adivinho que fatura sobre a impressão que causa nos tolos, ou pode ser mera capacidade de perceber, como acontece nos fenômenos de percepção psicológica. Por último, pode ser profecia.
    Todavia, a profecia genuína procura a gente, e não nós a ela. Além disso, uma profecia só pode ser aferida de dois modos.
    A primeira é pela coerência ou não com a Palavra. Se for coerente com a Palavra, dou ouvido, não para fazer qualquer coisa, mas apenas para guardar no coração, como Maria fazia.
    A segunda é quando se trata de algo que não se referencia na Palavra, mas que não se choca contra ela; e portanto, sem ansiedade, deve apenas ser guardada para fins de conferência e cautela, mas jamais a fim de guiar a vida por ela.
    Tais profecias (do segundo tipo) só se provam verdadeiras ou falsas com o tempo. Por isso a sabedoria de Moisés mandou que se observasse o que foi profetizado. Pois, em sendo algo divino, cumprir-se-á com o tempo.
    As profecias, entretanto, especialmente, acabam sendo um horóscopo de crente, uma consulta mesa-branca-evangélica. Outra coisa importante é que além de que não se deve buscar profetas e nem profecias, também não se deve viver em função delas. Pois, quando é assim, o homem vive pela fé na profecia, e não em Deus. E é muito fácil para a alma imatura passar a crer mais no profeta do que em Deus, e mais na profecia do que na Palavra.
    Ora, o fim disso é trágico, e você sabe bem do que estou falando.
    Fora tudo o mais, especialmente a Palavra escrita, Deus me fala em sonhos. Não os sonhos dos outros, mas os meus próprios. Entretanto, não estabeleço um programa de vida em razão deles.

    Espero ter ajudado.

    Paz do Senhor

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  10. Uma réstia de luz no crepúsculo
    Uma súplica presa na brisa
    Um caminho sem fim
    Pela terra da tua lembrança


    Convido-te a ver o diadema da Noiva do Mar

    Bom fim de semana


    Mágico beijo

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  11. Caro Profeta,

    "Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo." (Platão).

    Bom Fim de Semana, para você também.

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  12. Caro Juber,

    Em meio a tantas turbulência e catástrofes, creio no que a palavra nos diz:Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Fico feliz porque no verso seguinte ele diz:Nós porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma,aleluia. Se somos perseguidos,caluniados,vendidos,humilhados,por toda a sorte de males, por muitas vezes queremos recuar, mas quando lemos este versículo então levantamos a cabeça e seguimos em frente.Viver pela fé não é uma tarefa fácil, mas os antigos alcançaram um bom testemunho e nós também alcançaremos. Maravilhoso post, que Deus continue te iluminando.

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  13. Irmão Edilson,

    É isso mesmo, os herós da fé de Hebreu 11, não foram somente os que abriram o mar, derrubaram muralhas, fecharam bocas de leões, foram também os que foram serrados ao meio, perseguidos, os quais diz a Bíblia, o mundo não era digno. Obrigado por sua participação.

    Graça e Paz.

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