Os americanos gostam muito de pesquisa de opinião. Recentemente um comentário sobre o livro: “O escândalo da consciência evangélica”, de Ronald Sider, no qual, a partir de dados estatísticos colhidos em pesquisas encomendadas aos institutos Gallup e Barna, além de levantamentos feitos por universidades, o autor traça um retrato da Igreja Evangélica nos Estados Unidos. E a conclusão é trágica. As pesquisas indicaram que o padrão de comportamento dos cristãos – não os nominais, mas aqueles que, afirmam ter nascido de novo e que participam regularmente de suas igrejas – não é em nada diferente daqueles que se declaram não-cristãos.
O índice de casos de divórcio e adultério e o uso de pornografia entre os adultos cristãos e os não-cristãos é o mesmo. O percentual de doações que os cristãos fazem em suas igrejas caiu ao mesmo tempo em que a renda per capita aumentou muitíssimo, o que mostra que o materialismo e o estilo de vida individualista entre eles não diferem muito do daqueles que se declaram sem religião. No grupo dos cristãos, a atividade sexual de adolescentes e jovens antes do casamento e o índice de doenças sexualmente transmitidas ficam apenas um pouco atrás do que a média nacional. Episódios de racismo, abusos e a violência doméstica também apresentam índices alarmantes entre o segmento que diz conhecer Jesus.
Diante destes dados, o referido livro, traz à luz a profunda hipocrisia do cristianismo e a completa irrelevância do testemunho da Igreja na América do Norte. Infelizmente, não temos pesquisas desta natureza aqui no Brasil, mas dá para arriscar, mesmo que empiricamente, dizer que nossa situação, não é nada melhor do que a deles No entanto, o problema maior, é um dado estatístico que aparece nessas pesquisas e diz que apenas 9% dos cristãos adultos e 2% dos cristãos adolescentes e jovens têm uma cosmovisão bíblica. Ou seja, quase 90% do chamado povo de Deus não interpretam a realidade, a cultura, o mundo, o trabalho, as relações, a sexualidade e outros aspectos da vida a partir de um fundamento bíblico – daí, não fica tão difícil entender porque os cristãos em nada diferem dos não-cristãos em seu testemunho ético e moral.
Minha preocupação, olhando para o cenário brasileiro, não é em relação a algum aspecto particular da conduta moral ou ética dos crentes, mas com a ausência de um fundamento bíblico, teológico e doutrinário para a vida e missão cristã. O marco inicial da vida cristã é nossa conversão a Cristo. Este é o evento que estabelece o ponto de partida da nova vida em Jesus. O apóstolo Paulo descreve tal evento com as seguintes palavras: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2:20). É assim que ele resumidamente descreve o que aconteceu desde o dia em que o Salvador se revelou a ele no caminho de Damasco. Agora, Paulo reconhece que o “velho Saulo” já não vive mais, mas é Cristo que vive pelo poder do Espírito Santo nele. Trata-se de uma nova vida vivida agora pela fé e naquilo que Jesus fez por ele. Isto é o que chamamos de conversão.
Naquele momento em que o Senhor se revelou a ele, Paulo reconheceu que tudo que ele pensava ser certo, toda a sua religiosidade que fez dele um homem tão íntegro e responsável, na verdade estava levando-o para um caminho completamente oposto ao de Deus. Ele, que se julgava um grande amigo de Deus, fazendo o melhor que podia para preservar a pureza daquilo que cria ser a sua vontade, viu-se como um inimigo do Senhor ao ouvir de Cristo: “Sou Jesus, a quem você está perseguindo”.
Aquele encontro transformou radicalmente, e para sempre, a vida de Paulo. Ainda caído no chão, ouviu Jesus dizer a ele: “Agora, levante-se, fique em pé. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha do que você viu a meu respeito e do que lhe mostrarei”. Paulo ergueu-se para iniciar uma nova jornada, uma nova vida, uma nova missão. Depois de passar três anos na Arábia, ele volta para Jerusalém e inicia seu longo ministério, proclamando as boas novas do Evangelho de Cristo ao mundo.
Paulo tinha uma vida comum a muitas pessoas. Era um homem íntegro, zeloso e coerente com suas convicções, como alguns de nós. No entanto, quando Cristo se revelou como Filho de Deus e Salvador, ele se entregou completamente. As coisas velhas ficaram para trás; suas antigas ambições foram abandonadas, seus velhos princípios, valores e conceitos, também foram deixados para trás. Não era mais o mundo quem determinava o certo ou o errado, nem mesmo sua consciência tinha a última palavra – o que lhe importava era Cristo, sua palavra, sua cruz, sua ressurreição, sua vontade. Foi uma experiência que mudou a compreensão que Paulo tinha do mundo e dos seus valores, alterando radicalmente sua cosmovisão e estabelecendo novos paradigmas que iriam conduzir sua vida, seus valores, princípios e trabalho.
Temos perdido este conceito tão central e fundamental da conversão. Muitos não estão se convertendo a Cristo, mas sendo convencidos de uma religião. O Cristo que queremos servir não é mais aquele que se revela a nós, mas um que criamos a partir daquilo que nos interessa. A vida cristã não significa mais o “ser nova criatura”, mas permanecer sendo a mesma criatura, com um leve toque de verniz religioso. Não é mais a voz de fora que fala conosco, mas uma voz de dentro, um apelo nascido da vaidade, do medo, do egoísmo e dos desejos confusos e desordenados que povoam nossa natureza caída.
Precisamos recuperar o significado de dizer: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Precisamos voltar a viver pela fé no Filho de Deus, e não pelos impulsos da nossa natureza caída ou atraídos pelo fascínio de uma cultura que nega a cruz de Cristo.
A paz do Senhor ,pr Juber.
ResponderExcluirParabéns pelo texto,coerente que retrata bem a situação da Igreja não só nos Eua mas também no nosso Brasil.
Muitos tem realmente perdido este conceito tão central e fundamental da conversão. Muitos não estão se convertendo a Cristo, mas sendo convencidos de uma religião.
Infelizmente temos que concordar com isso e a cada dia fazermos a diferença para que o evangelho de cristo não seje blasfemado por nossa causa,isso é uma questão de auto- policiamento de cada cristão.
Belo texto.
Continnue visitando o nosso blog.
Daquele que ama a Assembléia de Deus e seus orgãos históricos.
Irmão Lucimauro,
ResponderExcluirÉ isso mesmo, temos que enfatizar mais a conversão e o novo nascimento, não apenas como uma doutrina, ou uma iniciação religiosa, mas sim como um processo de metanoia espiritual, onde se possa dizer como Paulo: "Quem está em Cristo, nova criatura é". Obrigado pela visita, amado.
Graça e Paz.
Edcleyton,
ResponderExcluirObrigado pela participação tão amável. Visitei o seu blog e gostei dele. Vamos sim trabalhar juntos na blogosfera cristã.
Abraço.
A paz do Senhor!
ResponderExcluirSabemos que os Estados Unidos é muito religioso, e um dos países que mais freqüenta a igreja, mas biblicamente podemos classificar-la como uma nação analfabeta.Tudo isso por falta de conhecimento bíblico.Muitos estão buscando um Deus imaginário, não o Deus da bíblia. Estão em busca de melhorias materiais, não espirituais. O verdadeiro conceito de ser cristão tem ficando oculto para muitos.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8:32).
Um abraço!
FJ
Francivaldo,
ResponderExcluirSegundo a Revista Veja desta semana, 52% da população americana se diz evangélica e 24% católica. Não acredito que eles sejam analfabetos biblicamente, (pelo menos, não todos), pois nós importamos a teologia que vem de lá. Os livros de Philip Yancey, mostram de maneira clara, como que anda a situação institucional evangélica norte-americana.
Abraço.
O que está acontecendo, meu caro Juber, é que as pessoas estão preferindo fazer parte de uma instituição eclesiástica do que pertencer à verdadeira Igreja.
ResponderExcluirO comodismo faz com que prefiram ter alguém que pensa por eles e instituem regras (que só são cumpridas dentro das paredes dos templos), fugindo assim da real responsabilidade enquanto cristão que é conhecer a Deus.
Hoje se tornou mais fácil sacrificar do que obedecer.
Infelizmente.
Caro Pr Juber, a paz do Senhor!
ResponderExcluirAo afirmar que os Estados Unidos pode ser classificado como uma nação biblicamente analfabeta, estava referindo-me as pesquisas efetuadas pelo instituto Barna.
Que segundo pesquisa Barna 2005, aproximadamente 25% das pessoas que afirmam terem nascido de novo baseiam-se em outros recursos que não seja a graça do Senhor para receber a vida eterna. Uma visão totalmente não-bíblica.
Fonte para consulta:
http://www.barna.org/FlexPage.aspx?Page=BarnaUpdate&BarnaUpdateID=204
Martins,
ResponderExcluirQuando lemos os Evangelhos e Atos dos Apóstolos, dá pra ver, o quanto a gente está distante do foi ensinado e vivido por Jesus e pelos apóstolos. Obrigado pela participação.
Abraço.
Francivaldo,
ResponderExcluirAqui no Brasil, não temos um Instituto Barna, para pesquisar isso, mas nem precisa. Só a forma que a salvação é ensinada em muitas igrejas e as correntes da prosperidade que são realizadas, já dá para ver que a "Graça", é só uma palavra bonita usada nas pregações, mas na prática o que se vê é o famoso "pagar o preço".
Abraço.
Estamos afogados em uma instituição que prega um extremo sentimentalismo em detrimento do puro, simples e racional cristianismo da Igreja Primitiva.
ResponderExcluirPrezado Juber, constatei isto "in loco".
ResponderExcluirCom algumas execessões, os evangélicos americanos são atualmente a mais pura expressão da hipocrisia.
Temo que o mesmo esteja começando a acontecer com a igreja no Brasil, onde pouco a pouco deixamos de se a diferença para nos igualar com o mundo.
Não adiantará termos quantidade de crentes em ascenção se a qualidade dos mesmos não muda. Será em breve somente um sociedade evangélica brasileira.
Postei em meu blog um texto do Pr. Robson bem interessante: "Quando os crentes davam certo"
Silvio Araujo
Martins,
ResponderExcluirConcordo com você, perdeu-se muito a noção de organicidade para a institucionalização.
Abraço.
Prezado Silvio,
ResponderExcluirE bota hipocrisia nisto. Uma chamada "direita cristã", que se diz defensora do direito a vida (aborto, células-tronco, etc), mas que tapa os ouvidos para os gritos dos inocentes que foram bombardeados no Iraque e que não vê o sofrimento em Darfur é uma tremenda contradição.
Obrigado pela participação.
Abraço.
Prezado anônimo do Manancial,
ResponderExcluirObrigado pelas palavras e pela participação. Fiz uma visita ao seu blog e deixei um comentário lá.
Graça e Paz.
Juber,
ResponderExcluirDe fato estamos numa crise. Têm-se pregado crescimento, mas um crescimento apenas quantitativo não gera vida, mas morte. Igrejas se multiplicam e não há mudança na comunidade, mais amor, mais amizade, mais carinho entre as pessoas, mais preocupação com o bairro, com as crianças, mais festa, mais vida. Nada disso. EU me lembro de uma pregação em que um pastor dizia que a conversão era para ser uma mudança para melhor, mas o rapaz que pensava antes de se converter, hoje só "sente", a moça bonita antes de se converter, fico feia que nem a Mortícia.
Isto sem falar na falta de caráter. O sujeito era ruim de doer, se converte mas continua ruim de doer, só que com um diferencial - agora ele é mais chato e vai para o céu.
Cruzes!
Marcelo Hagah
João Pessoa-PB
Marcelo,
ResponderExcluirCruzes, mesmo! Parece mais um filme da Família Adams, rsss. Mas, falando sério, diria que hoje é raro até ouvir pregação, enfatizando a salvação. O pessoal anda querendo mais é uma palavra de auto-ajuda evangélica, do que a Palavra de Deus como ela é mesmo. É momento de ouvir aquilo queremos ouvir, mas sim o que precisamos ouvir.
Obrigado pela participação, meu irmão.
Abraço.
A paz Caro Juber,
ResponderExcluirEstava um pouco enfermo, e por esse motivo não te visitei.
Olha, essa situação que você tem abordado é a realidade não só dos Estados Unidos, mas de muitos países.
Fique com Deus.
Edilson,
ResponderExcluirEspero que esteja tudo bem com você com relação a sua saúde. Obrigado pela visita, pois sua participação é sempre importante.
Graça e Paz.
A paz Juber,
ResponderExcluirTemos sentido a sua falta em nosso blog.
Fique com Deus.
Edilson,
ResponderExcluirÉ por causa da correria meu irmão. Mas deixei um comentário lá.
Abraço.