segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O CONFLITO NA FAIXA DE GAZA E A TEOLOGIA DA DESTRUIÇÃO

O conflito entre palestinos e israelenses entrou de novo em erupção, cuspindo fogo e sangue nos dois lados do muro, principalmente no lado mais fraco militarmente, o palestino.

O choque atual era tão previsível quanto inevitável.
Após quase 40 anos sob a opressiva ocupação israelense e a corrupta e ineficiente liderança de Arafat, os desesperados palestinos de Gaza entregaram seu destino a Deus, ou melhor, ao grupo local que diz falar em nome dele, o Hamas.

E o suposto representante de Deus cobra sangue e morte. Quer transformar (e o faz nestes dias com grande sucesso) todo palestino em mártir na luta para libertar a Terra Santa dos infiéis.

O grupo palestino segue seu irmão mais velho e poderoso, o Hizbollah, que adotou agenda que interessa mais a seus patronos no Irã e na Síria que a seus conterrâneos e transformou os libaneses em mártires sem consultá-los ao atacar Israel e depois vender o conflito como uma vitória grandiosa e divina apesar de o Líbano que alega defender ter sido devastado pela resposta israelense!

É uma lógica tão ilógica quanto invencível, pois morrer é vencer em nome desse Deus que supostamente recompensa com dezenas de virgens no paraíso homens-bomba que se explodem em pizzarias e ônibus.

Assim, o Hamas disse neste mês que não renovaria o cessar-fogo com Israel. E passou a lançar diariamente de Gaza dezenas de foguetes contra cidades israelenses aos gritos já familiares de Deus é grande.

O governo israelense alertou durante dias que responderia com força letal se a barragem diária de foguetes lançada de Gaza não cessasse. E a força letal usada acaba apenas fomentando mais radicalismo entre a população palestina, o que o Hamas explora a la Hizbollah, com cinismo exemplar.

É o que vemos agora. Uma repetição extrema dos ciclos de ataques e contra-ataques que há décadas infernizam israelenses e palestinos e realimentam a guerra.

O pior é que a solução para o problema é evidente a todos os interessados de fato na paz: a criação de um Estado palestino viável em Gaza, Cisjordânia e partes árabes de Jerusalém que conviva em paz e segurança com o Estado de Israel.

Mas o extremismo islâmico seqüestrou a agenda palestina e não aceita a convivência com Israel. E, ironia sem graça da história, com o apoio crescente da esquerda global, numa aliança de forças tão contraditórias que só um anti-semitismo latente travestido de anti-sionismo raivoso pode explicar.

Não se deixe enganar. Para haver paz no Oriente Médio é preciso ouvir as vozes conciliadoras em meio aos gritos de guerra. É um conflito onde os oponentes são ao mesmo tempo vítimas e algozes. A única forma de resolvê-lo é apoiar os moderados dos dois lados e combater os radicais.

O resto é teologia da destruição ou ingenuidade.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, dia 30/12/2008. O autor Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros.

16 comentários:

  1. Juber,

    Gostei do seu texto. Digo, ainda, que os grupos terroristas palestinos, infelizmente, temem nada ou quase nada pela vida do povo palestino, pois nunca, jamais, buscam a mediação. Seu primeiro impulso é sempre atacar, esperando, de Israel, uma "resposta proposcional", ou a intervenção da ONU, ou a reação de países poderosos, pressionados pela opinião pública. Deploro o que acontece, mas Israel tem motivos para reagir aos ataques do Hamas. O problema é que o Hamas ataca parcamente, mas Israel contra-ataca com inacreditável poder bélico. Os terroristas do Hamas sabem disso, mas sempre apostam no "deixa disso" - que desta vez não funcionou.

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  2. Maya,

    A geopolítica do Oriente Médio não é muito simples de entender. Porque lá há países árabes que são rivais, como também existe o jogo que as grandes potências fazem lá desde há muito tempo. Eu tive a oportunidade de ver dois filmes que mostram tanto a ambiguidade como também a situação paradoxal de lá que são: "Jogos do Poder" e "Munique". O triste é que no meio deste jogo político, religioso e econômico, estão pessoas morrendo e sangue sendo derramado.

    Obrigado pela participação.

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  3. Parabens por seus artigos, realmente a faixa de gaza torna-se agora o centro de questionamentos escatológicos incluso em uma teologia da dstruição.

    Danilo Lemos.

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  4. Danilo,

    Obrigado pela visita e participação. Você tem razão, é impossível apenas assistir os acontecimentos no Oriente Médio e não relacioná-lo à escatologia bíblica, independente se ela é dispensacionalista ou não.

    Abraço.

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  5. Juber,

    Vi que deu os créditos do texto, mas não nomeou o autor - Sérgio Malbergier. Eis sua ficha: Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
    Ele também escreveu outro texto sobre o assunto, sugiro que o sigam daqui para frente - tem textos muito bons e muito informativos.

    Você já notou que a imprensa mundial (e a brasileira é peixe do New York Times) só sabe baixar o pau nos judeus de Israel? E as crianças judias mortas por bombas dos terroristas? Ninguém fala.

    Dezenas de virgens no paraíso? Não sei que graça tem nisso. Alguém aí já perdeu a virgindade? Alguém aí já tirou a virgindade de uma mulher? Bom, depois dessa dolorosa experiência, se há amor, se há união, virá o abraço, o carinho, o sorriso, os planos, o cansaço, o sono. Mas com dezenas (embora não todas no mesmo dia, né?), como fica? E depois? Não seria melhor uma mulher e dezenas de milhares de livros, mais uns dezenas de filhos, todos pequenos, tipo "escadinha"? Tá mais para paraíso. Dezenas de árvores, e dezenas de lagos, e dezenas de milhares de amigos... Dezenas de milhares de formigas, do tipo cortadora, mas formiga de paraíso, que só corta planta-que-bode-não-come (ou coisa do tipo), para as crianças ficarem vendo, brincando, afogando-as no lago (afogando no lago é mais para muçulmano com dezenas de virgens)... foi mal! Escapuliu - estou tendo laivos de muçulmanismo hoje.

    Marcelo Hagah
    João Pessoa-PB

    P.S.: O texto novo do Sérgio é http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/sergiomalbergier/ult10011u486786.shtml

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  6. Marcelo,

    Eu dei os créditos devidos ao autor Sérgio Malbergier também no final do texto, junto aos créditos ao Jornal Folha de São Paulo. Sou da mesma opinião sua com respeito a parcialidade da imprensa brasileira. No entanto, o que não é parcial hoje? Cada um apresenta a sua "verdade". New York Times, Le Monde (esquerda, pró-palestinos) ou Mídia Sem Mascara, Chamada de Israel (direita, pró-Israel)? Temos que ler tudo hoje com equilíbrio e bom senso. Examinando tudo e retendo o bem como disse Paulo.

    Obrigado por sua participação.

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  7. Juber querido !! passei rapidamente só pra deixar um abraço, mas não resisto, tenho que ler-te, pois ler-te é sempre bom demais !!


    abraçossssssssss

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  8. Alice,

    Fico grato por você ter tirado um tempinho para ler o meu blog, em meio a correria aí em Ubatuba.

    Boa temporada e obrigado pela visita sempre amável.

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  9. Tem razão, Juber.

    Eu bobeei. Não vi os créditos no final. Desculpe, irmão.

    É bom ler seu blog. Estou sempre atento. Vou escrever mais coisas no meu blog. Voce é meu leitor fiel, embora eu seja inconstante e não tão profundo como você.

    Fique na paz.

    Marcelo Hagah
    João Pessoa-PB

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  10. Marcelo,

    Obrigado pelas palavras gentis e pelas leituras feitas aqui no blog. A gente faz o que pode. Sua participação aqui sempre é bem vinda.

    Graça e Paz.

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  11. Juber,

    sobre a imprensa brasileira, li um texto que achei interessante. É do Olavo de Carvalho.

    http://www.olavodecarvalho.org/semana/090113dc.html

    Um abraço. Fique na paz.

    Marcelo Hagah
    João Pessoa-PB

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  12. Estes vídeos contém a história documentada, com imagens, mostrando fatos, de modo que ninguém mais poderá dizer que não é verdade; são filmes obtidos a partir da própria documentação do governo inglês, que os interessados em destruí-los ainda não o tinham feito, pois centenas de outros já foram “apagados” dos arquivos. Mostra, para quem só acredita vendo, a Palestina há mais de um século atrás, povoada pelos palestinos (semitas que sempre viveram lá) e com apenas 3 mil pessoas de origem judaica e a progressiva, cruel , deliberada e violenta invasão e a ocupação de seu território por judeus oriundos de outros países. Para os que alegam que Israel sempre existiu lá, mostra as imigrações incentivadas, a continuada perseguição e calculada humilhação e destruição do povo palestino de todas as formas, os cristãos perseguidos sem o menor pejo, com a clara impunidade assumida a partir do patrocínio da Inglaterra e mais recentemente dos Estados Unidos. Impossível assistir sem tomar partido e sem divulgar ao mundo para que a história seja mudada o quanto antes:

    www.youtube.com

    Part I: Conspiracy threads # 01 to # 06

    http://www.youtube.com/watch?v=xoQjeNeefeg&feature=PlayList&p=38FCB93705BF8F0E&playnext=1&index=43

    http://www.youtube.com/watch?v=TbKUnx2SZ24&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=azqixOYBVvo&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=azqixOYBVvo&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=StD7n86NGvU&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=StD7n86NGvU&feature=related


    Part II: Crush the revolution #01 to # 06

    http://www.youtube.com/watch?v=StD7n86NGvU&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=cT9QuUDHltA&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=kLka6h35zuc&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=kLka6h35zuc&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=JlWX8MtMNQ0&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=JlWX8MtMNQ0&feature=related


    Part III: The ethnic cleansing # 01 to #07

    http://www.youtube.com/watch?v=w2rPiC2puYk&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=y3dPAV1aq04&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=bUTFe3XXPNI&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=bUTFe3XXPNI&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=bUTFe3XXPNI&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=bUTFe3XXPNI&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=E6_UkzHS24U&feature=related



    http://album.alfemminile.com/album/see_510873_3/Guerra-di-Gaza-v-m-18.html

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  13. Soldados israelenses marcam a
    pele dos palestinos com números
    NABLUS (Palestina) - Soldados israelenses marcaram números nas mãos de centenas de palestinos que esperavam num movimentado posto de bloqueio do Exército, denunciaram pessoas marcadas ontem. Muitos dos palestinos com números de três dígitos inscritos com caneta na palma de suas mãos contaram ter dito aos soldados que consideravam a prática humilhante. Em contrapartida, os soldados respondiam que eles tinham a escolha de voltar sem passar pelo posto ou se submeterem à ordem.
    O Exército do Estado judeu confirmou o incidente e alegou que isto foi feito por "apenas um soldado que agiu por conta própria" e será submetido a sanções disciplinares. Por meio de um comunicado, o Exército de Israel informou ainda que, "num posto de checagem perto de Nablus, soldados distribuíram números entre as pessoas na fila como parte de inspeções de rotina. Quando as senhas acabaram, um soldado resolveu escrever números nas mãos de quem passava".

    Testemunhas palestinas denunciaram, no entanto, que a prática começou a ser usada anteontem e prosseguia ontem. Um incidente similar ocorreu em março de 2001, quando soldados de Israel marcaram números na testa e nos braços de palestinos detidos à espera de interrogatório, durante uma ofensiva contra um campo de refugiados na Cisjordânia.
    Na época, a ação revoltou um parlamentar israelense que sobreviveu ao Holocausto e a prática foi suspensa. Durante a II Guerra Mundial, os soldados nazistas tatuavam números no braço dos prisioneiros detidos em seus campos de concentração - a maioria dos quais era composta por judeus.
    O incidente de ontem foi registrado no posto de checagem militar montado em Hawara, ao Sul da cidade cisjordaniana de Nablus. O local é um dos mais movimentados da região. Durante os mais de dois anos e meio do atual conflito, Israel impôs aos palestinos rígidas restrições ao direito de ir e vir, como parte de uma campanha militar com o pretexto de evitar ações de extremistas palestinos dentro do Estado judeu.
    Os palestinos precisam de permissão especial para transitar entre uma comunidade e outra. No horário mais movimentado da manhã de ontem em Hawara, centenas de palestinos aguardavam no posto de checagem a caminho do trabalho ou da escola em Nablus.
    O professor de árabe Hamdi Jabali e o vendedor de seguros Wael Dwaikat estavam entre as pessoas na fila. "Eu estava entrando na fila quando um soldado israelense me chamou e disse: `Me dê a sua mão'", relatou Jabali, de 46 anos. "Perguntei por que e ele respondeu: `Quero anotar um número na sua mão'. Eu retruquei: `Isto é desumano. Usamos isto somente com animais'. Então ele me disse que se eu não quisesse, poderia ir embora", sem passar pelo posto.

    Jabali, marcado com o número 125, comentou que cem ou mais pessoas que estavam a sua frente na fila por volta das 8h rejeitaram o tratamento dos soldados israelenses e voltaram para casa. "Pensei em voltar, mas não podia porque tenho muitas aulas e muitos compromissos hoje. Tenho muito a fazer e não é todo dia que eles nos deixam entrar em Nablus".
    Jabali vive em Beita, a cerca de 10 quilômetros de Nablus. Todos os dias ele tenta entrar na cidade para lecionar na Universidade An Najah. Porém, pelo menos em metade das tentativas, os soldados o impedem de passar e ele precisa percorrer um longo caminho para entrar em Nablus pelas montanhas.
    Dwaikat, marcado com o número 113, disse que os moradores que esperavam na fila tentaram, sem sucesso, convencer os soldados de que se organizariam sem confusão e a marcação era desnecessária. "Mas os soldados diziam que estavam obedecendo às ordens de seus superiores e avisavam que, se não aceitássemos, não entraríamos na cidade".
    Em confrontos ocorridos ontem na Cisjordânia, soldados israelenses capturaram dois palestinos suspeitos de participação num atentado contra Israel na semana passada. Num incidente separado, um adolescente palestino de 17 anos foi morto em meio a um tiroteio num campo de refugiados.

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  14. Gaza está submergindo em um rio de sangue
    Mohammed Majdalawi escrevendo da Faixa de Gaza ocupada, Live from Palestine, 11 de janeiro de 2009
    Eu quero escrever sobre o sofrimento do meu povo e o de minha família nestes dias de cerco contra o pessoal de Gaza. Mais de 888 pessoas foram assassinadas e mais de 3.700 estão feridas. A Cruz Vermelha acusou Israel de recusar-se repetidamente a permitir que as ambulâncias venham ajudar. Por isto, os que estão feridos morrem, o que uma violação premeditada e cruel dos direitos humanos.
    Na minha casa não conseguimos mais satisfazer as necessidades básicas. Não temos pão, não temos combustível, não temos futuro. Ontem, meu pai foi à padaria às 5 da manhã. Ele esperou 5 horas para conseguir um pacote de pão, que não é suficiente para minha família pois somos 11 pessoas. Hoje foi meu turno, quando procurei as padarias, todas estavam fechadas.
    Não existe nenhum lugar a salvo. Não podemos nos comunicar com nenhum parente ou amigo – as redes foram destruídas pelos mísseis que caíram nas casas, em todos os lugares até hospitais.
    Nossa vida agora é enterrar os que morreram, nossos mártires de uma causa perdida, nossa liberdade. À noite, o campo de refugiados de Jabaliya é uma cidade fantasma, sem som nenhum só o dos caças israelenses atirando a todo vapor.
    São cenas de horror a todo minuto, especialmente fica claro isto na vida das crianças. Por exemplo, cinco irmãs foram assassinadas em casa pelos israelenses. Mas existem outras crianças em Gaza, todas esperando que alguém as possa ajudar. Estão presas em uma área que está se tornando um campo de concentração. Todo dia dormimos e acordamos pra ver os crimes dos israelenses matando crianças e mulheres e destruindo as casas dos civis. O que eu escrevo não transmite o que eu sinto de tristeza, medo e desespero por estar aqui em Gaza e saber que os israelenses querem esta terra, mesmo cheia do nosso sangue.
    Eu tenho duas mensagens para o mundo, pra aqueles que dizem que amam a paz e a liberdade: imagine sua vida consistindo de viver sem eletricidade, em meio de casas destruídas, o som e as explosões de mísseis, dia e noite, e a única fome maior do que a por alimento, sendo a vontade de que esta invasão acabe. Imagine que não e só você mas suas crianças e sua família que transmitem pelo olhar o lamento “Estamos com medo dos mísseis”, “Não conseguimos dormir”, “Pode ser que não cheguemos a acordar”. Imagine que você é o dique e que o rio de sangue se tornou uma inundação. Por quanto tempo você agüenta isto?
    Não teríamos que agüentar se o mundo estivesse a nosso lado. Se o mundo quisesse que isto acabasse, que terminasse o assassinato de nossas crianças e a demolição de nossas cacas. Se exigissem que a ajuda chegasse até nós fazendo protestos e passeatas .
    E então eu convido você a vir até Gaza para ver o Holocausto.

    Mohammed Majdawal é ou era estudante universitário e voluntário da Aliança a favor das Crianças, que envia ajuda a Gaza (www.mecaforpeace.org). Ele vive ou vivia em um campo de refugiados.

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  15. Essas crianças traumatizadas por acaso tem mísseis?"
    Fida Qishta escrevendo da Faixa de Gaza ocupara por Israel, Live from Palestine, 1 janeiro de 2009
    27 de dezembro
    Hoje de manhã saí com alguns amigos para visitar o Bloco O em Rafah no sul da Faixa de Gaza. Enquanto estávamos em uma das casas que planejamos visitar, meu telefone tocou. Era um amigo de Gaza. Subitamente ouvi um som de explosão do lado dele do telefone. E ao mesmo tempo eu ouvi uma explosão em Rafah onde eu estava. Ele disse “Eles estão atacando aqui também. Estão atacando todas as cidades ao mesmo tempo.”

    Meus amigos e eu, em Rafah corremos para a rua e na rua todos estavam correndo, crianças e outras pessoas que queriam ver seus parentes e amigos. Estava perto do horário de saída das escolas. O ataque aconteceu às 11 da manhã, na troca de horários das escolas. Chegando perto das escolas vimos muitas crianças e outras pessoas olhando o desastre. Era perigoso olhar porque claramente o ataque dos israelenses ainda não tinha terminado e de onde estávamos vimos um avião de guerra israelense atacar um posto de polícia. Pode-se dizer que eles eram policiais e então Israel tem direito de atacá-los certo? Mesmo sendo a polícia de outro povo. E as crianças na rua? As escolas ali perto. É impossível que o mundo veja só a metade da verdade.

    Entre as pessoas que foram assassinadas haviam as pessoas que estavam passando perto, crianças indo e voltando da escola. Não consigo entender o que o mundo pensa ao não ajudar-nos.
    Abaixo algumas entrevistas que eu fiz hoje de manhã:.

    "Ouvimos as explosões e fomos ver. As pessoas estavam gritando. Algumas das crianças estavam com medo. Todo o lugar estava arrebentado. Até agora não conseguimos contar o número certo de inocentes mortos. Mas muitos morreram e muitos estão feridos, embaixo dos destroços."

    Naama, 13 anos:

    "Eu estava sentada na aula com meus amigos quando o ataque começou. Ficamos com medo e saímos correndo da escola. O diretor mandou que fossemos para casa. Vimos um incêndio, saímos da área por outra rua”.
    Um policial disse:

    "Estávamos na delegacia. Os aviões israelenses vieram subitamente e caíram sobre nós. O prédio foi destruído e em um minuto tinham quatro corpos de colegas ao meu lado. Estraçalhados. Do lado de fora a mesma coisa e todos gritando. Eu perdi a consciência e acordei no hospital.”
    ”Acabamos de receber um telefonema do ministério da defesa de Israel dizendo que qualquer casa que tenha armas será a próxima vítima, sem aviso. Só um detalhe, não temos armas em casa. Por favor se eu morrer, ajude minha família”.

    31 de dezembro
    Há um ano e meio Israel piorou o bloqueio econômico em Gaza que já existia sem motivo nenhum, fechando as fronteiras que permitiam que as pessoas recebessem ajuda e alimentos básicos para sobreviver. Isto forçou os palestinos a cavarem túneis para chegar ao Egito e sobreviver. Israel continuou a ameaçar os palestinos com uma operação de ataques a Gaza. Queriam que todos morressem de fome. E perto do Natal começaram a jogar mísseis dos aviões e centenas de palestinos em Gaza já morreram.
    Eu não sei o que as pessoas em todo o mundo pensam. Os palestinos precisam se defender. Será que alguém acha que uma reles arma palestina, feita em casa para defender –se pode ameaçar a segurança de Israel que tem F-16s, mísseis, foguetes – os tanques deles não ameaçam nossa segurança? Eles sempre, sempre nos atacam primeiro. As operações militares israelenses fazem o sangue palestino derramar-se como chuva. Por todo lado.

    Não vemos nenhum socorro em vista. O governo israelense e seu exército cometem atos desumanos contra civis e crianças. Nos últimos cinco dias, os mísseis israelenses mataram 400 palestinos e feriram mais de 1.800. Meu querido leitor, você sabe quantos israelenses foram mortos pelos “cruéis” mísseis palestinos feitos em casa, DEPOIS que foram atacados? Quatro. E soldados, nenhum civil, nenhuma criança.
    Não é justo que o mundo fique em silêncio.

    Dia 28 de dezembro acordamos com um ataque de F-16. Nossa casa estava tremendo toda. Queríamos pelo menos saber onde era. Estávamos todos com muito medo. Tentamos abrir a porta mas não conseguimos. Três de nós subimos até uma janela para sair da casa. Levei o maior susto quando vi que o alvo do jato de caça era a farmácia do nosso vizinho. A 60 metros de nossa casa. Eles atingiram uma farmácia! Um lugar onde existem remédios. Não há maldade maior. Ainda não acredito e não consigo aceitar. Filmei e perguntei aos sobreviventes o que viram e o que achavam.

    Said, 64 anos disse”: “As seis e meia da manhã os caças israelenses jogaram três mísseis. Atingiram a farmácia e as lojas vizinhas. São prédios civis nem policiais são. Acabaram com a rua. Tenho 64 anos e nunca vi um dia de paz em minha vida. Inventam coisas sobre o Hamas; é um partido político, como os outros partidos políticos do mundo são. Nós elegemos nosso representante democraticamente. Eles não querem que tenhamos representantes. Querem que acabemos”.
    Umm Mohammed disse: "Eles dizem que não atacam civis, mas atacam crianças. O que existe na cabeça de um estrategista de guerra quando ensina que seus subordinados só matem crianças? Porque fazem isto? Pense nisto”.
    "Quando não fazemos nada nos atacam. Dizem ao mundo que os árabes os atacam. Você já viu isso algum dia? Isso agora no Natal por exemplo, quem está atacando e matando? Israel mente. É um país mentiroso. Fazem o que querem e não aceitam quando o mundo protesta. .. Não há remédio. Não há bebida, comida, água, gás. Estamos com fome. Eles nos atacam o tempo todo. O que Israel quer? Era nossa terra. Sempre vivemos aqui. Eles foram os que chegaram e ocuparam tudo. Pode alguma coisa ser pior do que isto? O que eles pensariam se alguém fizesse isto com eles? “
    "Olhe estas crianças. Qual a culpa deles? Eles estavam dormindo porque não conseguiram dormir à noite de pavor. Essa menina aqui está traumatizada com tudo. Será que esta criança tinha algum míssil para jogar em alguém? “
    "O exército de Israel ataca em todos os lugares. Eles parecem loucos. A Faixa de Gaza vai acabar ... Estávamos dormindo e ouvimos uma bomba. Acordamos e não sabíamos para onde ir. O pó estava por todo lado, não conseguíamos enxergar. Pensávamos que nossa casa iria cair. O que eu posso dizer? Qual é a culpa que temos do quê? Somos terroristas, por acaso? Nem temos revólver, nem eu nem meus filhos. “
    E no dia 28 de dezembro um outro avião caça israelense, atacou uma família, onde morreram cinco irmãs e a mãe. A primeira pergunta que a sexta filha, sobrevivente, ao voltar do desmaio disse foi: “Papai e mamãe estão vivos?” Ela estava entre os corpos de duas irmãs. Como é que ele irá um dia na vida esquecer isto? Nenhum tratamento no mundo será capaz de apagar esta imagem de sua mente.
    Fida Qishta é jornalista, filmadora e escritora e coordenadora do Movimento Internacional de Solidariedade.

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  16. E agora eu queria lembrar Hebreus 8. Deus fez a aliança com os israelitas, hebreus para gerar seu Messias. O povo judeu matou Jesus, decepcionando e desprezando o dom de Deus que por meio de Jesus, seu filho amado fez a Nova e Eterna Aliança com o novo povo escolhido, os cristãos. Portanto os israelenses cruéis que estão lá, não são escolhidos mas excluídos, pois os cristãos são o povo de Deus!

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