Silas Malafaia e o desafio da Assembleia de Deus

No último sábado estava assistindo o programa do Pr. Silas Malafia, quando o ouvi dizer que havia renunciado ao cargo de 1° Vice-Presidente da CGADB e também se desligado da mesma.

Na oportunidade também disse que mudou o nome da igreja da qual é pastor-titular, após a morte do seu sogro, de Assembléia de Deus da Penha, para Assembléia de Deus Vitória em Cristo, mesmo nome do seu ministério e programa de TV.

Ressaltou que esse nome está patenteado e que usará as vias judiciais, caso alguém copia o nome. Ressaltou que saiu da CGADB, mas não da denominação Assembléia de Deus, pois a Convenção é de ministros e não de membros da igreja, que existe grandes ministérios da AD, como um na cidade de Anápolis/GO, entre outros que também não pertencem a CGADB ou CONAMAD.

Falou ainda que tem um grande projeto evangelístico para o Brasil, e que passou as ações da empresa Central Gospel para a Associação Vitória em Cristo, porque não foi chamado para ser empresário. Disse também que está cansado de se envolver em política eclesiástica e de brigar em plenário de convenção.

Diante dessa síntese do programa, que pode ser conferido nos vídeos acima do youtube, o que eu penso sinceramente é o seguinte:

Pr. Silas Malafaia, é o líder assembleiano com mais expressão na mídia no momento, seja pelos horários que aluga na Band e na Rede Tv, seja pela sua presença em debates no Canal Livre na Band, no Programa do Ratinho no SBT e até na Câmara dos Deputados.

Se ele renunciou ao cargo de 1º Vice da CGADB é porque tem um projeto solo e autônomo em relação a esse entidade. Provalvelmente irá criar a sua própria convenção e talvez tenha uma grande adesão, a começar com quem não está de acordo com a direção da atual diretoria da CGADB. Quem sabe, até o Pr. Samuel Câmara faça parte dessa nova convenção.

Alguns companheiros da blogosfera cristã, disseram que Malafaia se tornou maior do que a CGADB e a CONAMAD. Não sei se concordo ou discordo. O que posso dizer é que apesar de sua expressão atual, Malafaia não é maior do que a Assembléia de Deus. Não será a primeira e creio que infelizmente, nem o último racha que essa denominação enfrentará.

A Igreja Evangélica Assembleia de Deus estará fazendo 100 anos em 2011, e nesse período se tornou a maior denominação evangélica do Brasil. Juntamente com a Congregação Cristã do Brasil, foram as primeiras igrejas pentecostais brasileiras. Nesses 100 anos, o mundo mudou, o Brasil mudou e as igrejas também mudaram. Algumas mudanças vieram para melhor e outras nem tanto.

No início, não havia representação política, porque a igreja sob a ótica pré-milenista, dizia que Jesus voltaria logo, então tinham que ganhar almas, porque o Arrebatamento pré-tribulacionista logo ocorreria. A denominação considerada conservadora, que durante anos proibiu o uso do aparelho de rádio entre os seus membros, ocorrendo o mesmo depois com a televisão, hoje tem presença midiática, utilizando jornais, revistas, rádio, internet e a TV.

A igreja tem representação política, e vem procurando flexibilizar alguns usos e costumes e contextualizar a linha litúrgica. A denominação é representada por duas Convenções: a CGADB E CONAMAD e provalvelmente vem mais uma por aí.

Porém é momente de serem feitas algumas perguntas como:

Quais são as prioridades da liderança para a denominação hoje? A denominação é grande, existe em todo o território nacional.

No meio evangélico, há pudor (para não usar outros termos) em dar nomes aos bois. Às vezes, o motivo é um desejo de poupar as pessoas, ou provém de uma autocensura comunitária, que nos incapacita de enxergar aquilo que, desfigura nosso rosto público. Dizem que não é de “bom tom” dizer certas coisas.

Mas algumas devem ser ditas para que avancemos como comunidade, em direção à maturidade. Chegou o momento de questionar estilos de liderança personalistas e um modelo de intermediação evangélica com a esfera pública. Ao dizer isso, não me refiro apenas a Assembléia de Deus mas sim, a toda Igreja Evangélica Brasileira.