Tenho visto muitos carros adesivados com frases como “Presente de Deus” ou “Foi Jesus quem me deu”. Se por um lado isso revela fé, adoração e agradecimento de motoristas fieis às suas crenças, por outro me faz pensar se o Deus que as pessoas crêem é um Deus que incentiva as relações de consumo do capitalismo moderno. Pensar que sim, frente às desigualdades sociais e a existência de pessoas em estado de miserabilidade, colocaria em xeque o pressuposto de uma justiça divina.
Será que o Deus que as pessoas crêem é aquele que “presenteia” seus filhos com o carro do ano, a casa no condomínio ou a roupa de grife? Não deveria ser um que torna as pessoas melhores, mais conscientes e solidárias? Se tudo na indústria do consumo é norteado pelas tendências ditadas pelos fabricantes e seus comunicadores, não seria este consumo um exercício da mesma vaidade contestada pelos ensinamentos cristãos? Não é contraditório, portanto, achar que Deus presenteia com bens os seus seguidores? Mais além, não compromete a identidade humana, e, no caso dos fieis, a identidade cristã, expressar-se no mundo por meio de posses e não da personalidade?
Penso que uma força motor no seio de qualquer igreja é a ânsia pela prosperidade financeira de seus frequentadores. Em decorrência, acaba sendo esse também o apelo dos dirigentes para conquistar cada vez mais adeptos.
Nessa perspectiva, a engrenagem se instala. Os fieis que querem a paz de uma vida estável, o líder religioso que fomenta esse desejo e recebe deles uma fatia de suas conquistas materiais e a igreja, qualquer igreja, que também se estabelece próspera, assemelhando-se cada vez mais a uma empresa, até mesmo com marketing próprio para divulgá-la.
Nessa semelhança, ela também convive com níveis de hierarquia e de poder e relações por conveniência. Não entramos aqui no mérito se a empresa igreja estabelecida a partir dessa relação oferece, com obras e projetos sociais, a sua contrapartida à sociedade, e nem aprofundamos na representatividade crescente de segmentos religiosos no meio político para garantir a perpetuação do “negócio”.
O que se questiona aqui é a relação direta que muitos religiosos dão às suas posses com a fé que têm em Deus. Não deixa de ser uma forma tranquila de abstrair-se de um mundo cheio de injustiças sociais e isentar-se de qualquer responsabilidade sobre elas.
Do meu ponto de vista, penso que cada um tem as posses pelas quais trabalha e refletem aquilo que valoriza na vida. Se elas determinam quem é a pessoa e se resultam de procedimentos honestos ou de uma “intimidade” com Deus, já é outra história.
Será que o Deus que as pessoas crêem é aquele que “presenteia” seus filhos com o carro do ano, a casa no condomínio ou a roupa de grife? Não deveria ser um que torna as pessoas melhores, mais conscientes e solidárias? Se tudo na indústria do consumo é norteado pelas tendências ditadas pelos fabricantes e seus comunicadores, não seria este consumo um exercício da mesma vaidade contestada pelos ensinamentos cristãos? Não é contraditório, portanto, achar que Deus presenteia com bens os seus seguidores? Mais além, não compromete a identidade humana, e, no caso dos fieis, a identidade cristã, expressar-se no mundo por meio de posses e não da personalidade?
Penso que uma força motor no seio de qualquer igreja é a ânsia pela prosperidade financeira de seus frequentadores. Em decorrência, acaba sendo esse também o apelo dos dirigentes para conquistar cada vez mais adeptos.
Nessa perspectiva, a engrenagem se instala. Os fieis que querem a paz de uma vida estável, o líder religioso que fomenta esse desejo e recebe deles uma fatia de suas conquistas materiais e a igreja, qualquer igreja, que também se estabelece próspera, assemelhando-se cada vez mais a uma empresa, até mesmo com marketing próprio para divulgá-la.
Nessa semelhança, ela também convive com níveis de hierarquia e de poder e relações por conveniência. Não entramos aqui no mérito se a empresa igreja estabelecida a partir dessa relação oferece, com obras e projetos sociais, a sua contrapartida à sociedade, e nem aprofundamos na representatividade crescente de segmentos religiosos no meio político para garantir a perpetuação do “negócio”.
O que se questiona aqui é a relação direta que muitos religiosos dão às suas posses com a fé que têm em Deus. Não deixa de ser uma forma tranquila de abstrair-se de um mundo cheio de injustiças sociais e isentar-se de qualquer responsabilidade sobre elas.
Do meu ponto de vista, penso que cada um tem as posses pelas quais trabalha e refletem aquilo que valoriza na vida. Se elas determinam quem é a pessoa e se resultam de procedimentos honestos ou de uma “intimidade” com Deus, já é outra história.
Meu Comentário: Eu não escrevi esse texto, mas gostaria de ter escrito. O autor é Carlos Guimarães Coelho, jornalista e produtor cultural e crédulo de que as artes, em todas as suas modalidades, têm poder transformador, colunista do jornal Correio de Uberlândia. Pelo que andei pesquisando, o autor não é evangélico, e assim que o texto foi publicado no jornal local de maior circulação na nossa cidade, surgiram comentários diversos, seja elogiando a matéria ou criticando. Um dos que criticaram o fez no melhor estilo de corporativismo evangélico, dizendo que não se pode julgar as pessoas pelo adesivo do carro e que tem gente que escreve sobre cristianismo sem conhecer a Palavra de Deus. Logo em seguida, metralhou alguns versículos muitos usados na teologia da prosperidade e disse que Deus é o dono do outro e da prata e que desigualdades sociais são frutos de governos distante de Deus. Para completar a crítica, ainda sacou a eterna queixa de preconceito contra os evangélicos. Eu fiquei lendo aquilo e pensei: "Gente, o autor do texto, independentemente se professa alguma religião ou não, se já leu a Bíblia ou não, o que interessa é que ele entendeu perfeitamente o sentido do Evangelho de Cristo ao questionar se a identidade cristã deve se expressar no mundo por meio de posses ou da personalidade! Foi isso o que Jesus quis dizer quando falou que pelos frutos se conheceria a árvore. Esse mês se comemora o natal, boa hora para lembrar que quando Cristo nasceu, os entendidos da Bíblia naquela época, sabiam a cidade que o Messias haveria de nascer, mas quem encontrou Jesus, foram os que eram considerados "pagãos" (magos) para os mesmos, ao seguirem uma estrela.
Juber... eu tava lendo o texto - extasiado - crente que vc era o autor. Lia e pensava comigo: "esse Juber tá cada vez melhor".
ResponderExcluirMeu, e de repente, o autor nem "crente" é!!!!!
O texto dele me lembrou o comentário de Jesus "até as pedras falarão"...
Tomara mais pessoas lúcidas e iluminadas por Deus como o autor (e vc tb!) repiquem essa ideia verdadeiramente "evangélica". O mundo tá precisando...
Rubinho,
ResponderExcluirPois é mano, o texto é excelente, concordei tanto que gostaria de tê-lo escrito, mas não fui eu. O autor não é "crente", mas traduziu prefeitamente o sentido do Evangelho, melhor do que muitos evangélicos.
Abração.
Outra frase que nao concordo nos carros e tem relaçao tambem com o texto é a seguinte (fruto do dizimo)
ResponderExcluirA paz do Senhor, Pastor Juber!
ResponderExcluirVivemos em um mundo onde os valores estão sendo invertidos e a simplicidade do Evangelho desprezada. O exemplo de despojamento do próprio Cristo e dos seus apóstolos passa longe do ideário dos cristãos hodiernos. Estamos nos tornando escravos de hábitos mundanos e seguindo a cartilha deste século sem levarmos em conta o que estamos perdendo com tal atitude e das consequências que tal comportamento redundará à vida espiritual.
...kkk Deus de pobres e ricos, sem duviada; Deus é Deus de vivos e não de mortos. Infelizmente, estamos cheios de mortos metidos a vivos. Tens nome de que vives, e estás morto. Ai é o carro que passa a testemunhar a vidinha dos irmãos. Mas tudo para o lado de fora, e nunca tem a sua correspondencia dentro da alma. ai estão mortos. mas como quem vive. vive aos olhos dos homens, e homens também que só enchergam vida para o lado de fora. O testemunho da igreja não é para o lado de fora, mas para e na; na alma.
ResponderExcluirGraaça e Paz.