segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A entrevista de Caio Fábio com Edir Macedo

Essa entrevista não é recente, nem foi feita em nenhuma revista, tv, rádio ou site. Foi uma entrevista, concedida pelo Macedo ao Caio em abril de 1991, um mês antes da fundação da AEVB (Associação Evangélica Brasileira). Ela está publicada no livro “Confissões do Pastor”, lançado em 1996 pela editora Record. Muitas águas já rolaram nos últimos 16 anos, no Brasil, no mundo, e entre o movimento evangélico, inclusive com o próprio Caio Fábio, que na época era um conhecido líder evangélico, sendo o presidente da AEVB. Mas eu vou postar esse trecho do livro porque, apesar de mostrar um momento histórico, ajuda a entender a formação da igreja, e o modo de pensar de um dos "pais" (talvez o maior) do movimento neopentecostal brasileiro. É bom que se diga também que Macedo, jamais negou tal encontro com Caio Fábio. Abaixo, o trecho transcrito do livro onde o Caio narra, como foi aquele encontro ou entrevista:




“No dia 17 de maio de 1991 a Associação Evangélica Brasileira foi criada em São Paulo, com a presença de representantes dos setenta principais grupos evangélicos nacionais, e eu fui eleito seu primeiro presidente.
Eentretanto, havia o imenso preconceito da mídia e dos formadores de opinião pública quanto a quem eram os evangélicos, pois o estereótipo relacionado aos pastores nos colocava a todos no plano dos aproveitadores, picaretas, estelionatários, fanáticos, alienados, truculentos, intolerantes e oportunistas.
Entre 1990 e 1991 era difícil você se apresentar como pastor. A sensação que dava era a de que a categoria estava em pé de igualdade com bicheiros, traficantes e os piores políticos e policiais. E quanto mais próximo da classe média se andasse, mais forte era o clima de rejeição que se experimentava. Não havia apedrejamento, nem qualquer violência, como houve quando da chegada protestante ao Brasil. Entretanto, levei muita pedrada de olhares e sofri muito enforcamento psicológico em lugares sofisticados.




Nunca botei a culpa daquilo no diabo ou em qualquer tipo de conspiração católica contra nós. Desde cedo percebi que nosso problema tinha a ver, sobretudo, com as coisas erradas que alguns ditos evangélicos faziam e que se tornavam a referência a partir da qual todo o grupo era julgado.
E a única forma possível de enfrentar a situação exigia uma ação com duas faces: alguém ou alguns teriam de correr o risco de denunciar aquele modelo pseudo-evangélico e, ao mesmo tempo, perder a discrição e deixar a sociedade ver as coisas boas que os evangélicos faziam. Mas como eu na prática não sabia o modo de iniciar aquela guerrilha de redenção da nossa imagem, resolvi apenas orar e pedir que Deus levantasse alguém para fazer aquilo.

O problema é que o nosso telhado era de vidro. “Como é que a gente vai falar de ética, se todo mundo pensa que nossa postura ética é aquela representada pela imagem pública do Edir Macedo?”, perguntei a mim mesmo inúmeras vezes.

O problema é que Macedo não queria nem ver evangélico. Tendo saído da Igreja de Nova Vida — denominação criada pelo missionário canadense Roberto MacLister —, Edir tinha criado a Igreja Universal do Reino de Deus — IURD, que era uma espécie de síntese entre várias químicas religiosas. Havia de tudo um pouco: um grito de guerra (Jesus Cristo é o Senhor!) e um fervor na ação (Vamos ganhar o mundo para Jesus!), que eram genuinamente evangélicos; combinados a uma teologia católico-medieval (Deus não faz nada de graça, sem sacrifício, e o dinheiro é a moeda de troca entre o homem e as bênçãos divinas) e a uma simbologia afro-ameríndia, com farta utilização de elementos mágicos das religiões populares, tais como sal grosso, ramo de arruda, óleo sagrado, caminhos físicos pavimentados com sal, que abençoam aqueles que por eles caminham, e o oferecimento de dezenas de outros objetos feitos santos, que iam desde o estilingue de Davi até uma lavagem das mãos com o sangue de Cristo numa bacia.

Todas essas coisas eram consideradas por eles como pontos de contato entre a pregação da Universal e a necessidade mística dos brasileiros. Do ponto de vista meramente marketeiro, era fantástico, mas visto sob o ponto de vista dos conteúdos da fé evangélica, era um escândalo de promiscuidade doutrinária.

A entrevista:

Caio Fábio - Eu não quero pensar que sei quem você pelo que a mídia diz. Eu quero conhecer você — disse. — Dá pra você me dizer como você chegou a se converter e se tornar evangélico?
Edir Macedo — Eu não sei se eu quero ser visto como evangélico. Eu prefiro ser visto como outra coisa. Fiquei muitos anos com os evangélicos e só perdi tempo — ele iniciou num tom rabugento, amargurado, quase agressivo.

Caio Fábio: - Mas me fale de sua conversão? — insisti.

Edir Macedo: — Eu vim da bruxaria e me converti na Igreja de Nova Vida. Fiquei muito tempo lá. Depois, a Nova Vida perdeu a visão. Virou quase uma Igreja Católica, fria, sem briga, sem vontade de crescer. Então procurei os líderes de lá e falei que estava saindo. “Vocês ainda vão ouvir falar de mim”, foi o que eu disse pra eles. Aí comecei o meu trabalho e cresci. Não sou uma igreja. Sou uma cruzada, um movimento de guerra contra o diabo. Mas não me dou bem com os evangélicos.
Só me perseguem. Não me entendem — desabafou.

Caio Fábio: Depois dele, foi minha vez. Contei como me tornara um cristão e quais eram os meus compromissos de vida.
— Mas por que você faz coisas tão estranhas? E por que tanto misticismo e tanta ênfase em coisas controvertidas? — perguntei a Macedo.

Edir Macedo: — Olha, cada um pesca com o que tem e como sabe. Você pesca com camarão. Fala bem, é preparado e ganha gente preparada. Outro pesca com pão. Outro com minhoca. E tem peixe que só gosta de minhoca. E tem outros que pescam como eu, com fezes. Tem gente que só gosta do que eu ofereço. O povo que eu quero não vai te ouvir. É gente que ninguém quer. Eu quero. É o pessoal que eu consigo pescar do meu jeito, com as coisas que eu ofereço — ele falou quase como se estivesse filosofando sobre algo absolutamente novo.

Caio Fábio: — Mas você não acha que dizendo que cada um dá o que tem e o que as pessoas querem, você está dizendo que o evangelho não tem conteúdo? E que a gente pode adulterar a mensagem como quiser pra atender aos gostos deste mundo? É isso que você tá dizendo? — indaguei sem querer ser rude, mas achando crucial a resposta dele. Afinal, era a primeira vez que eu ouvia um líder religioso ocidental confessar com sinceridade e honestidade que os fins justificavam os meios. Muitos agiam segundo a mesma filosofia, mas maquiavam muito bem suas ações.
Macedo, entretanto, era honesto em suas convicções e não tentava me iludir a respeito.

Edir Macedo: — Eu não tenho paciência pra filosofia. Aqui a gente não tá querendo pensar muito nessas coisas. A Nova Vida parou porque ficou com essas perguntas todas. O negócio é ganhar gente. Também não gosto desse negócio de Escola Bíblica Dominical e nem de seminário. Teologia tira a garra do obreiro. Eu não tenho essas coisas na Universal”.

Fonte: Caio Fábio, Confissões do Pastor, 1996, Editora Record, págs 199-202.

9 comentários:

  1. Essa entrevista ficou muito aquem de ambos os lados.

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  2. Webstter,

    Tem que considerar o momento em que ela foi feita, ano de 1991, portanto há 21 anos atrás.

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  3. Como diaria o Kiko., lá do Chaves; ki coisa Não!kkkkkkkkkk...

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  4. Prezado Pr. Juber, o mais incrível é ter quem siga tais doutrinas.

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  5. fico muito triste com tamanha revelação, saber que alguem que deveria levar a verdade do evanelho, acaba levando só o que lhe intereça. por isso resovie criar um blog onde coloco nosso olhar só em jesus cristo. desde já agradeço por comprtlhar!
    visite (olhandoprajesuscristo.blogspot.com.br)

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  6. Coitados a insensatez leva a muitos a acreditar até hoje no que os outros falam, escrevem sem ao menos avaliar, toda historia tem que ter inicio meio e fim e as fases se completam. Porque os atiradores de pedras os invejosos os confusos e os que es que estão só buscando conhecimento para debaterem o seu ponto de vista com outros, não se alistam e fazem se cumprir o que Deus nos manda Ganhar Almas não confundi-las, lembre-se se conhece as arvores pelos frutos. Se vcs tem alguém para atacar este é o Diabo, parem de ficar avaliando erros nos outros se consertem pois a fila anda cuidado para num descuido não se acharem perdidos e de repente darem de cara com o chifrudo e depois tentar ficar se justificando para ele, olha bem o que estão fazendo!

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  7. Respostas
    1. Louco, Caio? Louco é o Edir Macedo que barganha o povo fazendo uso da Bíblia em prol de si mesmo. Vcs precisam pesquisar a vida deste cidadão e ler a bíblia com os olhos do Cristo e verás que este louco do Edir é um vendilhão de mentiras.

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