Nos dias do ministério terreno de Jesus, os sacerdotes, os escribas e os fariseus eram os porta-vozes da religião oficial. Eles ensinavam e defendiam os valores da Tradição: o templo, a Lei, a Pureza. Sua missão era manter vivas no povo a Aliança e a esperança da chegada do Reino de Deus. Mas para muitos o ensino oficial já não revelava a face de Deus nem o sentido profundo do Templo, da Lei e da Pureza. A prática da religião, com suas centenas de leis e normas, tinha se tornado o peso que os fazia sofrer (Mateus 11:28), com sua busca praticamente obsessiva pela pureza. A impureza ameaçava de todos os lados, o mal estava em toda a parte. Em vez de sentir-se bem diante de Deus e feliz com a perspectiva do seu reinado, o povo tinha a consciência pesada, pois não conseguia observar a Lei (Rm 7:15-19). Não entrar no Reino (Mat 23:13), nem alcançar a liberdade dos filhos de Deus.
Uma contradição marcava a vida do povo. O projeto do governo vinha de fora (Império Romano). Não levava em conta a cultura nem a religião do povo. Era contrário a Tradição. Mas as autoridades religiosas que deveriam defender a Tradição, muitas delas estavam de mãos dadas com a política do governo. Os fariseus, por exemplo insistiam na pureza (Mc 7:1-12) e diziam ser contra os romanos, mas alguns deles se uniam aos herodianos para atacar Jesus (Mc 3:6; 8:15;12:13). Os escribas insistiam na Lei de Moisés, mas muitos deles arrancavam dinheiro do povo (Mc 12:38-40), aprovavam o assassinato de João Batista pelo governo de Herodes (Mc 11:31,32), e se reuniam com os sacerdotes e anciãos contra Jesus que os incomodava (Mc 11:18). Os sacerdotes, apesar de preocupados com o culto, permitiam que o Templo se transformasse num antro de exploração (Mc 11:17), e permitiam que o Sumo Sacerdote fosse nomeado por Roma. Seria o mesmo que o Governo Federal, Estadual ou Municipal aqui no Brasil nomeasse os pastores nas igrejas. A política romana favorecia os interesses desta elite e tinha nela um apoio no controle e na repressão ao povo (João 11:45).
Essas autoridades religiosas diziam defender a Tradição, a Lei, a Pureza, a Escritura, o Sábado, o Templo. Mas o que elas defendiam já não era o que Deus queria. Muitas vezes, na mão deles, a Tradição anulava a Lei (Mc 7:13), a Lei anulava a vida (Mc 2:27), as normas da pureza sobre o povo (Mat 11:28), o Templo era usado para ganhar dinheiro (Mc 11:17), e a Escritura estava coberta por um véu (2 Cor 3:12-15). Sem se dar conta, defendiam uma religião alienada que já não promovia nem defendia a vida do povo.
Bibliografia: Mesters, Frei Carlos, Com Jesus na Contramão, Paulinas, 2010.
Continua...
Juber, não demora pra continuar, porque esse comecinho tá bão demais da conta, sô!
ResponderExcluirRubinho,
ResponderExcluirObrigado amigo, prometo que não vou demorar. Amanhã eu postar mais um subsídio da Escola Dominical como venho fazendo e depois no máximo até segunda feira, já estou colando a parte 2 desse texto.
Abração