Gosto de ler o livro de Amós. É significativo evocar o profeta Amós, camponês que se tornou autor bíblico. "Sou vaqueiro e plantador de sicômoros", definia-se ele (7,14). Viveu há vinte e oito séculos, em Técua, num sítio próximo a Belém da Judéia.Israel era governado pelo rei Jeroboão II (786-746 a.C.), cuja política econômica consistia em aumentar a carga tributária, extorquindo sobretudo os assalariados e diaristas, para favorecer as importações, endividando o país. O Estado era rico e o povo, pobre. Pesquisas arqueológicas revelam que, quanto mais endinheirada a nobreza, mais suntuosos os palácios da Samaria, em contraste com a miséria dos casebres da população.
Versado em política e relações internacionais, graças ao trabalho de comercializar queijos, lã e couro nos principais mercados da região, Amós deixou o reino do Sul, onde vivia, e dirigiu-se ao Norte. Indignado frente a tanta desigualdade, denunciou os que "vendem o justo por dinheiro e o necessitado por um par de sandálias" (2,6), ou seja, juízes e fiscais que aceitavam subornos para aplicar multas que resultavam no confisco da terra dos camponeses."Pai e filho dormem com a mesma mulher" (2,7), vociferava o profeta contra os patrões que transformavam suas empregadas em prostitutas. Os governantes "em seus palácios entesouram violência e opressão, e não sabem viver com honestidade" (3,10).O tempo e os recursos que as mulheres ricas perdiam no cuidado da vaidade levaram Amós a apelidá-las de "vacas de Basã", que "vivem em casas de marfim nos montes da Samaria, oprimem os fracos e maltratam os necessitados" (4,1).As autoridades e os juízes "transformam o direito em veneno e atiram a justiça por terra" (5,7), "odeiam os que defendem o justo no tribunal e têm horror de quem fala a verdade" (5,10). Os trabalhadores "pagam pesados impostos, constroem casas de pedras lavradas nas quais nunca irão morar e plantam vinhas de ótima qualidade sem jamais saborearem o vinho" (5,11).
Primeiro profeta a assinar um livro da Bíblia, Amós não fazia rodeio com as palavras. Denunciava os abastados que "deitam-se em camas de marfim, esparramam-se em cima de sofás, comendo cordeiros do rebanho e novilhos cevados em estábulos, cantarolam ao som da lira, bebem canecões de vinho e usam os mais caros perfumes" (6,4-6). No comércio, "diminuem as medidas, aumentam o peso e viciam a balança" (8,6). Os agiotas, "no templo de seu deus bebem o vinho dos juros" (2,8).Ainda assim, a elite revestia-se de uma religiosidade exuberante. O profeta, entretanto, não se deixava iludir e Deus falava por suas palavras: "Detesto as festas de vocês, longe de mim o ruído de seus cânticos, nem quero escutar a música de suas liras. Eu quero, isto sim, é ver brotar o direito como água e correr a justiça como riacho que não seca" (5,21-24).
Amós criticava aqueles que enchiam a boca de discursos políticos e religiosos e, no entanto, permaneciam indiferentes ao sofrimento do povo. Para ele, tudo aquilo era "tão absurdo como arar o mar com bois ou encher de pedras a pista e esperar que os cavalos corram" (6,12). Como se vê, a mensagem do livro do Profeta Amós, continua atual.
concordo pastor, nada mudou,continua a iniquidade nos corações.
ResponderExcluirO que lemos em Amós, é a verdade de hoje,povos em sofrimento,oprimidos para sustentar religiosos abastados e sem temor a Deus.
ResponderExcluirquando eu estava lendo sua materia,me vi nos dias atuais,ñ mudou nada,é a mesma situação,infelismente.o rico oprimindo o pobre.
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