O protesto de um grupo de 13 alunos evangélicos do ensino médio da escola estadual Senador João Bosco Ramos de Lima - Zona Norte da cidade de Manaus/AM -, que se recusaram a fazer um trabalho sobre a cultura afro-brasileira – gerou polêmica entre os grupos representativos étnicos culturais do Amazonas.
Os estudantes se negaram a defender o projeto interdisciplinar sobre a ‘Preservação da Identidade Étnico-Cultural brasileira’ por entenderem que o trabalho faz apologia ao “satanismo e ao homossexualismo”, proposta que contraria as crenças deles.
Por conta própria e orientados pelos pastores e pais, eles fizeram um projeto sobre as missões evangélicas na África, o que não foi aceito pela escola. Por conta disso, os alunos acamparam na frente da escola, protestando contra o trabalho sobre cultura afro-brasileira, atitude que foi considerada um ato de intolerância étnica e religiosa. “Eles também se recusaram a ler obras como O Guarany, Macunaíma, Casa Grande Senzala, dizendo que os livros falavam sobre homossexualismo”, disse o professor Raimundo Cardoso.
Para os alunos, a questão deve ser encarada pelo lado religioso. “O que tem de errado no projeto são as outras religiões, principalmente o Candomblé e o Espiritismo, e o homossexualismo, que está nas obras literárias. Nós fizemos um projeto baseado na Bíblia”, alegou uma das alunas.
Intolerância gera debate na escola
A polêmica entre os alunos evangélicos e a escola provou a ida de representantes do Fórum Especial de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros do Amazonas, da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Amazonas, e do Ministério Público do Estado.
Edson Melo afirmou que desde 2003 existe a lei federal 10.635, que trata da obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nas escolas. "Essa lei existe e é aplicada em todas as escolas brasileiras, há sete anos esta escola realiza uma feira cultural que objetiva ensinar os alunos sobre a contribuição das diversas culturas para a formação da identidade brasileira e isso nunca ocorreu", explicou o diretor.
Segundo Edson Melo, diretor de Programas e Políticas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), a feira tratou da cultura, arte, música, dança e culinária dos afro-brasileiros. O professor propôs um trabalho sobre o candomblé, entretanto quando chegou no dia da apresentação do trabalho os alunos quiseram apresentar sobre as missões evangélicas na África, o professor não aceitou. "O espaço de toda e qualquer escola não existe para formar mentes intolerantes, que passam um borracha na história cultural do Brasil", declarou o diretor, dizendo que a sociedade em geral, independente da religião, não pode se tornar um povo sem memória.
Os 13 alunos envolvidos no caso estão indo às aulas normalmente e, segundo Edson, prometeram encaminhar a Presidência da República um ato de repúdio, alegando que sofreram bullying e que não houve espaço para a religião evangélica na feira, além de não terem aprovado a escolha da obra Jubiabá de Jorge Amado, onde um dos personagens é amigo de um pai de santo.
A influência da cultura africana não se restringe á religiosidade. Nossa música, nossos hábitos alimentares, nosso espírito festeiro, e até nosso vocabulário sofreram forte influência do continente que é o berço da civilização humana. E sinceramente, deveríamos estudar sua religiosidade da mesma maneira como estudamos as mitologias grega e nórdica. Mas nosso preconceito nos impede disso. É preferível demonizar toda uma cultura a expor nossos filhos à sua nefasta influência.
Muitas vezes confundimos evangelização ou obra missionária com aculturação. É claro que os missionários levaram muita coisa boa consigo, tanto para África, quanto para tantos outros rincões. Semelhantemente, recebemos muita coisa boa da África, e não apenas suas crenças.
Ao ler a Palavra vejo muito a Africa nas páginas sagradas. O Egito está lá no Antigo e no Novo Testamento. Moisés e o próprio Jesus passaram um tempo lá. Na rainha do Sul que veio conhecer Salomão. No Eunuco da Etiópia que foi evangelizado por Felipe. Simão de Cirene que ajudou Jesus a carregar a cruz era do Norte da Africa e é retratado em muitas inscrições antigas como sendo de cor negra. A África também forneceu a humanidade um grande nome da teologia e filosofia que foi Agostinho de Hipona.
Deus é o Senhor de todas as nações. Existe ação de Deus na história que nem sequer imaginamos conforme Ele mesmo disse através do profeta Amós que o êxodo hebreu não foi o único que Ele promoveu: "Não me sois, vós, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? diz o SENHOR: Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e aos filisteus de Caftor, e aos sírios de Quir?" (Amós 9:7).
Paz do Senhor, pastor!
ResponderExcluirRecentemente, vi esta notícia através do Facebook, foi compartilhado por uma mulher espírita que criticou este ato.
Na minha opinião, não sei onde esses alunos estão tendo educação bíblica, escola é escola, devemos simplesmente fazer nossas atividades, entregá-las seja de quem for, eu por exemplo, gosto muito do livro O Guarani e isto não interfere na minha crença cristã e nunca afetará, simplesmente horrível a atitude desses alunos.
Esse tipo de atitude só mancha os evangélicos no Brasil, e por essas e outras que somos chamados de intolerantes.
Anderson,
ResponderExcluirEu me lembro da época em que alunos se recusavam a participar de aula de educação física por causa da religião. Hoje, evoluímos nesse quesito mas ainda precisamos esclarecer e ensinar melhor nossas crianças, jovens e seus respectivos pais, visto que vivemos num mundo em transformação, com desafios dentro da chamada pós-modernidade que tem resposta dentro de uma contextualização da Palavra de Deus.
Obrigado pela participação, um abraço.
Cada uma que acontece, hein! Quando Paulo pregava, usava a cultura grega dominante como contexto para inserir a mensagem de Jesus. Esses alunos aí nunca poderão testemunhar de Jesus aos negros, sejam da África, sejam do Brasil. Triste.
ResponderExcluirRubinho,
ResponderExcluirBem lembrado o exemplo de Paulo, que numa época onde não havia televisão, para ele falar das competições olímpicas, somente se ele foi ver pessoalmente. Paulo pregou em locais repletos do panteão de deuses gregos e falou sobre o Deus desconhecido!
Um abração.