quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ainda sobre o divórcio e novo casamento


 
São várias questões levantadas sobre divórcio e novo casamento que não foram contempladas na postagem anterior.
 
Em que momento o casamento é desfeito? Após a morte somente, ou após o divórcio? E, se desfeito, os irmãos estão livres para casar, ou devem permanecer sozinhos.
 
Os mais extremistas acreditam que não pode haver divórcio em nenhuma situação: “Se foi traído, perdoe e reconcilie. Se foi abandonado, fique sozinho. Se sofre agressão física em casa, tenha fé que o conjugue um dia vai ser transformado, enquanto isso, agüente firme as pancadas!”
 
Outros um pouquinho mais moderados, dizem: “A parte inocente pode divorciar em caso de adultério e abandono, mas casar de novo, não”.

Vale lembrar que o divórcio, nos casos de infidelidade conjugal, não se trata de um imperativo, mas de uma permissão. A parte inocente ou ofendida pode, se assim desejar, entendendo que é o melhor a fazer, perdoar o cônjuge infiel, e contar com a graça de Deus na restauração e manutenção de seu casamento e família.
 
O divórcio é, como no tempo de Jesus, uma solução parcial para uma situação série e cruel e pode ser a única solução razoável. Desastrosos triângulos amorosos, crueldade doméstica, abuso de crianças, homicídio e suicídio (há casos de ocorrências porque a igreja proibia o divórcio), são algumas das consequências documentadas de casamentos que falharam, mas não terminaram. O fracasso nos casamentos vem primeiro, depois o divórcio.
 
Devemos lembrar que Jesus foi questionado se poderia haver divórcio por qualquer motivo, Mateus 19:03. Acredito que além da infidelidade conjugal e deserção obstinada, também pode ser incluído como um terceiro motivo para o divórcio: o abuso ou agressão física. São pessoas que sofrem coisas como, espancamento, assédio moral ou mental, ameaças de morte. Uma verdadeira tortura!
 
Definido as excessões da permissão ao divórcio, vem a segunda questão: pode-se realizar um segundo casamento? Há respaldo bíblico?
 
Sim, acredito que nos três casos acima, infidelidade conjugal, abandono obstinado e agressão física, existe a permissão para um segundo casamento, para a parte inocente.
 
1 - No caso de adultério, conforme, conforme Mateus 5:32: "Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério". O texto diz que cometerão adultério os que se casarem com repudiados de casamento anterior onde não houve adultério. Infere-se que em havendo adultério, existe liberdade para um casamento que não será adulterino, conforme Mateus 19:09: "Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua  mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério".
 
2 - No caso do abandono, Paulo ensina em I Coríntios 7:15: "Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz". Infere-se da passagem que a servidão referida é a de ficar casado com a pessoa que abandona o lar, pressupondo que nesses casos, o crente poderia seguir adiante e casar outra vez. Era de se esperar que Paulo diria algo contra casar outra vez, se fosse esse o caso, mas ele não diz. O que ele foi contra, foi a pessoa crente se separar do descrente, alegando que o outro não era cristão. Nesse caso, ele diz para se reconcilar ou ficar sem casar, I Cor 7:11.
 
3 - A base para o terceiro motivo é o aplicativo ao princípio que Jesus deixa claro que a vida é maior do que o mandamento (Mateus 12:1-12). Na minha opinião é muito farisaísmo e até desumanidade, um líder cristão chegar para uma pessoa que está sendo agredidade é dizer que tem que continuar no relacionamento, ou melhor dizendo na "servidão", I Cor 7:15. A pessoa que é vítima de abuso, além de pedir o divórcio, deve ainda invocar a Lei Maria da Penha para o agressor. 
 
A controvérsia acerca do divórcio no mundo cristão tem sido interminável. Centenas de escritores têm se expressado a respeito, e ele tem sido debatido em concílios e convenções denominacionais há séculos, mas nosso povo ainda continua sem entendê-lo bem.
 
Nos dias atuais, no meio evangélico brasileiro, há inúmeros casos de pastores e de ovelhas que se divorciaram sem se enquadrarem nos casos bíblicos, e que se casaram novamente. Há também as questões práticas que envolvem o divórcio. Sobre isso o pastor Esequias Soares comenta de maneira bastante pertinente, em seu livro, O Divórcio à luz da Bíblia:
 
“O problema do divórcio não se resume ao que temos visto até agora. Há o lado prático, extremamente complexo e, em muitos casos, de difícil conclusão [...]. O Senhor Jesus disse que quem casa com o cônjuge divorciado ou divorciada, que tenha sido a parte infiel no primeiro casamento, comete adultério. Assim ambos estarão em adultério (Mt 19.9; Mc 10.11, 12). Como a Igreja pode receber em comunhão uma pessoa que cometeu adultério, destruiu o próprio lar, depois vem com outro cônjuge pedir a sua reconciliação com a Igreja, visto que à luz da Bíblia ambos estão em adultério? Será que não há reconciliação para situações dessa natureza? A Bíblia nada declara sobre isso. Afirma apenas que eles estão em adultério, mas não diz se a situação é irreversível. Fica difícil generalizar, pois cada caso é um caso. Em situações extremas, cabe ao pastor da Igreja analisar cada situação”.

11 comentários:

  1. Olá, pastor.

    Tenho escrito sobre as lições da EBD. E senti na pele o quanto o assunto é bastante polêmico e delicado.

    Ao abordar esta pauta eu tomei cuidado com as palavras, mais do que o de costume, para não ir além do conteúdo bíblico e também não ser indelicado com quem passa ou passou pela crise conjugal.

    Vi o quanto o tema remexe feridas!

    Abraço.

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  2. Eliseu,

    Realmente é um assunto delicado e polêmico. O que eu disse aqui, expressa o que creio e entendo de acordo com as Escrituras, seja o que no que está dito ou onde dá para usar um aplicativo. O que escrevi aqui, falararia em qualquer lugar a mesma coisa.

    Um abraço.

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  3. Pastor Juber.

    Graças a Deus sou alguém muito feliz neste departamento, na minha casa reina a paz e alegria da presença do Senhor no relacionamento com a esposa e a prole. Todos servem a Deus.

    E nesta condição, com humildade, posso dizer que tenho a oportunidade de usar a Palavra de Deus e muitas extrair lições dos meus 27 anos de vida conjugal, posso usar a experiência de casado para junto com minha esposa formular aconselhamentos para casais. E fazemos isso com prazer.

    Sobre casos de vítimas de traição e de violência física, lembro que o mandamento do amor possui equilíbrio. É preciso amar o outro como amamos a nós mesmos. Então, quando um marido ou mulher se coloca dentro de uma rotina extensa na posição de inferioridade e humilhação, ela não está prestando obediência ao Senhor.

    Entendo que é necessário cuidar bem do corpo, para que com tenhamos por meio dele condições de glorificar e servir a Deus com saúde! Em caso de agressões graves de cônjuge contra cônjuge, ou pai/mãe contra filhos, acredito que podemos usar 1 Coríntios 6.18, o trecho bíblico em que somos alertados por Paulo a preservar o templo do Espírito Santo. A preservação no caso é o afastamento físico motivado por questão de risco através de doenças sexualmente transmissíveis, através do contato íntimo com da pessoa infiel no casamento, e também os casos de espancamentos.

    Sobre o novo casamento, também estudei por muito tempo o tema nas páginas bíblicas, e concluí que o novo casamento só é permitido em casos de adultério consumado. Eu respeito opiniões diferentes da minha.

    É raro eu falar a respeito do assunto sem ser solicitado. Ultimamente, em espaço reservado, os pedidos são muitos e jamais me recuso a comentar. Os solicitantes são pessoas com o coração dolorido, precisamos orar muito por elas!

    Abraço.

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  4. Eliseu,

    Que Deus abençoe você e sua esposa no aconselhamento dos casais, pois isso é um trabalho muito importante, principalmente no cenário que vivemos. Eu também respeito as opiniões diferentes da minha. No caso, divergimos sobre novo casamento. O que acredito, é o que expus na postagem, que entendo pelos textos bíblicos citados que em casos de adultério, abandono do lar e agressão física, a parte inocente pode contrair um novo casamento. Ficar eunuco sem casar, como disse Jesus, nem todos estão aptos para receber isso. Paulo já fala em servidão. Ora, ficar livre, é ficar realmente livre, senão não deixaria de uma certa forma, estar ainda sob um jugo ( a proibição de casar), expondo a pessoa a pecar de outra forma. Creio que é melhor casar do que abrasar. É o meu parecer.

    Um abraço

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  5. A EXPRESSAO "NOS CHAMOU PARA A PAZ" NAO TEM NADA A VER COM RECASAMENTO, E QUE OBVIAMENTE SERIA UMA CONTRADIÇAO COM O VERSO 11, MAS FALA DO CRENTE ESTAR LIVRE DE QUALQUER CULPA SOBRE AS OBRIGAÇOES CONJUGAIS CASO O DESCRENTE O ABANDONE.

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  6. Webstter,

    Eu não me referi a essa frase "nos chamou a paz" como referência para um novo casamento. O versículo 11 não tem contradição nenhuma com o verso 15. Acredito que fui claro na postagem. O texto do post diz o seguinte:

    "2 - No caso do abandono, Paulo ensina em I Coríntios 7:15: "Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz". Infere-se da passagem que a servidão referida é a de ficar casado com a pessoa que abandona o lar, pressupondo que nesses casos, o crente poderia seguir adiante e casar outra vez. Era de se esperar que Paulo diria algo contra casar outra vez, se fosse esse o caso, mas ele não diz. O que ele foi contra, foi a pessoa crente se separar do descrente, alegando que o outro não era cristão. Nesse caso, ele diz para se reconcilar ou ficar sem casar, I Cor 7:11".

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  7. o grande problema é o "pressupondo"
    nao tendo uma certeza como "fique sem casar ou reconcilie-se.Acredito que so a morte quebra esta ligaçao.

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  8. o único que pode julgar qualquer pessoa é Deus, porém não cabe os ministros do evangelhos veem suas ovelhas sendo abatidas por certos maridos, isto é humilhads, espancadas, pisadas e acharem que tem que continuar com um casamento porque a bíblia condena o divórcio , como essa alma chegará ao céu, jesus quer ver suas obreiras infelizes, em lágrimas, vivendo um evangelho hipócrita, quantas pessoas passam por isso mas ninguém só jesus!!!!!!

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  9. Se uma irmã fiel a DEus for divorciada porque seu marido evangelico psicopata,usuario de drogas judiava demais dela,ela ja e mal vista,sofre preconceitos.Os anos passam,um Servo de Deus Quer casar com ela.e ai?eles nao podem ser felizes juntos?e se o irmao não AmR mais ninguem?imaginem ele fornicando por ai pq um pastor orientou assim?aguardo resposta
    S

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  10. Anônima,

    Essa resposta eu já dei no texto:
    "Devemos lembrar que Jesus foi questionado se poderia haver divórcio por qualquer motivo, Mateus 19:03. Acredito que além da infidelidade conjugal e deserção obstinada, também pode ser incluído como um terceiro motivo para o divórcio: o abuso ou agressão física. São pessoas que sofrem coisas como, espancamento, assédio moral ou mental, ameaças de morte. Uma verdadeira tortura!
    Definido as excessões da permissão ao divórcio, vem a segunda questão: pode-se realizar um segundo casamento? Há respaldo bíblico?
    Sim, acredito que nos três casos acima, infidelidade conjugal, abandono obstinado e agressão física, existe a permissão para um segundo casamento, para a parte inocente.
    A base para o terceiro motivo é o aplicativo ao princípio que Jesus deixa claro que a vida é maior do que o mandamento (Mateus 12:1-12). Na minha opinião é muito farisaísmo e até desumanidade, um líder cristão chegar para uma pessoa que está sendo agredidade é dizer que tem que continuar no relacionamento, ou melhor dizendo na "servidão", I Cor 7:15. A pessoa que é vítima de abuso, além de pedir o divórcio, deve ainda invocar a Lei Maria da Penha para o agressor".

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  11. Sempre tive duvida sobre isso, agora estou entendendo que a parte que foi traída tem o direito de ter um novo casamento, e o que foi o traidor não, isso que é o respaldo bíblico???

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