Sei
que existe uma discussão teológica muito antiga envolvendo a temática da
eleição divina, predestinação e livre-arbítrio do homem. Agostinho e Pelágio,
Calvino e Armínio, defenderam suas convicções de forma apaixonada, e os que comungaram
ou comungam com o mesmo pensamento da mesma forma. Isso tem ocorrido durante
séculos de história do cristianismo.
Se você me perguntar que linha teológica eu
sigo, relacionado a doutrina da salvação, eu diria que creio na predestinação e
no livre-arbítrio. Mas não é contraditório, alguém diria? Sim, para quem crê em
uma das opções de forma engessada. Em torno dessa discussão se criou uma
celeuma sobre algo que é um Mistério. Mistério é mistério. Deus é Deus! Deus é!
O resto é tentativa humana de linearizar aquilo que não é linear. A História é
linear, Deus não. Na História há antes, durante e depois. Mas para Ele tudo é.
Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos, pois para Ele todos vivem.
O
significado disto é a eternidade. Eternidade não linear. Se fosse linear não
seria eternidade, seria tempo. Abraão viveu há alguns milênios em relação a
mim. Mas para Deus tudo está acontecendo a um tempo só. Entendeu? É claro que
não! Não é para entender, é para crer! Trata-se de um “saber em fé”, não um
saber racional. Quem crê na segurança da salvação não tem que ter mais nenhuma
questão. Quem foi pro céu tem nome: Lazaro. Quem foi pro inferno não tem nome:
um rico. Assim eu vivo: afirmo o nome de quem vai pro céu, e me calo sobre o
nome de qualquer um que vá para o inferno. Dizer o nome de quem vai para o céu
é uma esperança bem-aventurada, já para o inferno, o julgamento disso, pertence
a Deus. Se Jesus não deu nome a quem está indo para o inferno, por que eu
darei?
Desse modo, toda essa história sobre a
predestinação é pretender fazer de Deus um escravo da seqüência histórica do
tempo. O Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo. Tudo o que foi criado
nasce desse ato primordial e eterno. Para Deus, o que é, é! Hoje em dia até a
física quântica ajuda a gente entender a discutir com categorias temporais do Macro
Universo, daquilo que pertence a categorias atemporais, e que não são nem do
micro-cosmos, mas da própria essencial do ser de Deus. Romanos capítulos 9 a
11, não é para ser explicado, é para ser crido. É um saber em fé. Se houvesse
explicação Paulo a teria dado. Ele, no entanto, termina o raciocínio com a
entrega da razão à adoração: Quem conheceu a mente do Senhor? (Rm 11). O resto
é tentativa humana de expressar o inexprimível, e que só pode ser apreendido
pelo espírito, e pela fé. O homem espiritual não “entende” todas as coisas, ele
as discerne, conforme Paulo no ensinou. A maravilha não é entender, é saber em
fé!
Em
I Coríntios 1:23, diz que a mensagem da cruz era loucura para os gregos. O que
a igreja fez no fim do era patrística, na Idade Média e continuou fazendo
depois da Reforma Protestante? Tentar explicar Deus pela filosofia grega.
Sintetizando os vários pensadores cristãos através dos séculos, diria que foi
isso que Agostinho (através de Platão), e Tomás de Aquino (através de Aristóteles)
tentaram fazer.
A
doutrina protestante do “livre exame da Escritura” é totalmente bíblica. O problema
não é ter liberdade para “examinar”, e sim, não examinar a partir de uma “teologia
sistemática”. Daí em diante, mesmo na Bíblia, acha-se o que se desejar
achar. Daí termos: Calvinismo, Armenianismo, Teísmo Aberto, e etc. Afinal, as “sistematizações”
só se utilizam das evidências que “fecham o sistema”. A Bíblia, todavia, é
propositalmente “paradoxal”, e, por vezes, até “contraditória” para os padrões
de pensamento da filosofia grega. Paulo já dizia que a Cruz é loucura
para os gregos. Como, então, seria um “método grego” que nos ajudaria a
entender a Palavra? O que o “método” fez foi nos ajudar a criar “doutrinas”,
incapacitando-nos a fazer “síntese” da revelação!
yes
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