quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Igreja e Política


Vem aí mais uma eleição. Nos últimos anos, o segmento da sociedade brasileira que mais se adensou politicamente, foi a igreja evangélica. Em razão de seu grande crescimento numérico e de demonstrações claras, por parte de alguns líderes, de uma imensa volúpia por alcançar posições de comando na vida nacional, a igreja evangélica tem sido objeto de várias investidas de todos os lados.
 
Primeiro, de dentro, surgem os que nem sempre tem compromisso com a fé ou com o preparo para o exercício político, mas que tem acesso às multidões de crentes que enchem os nossos templos. E aí, nessa hora, para alguns deles, vale tudo. O esperançosismo evangélico, algumas vezes simplista, é usado ao extremo por esses que vendem à igreja, a idéia de que os males da nação só serão resolvidos, quando pessoas que se digam evangélicas estiverem em todos os lugares-chaves do país.
 
Além desses, há também os de fora, que chegam, geralmente por duas vias: a convite de alguns líderes inescrupulosos que negociam, pretensamente, o voto de toda a comunidade em troca de favores ou de mera sensação de proximidade ao “poder”. Ou ainda, mediante a investida objetiva e sedutora daqueles que vêm trazendo a proposta do “tudo isso te darei, se engajado me apoiares”. E alguns, seja por ingenuidade ou por maligno pragmatismo, cedem à tentação e aceitam fazer o que Jesus não fez; pois ao ser confrontado com algo semelhante, manifestou-se com um forte brado: “Arreda-te!”
 
É um ótimo negócio ser evangélico quando se pleiteia um cargo eletivo. Afinal, no Brasil de hoje, nós somos uma enorme minoria, com perspectivas concretas, nos próximos anos, tornarmo-nos maioria. Pela maneira como centenas de “pastores” – alguns incautos e despreparados – lançam-se a um lugar na política, dá-se a impressão de que se quer transformar no futuro, o Palácio do Planalto numa espécie de Vaticano: Estado religioso, dirigido por pastores e despachantes de igrejas. Pode ser o filme Constantiniano em versão nacional.
 
Deus nos livre!
Pode haver militância política, mas que sejam representantes genuínos, legítimos e conscientes. Porque se não a igreja, torna-se “massa de manobra” nas mãos dos “espertos de fora” que marionetam os “bonecos de dentro”, a troco de carros equipados para evangelização, bancos para templos, terrenos para para a comunidade, ou empregos para parentes dos líderes. A maioria dos nossos candidatos são “bonecos de ventrílogos”: sem voz própria, sem o mínimo de consciência ideológica, sem plataforma e sem programa. Tudo o que eles sabem é dizer: “Esta é a hora do povo de Deus”.
Hora de quem e para o quê? – pergunto eu.
Aqueles cujas únicas propostas são a criação de praças da Bíblia, título de cidadão honorário a pastores e lutas por querelas religiosos, não terão o meu voto.
 
Na minha opinião, pastor ou quem deseja candidatar que o faça. Mas, quem desejar pleitear um cargo desses, deve fazê-lo em nome de sua própria consciência como cidadão, e nunca como pastor, em nome da igreja e muito menos em nome de Deus. Fazer isto é ideologizar a Deus e a igreja. O fim é sempre blasfemo e corrompido.Portanto, não sou contra cristãos na política, porém sou veementemente contrário à utilização da igreja para essa finalidade. Hoje tudo não passa de um grande nojo. Já pensou se o ministério terreno de Jesus, estivesse acontecendo agora e ele entrasse, nas igrejas em ano de eleição. Faria com azorrague e de lá expulsaria os cambistas da corrupção. Foi Ele quem disse que o “reino de Deus não é deste mundo e não está entre nós com visível aparência, visto que está em nós”.

4 comentários:

  1. Parabéns por tais palavras!!
    tbem fico indignada com a posição da igreja diante e durante as eleições politicas os "crentes" perdem a sua verdadeira identidade cristã.

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  2. Sirley,

    Obrigado pela sua visita e participação.

    Graça e paz.

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  3. Quanto ao envolvimento na política, o que relatam os historiadores seculares sobre a atitude dos que são conhecidos como cristãos primitivos?

    “O primitivo cristianismo foi pouco entendido e foi considerado com pouco favor pelos que governavam o mundo pagão. . . . Os cristãos recusavam-se a participar em certos deveres dos cidadãos romanos. . . . Não aceitavam ocupar p. 265cargos políticos.” — On the Road to Civilization, A World History (Filadélfia, EUA, 1937), de A. Heckel e J. Sigman, pp. 237, 238.

    “Os cristãos se mantinham alheios e separados do estado, como raça sacerdotal e espiritual, e o cristianismo parecia capaz de influenciar a vida civil apenas desse modo, sendo este, é preciso confessar, o mais puro, por praticamente se esforçarem a incutir mais e mais o sentimento sagrado nos cidadãos do estado.” — The History of the Christian Religion and Church, During the Three First Centuries (Nova Iorque, 1848), de Augusto Neander, traduzido do alemão por H. J. Rose, p. 168.

    Tia. 4:4: “Adúlteras, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Portanto, todo aquele que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Por que é esta uma questão tão séria? Porque, conforme diz 1 João 5:19, “o mundo inteiro jaz no poder do iníquo”. Em João 14:30, Jesus se referiu a Satanás como “o governante do mundo”. Portanto, qualquer que seja a facção mundana que alguém apóie, sob o controle de quem está ele realmente

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  4. Oxe,isso não quer dizer nada,política e o estado civil de cada cidadão
    Jesus mesmo disse dê a César o quê é dê César

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