terça-feira, 21 de outubro de 2014

Eu e a Política

Confesso aos meus leitores, que já pensei em ser político. A idéia me veio a cabeça em 1989, quando depois de 29 anos, o Brasil elegia seu presidente de forma direta. Até um ano antes, eu era bem desligado da política nacional, fora alguma notícia aqui e ali que acompanhava por rádio.
 
Para começo de história, na minha casa não tinha aparelho de televisão, pois a nossa denominação religiosa (Assembléia de Deus) era contrária a aquisição daquela “caixinha do demo”. A televisão da nossa casa havia sido vendida quando me batizei aos treze anos juntamente com os meus pais. Acompanhava mais as eleições norte-americanas, do que as nacionais via rádio e revistas Veja e Visão. No rádio a noite, eu ligava na “Voz do Brasil”, e quando terminava eu sintonizava nas ondas curtas e ouvia a “A Voz da América”. Depois me ensinaram a sintonizar via ondas FM, a Tv Globo, com o áudio apenas. Pois é... era uma luta para me informar sem acesso a TV e antes do advento da internet!
 
A partir de 1988, comecei a me politizar mais nível local e nacional. No ano das eleições presidenciais acompanhei o horário eleitoral e os debates na TV. Aquilo me inflamou. Eu já havia terminado o ensino médio, tinha prestado meu primeiro vestibular, porém sem êxito. Então me matriculei em um curso teológico da EETAD. Comecei também a me posicionar ideologicamente pela esquerda.
 
Naquele ano, simpatizei com as campanhas de Mário Covas, Leonel Brizola e Lula. Votei em Covas no primeiro turno e ia votar no Lula no segundo, quando então na última semana, me deixei influenciar por toda aquela campanha anti-PT e anti-Lula, principalmente no tocante aquela premissa “socialismo no Brasil vai fechar as igrejas”. Pois é, embarquei na onda! Era um garotão de 21 anos. Pouco depois da posse do Collor, com o confisco das contas nos bancos, me arrependi de ter votado nele! Em 1992, com 23 anos de idade, não me uni nas manifestações de rua aos jovens caras pintadas pedindo o impeachment do Collor, mas admito que era um dos que torciam por isso, o que acabou acontecendo.
 
Coloquei na cabeça que 3 anos depois em 1992, eu me lançaria candidato a vereador. Eu era o líder de jovens da UMADUC, pensei em fazer uma campanha bem idealista, sem recursos baseados no apoio de simpatizantes e amigos.  Nesse período, gostava mais de ler a Revista Época do que a Veja, pois considerava a primeira mais “à esquerda”. Meu telejornal preferido era o “Jornal da Manchete” (da extinta TV) do que o “Jornal Nacional”, que para mim e meus companheiros de ideologia era considerado como da emissora praticamente “estatal do governo”.
 
Mas quando 1992 chegou, o mundo para mim deu voltas: fiquei desempregado no mês de fevereiro e no mês seguinte fui separado a presbítero, e mesmo tendo incentivo para sair candidato do então 1º vice-presidente da igreja na época, Pr. Laércio Moreira Marques (in memoriam),  senti que Deus não estava me direcionando para o caminho da política. 

Não me lancei candidato, ficando a apoiar o irmão da igreja, que na ocasião foi candidato. Não me arrependi até hoje dessa decisão! O caminho de Deus para mim, realmente era outro, mas eu respeito e admiro quem tem a vocação política, pois foi dito que: “quem não gosta de política e governado pelos que gostam”.
 
 Sobre as eleições desse ano, em outra oportunidade eu comento.

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