Confesso
aos meus leitores, que já pensei em ser político. A idéia me veio a cabeça em
1989, quando depois de 29 anos, o Brasil elegia seu presidente de forma direta.
Até um ano antes, eu era bem desligado da política nacional, fora alguma notícia
aqui e ali que acompanhava por rádio.
Para começo de história, na minha casa não
tinha aparelho de televisão, pois a nossa denominação religiosa (Assembléia de
Deus) era contrária a aquisição daquela “caixinha do demo”. A televisão da
nossa casa havia sido vendida quando me batizei aos treze anos juntamente com
os meus pais. Acompanhava mais as eleições norte-americanas, do que as
nacionais via rádio e revistas Veja e Visão. No rádio a noite, eu ligava na “Voz
do Brasil”, e quando terminava eu sintonizava nas ondas curtas e ouvia a “A Voz
da América”. Depois me ensinaram a sintonizar via ondas FM, a Tv Globo, com o áudio
apenas. Pois é... era uma luta para me informar sem acesso a TV e antes do
advento da internet!
A partir de 1988, comecei a me politizar mais nível local
e nacional. No ano das eleições presidenciais acompanhei o horário eleitoral e
os debates na TV. Aquilo me inflamou. Eu já havia terminado o ensino médio,
tinha prestado meu primeiro vestibular, porém sem êxito. Então me matriculei em
um curso teológico da EETAD. Comecei também a me posicionar ideologicamente
pela esquerda.
Naquele ano, simpatizei com as campanhas de Mário Covas, Leonel
Brizola e Lula. Votei em Covas no primeiro turno e ia votar no Lula no
segundo, quando então na última semana, me deixei influenciar por toda aquela
campanha anti-PT e anti-Lula, principalmente no tocante aquela premissa “socialismo
no Brasil vai fechar as igrejas”. Pois é, embarquei na onda! Era um garotão de
21 anos. Pouco depois da posse do Collor, com o confisco das contas nos bancos, me arrependi de ter votado nele! Em 1992, com 23 anos de idade, não me uni nas manifestações de rua aos jovens caras pintadas pedindo o impeachment do Collor, mas admito que era um dos que torciam por isso, o que acabou acontecendo.
Coloquei na cabeça que 3 anos depois em 1992, eu me lançaria
candidato a vereador. Eu era o líder de jovens da UMADUC, pensei em fazer uma
campanha bem idealista, sem recursos baseados no apoio de simpatizantes e amigos. Nesse período,
gostava mais de ler a Revista Época do que a Veja, pois considerava a primeira
mais “à esquerda”. Meu telejornal preferido era o “Jornal da Manchete” (da
extinta TV) do que o “Jornal Nacional”, que para mim e meus companheiros de
ideologia era considerado como da emissora praticamente “estatal do governo”.
Mas
quando 1992 chegou, o mundo para mim deu voltas: fiquei desempregado no mês de
fevereiro e no mês seguinte fui separado a presbítero, e mesmo tendo incentivo para sair candidato do
então 1º vice-presidente da igreja na época, Pr. Laércio Moreira Marques (in
memoriam), senti que Deus não estava me direcionando para o caminho da política.
Não me lancei candidato, ficando a apoiar o irmão da igreja, que na ocasião foi
candidato. Não me arrependi até hoje dessa decisão! O caminho de Deus para mim,
realmente era outro, mas eu respeito e admiro quem tem a vocação política,
pois foi dito que: “quem não gosta de política e governado pelos que
gostam”.
Sobre as eleições desse ano, em outra oportunidade eu comento.
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