terça-feira, 17 de março de 2015

NÃO COBIÇARÁS - SUBSÍDIO PARA EBD


Sucedeu, depois disto, o seguinte: Nabote, o jezreelita, possuía uma vinha ao lado do palácio que Acabe, rei de Samaria, tinha em Jezreel. Disse Acabe a Nabote: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está perto, ao lado da minha casa. Dar-te-ei por ela outra, melhor; ou, se for do teu agrado, dar-te-ei em dinheiro o que ela vale. Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o SENHOR de que eu dê a herança de meus pais. Então, Acabe veio desgostoso e indignado para sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jezreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, voltou o rosto e não comeu pão. Porém, vindo Jezabel, sua mulher, ter com ele, lhe disse: Que é isso que tens assim desgostoso o teu espírito e não comes pão? Ele lhe respondeu: Porque falei a Nabote, o jezreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, dar-te-ei outra em seu lugar. Porém ele disse: Não te darei a minha vinha. Então, Jezabel, sua mulher, lhe disse: Governas tu, com efeito, sobre Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita. (1 Rs 21.1-7)

Sobre a cobiça, em Êxodo 20.17 o mandamento do Senhor é claro:

Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

Observemos este mandamento de forma mais detalhada:

- Não cobiçarás a casa do teu próximo: Na primeira frase do versículo a expressão “casa” fala da totalidade daquilo que pertence ao próximo no contexto doméstico, do seu patrimônio familiar, dos seus bens, de suas posses.

- Não cobiçarás a mulher do teu próximo: O casamento é uma instituição divina. Quando alguém cobiça a mulher de seu próximo assume uma postura de destruir o que Deus uniu. Todas as vezes que a Lei de Deus é quebrada, haverá uma consequência para a vida daquele que a quebrou. As mulheres casadas devem ser tratadas com respeito, e devem também manter o respeito. Elas não devem ser cobiçadas, nem provocar ou alimentar a cobiça de quem quer que seja. Grandes sofrimentos e destruições em vidas, casamentos e famílias podem ser provocados com a quebra deste mandamento.

- Nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento: Na época, servo, serva, boi e jumento faziam parte da propriedade de um indivíduo. A mensagem aqui é que os bens do nosso próximo não devem ser objeto de nossa cobiça. A casa ou apartamento, os móveis, o carro, as roupas, etc. Infelizmente, há muitos que nunca estão satisfeitos com o que possuem, querendo sempre mais, ou achando que o melhor é sempre o que o outro possui.

- Nem coisa alguma do teu próximo: A carreira e o sucesso profissional, as conquistas acadêmicas, a posição ou cargo eclesiástico, os dons e talentos, o progresso ministerial, as realizações, nem coisas alguma que pertence ao nosso próximo deve ser objeto de nossa cobiça.

A COBIÇA DE ACABE

Em sua conturbada trajetória na condição de rei de Israel, mais um episódio seria acrescentado na maculada biografia de Acabe. Tudo começou quando Acabe desejou adquirir a vinha de Nabote, para transformá-la em sua horta particular (1 Rs 21.2). A proposta que Acabe fez a Nabote parecia justa, generosa e irrecusável, pois oferecia em troca uma outra vinha melhor, ou se desejasse, lhe daria em dinheiro o que ela valia. Acontece que o valor da vinha para Nabote ia para além das questões mercantilistas. Ele considerava aquela propriedade uma herança inegociável, e cuja venda implicaria em transgressão ao mandamento do Senhor (Lv 25.13-28 e Nm 36.7).

Diante da resposta e posicionamento de Nabote, a reação de Acabe foi de desgosto e indignação, pois o seu capricho não fora alcançado, o que desencadeou no rei uma crise emocional (1 Rs 21.4). Fico a pensar aqui na multidão de líderes e irmãos caprichosos, que não se contentam com aquilo que possuem, e que acham que seus desejos precisam ser atendidos e satisfeitos por todos. Estão dominados pela cobiça.

Ao observar o estado em que se encontrava Acabe, Jezabel, sua mulher, procurou tomar conhecimento do que havia acontecido, o que lhe foi relatado pelo rei (1 Rs 21.5-6). Diante do que ouviu, Jezabel, que já havia em outros episódios demonstrado a sua influência e força no reino, na mesa de quem quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos e cinquenta profetas de Aserá comiam, que tomava decisões sem pedir a aprovação do seu manipulável e omisso marido (1 Rs 19.1), possuidora de um temperamento difícil e cruel em suas deliberações (1 Rs 19.2), toma para si as dores de Acabe e declara: Governas tu, com efeito, sobre Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita. (1 Rs 21.7). Jezabel se coloca aqui como aquela que satisfará a cobiça de Acabe. Uma esposa sábia não adota tal postura, antes, aconselha o seu marido sobre os princípios do contentamento.

Sem escrúpulos, sem temor a Deus, sem piedade e sem misericórdia, Jezabel articula um plano onde Nabote seria vitimado por uma terrível calúnia. Usando o nome e o sinete de seu marido, ela escreveu cartas aos anciãos e aos nobres da cidade e que habitavam com Nabote, onde dizia o seguinte:

Apregoai um jejum e trazei Nabote para a frente do povo. Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra. Os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que nela habitavam fizeram como Jezabel lhes ordenara, segundo estava escrito nas cartas que lhes havia mandado. Apregoaram um jejum e trouxeram Nabote para a frente do povo. Então, vieram dois homens malignos, sentaram-se defronte dele e testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu. Então, mandaram dizer a Jezabel: Nabote foi apedrejado e morreu. Tendo Jezabel ouvido que Nabote fora apedrejado e morrera, disse a Acabe: Levanta-te e toma posse da vinha que Nabote, o jezreelita, recusou dar-te por dinheiro; pois Nabote já não vive, mas é morto. Tendo Acabe ouvido que Nabote era morto, levantou-se para descer para a vinha de Nabote, o jezreelita, para tomar posse dela. (1 Rs 21.9-16)

É interessante observar que o maligno plano de Jezabel se reveste de um caráter espiritual, com direito a proclamação de um jejum e com o argumento de que Nabote teria blasfemado contra Deus (e contra o rei). É possível “espiritualizar” até a cobiça. Em nome de Deus, e com a máscara da falsa espiritualidade, muitas barbáries e injustiças são realizadas sob a influência do “espírito de Jezabel”, muitas cobiças são alimentadas à custa da destruição de vidas, casamento e famílias.

Assim como Nabote, os que são vitimados por causa de sua obediência a Deus, e diante da cobiça alheia, são por Ele devidamente justificados e vingados. O cobiçoso Acabe e a cruel Jezabel receberiam o prêmio da injustiça (1 Rs 21.17-29).

OUTRAS ADVERTÊNCIAS BÍBLICAS SOBRE A COBIÇA

A Bíblia nos adverte sobre os males da cobiça, e nos ensina a não alimentar tal sentimento:

mas deixaram-se levar pela cobiça no deserto, e tentaram a Deus no ermo. (Sl 106.14)

Inclina o meu coração para os teus testemunhos, e não para a cobiça. (Sl 119.36)

Tais são as veredas de todo aquele que se entrega à cobiça; ela tira a vida dos que a possuem. (Pv 1.19)

O cobiçoso cobiça todo o dia, mas o justo dá e nada retém. (Pv 21.26)

Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, (Mc 7.21)

E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui. (Lc 12.15)

Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, (Ef 5.3)

Penso que Romanos 13.9-10 resume toda a questão em torno da cobiça:

Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.

Tem gente que nunca prosperá na vida, pois vive sempre na mediocridade da cobiça. Está sempre descontente, irritado, frustrado e infeliz. De tanto olhar e desejar a vida e as coisas do próximo, não conquista nada de forma legítima para si mesmo, e ainda corre o risco de perder o pouco que possui.

Quem ama não cobiça. Quem ama busca o bem do próximo. Quem ama cumpre o mandamento do Senhor.

Fonte: http://www.altairgermano.net/

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