No século XX, as mulheres conquistaram espaços nas denominações evangélicas. Nas Assembleias de Deus dos Estados Unidos, a presença das mulheres nos púlpitos foi oficializada em 1935. Nas décadas seguintes, elas foram seguidas por metodistas, presbiterianos e luteranos. A experiência internacional inspirou as igrejas Metodista, Evangélica de Confissão Luterana e Presbiteriana Independente, no Brasil, a aceitar mulheres como pastoras. Deve-se destacar aqui também o pioneirismo da Igreja do Evangelho Quadrangular, que para início de conversa foi fundado por uma mulher.
Nas igrejas pentecostais e neopentecostais, foram as cantoras gospel que mais contribuíram para aceitação do ministério feminino. A visibilidade conquistada por cantoras como Ana Paula Valadão e Cassiane abriu espaço para que fossem nomeadas como pastoras por suas igrejas. Depois de Cassiane, todas as mulheres de presidentes da Assembleia de Deus Ministério Madureira passaram a ser ordenadas compulsoriamente. Estudioso das Assembleias de Deus, o sociólogo Gedeon Alencar diz que a prática não representa uma inclusão real, por excluir do sacerdócio as mulheres sem laço familiar com pastores.
Na Igreja Católica, a perspectiva da ordenação de mulheres ainda é distante. Quando a Igreja Anglicana – denominação protestante mais próxima dos católicos – passou a ordenar mulheres, em 1994, o papa João Paulo II divulgou uma Carta Apostólica para reafirmar que o ministério é reservado aos homens. O papa Francisco defende mais espaço para as mulheres no catolicismo, mas não no sacerdócio. “Devem ser valorizadas, não clericalizadas”, reafirma o papa, em meio a todas as suas promessas de renovação da Igreja Católica.
Ainda há igrejas que são completamente fechadas a idéia de mulher no ministério, como a Congregação Cristã no Brasil. A Deus é Amor tinha suas restrições, mas agora contraditoriamente é liderada pela mulher do fundador, apesar de não lhe dão o título de pastora, mas sim o de Missionária. No caso assembleiano aí já é complexo. A situação da Convenção de Madureira já foi descrita acima, agora no âmbito da CGADB, oficialmente é contra, mas há ministérios da AD por esse Brasil a fora, que consagram diaconisas e já houve até uma 1ª pastora-presidente na cidade paulista de Catanduva (mesmo que por curto período). Sem falar, no costume importado da Colômbia que, andou pegando por aqui de chamar as esposas de pastores como "pastoras".
O Pr. Antonio Gilberto, que é consultor teológico das resvistas de Escola Dominical da CPAD, é contra a ordenação de mulheres ao ministério, porque diz que não vê bases bíblicas para tal. Em muitas igrejas assembleianas, o que se vê é mulheres mesmo sem serem ordenadas, liderando várias atividades além do Círculo de Oração. Em alguns lugares, mesmo sem serem oficialmente ordenadas, praticamente já fazem serviço de diaconia, seja na assistência social, portaria nos templos, e até ajudando a distribuir Santa Ceia. Outras trabalham na área de ensino. Por falar em ensino, recente houve um Congresso de Escola Dominical promovido pela CPAD e CGADB, quando algumas preletoras do evento foram apresentadas como "professoras", mas comentou-se que no seu país de origem elas na verdade eram "pastoras". Isso para mim só tem um nome: hipocrisia.
Para mim, a ordenação de mulheres é uma questão de necessidade. Ou seja, havendo necessidade e dons ministeriais - acompanhado de caráter e sabedoria, para mim, até homens podem ser ordenados. Até porque quando se fala que Cristo concedeu dons ministeriais a sua igreja, não restrigiu os mesmos apenas aos homens (Efésios 4:9-11). Paulo trata a questão aparentemente deixando as mulheres no banco, caladas, aprendendo com seus maridos. Todavia, tanto nos dias dele basta ver a quantidade de mulheres que ele menciona como "cooperadoras", e, até faz alusão a um casal de apóstolos (Rm 16:7) que já estavam no Senhor antes dele. Como em qualquer outro tempo, sem as mulheres não teria havido igreja.
Paulo trata em I Coríntios de "um lugar para a mulher no contexto daqueles dias". Ele, sabiamente, aplica o bom senso a fim de que a igreja não fosse além dos limites, tanto da consciência judaica, que vivia catando razão para perseguí-lo, como também respeita as necessidades de contextualização da Palavra aos seus dias e circunstâncias. O que equivale, como aplicativo, a usar o véu sobre a cabeça, costume que acabou completamente no Ocidente e ninguém se sente em "transgressão", pois de fato, não há ali uma moda cristã, mas um aplicativo circunstancialmente simbolizador de um outro Princípio: o da submissão da mulher ao marido, e a consciência da mulher quanto à proteção individual que aquele vínculo, sendo saudável, promoveria. Ora, manteve-se o princípio a submissão da esposa ao marido, mas descartou-se o aplicativo simbolizante, o véu.
Conheci, algumas irmãs em Cristo, que demonstraram em sua vida, exercerem os dons pastorais, de evangelista, mestre entre outros. Se elas já tem o dom, quem somos nós para negar as simbolizações externas, como uma ordenção? A pergunta que eu faço é a mesma que Pedro fez aos crentes judaizantes de sua época quando foi questionado de haver batizado os gentios da casa de Cornélio, que haviam recebido o Espírito Santo durante a pregação do apóstolo: " Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?" Atos 11:17.
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