terça-feira, 27 de outubro de 2015

Caim era do Maligno - Subsídio para EBD, Lição nº 5



MODO DE DEUS VERSUS MODO DO HOMEM
Desde o início, todas as tentativas no sentido de recuperar para o homem sua posição perdida dividiram-se em dois modos. Adão e Eva tiveram dois filhos, Caim e Abel. Um deles seguiu o caminho do Senhor e era obediente. O outro filho, Caim, seguiu seu próprio caminho, desobediente ao mandamento bem claro de Deus. Abel representava "a semente da mulher", enquanto Caim representava "a semente da serpente". Caim é o arquiteto da civilização moderna. É ele o materialista auto-suficiente e o humanista religioso.
Embora fosse religioso e se apresentasse ao altar de Deus, negava a revelação implícita de salvação dada a Adão na forma de roupa conseguida por intermédio da vida de outro (Gênesis 3:21). Trouxe ao altar uma expressão de seus próprios esforços e vigor, tomando-se o protótipo de todos os que se atrevem a aproximar-se de Deus sem derramamento de sangue. A partir desse ponto, dois caminhos ou modos se apresentam na história humana. De um lado, temos o caminho de Caim, com sua religião da carne, com uma redenção humana que confia apenas no homem e rejeita a substituição por Deus. O seu modo humanizou Deus e deificou o homem. Seu modo era o modo do materialista, do secularista, do humanista. Do outro lado, temos o caminho de Abel, com seu reconhecimento humilde de que o pecado exige a morte, de que o pecador culpado deve confiar no sacrifício indicado por Deus. Seu modo tornou -se um tipo da morte de Cristo.
O REMÉDIO DA REDENÇÃO
Desde a época de Caim e Abel até nossos dias, o homem tem procurado encontrar o seu próprio remédio para a sua doença, o pecado. isso não deu certo no caso de Caim e jamais produziu resultado para homem algum, e não será conseguido em nossos dias. Apenas Deus pode diagnosticar corretamente a doença do homem, e só Ele nos pode indicar o remédio. E Deus escolheu o sangue como meio de redenção do homem. O Apóstolo João escreveu que Jesus Cristo "pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados" (Apocalipse 1:5). O sangue é o símbolo da vida sacrificada pelo pecado. "Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida" (Levítico 17:11).
Em todo o Antigo Testamento vemos registrado reiteradamente que Deus queria a vida de um animal perfeito, sendo seu sangue derramado sobre o altar, como sacrifício pelo pecado. "E sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9:22). Tais sacrifícios eram feitos em antecipação ao dia em que um sacrifício permanente se realizaria. "Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hebreus 10:3-4). Quando Jesus Cristo, o homem-Deus perfeito, derramou sangue na cruz, estava entregando Sua vida pura e sem mácula à morte como sacrifício eterno pelo pecado do homem. De uma vez por todas, Deus providenciou de modo completo e perfeito a cura para os pecados humanos; sem o sangue de Cristo, eles realmente são uma doença fatal. Ao sentar-se para a última ceia com os discípulos, Jesus disse: "Porque isto é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados" (Mateus 26:28 ).
Todos têm que fazer sua escolha entre os dois caminhos, o caminho do homem ou o de Deus. Um é o caminho do esforço próprio por curar a si mesmo e obter a redenção própria; o outro é a justificação, mediante a fé no sangue de Jesus Cristo.
Quando Caim se aproximou do primeiro altar com sua oferta do "fruto da terra", era esse o seu meio de tentar reconquistar o paraíso sem aceitar o plano divino de redenção. Em seu egoísmo e arrogância, Caim resolvera vir a seu modo, rejeitando o plano de Deus. Os tempos não mudaram, e hoje milhões de pessoas querem a salvação, mas dentro das suas condições. Querem vir ao seu modo, e assim se apresentaram centenas de planos e esquemas imaginados pelo homem para reconquistar o paraíso. Deram origem a muitas seitas, cada qual fazendo propaganda de seu plano particular de salvação.
O orgulho foi o pecado de Lúcifer, o orgulho foi também o de Adão, e o pecado do homem moderno não é outro senão o orgulho. Ele não quer reconhecer sua fraqueza e indefensabilidade diante das situações insolúveis apresentadas pela vida, acha que de algum modo, de algum jeito, pode conseguir a própria salvação. Caim apresentou as indicações de sua própria cultura, que visavam a uma salvação mediante obras, enquanto Abel obedeceu a Deus e humildemente ofereceu um sacrifício de sangue, reconhecendo assim que o pecado merecia a morte e só poderia ser encoberto diante de Deus mediante a morte substituta de um sacrifício sem culpa, e foi esse o plano que Caim rejeitou deliberadamente.
RELIGIÃO NATURAL VERSUS PLANO DIVINO
Os dois fogos sagrados, fora do Éden, exemplificam a diferença entre a religião verdadeira e a religião falsa. Um deles pertencia a Abel, que trouxe o primogênito de seu rebanho como oferenda ao Senhor Deus. Ofereceu-o com amor, adoração, humildade e reverência, e a Bíblia nos diz que o Senhor se agradou de Abel e de sua oferta. O outro pertencia ao irmão mais velho, Caim, que trouxera uma oferta sem sangue e de pouco valor ao seu altar, e a Bíblia nos diz que "de Caim e de sua oferta Deus não se agradou". Como poderia o Senhor Deus mostrar-se tão caprichoso? Afinal de contas, Caim não estava igualmente tentando agradar a Deus, e não se apresentava com sinceridade perfeita?
Essa narrativa foi colocada na Bíblia a fim de ensinar que existe um modo certo e um modo errado de entrar em contato com Deus. Abel fez seu sacrifício humilde e reverentemente, com espírito de sacrifício, trazendo a Deus o que de melhor possuía, e vejo pelo caminho de Deus. Caim fez a sua oferenda de má vontade, com egoísmo e de modo superficial, e além disso desobedeceu a Deus, no modo pelo qual veio, sem trazer consigo a fé. Quando Deus não sancionou e abençoou seu sacrifício, Caim se enfureceu e matou o irmão. Abel amava realmente a Deus e O adorava. A adoração de Caim era religiosidade desprovida de sentido, tão vazia e oca quanto se tornou sua vida, depois disso. Deixando a família, andou pela terra amargurado, gritando para o Senhor: "É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo" (Gênesis 4:13).
Aí vemos o aparecimento de uma corrente de religiosidade, separando-se da torrente principal de verdadeira adoração do Senhor Deus. Por toda a história humana essa corrente está destinada a tornar-se um rio cada vez maior. O homem está eternamente hesitante entre o falso e o verdadeiro, entre a adoração de ídolos e a adoração do Senhor Deus, entre a sedução da religiosidade e o reconhecimento do claro ensinamento bíblico do caminho para a salvação.
DEUS TEVE MISERICÓRDIA DE CAIM?
Há figuras na Bíblia que nos parecem que existiram apenas para carregar maldições. Caim é a primeira figura humana a tornar-se uma simbolização maligna.
Sem dúvida, no resto da Bíblia, Caim cresce como figura arquetipica da desfraternalização dos humanos.
Caim é o primeiro homem que não consegue lidar com a Graça. O amor de Deus que afirmava a genuinidade do coração de Abel, não provocou nele nenhum tipo de auto-percepção, mas apenas de projeção irada contra Deus, e objetivamente transferida de modo odioso contra o único que poderia receber seu ódio: o irmão.
Na verdade Caim é o Judas da antiguidade. Ambos são simbolizações históricas daquilo que é mal, mas não significa que o “entendimento” que houve entre Deus e eles os tenha deixado para sempre tão cristalizados em suas próprias almas, quanto cristalizados ficaram nas simbolizações que passaram a encarnar ante os sentidos históricos dos humanos.
O que temos que compreender é que os “filhos da perdição”—como Caim e Judas—existem muito mais como uma manifestação de pedagogia histórica para nós, humanos, do que como uma fixação definitiva dessas figuras em estados eternos de perdição.
E se esses indivíduos, à semelhança do ladrão salvo na Cruz—sobre quem a Graça se derramou, mas nós jamais creríamos se o Evangelho não tivesse nos dito que ele está com Jesus “no Paraíso”—também tiveram sua “conversa privada” com Deus, tendo-nos sobrado apenas as suas imagens como simbolizações do mal?
Como a história é sobretudo um fenômeno de comunicação, e se serve de simbolizações para se fazer ilustrar...pessoas, cidades, nações, e geografias...ficaram marcadas na Bíblia como sendo “malignas”, sendo que as coisas e pessoas...em si...não têm que ter tido o mesmo destino maligno que sua figura histórica passou a dar face.
Um dia nós entenderemos isto com muita clareza, todos nós, e nos envergonharemos de nossas pseudo-certezas, e juízos perenes. Na realidade o Caim que entrou para a história pelo ato de perversidade cometido contra o seu irmão, Abel, não ficou de todo destituído dos cuidados divinos.
Pois a ele disse Deus:
Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra. Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão. Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
Ante a certeza de ser amaldiçoado, Caim entrou no mais profundo de todos os medos e terrores...ele sabia que sobre ele haveria “um clamor humano” por vingança. Então se declarou amaldiçoado e perdido...confessou-se um zumbi...um andarilho prestes a morrer...dando sempre passos para alguma emboscada...enquanto andava para o nada.
Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar. Eis que hoje me lanças da face da terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e vagabundo na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á.
O Senhor, porém, lhe disse, porém alardeando Sua Palavra para todos, pois é assim que Sua voz se faz ouvir: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.
Olha só que coisa! Houve misericórdia e graça até para Caim.
Quem o matasse seria sete vezes vingado...e Deus pos uma marca de proteção...um selo divino...um aviso para que ninguém se metesse entre Ele e Caim.
Ora, se houve Graça que protegesse a Caim, não haverá muito maior Graça sobre a sua vida, que está sob o Sangue da Aliança, e que descansa na justiça do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo?
Caim carregou as conseqüências históricas de seus atos, e emprestou seu nome a uma trágica simbolização. Mas não esqueçamos: isto é o que ficou para nós, para o nosso ensino, e para nos fazer ver as conseqüências de todos os atos humanos.



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