Me custa admitir que seja tão difícil para os cristãos o crerem que o Diabo não seja aquele tipo de demônio burro das sessões de histeria coletiva dos cultos nervosos; sim, nos quais os diabos que se manifestam na maioria das vezes são apenas o “psiquismo demoníaco” desenvolvido pela mente fraca do “buscador aflito”, e que se “identifica” com o estereótipo do Diabo segundo a concepção pueril que a Religião em geral faz do Demônio.
O Diabo da Bíblia, todavia, é tudo, menos esse “pobre diabo” das possessões dos cultos nervosos dos cristãos!
Nas Escrituras o Diabo começa como Serpente Sutil e Sedutora, com propostas ao homem de transcendência da condição humana; afirmando que o Mandamento de Deus para a Vida [“Do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal não comerás, pois, no dia em que dele comeres, morrendo, morrerás”] — era apenas o fruto do ciúme da divindade; sim, resultado da inveja de Deus em relação à Sua própria criatura...; ou ainda: uma espécie de competição de Deus com a criatura...; ou mais: um sentimento de superioridade divina [...], resultante da manipulação do conhecimento, como fazem os tiranos do mundo, que dominam melhor quando o povo sabe menos ou não sabe nada...
Nós cremos mais no Diabo do que no Mandamento do Amor de Deus, e, assim, “comemos o fruto” da nossa morte até ao dia de hoje! Na seqüência das “emulações” do Diabo aos humanos vem o ciúme invejoso ou a inveja enciumada de Caim contra o seu irmão Abel; terminando tudo em homicídio e maldição.
Daí em diante lê-se nas Escrituras que o Diabo caiu em estado de silêncio explicito por um tempo... Bastava emular a natureza humana e tudo caminharia para a desgraça.
Assim, da descendência de Caim surgem os elementos constitutivos mais significativos do que os humanos chamam até hoje de fatores civilizatórios. Surge a agricultura e a pecuária de escala; aparece a produção cultural e folclórica, pela vida das artes, resultado da confecção de instrumentos musicais, o que gerou em massa uma cultura de diversão e de entretenimento hedônico; bem como, na mesma época, foram desenvolvidos os primeiros aparatos de guerra em escala coletiva.
Aparentemente, no entanto, isto não era o bastante para o Diabo...
Demoraria muito deixar que os homens se desenvolvessem por si mesmos em sua maldade...
Assim surge e se expressa uma das mais fortes obsessões do Diabo: entrar no homem de modo a que não se possa diferenciar o humano do diabólico; e mais: alterar a própria natureza constitutiva dos humanos, e, portanto, natural da condição humana; ou seja: o Diabo quer ser o produtor do Super-Homem; sim, do homem-anjo, do homem-além-do-homem; dos “gigantes”; dos poderosos da Terra; uma geração de líderes semideuses; verdadeiros Titãs.
Desse modo dos “filhos de Deus” [terminologia que no V.T. somente aparece relacionada aos anjos, conforme se vê no texto hebraico de Jó] possuem as filhas dos humanos, e com elas alteram a natureza do homem, fazendo surgir híbridos humano-demoníacos.
Era o joio sendo plantado literalmente na semente [sêmen] dos humanos no campo do mundo...
Desse modo o caminho humano se descaracterizou de tal modo que Deus já não via homens na maioria dos humanos...
Vem o dilúvio; sim, em razão de que os humanos haviam sido hibridizados pela natureza do Diabo!...
Depois do dilúvio estranhamente ainda se vê os “gigantes”, os filhos dos Benai Elohim [“os filhos de Deus”] com as “filhas dos homens”; prova que o dilúvio pode ter sido Universal, mas sua destruição não foi total; houve sobreviventes do mundo antigo que passaram de algum modo pelas “grandes águas”.
Somente quando os homens de Davi matam os últimos gigantes descendentes dos “experimentos genéticos” feitos antes do dilúvio, é que outra vez o Diabo aparece na Bíblia; sim, desde as sutis indicações das intenções dele no livro de Genesis ele aparece outra vez; e com muita raiva de Israel.
“Então se levantou Satanás contra Israel” — é o que a Bíblia diz quando os homens de Davi mataram os últimos gigantes.
Há outras afirmações acerca do Diabo no V.T. No entanto, é somente no tempo do Cativeiro em Babilônia, tempo no qual Ezequiel viu as “Rodas”, os “Girantes”; e tempo também no qual os anjos introduzem na narrativa bíblica [em Daniel] o conceito de “Principados e Potestades das Nações”.
No Livro de Zacarias o Diabo é o acusador dos crentes; mas não se diz muito mais acerca dele. Já é nas páginas dos evangelhos que se vêem excessivas manifestações demoníacas; especialmente aquelas de natureza obsessiva mais básica.
Jesus, no entanto, nunca ensinou que aqueles demoniozinhos de meia tigela que atacavam os humanos nos evangelhos fossem os verdadeiros diabos do Mundo.
Não! Para Jesus havia instancias muito superiores implicadas em tudo; e mais: para Ele o Diabo não era uma energia obcecada, mas sim uma mente fria e perversa; com a constante intenção de matar, roubar e destruir a humanidade, o planeta, a vida.
É no contexto do N.T. que o Diabo é desmascarado em suas intenções globais.
Ora, o que se vê apesar de se ficar sabendo que o poder de Satanás é extremamente mais sofisticado do que aquilo que os humanos chamem avanço..., que, por tal razão, Paulo nos diz que o Diabo é o espírito que agora atua em tudo nos filhos da desobediência ao fluxo da vida.
E mais: Paulo diz que uma das fixações do Diabo é se tornar um Super-Homem; o anticristo.
No Apocalipse esse poder revelado no Genesis já nos é apresentado sem sutilezas, exceto as simbólicas.
O que se vê, portanto, é um Diabo que se imiscuiu em tudo...; sim, do processo mental dos humanos à sua produção cultural...; das emulações psicológicas e existenciais aos mais deliberados desejos de genocídio ideológico...; do desejo de alterar sementes vegetais à obsessão pela alteração do código genético dos humanos...; sim, das guerras pessoais aos conflitos globais à destruição prazerosa de uma familiazinha...; e assim vai...
Jesus disse que como foi nos dias de Noé assim será nos dias da Vinda do Filho do Homem!
Ora, entre nós as mesmas coisas estão presentes. É o mesmo desejo de vencer a morte pela curiosidade do saber e do conhecimento; é o mesmo desejo de desenvolver culturas de poder e de supremacia; é a mesma inteligência para apenas criar diferenciações econômicas acentuadas entre os humanos; e pior: é a mesma obsessão satânica de alterar a constituição dos humanos...
Na antiguidade tais coisas tiveram a cara que na Antiguidade era aceitável. Hoje os mesmos seres e fenômenos estão entre nós; porém, com as caras que a nossa “ficção cientifica” criou para este tempo no qual alteração genética não precisa de cópula sexual, mas apenas de alterações no código genético.
Está tudo aqui...
Sim! A Terra voltou ao principio; o Genesis e o Apocalipse estão se encontrando milênios depois; e mais: é tudo igual; mudaram apenas as roupagens...
Por isto, digo: o Dilúvio está às portas!
Leia Lucas 16 e você me entenderá!...
Nele, que nos mandou andar de olhos bem abertos,
Fonte: www.caiofabio.net
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