terça-feira, 5 de setembro de 2017

BUSCO O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E NÃO RECEBO

A paz, irmão!

Sabe, percorrendo seu blog vi várias questões, temas, perguntas, dúvidas e também seu apelo para não perguntarem o que já está respondido no blog.

Mas ainda não vi nada parecido com o que lhe colocarei aqui.

Sou crente desde os meus 13 anos, vai fazer 8 anos que sou evangélico, e Graças a Deus por isso.

E no decorrer desses anos de crente, já vi muita coisa, milagres, benção de todos os tipos; eu sou uma dessas bênçãos ambulantes!

Sou imensamente sensível à voz do Senhor, muito mesmo.

Agora, tenho em mim um "espinho" me incomodando: não sou batizado no Espírito Santo; acho que me falta ser menos sistemático e deixar de pensar que na hora do batismo o que eu falar será da carne.

Sei que tem pessoas que há anos são evangélicas, e não são Batizadas no Espírito, e sei que não é porque não merecem, mas também por não ser a vontade de Deus.

Pois bem, eu tenho em mim que me falta tirar esse "espinho" para receber esta benção, pois já tive vontade de falar em línguas e retive; em sonhos falava, e tal; e isso me faz pensar em algo que não faço, chorar.

Chorei uma vez na presença de Deus, e me pergunto se realmente sou sensível à voz de Deus, ao Espírito. Pois se fosse deveria chorar na hora da luta, da angustia, da alegria ...

Sabe o que é ter vontade de chorar, e não chorar?? Esse choro se verter pra dentro de si e quem acaba chorando é sua alma; que se deixasse as lágrimas saírem seria um berreiro que só?

Minha alma chora no lugar do meu corpo, não tem choro dolorido pior que esse.

Sou tão sensível que um dia um irmão e uma irmã foram cantar na minha igreja, um casal lindo, daqueles bem tradicionais—o ritmo dos hinos bem tradicional não é meu estilo—, e quando terminou o culto foram vender os CDs deles na porta da igreja. Ao passar pelo irmão, ele nem sequer olhou pra mim, e me deu uma queimação que comprei o CD. Algo em mim disse: compre, é pra obra de Deus!
Escutei o CD uma vez, como disse não é meu estilo. Ao olhar o irmão, não pude conter a voz doce e agradável que me mandava comprar o CD apesar de não ser meu estilo.

E por isso que venho até o senhor. Não para buscar resposta, se estou certo ou errado; pois creio que não choro, pois minha alma chora; seguro o choro por sempre acreditar que tudo vai ficar bem; pois tenho um Deus. Engulo e bola frente; e isso acarreta em meu interior rios e rios de lágrimas; acho que se chorasse carnalmente seria mais fácil.

Assim quero do senhor uma opinião, pois nunca falei isso com ninguém.

Fico com medo de falar isso com meus pastores, e eles acharem uma tremenda bobagem, e se não acharem, não souberem dar uma opinião, e encherem lingüiça com coisas que julgam ter a ver com a questão, e me deixarem mal.

O que pode me dizer?
Resposta: Meu irmão: Paz!

O Batismo com o Espírito Santo é sinônimo de conversão e regeneração. É a mesma coisa que “nascer de novo”.

Você já nasceu de novo? Creio que sim!

Seu problema é duplo:

1. Você deve ser membro de uma igreja que ensina que o “falar em línguas” é o sinal do “Batismo com o Espírito Santo”. E nessa igreja o Batismo no Espírito deve ser visto do modo pentecostal clássico: como um revestimento especial de poder para dar testemunho.

2. A seqüência de tudo o que você disse, indica o seguinte: você vive de emoções. Apesar de tudo o mais ter sido aparentemente contra tal diagnóstico. A diferença é que suas emoções explodem para dentro, mas são muito fortes. E emoção não é a base da vida. O justo vive pela fé, não pela emoção.

Você é cristão.
Você crê em Jesus.
Você é batizado no Corpo de Cristo, o que equivale a ser batizado no Espírito Santo.
E PONTO.
It is over!
Está Consumado!

Penso o que o N.T. nos ensina. Nada mais e nada menos. Falo em línguas há muitos anos. As línguas edificam o individuo. A profecia—exortação, ensino, pregação—edificam a igreja. Aquele que ora em línguas tem um recurso psicoterapeutico extraordinário à sua disposição. É um canal de transbordamento do inconsciente e que expressa a Deus aquilo que não cabe na lógica das palavras.

Tudo seja feito com saúde, decência, ordem e para um fim proveitoso. E não esqueçamos: assim como os fariseus oravam nas praças, em público, para mostrar sua superioridade espiritual, assim também, no meio cristão, muita gente fala em línguas, em público, contrariando I Co 14, pela mesma razão: mostrar a pseudo-espiritualidade.

Demorei muitos anos para entender o que vou dizer agora, porque na minha cabeça estava gravado o ensino pentecostal do Batismo com Espírito Santo como uma “segunda benção”, e só sendo possível com a evidência inicial de falar em línguas.
E aí cria-se uma doutrina esquizofrênica onde existe no ensino das línguas como evidência e as línguas como dom, algo estranho ao Novo Testamento.

O Batismo com o Espírito Santo é uma expressão sinônima de "REGENERAÇÃO" ou também de "NOVO NASCIMENTO". As línguas podem ou não estar presentes nesta hora. Portanto, elas foram um sinal no dia de Pentecoste, em Samaria e na casa de Cornélio—veja que todas foram situações nas quais havia necessidade de evidencia. No Pentecoste porque era a primeira vez. Nas outras duas ocasiões havia preconceito em relação aos grupos: os judeus de Jerusalém não creriam que havia algo de Deus acontecendo com os grupos discriminados, como os samaritanos e os gentios na casa de Cornélio a menos que houvesse evidencia.

Paulo diz que em I Coríntios 12:13 que “todos” fomos batizados no Espírito, mas “nem todos falam em outras línguas”, conforme I Cor 12:30. O Espírito é dado quando se crê no Evangelho. Leia Gálatas 3:2. A plenitude do Espírito, por seu turno, tanto pode acontecer numa experiência "súbita" ou pode ser "gradual". Tanto a "súbita" quanto a "gradual" precisam ser mantidas. Ninguém fica cheio do Espírito para sempre, como se fosse um status. Fica-se cheio do Espírito na mesma medida em que ficamos cheios da consciência da Graça de Deus. E a consciência da Graça de Deus desemboca sempre no Andar no Espírito. E o andar no Espírito acontece, conforme Gálatas e Romanos, como caminho de fé, esperança e amor. Não há pessoas cheias do Espírito que também não sejam cheias de amor e misericórdia. 

Como membro há 35 anos de uma igreja pentecostal, posso afirmar com tristeza o seguinte: muita gente para não ficar de fora do “clube espiritual”, “aprende” a falar em línguas por causa do ensina sobre a tal da “evidência de quem foi batizado”.

Daí, normalmente, os membros da mesma igreja ou do mesmo grupo de oração—ou ainda da reunião da profetiza mais próxima—falarem quase sempre em línguas idênticas ou parecidas.

Assim como já vi vídeos no youtube de padres católicos carismáticos ensinando os fieis a falarem em língua estranha, tal fato também ocorre nas igrejas pentecostais, principalmente em congressos, onde aparecem alguns “pregadores reteté”, fazem apelos para o pessoal receber batismo e fica dizendo para o que está ao lado orando ficar gritando no ouvido do outro:

“Fala aleluia, aleluia, glória, glória, glória” E vai soltando rajadas de línguas no ouvido da pessoa até ela repetir a língua.

Ora isso eu já vi pessoalmente acontecer várias vezes nesses meus anos de evangélico. Isso na verdade é um fenômeno de "repetição de sons", e isto porque dependendo do grupo denominacional, as "línguas" se repetirão como se fosse um Wizard/Yazigi de ensino de línguas. Dependo da língua, em geral, já sei até a igreja que a pessoa freqüenta, ou onde aprendeu a falar aquelas algaravias estáticas.

Alguém pode dizer: Há você diz isso, porque não fala em línguas. Não. Eu falo em línguas desde 1983, e creio na contemporaneidade dos dons espirituais para hoje, sou teologicamente um continuísta. Creio em tudo o que o N.T. ensina. Não creio é no modo como na maior parte das vezes a igreja pratica tais coisas...como em geral acontece. Quanto a quando falar...“o espírito do profeta está sujeito ao próprio profeta”. Sugiro que você leia I Co 12,13,14. Está tudo lá. E não mudou. 

Agora você crê ou não crê.

Mas se você continuar vivendo de choro para dentro e emoções travadas para fora, você vai ficar mais doente ainda.

De fato, você está precisando urgentemente de pastor (sério e sereno), e de um terapeuta.

Por quê? Porque você pode ficar muito doente mesmo.

Essa fixação no Batismo com o Espírito Santo, quando exposta como você fez na sua carta, revela um estado emocional perigoso, e prestes a mergulhar você em fobias, manias, medos e fixações espirituais muito piores.

Você precisa relaxar, tentar ser um jovem da sua idade, passar a usar mais a cabeça—a história do CD mostra o quão místico você anda—e buscar ser menos emocional, menos fervente, e mais maduro.

Entregar-se a emoções e sensações pode ser uma desgraça e aí tanto faz se você chora para dentro ou para fora.

Jesus chorou! A saúde é chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. A saúde é possuir senso de propriedade em tudo.

Estou falando isto depois de já ter visto muitas pessoas fazerem o seu caminho e terminarem muito mal.

Na minha opinião o “Batismo com o Espírito Santo” tornou-se o seu álibi para não enfrentar outras questões de natureza emocional e afetiva, e que foram represadas em razão do tipo de fé que lhe foi ensinada.

Acho que você deveria dizer quais seriam as coisas que você faria e seria se você não fosse evangélico!

Creio que aí está o problema! Enquanto isto, fique calmo e ame a Deus e o próximo sem stress.

A fé é maravilhosa. E é dela que se tem que viver.

Mas as emoções podem ser desastrosas quando tomam o comando da vida.

Por trás de todas as maluquices da religião há pessoas emocionalmente desequilibradas, e que confundem suas emoções com a vontade de Deus.

Não há seita que não tenha exatamente esse perfil de adeptos angustiados e emocionalmente ávidos por um choro arrebatador e uma queimação extraordinária.

Cuidado com a saúde de sua mente. Leia a Palavra e creia nela.

O Evangelho nos basta. A sanidade e o equilíbrio de Jesus é o que devemos buscar.

Quanto mais longe da referência Humana que Jesus nos oferece alguma coisa, pessoa ou instituição estejam, mais certamente adoecidos estarão.




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