Apostasia (em grego antigo απόστασις [apóstasis], "estar longe de") tem o sentido de um afastamento definitivo e deliberado de alguma coisa, uma renúncia de sua anterior fé ou doutrinação.
Dependendo de cada religião, um apóstata, afastado do grupo religioso no qual era membro, pode ser vitima de preconceito, intolerância, difamação e calúnia por parte dos demais membros ativos. Um caso extremo, é aplicação da pena de morte para apóstatas na religião islâmica em países muçulmanos, como por exemplo, na Arábia Saudita e Irã.
Apostasia da Fé Cristã, ou seja, do Cristianismo primitivo, na ótica das diversas religiões cristãs, é controversa. Existe uma notória diferença entre apostasia da Fé Cristã e apostasia de uma determinada organização religiosa. As igrejas cristãs trinitarianas consideram apostasia o afastamento do fiel do seio da igreja invisível, o Corpo de Cristo, para abraçar ensinos contrários aos fundamentos bíblicos, o que é denominado heresia e contrário a um ensino mais básico do cristianismo. Este tipo de apostasia é considerado extrema ingratidão e ponto central entre todas as igrejas trinitarianas.
No catolicismo, segundo o Código de Direito Canônico de 1983 e atualizado em 2009,apostasia é o repúdio total à fé cristã, que difere do cisma que é a recusa em submeter-se à autoridade do Papa ou à comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos e também da heresia que é a negação ou dúvida pertinaz sobre qualquer verdade de fé divina. Ainda segundo o Código de Direito Canônico, o apóstata da fé incorre em excomunhão latae sententiae, isto é, aquela em que o fiel incorre no exato momento em que apostata.
No protestantismo apostasia é o esfriamento da fé, o abandono dos princípios bíblicos. Uma igreja ou um indivíduo apóstata é uma igreja ou indivíduo que aderiu ao mundanismo e aos costumes seculares, substituindo os princípios de Deus. De modo mais abrangente, pode-se dizer que um cristão ou igreja são apóstatas quando deixam de seguir os fundamentos da Palavra de Deus, desviando-se da verdadeira fé e voltando-se para o mundanismo, satisfazendo somente os desejos carnais.
As Testemunhas de Jeová consideram como sendo apostasia um membro batizado e conhecedor da doutrina que sai da organização e distorce o ensino e a persegue, efetuando uma verdadeira oposição a Jeová. Afirmam que, embora alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, desprezam os ensinamentos e as orientações Dele, contidas na Bíblia. Ou então, que afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam que Deus tenha uma ideologia terrestre. O Corpo Governante das Testemunhas de Jeová define que "a apostasia inclui ação tomada contra a verdadeira adoração de Jeová ou contra a ordem que ele estabeleceu entre o seu povo dedicado (Jer. 17:3; 23:15; 28:15, 16; 2 Tes. 2:9, 10)". (Ref.ª Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho [o Manual da Escola do Ministério do Reino], pág. 94-5). Isto inclui participação em atividades ecumênicas ou a filiação a outra organização religiosa, por parte de um membro batizado (dedicado). Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Apostasia
Poderia explicar sua posição em relação a Hebreus 6.4-6 em breves palavras? Se aquele que recebeu o dom celestial e por alguns motivo se desviar e pregar heresia, poderá ser salvo e como? Gostaria de receber esta resposta o mais breve possível.
Resposta:
Primeiro a transcrição do texto, começando do verso inicial do capítulo 6.
"Pelo que deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento de arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e o ensino sobre batismos e imposição de mãos, e sobre ressurreição de mortos e juízo eterno.
E isso faremos, se Deus o permitir. Porque é impossível que os que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; visto que, quanto a eles, estão crucificando de novo o Filho de Deus, e o expondo ao vitupério. Pois a terra que embebe a chuva, que cai muitas vezes sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção da parte de Deus; mas se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.
Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e que acompanham a salvação, ainda que assim falamos. Porque Deus não é injusto, para se esquecer da vossa obra, e do amor que para com o seu nome mostrastes, porquanto servistes aos santos, e ainda os servis. E desejamos que cada um de vós mostre o mesmo zelo até o fim, para completa certeza da esperança; para que não vos torneis indolentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas". Hebreus 6:1-12.
Hebreus foi escrito para quê e para quem? — é a primeira pergunta.
Se você souber responder essa pergunta você saberá a resposta à sua própria questão. Aliás, esse é um princípio essencial de interpretação, seja na Bíblia, seja em qualquer texto, seja em qualquer processo de interpretação—de uma conversa...à uma pintura na parede. Por exemplo, você jamais compreenderá bem nada...se não souber quais eram os contextos históricos dentro dos quais aquela informação ou mensagem foi originada.
Nos Evangelhos você precisa saber basicamente as seguintes coisas a fim de entender o que está dito:
1. Quem eram os ouvintes e quais os significados de suas convicções?
Por exemplo: quem eram os fariseus, quais as suas posições, qual o seu interesse político, religioso, etc... e como se apresentavam aos homens; também o que era importante e desimportante para eles...Ou ainda um outro exemplo: quem eram os Samaritanos e o que os demais judeus pensavam acerca deles? Qual o significado provocativo que há nas palavras de Jesus e no Evangelho quando sempre coloca os samaritanos numa posição “positiva”, num mundo de judeus que os odiavam?
2. Quais as questões daqueles dias...?
Isto porque muitas das palavras de Jesus eram também respostas a contextos claros e específicos. Sabendo-se quais são os contextos, fica fácil entender a palavra dita por Jesus e o significado e a força escandalizadora delas para a mente dos judeus, por exemplo.
3. Como foi que Jesus interpretou Suas próprias palavras?
Interpretou-as apenas quando as “explicou”—como o fez em algumas parábolas?...Ou as interpretou também de outra forma? Ora, as interpretações de Jesus acerca de tudo podem ser vistas nas ações de Jesus...no modo como Ele tratou as pessoas (e aí é fundamental saber quem eram aquelas pessoas e o que se pensava acerca delas naqueles dias). Nos atos e gestos de Jesus nós temos a interpretação da Palavra, de toda ela. Afinal, Ele era o Verbo Encarnado. Portanto, o Verbo-Palavra tem sua explicação na Encarnação; ou seja: no modo como o Cristo Encarnado tratou a vida, pois, nesse caso, como Nele não havia ambigüidade e nem contradição—muito menos esquizofrenia—, à cada gesto Seu há uma Palavra sendo vivida como espírito dela mesma...”As palavras que vos tenho dito são espírito e são vida”.
Ora, isto posto, voltemos ao princípio. Hebreus foi escrito para quê? E para quem?
Foi escrito para os muitos judeus cristãos que estavam voltando atrás, deixando a fé na suficiência da Graça de Deus em Cristo, e retornando ao sistema da Lei e de seus cerimonialismos.
Portanto, trata-se de uma epistola que adverte quanto ao fato de que após saber que Moisés, Josué, os sacerdotes, os levitas, o templo, a arca, e tudo o mais...já haviam passado...e que eram apenas “sombra das coisas que haveriam de vir em Cristo”...—os que estavam agora deixando a Graça e voltando à Lei, estavam pisando na oferta da salvação gratuita em Cristo, e voltando ao que Nele já estava extinto.
Ora, esses que um dia creram na Cruz, que foram iluminados e que se alegraram no amor de Deus, mas que deixaram a alegria da fé e voltaram para os jugos da Lei, colocando a sua fé num sistema caduco—e que teve sua utilidade apenas enquanto não havia chegado
Aquele acerca de quem todas aquelas coisas eram apenas uma miragem profética ou simbólica—; sim, a esses...é impossível renovar para arrependimento, visto que estão crucificando a Cristo outra vez—Ele morreu para cumprir a Lei uma vez e para sempre—; pois estão deixando a fé no que Jesus realizou a fim de se colocarem outra vez sob aquilo pelo que e contra o que Jesus morreu e ressuscitou.
Isto sim é que é cair da Graça...; e nesse sentido a “igreja”, sempre que se entrega aos legalismos, aos moralismos, aos cerimonialismos vazios, e às mecânicas de barganha sacrificial com Deus—está também caindo da Graça!
É bom notar que o texto de Hebreus termina esta advertência com uma palavra de esperança. “...estamos convencidos, com relação a vocês, irmãos, das coisas boas e pertencentes à salvação...ainda que falamos dessa maneira...”.
De fato é isto que o texto está dizendo, e sinceramente, não é uma opção pensar assim...
A heresia de Hebreus é a única heresia: trocar a fé em Jesus pela justiça própria e pela presunção dos feitos pessoais.
Todo aquele que honestamente conhece minimamente as Escrituras sabe que é disso que Hebreus está falando.
A carta aos Hebreus foi escrita porque judeus-cristãos estavam desistindo da fé na Graça de Deus em Cristo, e retornando aos ritos, práticas, crenças e legalismos do judaísmo.
O esforço do escritor da carta é mostrar que aquele retorno significava “pisar o sangue da aliança” e apostatar da fé em Jesus.
O desenvolvimento do texto faz uma viagem que se propõe a provar duas coisas básicas:
1. Jesus era maior do que tudo o que antes viera; sendo as coisas anteriores apenas “sombra”—ou arquétipos—, dos bens que haveriam de se materializar em Cristo. Tudo o que ficara para trás não deveria ser “retomado” sob pena de que o sacrifício de Jesus tivesse sido me vão.
2. Cair da Graça não era um deslize de comportamento, mas abandonar a certeza em fé de que em Cristo tudo está consumado, e definitivamente feito e realizado em nosso favor.
O conceito é o mesmo apresentado por Paulo, especialmente escrevendo aos Gálatas, quando relaciona a volta às “obras da lei” com o “decair da Graça”.
Além disso, o nome da carta—Aos Hebreus—, já carrega uma mensagem. Não é carta aos Judeus. Nem aos Israelitas. Mas aos Hebreus…
O termo “hebreu” vem da raiz semítica da palavra que determina um estado constante de progressão, fruto da desinstalação, da capacidade de andar para adiante e de cruzar fronteiras.
Um “hebreu” tinha que se manter hebreu pela coragem, em fé, de não desistir; e de prosseguir “atravessando” mares, rios, vaus, fronteiras, e enfrentando os gigantes externos e internos—sempre vendo Aquele que é invisível, e nunca deixando de crer nas coisas que se esperam.
Segundo o Pr. Hernandes Dias Lopes, cita Edward Reynolds, que chamou apostasia de "um arrepender-se do arrependimento". É pecar cada vez mais e obedecer cada vez menos. É uma inclinação deliberada para o erro. É o abandono da verdade que um dia foi professada. A segunda vinda de Cristo será precedida por esse fenômeno religioso chamado de "a apostasia" (2Ts 2.8). Precisamos nos acautelar, muitos daqueles que um dia caminharam conosco, hoje se desviaram da sã doutrina e se apartaram do caminho estreito que conduz à vida eterna.
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