segunda-feira, 13 de maio de 2019

Bolsonaro, os evangélicos e Israel


Bolsonaro no Muro das Lamentações, nesta segunda-feira

O Presidente Jair Bolsonaro entre suas primeiras viagens internacionais incluiu no seu roteiro, países como Chile, EUA, também Israel.

Segundo o exemplo do presidente norte-americano Donald Trump de quem se diz admirador, também havia anunciado que mudaria a embaixada do Brasil de Telaviv para Jerusalém.

 Agora uma coisa são os EUA comprar essa briga, outra é o Brasil! Mas aí, vai pressão daqui e dali, Bolsonaro recua e diz na visita a Israel que no momento ia somente abrir um escritório em Jerusalém, que a embaixada ficava para outro momento.

 A cobrança para transferir a embaixada vinha dos parlamentares e líderes evangélicos como Silas Malafaia, Marco Feliciano e do guru ideológico tanto do Bolsonaro como de seus filhos e alguns aliados, Olavo de Carvalho.

 Não há dúvidas que o voto dos evangélicos foi majoritariamente para Bolsonaro nas eleições de 2018.

 Agora, para advogar a construção de um templo judeu, justamente onde estão a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha é querer que ali inicie a Terceira Guerra Mundial.

monte do Templo (em hebraico: הר הבית, transl. Har Ha-Bayit), em alusão ao antigo templo, conforme é conhecido pelos judeus e cristãos, também chamado Nobre Santuário (الحرم الشريف, transl. al-Ḥaram al-Šarīf) pelos muçulmanos, é um lugar sagrado para judeuscristãos e muçulmanos, sendo também um dos locais mais disputados do mundo. Lá se encontram a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha, construídos no século VII e que estão entre as mais antigas estruturas do mundo muçulmano. Por essa razão, o lugar é também referido pela imprensa como Esplanada das Mesquitas.

Trata-se do local mais sagrado do judaísmo, já que é no monte Moriá que se situa a história bíblica do sacrifício de Isaac. Para os muçulmanos, lá teria ocorrido o sacrifício de Ismael. O lugar da "pedra do sacrifício" (a Sagrada Pedra de Abraão) foi eleito pelo rei David para construir um santuário que albergasse o objeto mais sagrado do judaísmo, a Arca da Aliança. As obras foram terminadas por Salomão no que se conhece como Primeiro Templo ou Templo de Salomão e cuja descrição só conhecemos através da Bíblia, já que foi profanado e destruído por Nabucodonosor II em 587 a.C., dando início ao exílio judaico na Babilónia.

Anos depois foi construído o Segundo Templo, que voltou a ser destruído em 70 d.C. pelos romanos, com a exceção do muro ocidental, conhecido como Muro das Lamentações, que ainda se conserva e que constitui o lugar de peregrinação mais importante para os judeus. Segundo a tradição judaica, é o sítio onde deverá construir-se o terceiro e último templo nos tempos do Messias.

É o terceiro lugar mais sagrado do islamismo, por se referir à jornada de Maomé de Meca a Jerusalém e sua ascensão ao paraíso . O local é também associado a vários outros profetas - assim considerados tanto por judeus quanto por muçulmanos.

A maioria dos evangélicos no Brasil são oriundos das igrejas pentecostais e neopentecostais. As assim chamadas históricas ou reformadas estão em menor número. Como os pentecostais abraçaram o ensino dispensacionalismo/pré-milenista e pré-tribulacionista, creem que Israel tem um papel central a desempenhar na escatologia.

O dispensacionalismo diga-se de passagem é algo relativamente novo na história do cristianismo, algo em torno de 200 anos. Já a idéia de construir em Jerusalém o terceiro templo, é mais recente ainda, vem sendo difundida depois da fundação do moderno Estado de Israel em 1948.

 Assim, na linha dispensacionalista ensinam que Israel construirá o terceiro templo onde está hoje o Domo da Rocha dos muçulmanos, que o Anticristo se assentará nesse templo durante a Grande Tribulação e que no Milênio, Israel voltará a ter sacrifícios de animais, ministério levítico e o falecido Rei Davi ressurgirá e será o regente. Nesta forma de pensar, seria como dizer que para Jesus voltar novamente, esse templo o tem que estar pronto ou pelo menos em construção.

 Essa interpretação não encontra respaldo no Novo Testamento, pois quando Jesus conversa com a mulher samaritana em João capítulo 4, e em vez de enfatizar a vinda do Messias relacionada ao templo ele diz que ” a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”. João 4:21,23.

 No mesmo livro de João no capítulo sete, fala que Jesus vai a Jerusalém e era o último dia da festa dos Tabernáculos. A Festa dos Tabernáculos tinha dois aspectos distintos na época do Templo. Uma parte da festa era consagrada ao louvor e ações de graça. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco, instrumentos musicais, corais. Os levitas se faziam acompanhar por músicos em instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a 118.

 O toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a derramavam no altar.

 E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. João 7:37-39.

 A Festa dos Tabernáculos tem um significado profético. O profeta Amós, antevendo a vinda do Messias, escreveu: “Naquele dia levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas, e, levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade”. (Amós 9.11). Quanto a regência de Davi no milênio, deve-se lembrar que quando o apóstolo Tiago fez menção da profecia de Amos 9:11 onde está escrito que o Tabernáculo caído de Davi seria levantado, ele faz uma aplicação da passagem direto para a igreja ao falar da inclusão dos gentios dentro da comunidade cristã (Atos 15:13-21).

Paulo vai na mesma linha ao falar das bençãos de Abraão, dizendo que as mesma chegaram aos gentios através de Cristo, (Gálatas 3:16,28,29). Ou seja, assim como em Efésios, novamente em Gálatas noção de um só povo - Igreja, não mais judeu nem gentio.

 O povo judeu ainda hoje aguarda a vinda do Messias. A preservação misteriosa de Israel pode ser para o cumprimento do propósito de Deus de Israel se tornar o “tabernáculo de Davi, seu Rei”. A Festa dos Tabernáculos fala da alegria do Messias tabernaculando em nosso meio. É época de regozijo, de plenitude.

 Ali estava em pessoa Aquele de quem os profetas haviam falado. Ele era o cumprimento de todas as promessas. O Messias veio e tabernaculou entre nós. (João 1.14). Ali estava se cumprindo Isaias 12:3;, 44:3; 55:1-3.

Israelitas havia, com seriedade de pensamento, que reconheciam que no Tem­plo, apesar de todo o seu esplendor e do aparatoso equi­pamento para os sacrifícios, não havia fonte para alivi­ar-lhes a sede - falta esta simbolizada pelo fato de os sacerdotes terem de sair do Templo a fim de trazer a água. Queriam saber quando se cumpririam as palavras dos profetas, tais como: “Sairá uma fonte da casa do Senhor” (Jl 3.18); e que um grande e profundo rio sairia debaixo do limiar do templo (Ez 47.1-5). Decepciona­dos com a mera forma exterior, tinham sede da realida­de.

 Ezequiel 40 a 43: 17 O contexto histórico é o do exílio de Israel em Babilônia, na geografia do atual Iraque, quinhentos anos antes de Cristo (40:1). A experiência é espiritual, portanto, de natureza subjetiva (40: 2; 43: 1-6).

A primeira visão é do Templo construído por mãos humanas, onde as vaidades dos construtores, dos sacerdotes, dos ricos e dos reis ganhava sua simbolização; e emprestava à esses personagens da vaidade um sentimento de importância: valia a pena até mesmo ser enterrado nas imediações (43: 7-9). O Templo dos Homens era lugar de ideologia, política e auto-afirmação!

Então vem Deus e diz: “Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo, para que ela se envergonhe de suas iniqüidades; e meça o modelo” (43:10). A questão é: que Templo? Ora, Deus havia mostrado antes o modelo a Ezequiel (40: 6 a 42:20). Tratava-se de um edifício impossível de caber nos padrões de matemática, física e arquitetura da Terra! Talvez à partir da Física Quântica se pudesse ter um vislumbre melhor do projeto. E por quê? Porque na Física Quântica tempo e espaço perdem sua significação linear!

 As razões são simples: 1. As medidas são anti-físicas: o lugar começa mínimo (40: 5-6) e, à medida em que se entra por essa Porta Estreita e nesse Lugar Pequeno, tudo começa a crescer. A seqüência da leitura mostra que as dimensões vão ficando cada vez maiores quando se entra por essa pequena porta. 2. O crescimento é para dentro: do verso 7 ao 41:5 esse é um fato inescusável. Quanto mais se entra, mas o lugar aumenta em suas dimensões e espaços. 3. O lugar não apenas cresce para dentro, mas também para cima (41: 6-7). Portanto, não se está falando de um templo construível por mãos humanas. Ele não é desta ordem de coisas!

 Se você se imaginar entrando no templo descrito por Ezequiel, vai se sentir a semelhança de quem já viu filmes ou desenhos, baseados no famoso livro escrito no século XIX, de Lewis Carrol, “Alice no País das Maravilhas”. Atualmente críticos da história e físicos veem nesse livro elementos da física quântica.

A conclusão divina dada a Ezequiel é dupla: 1. Estou mostrando o meu Lugar Santo para que eles “se envergonhem e meçam o modelo” (43: 10). 2. “Esta é a lei do Templo” (43: 12). Nos nossos templos a vaidade dá lugar a monumentos ao Ego (43:7c). Nossos templos são obras do homem! Já nesse lugar da habitação de Deus, as matemáticas humanas cessam e as medidas do homem são todas elas extrapoladas (Ef 3:14-19).

 “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundices e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em voz espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ez 36:25-26, ver 11:19-20).

Este era o sonho dos profetas! Este é o Templo que Jesus disse que em sendo destruído Ele o reconstruiria em três dias! E nós nos tornamos esse templo em Cristo! Afinal, eu estou Nele, por isto Ele vive em mim! Assim, fica-se sabendo que o único lugar onde o caminho de Deus se realiza é o coração. Isto porque “os céus dos céus” não podem conter a Deus. Ele, no entanto, habita com o quebrantado e com o contrito de coração!

Que referência do Antigo Testamento Jesus tem em mente aqui? Jesus é retratado no Evangelho de João como o tabernáculo (João 1:11) e templo (João 2:13-25). Devemos nos interessar especialmente por textos que ligam o Templo com a Festa dos Tabernáculos, onde essa discussão está ocorrendo.

O texto de Ezequiel descreve o futuro templo do qual flui um rio de água viva (Ez. 47:1). O anjo que acompanhava Ezequiel mediu as águas, que se tornavam cada vez mais profundas (Ez.47 :3-6). Uma passagem paralela a esta do texto de Ezequiel é encontrada em Zacarias 14:14-20. Lemos sobre uma batalha, depois que os rios de água viva começam a fluir em duas direções (oeste e leste) do Templo de Jerusalém.

Aí no contexto da festa dos Tabernáculos com toda aquela simbolização presente Jesus clama: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, “do seu interior fluirão rios de água viva”. João 7:38.

Rejeitar essa interpretação e querer a de linha dispensacionalista que parece em alguns pontos com a dos rabinos judaicos é praticamente ignorar o Novo Testamento e ficar só com o VT. Uma solução mais simples para quem quer tanto um templo de Salomão seria se contentar com que o Edir Macedo construiu em São Paulo, pelo menos evitaria uma guerra.

 


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