quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Ortodoxia e heresia

 

A palavra ortodoxia significa interpretação, doutrina ou sistema teológico implantado como único e verdadeiro pela igreja/religião; dogmatismo religioso.

ortodoxia (com o minúsculo) significa conformidade com os princípios de qualquer doutrina geralmente aceita, em contraste com as doutrinas divergentes, que são consideradas falsas e rejeitadas como heterodoxia. A doutrina predominante prevalece sobre as doutrinas divergentes, domina a percepção pública e, assim, define efetivamente a norma, ou seja, a doutrina "correta". [Mas a visão predominante às vezes pode ser derrubada por uma "revolução copernicana", de modo que a visão que prevalecia anteriormente dá lugar a um novo consenso, que se torna a nova ortodoxia.

O termo "Ortodoxo", com O maiúsculo, é comumente aplicado como denominação distinta a dois grupos específicos de igrejas cristãs conhecidas como Igrejas Ortodoxas, assim chamadas mesmo por aqueles que questionam a sua reivindicação de serem exclusivamente ortodoxas.

Já heresia, significa: interpretação, doutrina ou sistema teológico rejeitado como falso pela igreja. Também pode ser interpretada como, teoria, idéia, prática que nega ou contraria a doutrina estabelecida por um grupo.

 

Sim, ortodoxia é muito importante e a apologia no combate as heresias também.

O problema é quando surge o aparecimento da agenda emocional oculta atrás daqueles juízos cansativos, rasos e repetitivos. As razões nunca se afastam muito da mais dissimulada inveja, e que se oculta atrás da “ortodoxia” que se pretende passar como “defensora da verdade de Deus”.

 Ao final, todavia, se descobre por detrás de todas as grandes disputas pela “verdade” que o que há é, quase sempre, mentira; as motivações, quase nunca são nobres, mas brotam dos porões da própria mesquinhez humana.

 E é na ortodoxia de palavras retas, ditas em nome de Deus, que se escondem as grandes heresias. Muitas vezes, nós, os cristãos, somos os mais ardorosos defensores práticos das leis do carma, das teologias simplistas de causa e efeito imediato, de justiças baseadas em aparências e, sobretudo, em acusações que nada mais são que uma tentativa velada de fazer duas coisas: uma é dizer a Deus: “Poupa-me, pois, eu defendo a Tua causa”, a outra é: “Se algo de mal me acontecer também, que todos, de antemão, saibam que não foi por nenhuma rebelião minha contra Deus”.

 Desde sempre a vereda é a mesma: Caminho, Verdade e Vida. Em Cristo, isto tem sua plena encarnação. Mas, esse é um princípio universal para a alma de todo homem: o único caminho é o da verdade e é somente a verdade que realiza aquilo que se pode chamar de vida.

 Em Cristo, isto nos leva ao Pai. Na vida, nos leva, mesmo que perplexamente, ao Pai também. Isto porque não há uma única verdade que se encarne em Cristo que também não seja um princípio de vida para toda e qualquer alma.

 A igreja-comunidade tem que ser sadia e inimiga de divisões. O apóstolo  Paulo fala para notar se praticam a divisão. Prestem atenção os que são maníacos, obsecados, esses que são detalhistas e que estão sempre procurando dividir.

 Quanto a isso nós temos de abrir os olhos porque a nossa herança protestante nos ajuda a produzir divisões. Clodovis Boff (teólogo católico, irmão de Leonardo Boff), brincando um pouco conosco, diz que somos fragmentados dessa forma porque nossa herança protestante concentrou-se na ênfase da verdade e, em função disso, a gente vai se esfacelando.

 Entretanto, a Igreja Católica é inclusivista. É uma “igreja-galinha”, segundo Boff. Ela abre os espaços e chama a todos os pintainhos, até de cores diferentes, para debaixo de si, porque, historicamente falando, a ênfase está na unidade.

 Essa é uma verdade tremenda. Quando a Reforma Protestante levantou-se, carregando os pendões da absolutização da verdade e da sã doutrina, nos resgatamos, por um lado, toda nossa saúde doutrinária ou pelo menos o básico dela. Mas, por outro lado, nos acirramos a essa obsessão pelo perfeccionismo doutrinário, de forma que fomos nos esfacelando e fragmentando no curso da história.

 A idéia do sacerdócio individual, universal e direto com o Pai, por meio de Cristo, através de nosso acesso direto às Escrituras acabou por promover, a partir de diferentes interpretações das mesmas a proliferação de verdades diferentes, de hermenêutica diferentes.

E como a cabeça protestante está centrada na verdade, tudo aquilo que não for exatamente de acordo com a sua cartilha teológica, necessário é, que se faça expurgo.

Seria ingenuidade nossa querermos pregar um inclusivismo que não pergunta pelas questões básicas da verdade. Porém, eu creio que é hora de abrirmos nossos olhos para não ficarmos nem com o nosso “diletantismo pela verdade”, tampouco com o “inclusivismo católico”, que não questiona alguns conceitos básicos e fundamentais.

 Mas nessa dialética, é hora de brotar uma síntese de uma igreja que afirme coisas básicas a serem preservadas. Eu pergunto pela natureza de Deus: se Ele é triúno, infinito. A natureza infinita de Deus significa simplesmente que Deus existe aparte de, e não é limitado pelo tempo ou espaço. Infinito significa simplesmente "sem limites". Quando nos referimos a Deus como "infinito", geralmente usamos termos como onisciência, onipotência, onipresença para referir-nos a Ele.se é pessoal; pela natureza de Cristo, se Deus estava em Cristo, sua divindade; pela sua obra vicária na cruz, na ressurreição; pela Palavra, como revelação verbalizada proposicional de Deus para minha orientação na caminhada da história.

 Depois disso, eu entendo que vem a doutrina da unidade e que dividir por qualquer coisa abaixo dessas questões é dividir por qualquer coisa abaixo dessas questões é dividir por coisas menos importantes. Dividir por causa do batismo, da escatologia pré-milenista, pós-tribulacionista, pré-tribulacionista, dispensacionalista, pela eclesiologia, pela forma de governo, pelo carismatismo, tudo isso é ridículo porque são coisas que estão abaixo da necessidade de preservar a unidade do espírito no vincula da paz!

 Além do que nos adverte, quanto a ilusão e ao engodo das palavras sutis de tais pessoas, porque nenhum assunto é mais sutil, mais liso e aparentemente correto do que aqueles que promovem divisões.

 Lembro de ter ouvido há um tempo atrás uma frase que nunca esqueci: “Eu quero um sopro do Espírito que nos une e não um que nos divide”.

 Outras frases interessantes são: a ortodoxia é a heresia que venceu. E ainda, a ortodoxia de hoje pode ter sido heresia no passado e vice-versa.

 

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