segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Questionamentos sobre o arrebatamento e a grande tribulação

 “Em caso de arrebatamento, este carro vai ficar desgovernado”. Esta frase é encontrada adesivada em muitos automóveis em nossas cidades. Para os não-evangélicos não faz o menor sentido. Mas para os evangélicos, principalmente os pentecostais, esta frase denota a crença na doutrina do arrebatamento secreto, defendida pelo sistema dispensacionalista de interpretação bíblica. 


Segundo este sistema, a volta de Cristo seria dividida em duas fases, a primeira seria secreta e destinada unicamente aos crentes, enquanto a segunda seria pública e aconteceria sete anos depois dos crentes serem arrebatados e levados para o céu. Os mais antigos se lembram de um hino cujo título era “O Rei está voltando”. Entre suas estrofes, se dizia que o mercado ficaria vazio (e não seria pela alta dos preços!), os aviões cairiam pela ausência súbita dos pilotos. Enfim, o mundo ficaria em polvorosa, e a mídia não se ocuparia com outra notícia que não fosse o desaparecimento de milhões de crentes pelo mundo a fora. 

Cresci ouvindo isso. Ficava atormentado quando meus pais tocavam na vitrola o disco “A última trombeta”. Depois de crescidinho, deparei-me com outros sistemas de interpretação, e mesmo formado em Teologia, já tendo dado aula de Escatologia em um seminário, decidi rever meus conceitos. Dei-me conta que a doutrina do arrebatamento secreto não consta das Escrituras, e foi inventada há pouco mais de duzentos anos, por um tal de John Nelson Darby (1800-1882),e tornou-se febre entre os cristãos evangélicos por causa dos comentários de rodapé da Bíblia de Scofield. 

A febre dispensacionalista alcançou um novo apogeu recentemente com o lançamento da série “Deixados para trás”, de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins. Pregadores bradam de seus púlpitos: “Somos a última geração! A geração do arrebatamento!” Mas se contradizem quando gastam milhões na construção de catedrais suntuosas. Recomendo que os leitores deste blog busquem comparar o sistema dispensacionalista com outros sistemas de intepretação da Escatologia Bíblia. Vocês se surpreenderão. Fonte: hermesfernandes.blogspot.com/ 

MEU COMENTÁRIO: Creio na segunda vinda de Cristo (Hebreus 9:28), não em terceira vinda, que é o que o dispensacionalismo pré-milenista ensina, ao dizer que a vinda de Jesus ocorrerá em duas fases. Sinceramente, que não vejo fundamento bíblico para dizer a vinda de Jesus será em oculto. A vinda de Jesus será visível: Todo o olho o verá (Apocalipse 1:7); virá do céu assim como subiu (Atos 1:11); Assim como o relâmpago, sai do oriente e se mostra no ocidente, assim será vinda do Filho do Homem (Mateus 24:27). 

Jesus disse que “depois da aflição daqueles dias”, virá o Filho do Homem com poder e grande glória e os anjos recolherão o seus escolhidos dos quatro cantos da Terra (o arrebatamento), Mateus 24:29-31. A “aflição” que Jesus se refere é a Grande Tribulação (Mateus 24: 21,22). 

Jesus chega a dizer que a aflição daqueles diria seria tal, que se os dias não fossem abreviados, nem os "escolhidos" se salvariam, Mateus 24:21,22). A Besta combaterá os santos (Apocalipse 13:7). Segundo os dispensacionalistas, os mártires do período tribulacional são os “santos” que, o livro de Apocalipse se refere. 

Ou seja, aí já tem uma tremenda contradição: se os que não subiram no arrebatamento da igreja, não estavam aptos para subir, ou “preparados”, porque então são chamados de “santos”? Fica difícil entender a existência de duas categorias de crentes salvos. Os de 1ª categoria, arrebatados e os de 2ª categoria, os da tribulação. Por acaso, isso é um sistemas de castas indiano? 

Tiago diz que Deus não faz acepção de pessoas. Parece até uma aula de sadismo: Enquanto a igreja está celebrando com festa seu casamento (as bodas) no céu, os que ficaram estão sofrendo a ira de Deus na terra e morrendo pelas mãos do Anticristo. É isso mesmo que a Bíblia ensina?

Entendo que, o livro do Apocalipse foi escrito para os crentes que estavam enfrentando a Besta do seu tempo, o Império Romano, através de Domiciano, que promovia a maior perseguição aos cristãos depois de Nero. Os crentes aos quais, o idoso apóstolo João escrevia, estavam sendo presos e martirizados. Muitos da igreja primitiva esperavam o segundo advento nos seus dias. 

Houve perseguição no Império Romano, na Idade Média e depois da Reforma com a inquisição, nos países comunistas da Cortina de ferro. Até hoje existe a igreja é perseguida em países como Cuba, Coréia do Norte, China e no mundo muçulmano. É só dar uma olhada na Revista Abertas. As almas debaixo do altar, são os mártires, pessoas que foram mortas por amor a Jesus, no decorrer da História da humanidade. 

Milhões de pessoas ao redor do mundo estão encantados com as histórias contadas por Tim LaHaye em seus livros e filmes intitulados Deixados para Trás (Left Behind), de linha pré-milenista e demasiadamente sensacionalista. Essa série, que já vendeu mais 42 milhões de exemplares. 

Mas a vinda de Jesus não é um filme de ficção, nem de terror e sim é a esperança da igreja. Mas alguém pode perguntar: que esperança? Esperança, de que um dia, haverá um novo céu e uma nova terra, onde habitam a justiça. Esperança de naquele dia não haverá mais pranto, choro, dor e sofrimento. Por isso o Mestre, já ensinou a pedir na oração do Pai Nosso: "Venha o teu Reino".

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