Na presente revista da CPAD que trata sobre escatologia como também nos comentários e subsídios feitos pelos blogueiros, percebi que ninguém animou a falar de uma polêmica que envolve o dispensacionalismo e o milênio e defensores famosos como J. Dwight Pentecost, onde é defendida a tese de que no milênio haverá um templo judeu com classe sacerdotal, sacrifícios e um Rei Davi ressurreto como regente milenial.
O Dispensacionalismo como já foi dito aqui no blog em outras postagens, é um sistema doutrinário recente no seio do cristianismo, tendo em vista seu sistema codificado, ele possui cerca de 250 anos ao passo que a história do cristianismo tem 2.000 anos. Possui vertentes brandas e exageradas. Equilibrados e extremados, isso no âmbito da Lei e da Escatologia.
A versão mais recente desse teoria é a do dispensacionalismo progressista, que em alguns pontos se afastou de alguns posições da versão clássica e se aproximou um pouco do amilenismo, do pré-milenismo histórico e do pós-milenismo. Por isso, o tema abordado nesta postagem, não significa que é compartilhado por todos os dispensacionalistas. O comentário da lição da CPAD sobre essa lição, prefiriu omitir essa parte, para evitar polêmica.
A questão de se no Milênio haverá sacrifícios.
I. O Templo: O dispensacionalista J. Dwight Pentecost, no Manual de Escatologia afirma a respeito da interpretação ‘correta’ das visões de Ezequiel: “[...] temos aqui uma previsão do templo construído na era milenar. Essa parece ser uma sequencia adequada e inteligente às profecias precedentes.” (p.519), cita então Merril F. Unger para corroborar sua posição de que: “O templo de Ezequiel é um santuário literal e futuro a ser construído na Palestina como esboçado durante o milênio.” (Manual de Escatologia, p.521).
As dimensões do templo das visões de Ezequiel são levadas a sua literalidade (p.521), sendo assim demonstrado que tal interpretação está bem definida nessa direção. Até o local para a sua construção, “uma montanha que será miraculosamente preparada para esse propósito” (Manual de Escatologia, p. 520)
II. O sistema sacerdotal: O sistema sacerdotal que será restaurado no milênio, segundo os dispensaccionalistas, é semelhante ao arônico, mas não necessariamente o mesmo. Existem diferenças e semelhanças. Que semelhanças são essas? J. D. Pentecost usa texto de Ezequiel e afirma:
“Existem certas semelhanças entre os sistemas arônico e milenar. No sistema milenar encontramos o centro da adoração num altar (Ez 43.13-17), onde o sangue é aspergido (43.18), e são oferecidos holocaustos, ofertas pelo pecado e culpa (40.39). A ordem levítica é restituída, já que os filhos de Zadoque são escolhidos para o ministério sacerdotal (43.19). A oferta de manjares está incorporada ao ritual (42.13). Existem rituais prescritos para a purificação do altar (43.20-27), dos levitas que ministram (44.25-27) e do santuário (45.18). Haverá observação das luas novas e dos sábados (46.1). Sacrifícios serão oferecidos diariamente pela manhã (46.13). Heranças perpétuas serão reconhecidas (46.16-18). A Páscoa será novamente observada (45.21-15) e a festa dos tabernáculos torna-se um acontecimento anual (45.25). O ano do jubileu observado (46.17). Há semelhanças nos regulamentos dados para governar o modo de vida, o vestuário e o sustenta da ordem sacerdotal (44.15-31). O templo no qual esse ministério é executado torna-se novamente o local onde se manifesta a glória de Jeová (43.3-5). Percebemos então que a forma de adoração no milênio terá grande semelhança com a velha ordem arônica.” (Manual de Escatologia, pp. 524,525).
Embora segundo Pentecost, o que mais importa são as diferenças e não as semelhanças, mas ambas são preocupantes. Achar que por ter diferenças, torna mais sublime, é um meio de nublar toda a problemática. Até mesmo nas diferenças, algumas coisas estranhas são apresentadas. Pois sugerem até que tal Templo e sacerdócio terá um “rei-sacerdote da ordem de Melquisedeque, talvez Davi ressurreto [...]” (p. 529)!!!
III. O sistema sacrificial: Segundo os defensores dessa visão, os sacrifícios serão comemorativos e não expiatórios. Diz J. D. Pentecost que nem no VT os sacrifícios eram expiatórios, pois apontavam a Cristo, assim também serão os sacrifícios no milênio dispensacional: “Que insensatez argumentar que um ritual poderia realizar no futuro o que nunca pôde ser realizar, ou realizou, ou foi projetado para realizar no passado.”(Manual de Escatologia, p. 530). Os sacrifícios, então, “serão memoriais quanto ao caráter” escreveu o dispensacionalista. Enquanto no VT era algo que apontaria para o futuro, os sacrifícios do milênio dispensacionalista, serão em retrospectiva (p. 531).
Os sacrifícios de animais durante o milênio, proposto na escola dispensacionalista, talvez guiado por Davi, exercerá uma mesma função semelhante da santa ceia. Veja:
Refutações:
1. "Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: "E aos seus descendentes", como se falando de muitos, mas: "Ao seu descendente", dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo". Gálatas 3:16.
2. "De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?
4. Qualquer menção que a Bíblia faça de reis e sacerdotes sobre a terra (Ap 5.10), e no chamado milênio (Ap 20.4-6), deve ser norteada pela revelação posterior a Ezequiel, que é o Novo Testamento: "Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo,
5. A mesma palavra usada em hebraico usada em Ezequiel 45.15, etc., é usada em Levítico 16.6, etc. E o que sabemos, é que a palavra “expiar”significa “cobrir, reconciliar, propiciar, pacificar” (Dicionário Vine, p.122). Não significa, por certo, “celebrar, relembrar, comemorar”, como desejam os defensores do dispensacionalismo.
7. Quanto a regência de Davi no milênio, deve-se lembrar que quando o apóstolo Tiago fez menção da profecia de Amos 9:11 onde está escrito que o Tabernáculo caído de Davi seria levantado, ele faz uma aplicação da passagem direto para a igreja ao falar da inclusão dos gentios dentro da comunidade cristã (Atos 15:13-21). Paulo vai na mesma linha ao falar das bençãos de Abraão, dizendo que as mesma chegaram aos gentios através de Cristo, (Gálatas 3:16,28,29). Ou seja, assim como em Efésios, novamente em Gálatas noção de um só povo - Igreja, não mais judeu nem gentio.
Agora, para advogar a construção de um templo judeu, justamente onde estão a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha é querer que ali inicie a Terceira Guerra Mundial.
O monte do Templo (em hebraico: הר הבית, transl. Har Ha-Bayit), em alusão ao antigo templo, conforme é conhecido pelos judeus e cristãos, também chamado Nobre Santuário (الحرم الشريف, transl. al-Ḥaram al-Šarīf) pelos muçulmanos, é um lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, sendo também um dos locais mais disputados do mundo. Lá se encontram a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha, construídos no século VII e que estão entre as mais antigas estruturas do mundo muçulmano. Por essa razão, o lugar é também referido pela imprensa como Esplanada das Mesquitas.
Trata-se do local mais sagrado do judaísmo, já que é no monte Moriá que se situa a história bíblica do sacrifício de Isaac. Para os muçulmanos, lá teria ocorrido o sacrifício de Ismael. O lugar da "pedra do sacrifício" (a Sagrada Pedra de Abraão) foi eleito pelo rei David para construir um santuário que albergasse o objeto mais sagrado do judaísmo, a Arca da Aliança. As obras foram terminadas por Salomão no que se conhece como Primeiro Templo ou Templo de Salomão e cuja descrição só conhecemos através da Bíblia, já que foi profanado e destruído por Nabucodonosor II em 587 a.C., dando início ao exílio judaico na Babilónia.
Anos depois foi construído o Segundo Templo, que voltou a ser destruído em 70 d.C. pelos romanos, com a exceção do muro ocidental, conhecido como Muro das Lamentações, que ainda se conserva e que constitui o lugar de peregrinação mais importante para os judeus. Segundo a tradição judaica, é o sítio onde deverá construir-se o terceiro e último templo nos tempos do Messias.
É o terceiro lugar mais sagrado do islamismo, por se referir à jornada de Maomé de Meca a Jerusalém e sua ascensão ao paraíso . O local é também associado a vários outros profetas - assim considerados tanto por judeus quanto por muçulmanos.
A maioria dos evangélicos no Brasil são oriundos das igrejas pentecostais e neopentecostais. As assim chamadas históricas ou reformadas estão em menor número. Como os pentecostais abraçaram o ensino dispensacionalismo/pré-milenista e pré-tribulacionista, creem que Israel tem um papel central a desempenhar na escatologia.
O dispensacionalismo diga-se de passagem é algo relativamente novo na história do cristianismo, algo em torno de 200 anos. Já a idéia de construir em Jerusalém o terceiro templo, é mais recente ainda, vem sendo difundida depois da fundação do moderno Estado de Israel em 1948.
Assim, na linha dispensacionalista ensinam que Israel construirá o terceiro templo onde está hoje o Domo da Rocha dos muçulmanos, que o Anticristo se assentará nesse templo durante a Grande Tribulação e que no Milênio, Israel voltará a ter sacrifícios de animais, ministério levítico e o falecido Rei Davi ressurgirá e será o regente. Nesta forma de pensar, seria como dizer que para Jesus voltar novamente, esse templo o tem que estar pronto ou pelo menos em construção.
Essa interpretação não encontra respaldo no Novo Testamento, pois quando Jesus conversa com a mulher samaritana em João capítulo 4, e em vez de enfatizar a vinda do Messias relacionada ao templo ele diz que ” a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”. João 4:21,23.
No mesmo livro de João no capítulo sete, fala que Jesus vai a Jerusalém e era o último dia da festa dos Tabernáculos. A Festa dos Tabernáculos tinha dois aspectos distintos na época do Templo. Uma parte da festa era consagrada ao louvor e ações de graça. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco, instrumentos musicais, corais. Os levitas se faziam acompanhar por músicos em instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a 118.
O toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a derramavam no altar.
E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. João 7:37-39.
A Festa dos Tabernáculos tem um significado profético. O profeta Amós, antevendo a vinda do Messias, escreveu: “Naquele dia levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas, e, levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade”. (Amós 9.11). Quanto a regência de Davi no milênio, deve-se lembrar que quando o apóstolo Tiago fez menção da profecia de Amos 9:11 onde está escrito que o Tabernáculo caído de Davi seria levantado, ele faz uma aplicação da passagem direto para a igreja ao falar da inclusão dos gentios dentro da comunidade cristã (Atos 15:13-21).
Paulo vai na mesma linha ao falar das bençãos de Abraão, dizendo que as mesma chegaram aos gentios através de Cristo, (Gálatas 3:16,28,29). Ou seja, assim como em Efésios, novamente em Gálatas noção de um só povo - Igreja, não mais judeu nem gentio.
O povo judeu ainda hoje aguarda a vinda do Messias. A preservação misteriosa de Israel pode ser para o cumprimento do propósito de Deus de Israel se tornar o “tabernáculo de Davi, seu Rei”. A Festa dos Tabernáculos fala da alegria do Messias tabernaculando em nosso meio. É época de regozijo, de plenitude.
Ali estava em pessoa Aquele de quem os profetas haviam falado. Ele era o cumprimento de todas as promessas. O Messias veio e tabernaculou entre nós. (João 1.14). Ali estava se cumprindo Isaias 12:3;, 44:3; 55:1-3.
Israelitas havia, com seriedade de pensamento, que reconheciam que no Templo, apesar de todo o seu esplendor e do aparatoso equipamento para os sacrifícios, não havia fonte para aliviar-lhes a sede - falta esta simbolizada pelo fato de os sacerdotes terem de sair do Templo a fim de trazer a água. Queriam saber quando se cumpririam as palavras dos profetas, tais como: “Sairá uma fonte da casa do Senhor” (Jl 3.18); e que um grande e profundo rio sairia debaixo do limiar do templo (Ez 47.1-5). Decepcionados com a mera forma exterior, tinham sede da realidade.
Ezequiel 40 a 43: 17 O contexto histórico é o do exílio de Israel em Babilônia, na geografia do atual Iraque, quinhentos anos antes de Cristo (40:1). A experiência é espiritual, portanto, de natureza subjetiva (40: 2; 43: 1-6).
A primeira visão é do Templo construído por mãos humanas, onde as vaidades dos construtores, dos sacerdotes, dos ricos e dos reis ganhava sua simbolização; e emprestava à esses personagens da vaidade um sentimento de importância: valia a pena até mesmo ser enterrado nas imediações (43: 7-9). O Templo dos Homens era lugar de ideologia, política e auto-afirmação!
Então vem Deus e diz: “Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo, para que ela se envergonhe de suas iniqüidades; e meça o modelo” (43:10). A questão é: que Templo? Ora, Deus havia mostrado antes o modelo a Ezequiel (40: 6 a 42:20). Tratava-se de um edifício impossível de caber nos padrões de matemática, física e arquitetura da Terra! Talvez à partir da Física Quântica se pudesse ter um vislumbre melhor do projeto. E por quê? Porque na Física Quântica tempo e espaço perdem sua significação linear!
As razões são simples: 1. As medidas são anti-físicas: o lugar começa mínimo (40: 5-6) e, à medida em que se entra por essa Porta Estreita e nesse Lugar Pequeno, tudo começa a crescer. A seqüência da leitura mostra que as dimensões vão ficando cada vez maiores quando se entra por essa pequena porta. 2. O crescimento é para dentro: do verso 7 ao 41:5 esse é um fato inescusável. Quanto mais se entra, mas o lugar aumenta em suas dimensões e espaços. 3. O lugar não apenas cresce para dentro, mas também para cima (41: 6-7). Portanto, não se está falando de um templo construível por mãos humanas. Ele não é desta ordem de coisas!
Se você se imaginar entrando no templo descrito por Ezequiel, vai se sentir a semelhança de quem já viu filmes ou desenhos, baseados no famoso livro escrito no século XIX, de Lewis Carrol, “Alice no País das Maravilhas”. Atualmente críticos da história e físicos veem nesse livro elementos da física quântica.
A conclusão divina dada a Ezequiel é dupla: 1. Estou mostrando o meu Lugar Santo para que eles “se envergonhem e meçam o modelo” (43: 10). 2. “Esta é a lei do Templo” (43: 12). Nos nossos templos a vaidade dá lugar a monumentos ao Ego (43:7c). Nossos templos são obras do homem! Já nesse lugar da habitação de Deus, as matemáticas humanas cessam e as medidas do homem são todas elas extrapoladas (Ef 3:14-19).
“Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundices e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em voz espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ez 36:25-26, ver 11:19-20).
Este era o sonho dos profetas! Este é o Templo que Jesus disse que em sendo destruído Ele o reconstruiria em três dias! E nós nos tornamos esse templo em Cristo! Afinal, eu estou Nele, por isto Ele vive em mim! Assim, fica-se sabendo que o único lugar onde o caminho de Deus se realiza é o coração. Isto porque “os céus dos céus” não podem conter a Deus. Ele, no entanto, habita com o quebrantado e com o contrito de coração!
Que referência do Antigo Testamento Jesus tem em mente aqui? Jesus é retratado no Evangelho de João como o tabernáculo (João 1:11) e templo (João 2:13-25). Devemos nos interessar especialmente por textos que ligam o Templo com a Festa dos Tabernáculos, onde essa discussão está ocorrendo.
O texto de Ezequiel descreve o futuro templo do qual flui um rio de água viva (Ez. 47:1). O anjo que acompanhava Ezequiel mediu as águas, que se tornavam cada vez mais profundas (Ez.47 :3-6). Uma passagem paralela a esta do texto de Ezequiel é encontrada em Zacarias 14:14-20. Lemos sobre uma batalha, depois que os rios de água viva começam a fluir em duas direções (oeste e leste) do Templo de Jerusalém.
Aí no contexto da festa dos Tabernáculos com toda aquela simbolização presente Jesus clama: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, “do seu interior fluirão rios de água viva”. João 7:38.
Rejeitar essa interpretação e querer a de linha dispensacionalista que parece em alguns pontos com a dos rabinos judaicos é praticamente ignorar o Novo Testamento e ficar só com o VT. Uma solução mais simples para quem quer tanto um templo de Salomão seria se contentar com que o Edir Macedo construiu em São Paulo, pelo menos evitaria uma guerra.
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