segunda-feira, 30 de março de 2009

JOGOS DO PODER

Assisti ao filme “Jogos do Poder”, estrelado pelos atores, Tom Hanks e Julia Roberts. O filme fala sobre a participação dos Estados Unidos na época da invasão soviética no Afeganistão (1979-1989). Alguns cientistas políticos dizem que foi “o Vietnã”, da ex-União Soviética, e um dos fatores que aceleraram sua queda. Filme a parte, falando agora, sobre o título, jogos do poder e relacionando com a Palavra, pode-se dizer que, tudo é jogo neste mundo caído. Jogo consciente. Jogo inconsciente. Mas é jogo, e nós nem sempre nos damos conta disso. A prova mais cabal desse “Game” que se instalou como sistema de interpretação e também de prática humanos, nos vem do próprio Trama que "Historificou" a Cruz. Se não, veja: Temos Jesus e seus discípulos. Um movimento cresce... Curas, milagres, doutrina que se difere de tudo e todos; autoridade nunca vista, e um sentimento de maravilha que domina a tudo e todos: Deus visitou os homens! O povo é apenas o povo. O povo não luta contra curas, milagres, maravilhas, e bondades distribuídas gratuitamente. ! O povo nunca teve nada contra isso, pois, as pessoas do povo são sempre as maiores beneficiárias da Graça. Quem está morrendo de dor só quer alívio... Mas nós sempre temos mais que o povo. Havia alí outros poderes, outros principados e potestades históricos em operação. Havia o Sinédrio dos Judeus: a Religião na sua mais ousada e segura certeza de autoridade medianeira entre Deus e os homens, onde tudo o que dissesse respeito a Deus, era objeto da “gestão” dos sacerdotes e de seus oficiais. Havia Roma: A Política que se apresenta como poder político. E seus representantes estavam presentes na judéia nos dias de Jesus, como em qualquer outro lugar. Haviam as seitas e grupos religiosos, que naqueles dias tinham também seu papel político a cumprir. Cada um representava uma visão não apenas religiosa, mas também uma interpretação política do mundo: saduceus, fariseus, os escribas; e os demais grupos: zelotes, sicários e essênios... Cada um com sua própria agenda de interesses imediatos, sempre relacionados à busca de poder temporal. Mas quem desestabiliza tudo, é sempre o povo! Todos os que não se sentem povo—em qualquer lugar, tempo ou cultura da Terra—, alimentam-se do povo, e do poder que dele emana, no mínimo como força de trabalho, ou de massa de autenticação de autoridade. De súbito, há Jesus, os discípulos e multidão do povo... E não era apenas o povo controlável que seguia a Jesus: haviam os que vinham de outras fronteiras, sem falar que a mensagem do Evangelho se infiltrava em literalmente todas as camadas da sociedade. Então, primeiro mobilizam-se as seitas: fariseus, saduceus—e seus escribas! Esgrimam com Jesus, disputam a veracidade de Seus feitos e palavras. Interpelam-no. O Evangelho nos dá testemunho vasto, desses encontros, muitos deles extremamente tensos. As interpretações que daí advêm, são as mais perversas: “Tem demônio!” “Samaritano possesso!” “Comilão, beberrão, amigo de pecadores!” “Embusteiro!” São apenas algumas das afirmações que tentam colar em Jesus. Mas o povo continuava a vir e a receber. O trama todo, é o próprio Evangelho; seria, portanto, impossível tratar do sistema todo sem que, para isso se tivesse que escrever um livro. Não é o caso aqui... Lázaro ressuscita depois de morto há quatro dias, e, tal fato acaba sendo a “gota final” a fim de que as autoridades religiosas decidam matar a Jesus. “Se o deixarmos, o mundo virá após ele; e os romanos nos tirarão o poder”—considerava o Sinédrio. Mas como o Sinédrio haveria de matá-lo? O falso profeta sempre está em parceria com alguma besta política, conforme o apocalipse! Então, o Sinédrio faz duas coisas: 1. Esconde-se atrás do pretexto de que a questão era religiosa; sou seja: Jesus era um herege. Isto para confundir o povo! 2. Apresenta o caso a Roma como sendo religioso com implicações políticas. E pede a Roma—representada em Pilatos—,que faça alguma coisas, para se auto-preservar de uma possível sublevação do povo, e, conseqüentemente, também para preservá-los como os mediadores da estabilidade e da paz social. Esse é o “esqueminha” de sempre! Daí pra frente é só um jogo de empurra... É o Sinédrio empurrando para Pilatos autenticar; Pilatos “não entendendo” e lavando as mãos, abrindo assim o caminho para “outras mãos” que desejam matar se expressarem, agora com o aval silencioso e omisso da Política. E também haviam os “partidos”, mobilizando uma “militância” comprável a fim de fazer algum barulho em Jerusalém. A mulher de Pilatos ouviu falar do “julgamento” e assustou-se, havia sonhado o desfecho do caso. “Não te envolvas com este justo, pois, em sonho muito sofri a seu respeito”—disse ela. Não era mais possível: o jogo estava feito, e Pilatos estava dentro, sem nem bem saber, o quão envolvido estava. O resultado é a crucificação. O fato é a Cruz. Mas a motivação não era nem política, nem religiosa, nem de qualquer outra natureza que não fosse a mais psiquicamente animal de todas as motivações entre os humanos: a inveja! Assim, os pretextos são muitos e variados, mas as guerras de fato militam é na carne! Por trás de todos esses jogos o que há sempre é a basicalidade da inveja e dos pequenos interesses. Se todos fossem apenas povo, a inveja se manifestaria do modo como ela se manifestou nos Evangelhos: Senhor, será que dá para os meus filhos se assentarem ao teu lado no teu reino?—propunha a mãe de Tiago e João. E discutiam pelo caminho quem era o maior entre eles—confirma o evangelho. E assim vai... Mas não há o jogo homicida. O próprio Judas, a fim de trair, teve que encontrar a interface da Religião a fim de negociar. Um Judas sozinho não faz crucificação! O que aprendemos? Bem, o que move o povo é a necessidade. O que move as seitas é a arrogância da presunção da verdade. O que move Pilatos é a política e a necessidade de não complicar a sua própria “gestão”. O que move o Sinédrio é o medo de perder o poder. O que move Judas é desapontamento... Mas e o jogo? Ora, o que há por trás do jogo, é o de sempre: inveja dissimulada! Por trás de todas as nossas grandes “causas” o que há é apenas insegurança, pois, a inveja, é a filha mais perversa que a insegurança consegue gerar. O ciúme é o filho mais fraco, porém altamente recrutável para qualquer que seja a missão, inclusive, de morte. No fim, ninguém matou, apenas porque todos mataram... E a multidão do povão, são sempre os menos culpados; a final: eles não sabem o que fazem!

10 comentários:

  1. "Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos em trevas , mentimos,e não praticamos a verdade..."
    "Nem todo o que me diz: Senhor Senhor! entrara no reino dos céus,mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus."

    Sã doutrina; Paz.

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  2. Josué,

    Uma certa vez ouvi algo interessante: Diz que o Reino do Céus vai ser uma surpresa para muita gente. Quem muitos tem por "pecador", vai estar lá. E muitos que temos por "santos" não vão estar lá. Só Deus conhece os corações.

    Abraço.

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  3. Sem esquecer os irmãos de Jesus, todos unânimes com a idéia do castigo merecido ao irmão mais velho, aquele rebelde soberbo.

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  4. Nobre Pr. Juber ;
    Esta postagem é maravilhosa, me fez pensar sobre o poder que embriaga os homens , que infelizmente se contaminam com ele.

    Que Deus abençoe sua vida e que possas escrever mais textos com essa magnitude.

    Em Cristo Marcos

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  5. Lou,

    Bem lembrado sobre os irmãos de Jesus. Os próprios irmãos só o reconheceram após a ressurreição. Profeta não tem honra na sua própria terra, disse o Mestre certa vez. Muitas vezes nem na sua própria casa.

    Abraço.

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  6. Pr. Marcos Serafim,

    Poder embriaga mesmo, tanto que o "Coisa Ruim" tentou levar até Jesus na conversa na tentação do pináculo do templo. "Tudo isso te darei" disse ele. Quando vejo os "mega-líderes" de hoje, fico pensando no que eles responderam a proposta.

    Abraço.

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  7. Caro Pr. Juber,

    Somente Deus tem poder para conciliar duas coisas dispares, PODER E AMOR. Somente Deus pode ser amor, enquanto é dono de todo poder.
    Na esfera humana poder não combina com amor. Por isso, primordialmente Deus não quer nos dar poder, mas quer nos encher do seu amor. O Deus encarnado em Jesus é a expressão máxima desse amor que Deus nos deu.
    Jesus voltou para o Pai, mas não nos deixou órfãos do seu amor. O Espírito Santo foi enviado para que esse Amor continuasse não apenas entre nós, mas, sobretudo, derramado em nós. Na sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo expressa essa verdade dizendo que “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que ele nos deu.” (Rom. 5:5)

    Quando vejo crente pedindo poder a Deus pergunto: Para que você quer poder?
    Suspeito que Deus não ouve esse tipo de oração. Ele, que é Amor, nos quer cada vez mais parecidos com ele; nos quer cada vez mais cheios do seu amor e não de poder.

    Amor gera autoridade, poder gera tirania.

    Um abraço
    Paulo Silvano

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  8. Prezado Paulo Silvano,

    Obrigado pela contribuição que só acrescentou esta postagem. Salmo 62tem uma frase que eu gosto muito: "Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi, que o poder pertence a Deus". I Corintios 13 diz que sem amor, nada adianta.

    Grande abraço.

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  9. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  10. Caro anônimo,

    O comentário foi excluído porque traz acusações graves, oculto no anonimato e ainda cita nomes de pessoas de forma muito terrível. Este não é o propósito deste blog, fazer ataques pessoais a ninguém.

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