quarta-feira, 14 de outubro de 2009

BRASIL EVANGÉLICO?

Tenho estado muito preocupado, ultimamente com o espírito de fanatismo que tem invadido a igreja evangélica no Brasil. Nesses 20 anos, também tenho estado muito alegre por ver que a igreja evangélica tem crescido muito e, com isso, muita gente está encontrando Jesus e, Nele, salvação, libertação, esperança e a possibilidade de uma vida melhor. Entretanto, angustia-me ver que, algumas vezes, esse crescimento, o qual tem o seu aspecto extraordinário, vem tomando contornos de algo não tão sadio, adoecido, estranho, que se assemelha à enfermidade, à patologia, redundando em evidências explicitamente fanáticas. Estamos vivendo, hoje no Brasil, um momento no qual precisamos definir o que queremos que aconteça em nossa pátria. Como povo de Deus, temos duas opções: a primeira é querer ver o Brasil evangélico; a segunda é ver o Brasil de Jesus. O que queremos? O Brasil pode ser evangélico sem ser de Jesus, como pode também ser de Jesus sem ser evangélico. E pode ser de Jesus e ser evangélico. Se tudo aquilo que fosse de Jesus tivesse que ser, necessariamente evangélico, Jesus só estaria tendo vez na História de 180 anos para cá, quando o “Movimento Evangélico” - tal qual o conhecemos hoje começou a existir. Se, para ser de Jesus o mundo tivesse que ser protestante, Jesus só estaria agindo e atuando nele de 500 anos para cá, quando da Reforma Protestante. Enfim, Deus tem meios e modos de fazer que a sua salvação entre no mundo sem, obrigatoriamente, ter que fazê-la evangélica. Digo isto, porque às vezes desenvolvemos esquemas religiosos que se tornam independentes de Deus e divorciados Dele, como uma coisa autônoma. Isso aconteceu com o movimento farisaico do judaísmo, que no início fora um movimento defensor do zelo pelas coisas de Deus, tornando-se, ao final, o “carro-chefe” que deflagou a morte histórica de Jesus. De igual modo, isto se verificou no cristianismo original dos apóstolos, do Novo Testamento, que 300 anos depois, foi “constantinizado”, transformando-se num movimento de natureza política com vistas à unificação do Império Romano, em decorrência do que a Igreja se foi paganizando, até que ela mesma criou um dos movimento mais escuro da história da civilização humana (a Idade das Trevas) do ocidente, com as Cruzadas e o advento da Santa Inquisição, feitas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, utilizando a cruz e todos os demais elementos sagrados do cristianismo, ainda que o Espírito Santo, neles não estivesse presente, nos quais Jesus estivesse ausente e nos quais Deus não se manifestou, mas o diabo. Nós hoje, estamos vivendo um momento singular, quando vemos a fé espalhando-se pelo Brasil. Aleluia! No entanto, a pergunta que devemos nos fazer, com relação à expansão da fé neste país, é o que queremos que aconteça com o Brasil. Queremos vê-lo apenas tornar-se uma nação evangélica, tendo templos em todos os lugares, vendo a maioria das lideranças políticas confessando-se evangélicas, tendo muitos veículos de comunicação evangélicos, com uma boa parte dos recursos financeiros do país em poder daqueles que se dizem evangélicos, etc?...Mas, o Brasil vai continuar o mesmo! Na mesma miséria, com os mesmos casos de corrupção, com a mesma prática política...Talvez, até, pior, pelo fato de não haver mais nenhuma referência evangélica à qual se possa recorrer, não se tendo esperança de alguma coisa alternativa, porque o que era alternativo, acabou virando em algo associado ao que existe de pior no mundo, que por sua vez, passou a usar o nome de Deus para justificar suas ações. É isso, que queremos? E mais, que imagem a Igreja deve buscar construir? Ora, como não poderia deixar de ser, Jesus tem que ser a nossa referência, a nossa busca de reconstrução da imagem da Igreja. Primeiro, porque se somos cristãos, a referência é Cristo e não há nenhum outro. Não é um homem, não é um apóstolo secundário, não é um missionário fabuloso que viveu na Índia - é Jesus a referência. Segundo, se somos evangélicos temos que viver conforme o Evangelho de Jesus. Ora, Jesus desagradou vários grupos políticos e religiosos do seu tempo. Agradou ao Pai e agradou ao povo, que vinha trazendo a Ele, os perdidos, oprimidos, doentes, para serem, salvos, curados e libertos. Então, para uns, a sua imagem estava tremendamente desgastada, enquanto que, para outros, ela crescia em respeito e admiração. O problema da Igreja acontece quando o grupo com as características daqueles que antes odiavam Jesus, começa a aplaudir a Igreja hoje; enquanto o grupo que amava a Jesus, naqueles dias começa a repudiar a Igreja hoje. Ou seja, quando a gente vê pessoas com as mesmas posturas daqueles que, naqueles dias, repudiavam e odiavam as ações de Jesus, afinados com a Igreja hoje, e até liderando-a; enquanto aqueles que nos Evangelhos eram amigos de Jesus, e andavam com Ele, agora ficam longe, não querendo nem ouvir fale dele. Quando isso acontece é porque houve uma inversão radical de valores na Igreja, e ela não tem mais quase nada a ver como o coração do seu Senhor. E ainda, quando as pessoas dizem: "Jesus eu quero, só não quero a Igreja", é porque a Igreja virou anticristã.

6 comentários:

  1. Sinceramente esse é o perigo por que o Brasil tornar-se Religioso...; é, mas o Brasil ja é uma patria religiosa, e a nação e vangelica é a [a-religião surpla]das demais religiões e na sociedade..., e eu não vou nem etigmatiza-la de diabolica. Pastor, nós sabemos que a igreja evangelica não é obediente a Cristo, certo? em Cristo, salvo umas ou outras..., e tem muita, muita gente de olho nos evangelicos, pois é! eu sou um deles..., bem Pastor, sendo assim, a minha pergunta é a seguinte; o que fazer com relação a isso? Será que tem outra saída?rsrsrs, Se tem, qual é? O filme historico e derradeiro não esclarece isso?

    Só isso.


    Graça e paz e um Abraço.

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  2. Josué,

    Tem pessoas que acreditam que Deus só atua no meio protestante/evangélico. Não. Deus é livre, e é Deus. O vento sopra onde quer, disse Jesus a Nicodemos. Também creio na Ordem de Melquisedeque. Deus está agindo, em todo lugar, inclusive no meio evangélico.

    Abraço.

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  3. Para mim a palavra evangélico deixou de ter significado relevante, assim como aconteceu com a palavra "crente" uns anos antes. Ambas foram criadas para substituir a original "cristão" que confundia católicos e não católicos. Hoje, prefiro denominar-me "cristão de origem protestante". Não pertenço ao mundo evangélico. Não me reconheço nele.

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  4. Rubinho,

    Eu me lembro no início da década de 80 quando me converti, de como a palavra "crente" era usada de forma pejorativa pelos não-crentes. Começaram a usar a palavra "cristão", mas como você disse, havia confusão entre católicos e protestantes. Então, surge no fim dos anos 80 e início dos 90, a palavra "evangélico", que virou mania e moda. De repente, parecia que estava virando todo mundo evangélico, artistas, jogadores de futebol, etc. Era o crescimento do segmento. Sei que o "evangélico" daqui, derivou segundo alguns estudos, do "evangelical" nos States, que por sua vez vem da Conferência de Lausane em 1974. O fato, é que protestantes reformados, históricos, pentecostais clássicos e neo-pentecostais, estão hoje sob o mesmo emblema. Por isso, tem gente querendo separar as coisas. Pastores como Ariovaldo Ramos, Ricardo Gondim, por exemplo, dizem não se considerar mais evangélicos, apesar de estarem ligados a suas instituições. Mas gostei da sua desegnação de "cristão de origem protestante".

    Abraço.

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  5. Graça e Paz,amado Pr.Juber


    Quando olhamos para os evangélicos de hoje em dia no Brasil, peço a Deus que este país não se torne "evangélico", mas que conheça o Evangelho de Cristo.

    Muitas pessoas estão sendo apresentadas a um Jesus da religião, da barganha, que só age pr dinheiro, que parece mais um diabo. São poucos os líderes que realmente pregam o Evangelho como ele é.

    Vivemos uma crise tremenda, e sinceramente, não vejo um Brasil evangélico, mas "evangélico".A diferença está nas aspas, mas significa tudo: verdade da Graça de Deus ou perversão descarada da palavra. É só discernir.

    Um abração!

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  6. Marcos Wandré,

    O que me dá arrepios é quando falam em um presidente da república evangélico.

    Abraço.

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