quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O SILÊNCIO DE DEUS

Durante este mês, lemos pela internet, algumas teorias sobre o terremoto no Haiti, sejam elas científicas ou teológicas. Houve até polêmica, quando as correntes de pensamento se chocaram, entre que falam que foi Deus que puniu o povo, pela religião vodu e quem dizia que Deus não teve nada a haver com o desastre. Ambos citam a Bíblia para provar suas teses. Outros passaram para o lado das lamentações, dizendo como o Papa Bento XVI disse quando visitou o campo de concentração na Polônia: "Onde estava Deus?" Isso serve para nos mostrar que não há regras ou fórmulas teológicas para serem aplicadas ao silêncio de Deus.

Quando Deus não falou, o melhor que faço é estar calado. Ou então ter coragem de falar apenas em meu próprio nome. No silêncio de Deus é melhor falar como ateu sensato do que como profeta devoto, que põe na boca de Deus lindas palavras que ele não disse. No silêncio de Deus, o homem tem total direito à palavra. Mas tal direito deve ser exercido em nome do homem, correndo ele o risco de ser julgado pela História como homem. O problema é quando no silêncio de Deus, falamos em nome dele, ainda que digamos o que há de melhor em nosso sistematizações teológicas.

Um aspecto interessante sobre os profetas, é que eles eram gente sem nenhuma investidura religiosa oficial. Assim, era na informalidade da vida que Deus estava falando aos poderes constituídos. A Palavra de Deus estava sendo trazida por gente simples. O julgamento dessa Palavra de Deus aos líderes constituídos da nação, não vinha da classe sacerdotal, muito bem organizada e profundamente comprometida com o rei. A Palavra de Deus quase sempre foi leiga na História. Deus nunca falou oficialmente. Ele sempre usou os leigos para se fazer ouvir. Ele usa pessoas leigas, porém intrépidas. A intrepidez dos profetas vinha do fato, de que eles eram pessoas profundamente vinculadas à realidade do pacto de Deus com seu povo. Eles conheciam a Deus e conheciam o povo de Deus. A comunhão do povo de Deus eram os elementos atualizadores da mensagem dos profetas. O fato de que as agonias do pobre, dos oprimidos, aflitos e necessitados, estavam sendo ouvidas pelas profetas com uma dor contemporânea, é que dava a eles a possibilidade de pregarem sempre algo novo.

16 comentários:

  1. Pastor Juber,
    a Paz!

    Quanto a questão "espiritualizada" qeu levantaram sobre o Haiti, eu penso o seguinte:

    1. Em que somos melhores que eles no que diz respsito a idolátria?

    2. Desde quando Deus faz diferença entre a idolátria existente no Brasil (inclusive no meio evagélico) a da que existe no Haiti?

    3. As pessoas que ficaram perdendo tempo com essas discussões, (embora eu as respeite), vão ajudar o Haiti com alguma ajuda humanitária, ou vão dizer que, se a culpa é da idolátria, eles que morram!? (Entendo a questão da análise, mas me refiro aqui aos que ficaram perdendo tempo priorizando essa questão).

    4. Desde quando esse povo e os governos de todo mundo se preopcupam com o Haiti? Isso só ocorreu por conta do terremoto!

    É isso, como falei em meu blog, em muitos desses casos, esses blogueiros que estão tentando atrair mais leitores no sentido da audiência, precisam rever o conceito de blogar, está faltando alma!

    Um abraço!

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  2. Matias,

    Uma matéria interessante sobre o Haiti, foi postada no dia 16/01/2010, no jornal "O Globo", pela jornalista Miriam Leitão, sob o título: "Por que o Haiti é tão pobre?"

    A História responde. Em 1804 parecia que a história tinha afinal sorrido para a rica colonia francesa do Caribe. Uma revolução dos escravos levou-os a conquistar o poder e instalar uma república negra nas Américas, a segunda república independente das Américas, depois dos Estados Unidos.
    Até então ela havia sido explorada radicalmente pela França. Era tão produtiva que era chamada "a jóia das Antilhas". No sistema escravocrata, numa terra altamente produtiva, a França extraiu tudo do que podia da colônia. Lá se produzia café, cacau, tabaco, algodão, indigo entre outros produtos que eram refinados na França e reexportado para o resto da Europa. O cálculo é que a França retirava de lá 50% do seu PIB da época.
    A independência parecia ser um brilhante recomeço. Não foi. O mundo inteiro decretou boicote à nova república. As potências coloniais achavam subversivo aquele modelo. Os Estados Unidos que já eram uma ex-colonia independente eram um país escravocrata. O Haiti assustava a todos. Sob boicote do mundo, o país entrou em dificuldades extremas. Não podia exportar nem importar. A França passou a cobrar do Haiti uma suposta divida para indenizar os ex-donos de terras, ex-donos de escravos. A contenda com a França só acabou quando em 1838 o governo haitiano aceitou pagar 150 milhões de francos. Durante 80 anos essa divida, que foi paga incontáveis vezes através de juros intermináveis, drenou a economia haitiana. A dívida só foi considerada paga em 1922.
    Mas aí o país já estava sob jugo de outro opressor: os Estados Unidos ocuparam militarmente o país em 1915 e lá ficaram até 1938. Mesmo após o fim da ocupação física, os Estados Unidos apoiaram as escolhas trágicas dos haitianos como o poder à dinastia dos Duvalier, o Papa Doc e Baby Doc que desde os anos 60, por décadas, dominaram a população pelo terror através da mais violenta das polícias políticas de que se tem notícia nas Américas, os Tonton Macoute.
    Para completar a explicação da pobreza, os indicadores educacionais são os piores. Todos esses governantes ou líderes, sejam eles de opressores estrangeiros ou opressores locais, jamais fizeram qualquer esforço para educar a população e retirá-la da ignorância.
    A democracia quando chegou lá, chegou tarde e vulnerável.
    Para completar o quadro produzido por essa história, há ainda os fatores climáticos. A destruição impiedosa do meio ambiente, desde a época colonial, no país que tinha uma intensa biodiversidade, foi empobrecendo o solo, produzindo erosões, aumentando os riscos de desastres ambientais. Hoje restam apenas 2% da rica cobertura vegetal original. Furacões e terremotos fizeram o resto da tragédia haitiana.
    Haverá futuro para o Haiti se os haitianos e o mundo aprenderem com essa história. É hora de os países de boa vontade se unirem em torno do Haiti para do meio do caos atual começar a construir uma nova história".

    Achei mais sensata o texto dela, falando da história do Haiti, do que muita gente que anda falando como anjo do juízo final por aí.


    Um abraço.

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  3. Hermes,

    Obrigado pela sua visita e pela participação.

    Um abraço.

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  4. Graça e Paz, Pr. Juber!


    Concordo plenamente com o comentário do Matias Borba. Sinceramente, se Deus fosse nos tratar segúndo nossos pecados, simplesmente este mundo não existiria mais...

    É muito simplista e reducionista, a interpretação da tragédia como juízo divino. Além de ser uma teologia dos amigos Jó em estado puro.

    Conhecer a história do Haiti, como você salientou, seria bem melhor do que emtir juízos.

    Como vimos na trajetória de Zilda Arns, a misericórdia triunfa sobre o juízo.

    Um abração!

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  5. Marcos Wandré,

    Você falou, algo muito importante, a "teologia dos amigos de Jó". Ela é bem construída, possui uma argumentação forte. Só tem um detalhe: O próprio Deus não a apoiou.

    Um abraço.

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  6. Belo texto, magnificamente completado pela aula de história da Miriam Leitão!
    O teu segundo parágrafo é uma jóia preciosa.

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  7. Pastor Juber, Graça e Paz!

    O silêncio de Deus, pode ser entendido por dois fatores: pela a perca da Fé, pelo esfriamento da ´Fé, no 1º caso cita como exemplos os Saduceus e Fariseus que nao criam no Poder de Deus, e no 2º com o Ex-Pastor joão de Deus que passou para o Islamismo. Quando Deus fica em silêncio é porque a fé do mundo chegado a este terrível estágio de Esfriamento, para poder revertermos isso, meus irmãos, precisamos nos dedicarmos mais a Devoção de nosso Deus único e verdadeiro, temos sim que cair de joelhos em longas Orações em lugares de paz e secretos para que todos possamos pedir a Deus que aumente a Fé do Mundo, e tenhamos novamente o reavivamento que já está faltando neste século, então irmãos Ore, mais Ore muito mesmo para que este tipo de coisas não vire rotineira na impressa. Desejo a todos Graça e Paz da parte de Jesus Cristo nosso Salvador.

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  8. Rubinho,

    Obrigado pelo carinho, amado! A Miriam Leitão, mostrou o lado histórico/social por trás da tragédia no Haiti. É importante entender isso, em vez de ficar procurando versículo isolado na Bíblia e dizer que tem todas as respostas.

    Um abração.

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  9. Manoel Ivande,

    Li certa vez que, é no "aparente silêncio de Deus" que muitas vezes, Ele mais fala. No livro de Ester, não registra em nenhum momento a palavra profética, no entanto, vejo Deus atuando naquela história, o tempo todo.

    Obrigado pela sua participação.

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  10. A paz,
    Estou visitando seu blog, gostei. Vou segui-lo.
    Gostaria de convidar você a visitar meu blog, deixar seus comentários sobre os posts e principalmente SEGUI-LO, assim como sigo o seu. Esse é o endereço:


    http://ederborges22.blogspot.com/
    Grato, fique na Paz do Senhor.

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  11. Eder Borges,

    Obrigado pela visita, e por se tornar seguidor deste blog. Visitei o seu blog e deixei um comentário lá.

    Graça e Paz.

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  12. Muitas especulações são levantadas quando catástrofes se abatem sobre os povos. Há os que preferem creditar ao acaso o ônus da tragédia, ao passo que outros procuram atribuir o fato a um juízo divino por causa de pecados, idolatria,etc...

    No caso do Haiti, assolado recentemente por um sismo de grandes proporções com a perda de muitas vidas, as mesmas questões são levantadas. No entanto, não podemos nos esquecer que este povo, antes subserviente aos colonizadores europeus,não é só vítima do terremoto, mas de anos de espoliação perpetradas pelos "senhores" do mundo branco - americanos e europeus - que usaram e abusaram desta sofrida nação.

    Se Deus executou um juízo sobre os mesmos,não nos cabe aqui julgar os métodos do altíssimo. Deus é soberano e faz o que lhe aprouver, segundo o seu reto juízo. Mas,se ele executou mesmo um juízo sobre este tão miserável país, tal juízo em si tem uma razão disciplinadora. Através de tragédias e catastrofes muitas pessoas podem ser levadas ao arrependimento.

    Que possamos orar pelo Haiti e rogar a Deus que muitas almas se convertam de seus maus caminhos para glória de Cristo Jesus.

    Fique na paz, pastor Juber. Foi um grande prazer visitar o seu blog.

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  13. Como vimos no ótimo resumo histórico sobre o Haiti feito pela Miriam Leitão e postado aqui pelo Pastor Juber,o Haiti sempre foi explorado pelos países mais fortes economicamente e depois pelos ditadores sanguinários,teve também até padre adepto da Teologia da Libertação,o Jean Bertand Aristides, que foi o pior dos corruptos das Américas.È uma história trágica de desastres causados pelo próprio Homem,Deus não tem nada a ver com isso!
    Acredito que o terremoto pode ser o ínicio de um novo tempo para o Haiti,e nesse caso vejo como uma ajuda divina e não somente uma catastrófe.Talvez seja agora a chance dos mesmos países que fizeram do Haiti o seu quintal,que usurparam até o fim tudo o que podiam daquele povo,se reconciliarem com Deus e repararem suas falhas através do Haiti.Mas isso vai depender da compreensão humana desses governantes.
    O Haiti pode sair desse terremoto,isso a longo prazo uma democracia real e justa,um pais construido das cinzas,mas isso vai depender dos Homens responsáveis por essa construção,se realmente enxergarem o que é necessário ser feito e mudarem seu modo de ver as coisas.
    O Haiti está nas mãos dos mesmos países que ajudaram a destruí-lo.Deus pode ter dado uma chance para que esses países se reconciliem com o Haiti e com ele próprio,eles só precisam entender isso.
    Acredito que a felicidade não se constroi de felicidade,precisamos passar por sofrimentos para poder dar valor ao merecimento da felicidade.
    E nesse caso do Haiti,fico com o dito popular mais antigo e sábio que conheço:Deus escreve certo por linhas tortas.

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  14. Geovani,

    É isso aí. Na minha postagem "A soberania de Deus e as calamidades", falo um pouco sobre isso. Obrigado pela sua participação. Seja sempre bem vindo.

    Um abraço.

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  15. Aline,

    Eu também penso por aí. Espero que do caos surja algo bom depois de consecutivas tragédias sobre aquele povo sofrido.

    Obrigado pela sua participação.

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