Laodiceia (em grego: Λαοδίκεια πρός τοῦ Λύκου; em latim: Laodicea ad Lycum; em turco: Laodikya), por vezes transliterada como Laodikeia, anteriormente chamada Diospolis e Rhoas, foi uma das mais prósperas cidades da Frígia, durante a época romana. Possuía bancos, indústria têxtil e uma escola de medicina que produzia colírio para os olhos, embora tivesse problemas com o abastecimento de água. Em certa ocasião, foi construído um aqueduto que transportava as águas térmicas vindas de Hierápolis. Porém, quando a água chegava na cidade, não estava nem quente e nem fresca, mas apenas morna.
A cidade é citada algumas vezes no Novo Testamento da Bíblia, na qual São Paulo esteve em sua terceira viagem missionário, sendo também mencionada entre as sete igrejas (da Ásia) do livro Apocalipse, considerada como uma igreja morna quanto à sua atividade, como uma metáfora à temperatura das águas que abasteciam a cidade.
Vamos observar as similaridades entre a comunidade cristã organizada hoje e a igreja de Laodiceia. A igreja que recebeu a última carta do “carteiro de Patmos” era aparentemente impressionante. Ostentava prosperidade, mas faltava algo.
Sob o governo romano, a cidade de Laodiceia tornou-se amplamente conhecida por seus estabelecimentos bancários, escola de medicina e indústria têxtil. Entretanto, com toda essa riqueza, a igreja estava adormecida. Os membros eram ricos materialmente, mas pobres espiritualmente. O Senhor não teve nada de positivo para dizer sobre essa igreja; de fato, ela o enjoou. É interessante que Deus olha para a apostasia e fica irado – mas olha para a indiferença e fica indisposto.
A pregação da igreja estava comprometida com o mundo. Provavelmente, o pastor não queria perturbar sua congregação. Talvez ele tenha desconcertado um pouco suas consciências – apenas o suficiente para expor a culpa e mostrar trabalho, mas o que ele desejava ouvir depois do culto era: “Que sermão maravilhoso, pastor. Gostei muito”.
Diz o Senhor: “Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca” (Ap 3.16).
Esta é a única passagem no Novo Testamento em que a palavra “morno” é empregada. A expressão deriva da geografia da área que cerca a cidade. No distrito de Hierápolis havia nascentes minerais quentes, cuja água era transportada para laodiceia por canais. Porém, no momento em que chegava à cidade, a água não era mais quente. A água fria era levada para Laodiceia de Colossos, e quando chegava ao destino estava morna também. A mornidão é como deixar o café esfriar e a limonada esquentar.
Na Bíblia, há três temperaturas possíveis do coração: o coração ardente, “Porventura, não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras” (Lc 24.32); o coração frio, “E, por ser multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará” (Mt 24.12); e o coração morno da última igreja.
John Stott escreveu: “A igreja de Laodiceia era indiferente. Talvez nenhuma outra das sete igrejas se assemelhe mais à igreja do Século XXI do que esta. Ela descreve com perfeição a religiosidade respeitável, sentimental, nominal e superficial tão amplamente difundida entre nós hoje. Nosso cristianismo é tão débil e anêmico. Apresentamo-nos para tomarmos um banho morno de religião”.
Temos muito medo de sermos fervorosos por Cristo; não queremos ser tachados de fanáticos ou extremistas, ainda que em outras áreas da vida nos desprendamos à nossa maneira e transpiremos entusiasmo. Quantas vezes ficamos assistindo a um jogo de basquete ou futebol e aplaudimos um cantor ou músico talentoso até nossas mãos ficarem vermelhas?
Lembro-me de ter ouvido um homem excêntrico que andava pela cidade com um cartaz nos ombros. A frente do cartaz dizia: “Sou louco por Cristo”. Conforme ele vagueava pelas ruas, era ridicularizado pelos que viam a frente do cartaz, até ele passar e lerem a frase do outro lado: “Por quem você é louco?”.
A igreja morna de Laodiceia era presunçosa: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e cego, e nu)” (Ap 3.17). A rica cidade dos negócios bancários moldou a igreja; o espírito do mercado entrou sorrateiramente e os valores foram distorcidos. A igreja estava orgulhosa de seu trabalho porque usava o padrão de medida humano, e não o divino.
David Wilkerson, autor de A Cruz e o Punhal, comentou:
"Jesus advertiu que uma igreja se expandiria nos últimos dias da civilização, a qual se orgulharia de ser rica, crescente, progressiva em número e autossuficiente. Durante aproximadamente dois mil anos, a Igreja de Jesus Cristo foi rejeitada e perseguida pelo mundo. O sangue de milhões de mártires desprezados clama. A Bíblia diz que todos morreram na fé, dos quais o mundo não era digno. Devo pensar que Jesus mudou de ideia e decidiu encerrar os séculos em uma igreja egoísta, orgulhosa, mimada, rica e morna? Consistirá o último exército de Deus de obreiros fugindo do alistamento?"
Bibliografia: “Antes Que a Noite Venha: A Mensagem de Esperança em Tempos de Crise”, editada pela CPAD.
Ótimo comentário.De fato Laodicéia é um retrato contemporâneo da igreja, talvez até mesmo um espelho. O pior de tudo é que Deus talvez diga o mesmo quando se dirigiu a Israel em Isaías 1:13-14: Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene.
ResponderExcluirAs vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.
Este blog tem sido muito esclarecedor para mim.Através dele e outros fui incentivado a criar um o coisasmaiores.wordpress.com. Quando puder visite e deixe seu comentario.A paz. Renan
Renan,
ResponderExcluirTambém concordo que o texto de Isaías capítulo 1, bem como alguns de Amós bem podem ser aplicados a igreja de hoje. Obrigado pela participação, vou estar te fazendo uma visita logo.
Abraço.