quinta-feira, 5 de julho de 2012

Uma análise do crescimento da população evangélica no Brasil segundo o Censo 2010



1. O crescimento da população evangélica continua com força, mas em ritmo menor. Alguns sociólogos da religião diziam que o fôlego do crescimento evangélico estaria diminuindo e, de fato, o ritmo diminuiu, mas não fortemente. A população evangélica continua crescendo com força, mas já não é a mesma força da década de 1990. Apesar disso, a estagnação anda longe desse crescimento puxado por comunidades pentecostais e neopentecostais. Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, diz que, mantida a tendência das últimas décadas, o número de evangélicos irá superar o de católicos em 20 ou 30 anos. "O maior país católico do mundo vai deixar de ser católico", afirmou Alves. Portanto, a previsão da SEPAL (Serviço para Evangelização da América Latina) que afirma que em 2020 metade dos brasileiros serão evangélicos é um tanto otimista.

2. A Assembleia de Deus puxou o crescimento dos pentecostais e isso é uma surpresa. É surpreendente que uma igreja já centenária e em amplo processo de “historização” puxe o crescimento dos evangélicos no Brasil. Na última década a denominação ampliou fortemente sua presença na mídia, no ensino teológico e na liberalização dos “tabus comunais”. Nesse processo de amadurecimento institucional se esperava um crescimento menor, mas não foi o que aconteceu. Eu, particularmente, acreditava que a Assembleia de Deus estava estagnada e, assim, errei feio na minha percepção.

3. A Igreja Universal do Reino de Deus caiu e isso é uma boa notícia. Entre 2000 e 2010, a Universal perdeu 228 mil fiéis, ou 10% de seus adeptos. Os 2,1 milhões de frequentadores em 2000 caíram para 1,8 milhão em 2010. Ora, por que isso é uma boa notícia? A Universal é um divisor de águas no meio evangélico. Depois do Edir Macedo toda a sociedade vê a Igreja Evangélica como um grupo de alienados que são roubados por pastores espertalhões. Não há uma instituição que tenha mais manchado o nome dos evangélicos do que Edir Macedo e sua turma da Universal. E só uma pena que parte significativa desse rebanho perdido não a deixou por ter entendido o Evangelho melhor, mas sim para seguir o milagreiro e fazendeiro Valdemiro Santiago.

4. O crescimento dos evangélicos, como todos sabem, foi puxado pelos pentecostais, mas sem ajuda dos tradicionais. Portanto, o Censo 2010 mostra que era somente impressão um possível crescimento das Igrejas Protestantes Históricas. Em agosto de 2011, a FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas) lançou o Novo Mapa das Religiões e com aqueles dados alguns especialistas especularam que estaria havendo um aumento significativo de evangélicos tradicionais. Não foi o que aconteceu, pois embora tenham crescido, a membresia das “igrejas de missão” continua estável na proporção perante a população do país. Eram 4,1% dos brasileiros em 2000 e agora são 4%. O número de luteranos e presbiterianos, por exemplo, diminuiu na última década.

5. O trânsito religioso se consolidou. Há pelo menos cinco anos os especialistas falam sobre o “trânsito religioso”, ou seja, a migração de igreja em igreja de evangélicos sem uma raiz denominacional. Não confunda esse grupo com os “desigrejados”, pois esses não congregam em lugar algum, mesmo que se considerem evangélicos. O Censo 2010 classificou esse grupo como integrantes de religiões “evangélicas não determinadas”. Em 2000 havia 1,7 milhão nesse grupo, agora são 9,2 milhões. Eles equivaliam a apenas 1% da população em 2000, mas hoje são 4,8% dos brasileiros, ou seja, mais do que os espíritas (2%).

6. O número de pequenas igrejas neopentecostais (ou pentecostais) continuam explodindo. Aquela famosa lista da Revista Eclésia que apresentava os nomes mais exóticos de igrejas evangélicas precisa ser atualizada urgentemente.

7. Não é nem necessário dizer, mas crescimento não é avivamento. Os evangélicos continuam crescendo e, mantendo esse ritmo, serão maioria na década de 2040 (ou até antes). Agora, a qualidade é a chave. E, assim, é também um desafio, pois precisamos investir pesadamente em discipulado e continuar lutando pela igreja, principalmente com educação teológica de qualidade que seja acessível a essa nova massa de evangélicos.


Comentário: Gostaria de acrescentar apenas duas observações a essa análise dos dados do Censo de 2010 com respeito a religiosidade brasileira. Primeiro, o número dos que creem na doutrina espírita, deve ser maior do que o mostrado no Censo. Acontece que no Brasil, do total de pessoas que se identificaram como católicas, acredito que no mínimo uns 20%, são daqueles que vão no centro espírita na sexta-feira e as vezes na missa aos domingos. No entanto, quando perguntados sobre qual a sua religião, eles dizem que são católicos. O acréscimo no percentual apresentado pelo Censo, se refere na minha opinião aos que passaram a se identificar como espíritas e não mais como católicos.

A segunda observação se refere ao crescimento das Assembleias de Deus. O interessante é que ele se dá no momento de maior fragmentação dos seus ministérios. Talvez esteja ai a resposta para essa expansão, pois a competição aumentou entre os vários ramos da centenária denominação. Olhando só os números há um aparente otimismo, mas por outro lado revela (e quem acompanha sabe disso) lutas e politicagens nada sadias. Agora com esses dados, as picuinhas eclesiásticas podem até se intensificar.










16 comentários:

  1. Prezado Juber, acompanho suas preocupações. De fato, há muitas informações que uma pesquisa desta natureza omite. Oremos por nossa denominação. Institucionalmente, está um caco.

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  2. Caro Daladier,

    Está um caco, ou em cacos, institucionalmente falando. O incrível é que mesmo com essas divisões todas, ela ainda cresce.

    Abraço.

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  3. Olá meus queridos irmãos, Graça e Paz.
    É bom encontrarmos textos que fortalece a nossa fé e nos edifica. Parabéns pelo trabalho maravilhoso que desenvolve aqui é muito edificante. Os dias que vivemos são de tribulação, lutas e resfriamento na fé, e de muitas heresias onde muitos se estão alimentando, de alimento não sólido e contaminado, por isso adoecem espiritualmente, e poucos se importam com isso. Sejam os meus amigos irmãos os vasos de livramento, para mostrar o grande amor de Jesus. Trazendo mensagens edificantes aos nossos corações. Fico feliz quando encontro alguém que escreve com amor e dedicação. Aprendemos uns com os outros crescemos na graça no amor e no conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo. Quero aproveitar a oportunidade para partilhar o meu blog : Peregrino E Servo. Vou ficar muito feliz com sua visita e comentários. Deus te abençoe ricamente.

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  4. Então não não é mais um povo escolhido, é nação evangélica que vive um estilo gospel. Tem várias opções na prateleira, basta escolher aquele que mais se identifica com a pessoa. Sinceramente cansei disso. Que eu saiba Jesus foi carpinteiro mas não construiu templos em seu nome, nem colocou faixas convocando para uma vigilia no getsemani. Ao inves de prosseguir em conhecer ao Senhor, estão retrocedendo. Dificilmente se ouvirá nos púlpitos dourados o evangelho puro, sem subterfugios que apontem o lucro ou poder. Sim, cresce a nação evangelico. Onde está o povo escolhido,nação santa?Que Deus tenha misericórdia.

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  5. Olá meus queridos irmãos, Graça e Paz.
    É bom encontrarmos textos que fortalece a nossa fé e nos edifica. Parabéns pelo trabalho maravilhoso que desenvolve aqui é muito edificante. Os dias que vivemos são de tribulação, lutas e resfriamento na fé, e de muitas heresias onde muitos se estão alimentando, de alimento não sólido e contaminado, por isso adoecem espiritualmente, e poucos se importam com isso. Sejam os meus amigos irmãos os vasos de livramento, para mostrar o grande amor de Jesus. Trazendo mensagens edificantes aos nossos corações. Fico feliz quando encontro alguém que escreve com amor e dedicação. Aprendemos uns com os outros crescemos na graça no amor e no conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo. Quero aproveitar a oportunidade para partilhar o meu blog : Peregrino E Servo. Vou ficar muito feliz com sua visita e comentários. Deus te abençoe ricamente.

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  6. Antonio Jesus Batalha,

    Obrigado pela visita e pela sua participação. Estarei lhe fazendo uma visita em breve.

    Abraço.

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  7. Renfury,

    O povo de Deus está por aí espalhado, independente se estão se reunindo sob a placa de uma denominação religiosa. Uns estão celebrando dentro de casa, outros nos templos. Tem muita abobrinha sendo falada dos púlpitos mesmos, mas em alguns a Palavra ainda é pregada. Não se pode generalizar.

    Abração.

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  8. Como católico, acredito que a queda no número de católicos é bem maior, que a pesquisa aponta, desde que a Igreja abandonou o ensino tradicional, latin, cantos gregorianos, catecismo romano e resolveu aderir a inculturação.... Detalhe, quanto menos católica uma sociedade, pior ela fica e os fatos mostram isso.

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  9. Alex,

    Discordo das duas colocações. Se a igreja católica ainda estivesse naquela de celebrar missa em latim, de costas para o povo, apenas com cânticos gregorianos, a queda seria muito maior. O mérito do Concílio Vaticano II, foi justamente o de aproximar a igreja da cultura local, introduzir diálogos inter-religiosos e liberar um pouco a leitura da Bíblia, ainda que sob a ótica da interpretação papista.
    Quanto a segunda colocação, o conceito de uma “sociedade melhor”, condicionado a condição de católica, só se o parâmetro utilizado para medir for o da Idade Média.

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  10. GRAÇA E PAZ...
    QUERIDO... PASTOR,
    MANO, ESTOU ENTRANDO AGORA NA DE ESCREVER SOBRE A RELIGIÃO E MOSTRAR QUE TIPO DE CRISTIANISMO É ESSE... POR GENTILEZA... QUANDO FOR POSSIVEL VISITE MEU BLOG; E ME AJUDE A DIVULGAR!

    GRATO!


    http://evangelhodemaquiavell.blog.com.br

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  11. Caro Juber, o fatos falam mais que a minha mera opinião. Onde a Igreja atualmente mantém os métodos tradicionais católicos do uso do latim, do sacerdote voltado para Deus, dos cantos gregorianos etc, não há registro da queda do números de membros.

    Concordo que o mérito é do Concílio Vaticano II, foi justamente ao de aproximar ao render a Igreja à cultura local, que começou a queda no número de católicos, ao introduzir diálogos inter-religiosos e relativizar a fé, com os conceitos de novidade do CVII, que a Igreja abriu caminho não só para a evasão de católicos, como também para a ploriferação de seitas contrárias até mesmo ao protestantismo tradicional.

    Bem, reitero, as sociedade que estão se tornando menos católicas, estão em plena queda quanto aos valores cristãos, isso é fato.

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  12. Alex,

    Posso até concordar que sociedades onde o cristianismo (não apenas o catolicismo mas todas as denominações cristãs) estejam sendo substituidas pelo secularismo, os valores estejam em queda. Exemplo: a própria Europa, onde muitas nações daquela continente, se professam pelo menos nominalmente como protestantes como a Alemanha, Grã-Bretanha, etc.

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  13. Graça e Paz,

    Caro Pastor Juber e Alex,

    Não se trata de denominações e sim, o que está sendo pregado nas igrejas.
    Estão esquecendo dos dois principais mandamentos de Jesus.
    - Amar a Deus acima de todas as coisas
    - Amar ao teu próximo como a ti mesmo.
    Se todos atentássemos para isso, a sociedade já estaria muito melhor.

    Pastor Juber, continue firme neste blog, pois é muito edificante.

    Que Deus os abençoe muito.

    Ricardo Oda

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  14. Ricardo Oda,

    Obrigado pela participação e pelo incentivo.

    Abraço.

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  15. Paz do senhor, pastor!

    Li, gostei e segui!
    Faço parte da AD à dois anos e meio apenas, sou jovem, mas me preocupo com as fragmentações e disputas dos ministérios, isso não é nada sadio, nem atitude de cristão.
    Estou torcendo por uma futura união dos ministérios.

    Convido-o para visitar o meu blog Palavra e Fé - anderscrz.blogspot.com.br

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  16. Sobre a colonizaçao crista as barbaridades e atrocidades execraveis perpetradas pelas raças chamadas cristas, contra as regioes do mundo e contra todos o povos que elas pode subjugar, nao tem comparaçao em nenhuma outra era da historia universal nem com qualquer raça por mais selvagem grosseira, desapiedade e desavergonhada que seja.Na idade media Juber, só se for no topo da piramide, porque na base, na maioria foi tudo que citei acima para pior.

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