Estamos
diante de uma crise ministerial no contexto evangélico, existem líderes
empresariais nas igrejas, mas poucos com autoridade espiritual. Na aula de hoje
destacaremos a atuação espiritual de três obreiros do Senhor: Paulo e o seu
amor pela igreja, Timóteo e sua aprovação para a liderança, e por último,
Epafrodito, sua dedicação aos servos de Deus. Todos esses apresentam, como
principal característica ministerial, a fidelidade ao Senhor.
PAULO,
UM OBREIRO AMOROSO
Paulo,
conforme destacamos em Fp. 2.17, demonstrou ser um obreiro que estava disposto
a sacrificar a própria vida em prol da obra de Deus. Lembramos que, para esse
Apóstolo, o viver era Cristo, por conseguinte, ele não tinha a sua vida por
preciosa (Fp. 1.21; At. 20.24). Diferentemente de muitos supostos pastores dos
dias atuais, Paulo não buscava seus próprios interesses, antes punha Cristo em
foco, e buscava o melhor para o rebanho. Ele sabia o real significado do
pastorado, algo que tem sido esquecido pelas gerações modernas, que, no contexto
bíblico, sempre esteve associado ao sacrifício (Jo. 10.11-16). Essa é
justamente a prova maior do amor, a disposição para entregar a própria vida
pelo outro. Por isso somente podem dizer “não vivo eu, mas Cristo vive em mim”
(Gl. 2.10) aqueles que encarnam a condição sacrificial de Cristo, o
desprendimento para carregar as marcas da cruz de Cristo. Se preciso fosse
Paulo morreria por causa do evangelho de Jesus Cristo, ofereceria sua vida como
libação a favor do serviço pelos outros (II Tm. 4.6). E mais ainda, assim o
faria não por constrangimento, mas com alegria proveniente do alto, produzida
pelo Espírito (Fp. 2.18). Enquanto muitos procuram felicidade nos livros de
autoajuda, Paulo nos dá, para este tempo, uma instrução a fim de obtermos a
verdadeira alegria. O cristão não é feliz, ele simplesmente é mais do que
feliz, é bem-aventurado, independentemente das circunstâncias. A alegria que
vem de cima, que parte de Deus, gerada pelo Espírito (Gl. 5.22), é contagiante.
Ninguém gosta de estar perto de crentes que somente murmuram e provocam
contendas. Paulo, ao invés de desanimar a igreja, estimula a alegria mútua,
fundamentada no amor. Precisamos de obreiros com conhecimento bíblico, mas
também com amorosos, para não incharem (I Co. 8.3).
TIMÓTEO, UM OBREIRO APROVADO
Timóteo,
o jovem obreiro do Senhor, foi aprovado por Deus, e escolhido por Paulo.
Sabemos, a partir de II Tm. 1.5, que sua mãe e avó eram crentes em Jesus. O
próprio Timóteo era conhecedor das Escrituras, por isso não tinha do que se envergonhar,
pois manejava bem a Palavra da Verdade (II Tm. 2.15). Mas Timóteo não apenas
conhecida a Palavra de Deus, ele a exercitava, principalmente no que tange ao
companheirismo ministerial. Timóteo se converteu na primeira viagem missionária
de Paulo e uniu-se ao Apóstolo durante sua segunda viagem missionária (At.
16.1,2). Paulo destaca que Timóteo era seu filho na fé (I Tm. 1.2), cooperador
na labuta (Rm. 16.21), mensageiro às igrejas (I Ts. 3.6; I Co. 4.17). A
competitividade ministerial está distanciando cada vez mais os obreiros uns dos
outros. A carência de “Timóteos” já é sentida no contexto pastoral, obreiros
servos nos quais se possa confiar nos momentos de adversidade. A disputa por
espaços, limitados no sistema eclesiástico institucionalizado, tem gerado
desconforto, e até enfermidades entre os obreiros. É triste constatar que até
mesmo subterfúgios mundanos estão sendo usados para descredenciar desafetos no
ministério. Que Deus levante, nesta geração, verdadeiros “Timóteos”, obreiros
simples, em alguns casos jovens (I Tm. 4.12), mesmo tímidos (II Tm. 1.7,8),
alguns doentes (I Tm. 5.23), mas que sejam aprovados por Deus (Fp. 2.22), que
cuidem dos interesses de Cristo (Fp. 2.21) e da Sua igreja (Fp. 2.20). Paulo
elogia Timóteo, dizendo que não tem outra pessoa com “igual sentimento”,
isopsychos em grego, isto é, alguém que pensava com Ele, e com Cristo (I Co.
12.15,16). A principal dificuldade dos obreiros do presente é a de encontrarem
sucessores, pessoas para as quais eles possam “passar o bastão”. O
apadrinhamento ministerial tem sido danoso para a igreja contemporânea. As
pessoas estão sendo consagradas não por critérios espirituais, mas pela
aproximação com alguma autoridade eclesiástica. Nos tempos de eleições
convencionais o interesse por eleitores acaba sobrepujando a de obreiros
aprovados, comprometidos com a seara do Senhor. Que Deus, nestes dias difíceis,
desperte “Timóteos” para a Sua obra, homens que não busquem status, mas,
sobretudo, disposição para servir (Fp. 2.22).
EPAFRODITO, UM OBREIRO DEDICADO
Esse
valoroso obreiro do Senhor somente é citado na Epístola de Paulo aos
Filipenses. Por pouco não se tornou um daqueles obreiros anônimos. Não podemos
esquecer que a obra de Deus é feita também por aqueles que trabalham na
surdina. Não são poucos aqueles que se gastam em prol do Reino de Deus, que não
fazem promoção pessoal dos seus trabalhos. Eles são esquecidos pelas
autoridades eclesiásticas, às vezes passam despercebidos na igreja local. Mas
Deus, nos altos céus, acompanha a labuta de cada um deles, e em tempo oportuno,
reconhecerá tal trabalho (Mt. 25.21). Epafrodito significa “amável” e seu
caráter tem tudo a ver com esse nome, pois não media esforços para servir ao
Senhor e aos Seus obreiros com amor. Ele foi o portador da Epístola de Paulo
aos Filipenses, também levou uma oferta coletada pelos irmãos daquela igreja ao
Apóstolo, e com a intensão de assisti-lo na prisão em Roma (Fp. 2.25, 30,
4.18). Paulo destaca algumas características desse obreiro dedicado: irmão,
parece um atributo de menor importância, mas essa é a maior qualidade de um
obreiro (Fp. 2.25), cooperador, alguém que se coloca à disposição para ajudar
(Fp. 2.25), companheiro, alguém que não deixou Paulo sozinho na hora da luta
(Fp. 2.25). Mas Epafrodito não era perfeito, tinha suas limitações, como todo
obreiro do Senhor. Contrariando a teologia da saúde, que permeia alguns ciclos
evangélicos, Epafrodito adoeceu. Não podemos condicionar a espiritualidade do
crente à sua saúde física e/ou mental. O Deus da Bíblia é o mesmo, Ele ainda
cura hoje, mas soberanamente, às vezes, decide não curar. Epafrodito não apenas
adoeceu, ele quase morreu, trazendo preocupação a Paulo. A morte de Epafrodito
não entristeceria a Paulo por causa da sua possível partida, mas pelo sacrifício
daquele obreiro pela causa do Apóstolo, e da sua distância de casa. A doença de
Epafrodito tem um aspecto mental, pois ele “tinha muitas saudades” e estava
“muito angustiado” (Fp. 2.26,27). Qualquer obreiro do Senhor pode passar por
adversidade, sofrer por motivo de enfermidade, seja ela física ou mental. No
caso de Epafrodito, o Senhor restituiu Sua saúde, confortando o coração de
Paulo, que o enviou de volta a Filipos. E mais interessante, orientando que
Epafrodito não fosse recebido como um desertor, mas com alegria e honra, como
um obreiro dedicado à obra do Senhor (Fp. 2.29).
CONCLUSÃO
Três
obreiros, três características, que podem ser resumidas em uma palavra:
fidelidade. As vidas de Paulo, Timóteo e Epafrodito servem de estímulo aos
obreiros desta geração. Que os jovens obreiros possam aprender, a partir desses
exemplos, e de tantos outros de obreiros fiéis, a discernir o real significado
do ministério cristão. O legado desses obreiros fiéis do Senhor é o amor
sacrifical, a aprovação pela Palavra e a dedicação ao serviço.
BIBLIOGRAFIA
BARTH, K. Epistle to the
philippians. Louisville: Westminster John Knox Press, 2002.
WIERSBE, W. W. Philippians:
be joyfull. Colorado: David Cook, 2008.
Fonte: subsidioebd.blogspot.com/
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