terça-feira, 26 de maio de 2015

LEMBRANÇAS ASSEMBLEIANAS

Foi num culto na sede de nossa igreja em Uberlândia, depois de ouvir um dos candidatos à presidência da CGADB, uns dois meses antes da última eleição da Mesa Diretora em 2013, quando uma pessoa da minha família, que estava junto, disse: “Parece que a Assembléia de Deus está ficando muito política”. Essa pessoa não está por dentro do que rola nos bastidores convencionais da denominação, disse isso, mas acertou em cheio no problema. 

Isso me levou em uma viajem no tempo em minha memória. O ano era 1981, portanto há 34 anos atrás. No início daquele ano eu e minha família, vindas do catolicismo e com uma pequena passagem de 1 ano e meio entre os Testemunhas de Jeová, adentramos pela primeira vez em um templo da igreja Assembléia de Deus. Eu tinha 12 anos, mas como graças a Deus, tenho uma boa memória, me lembro bem dos fatos. No fim daquele mesmo ano, recém completado 13 anos, fui juntamente com meus pais batizado nas águas. Me lembro da igreja naquela época, as mulheres casadas ou solteiras com seus longos cabelos, muitas nem as pontas tiravam. Todas de saias ou vestidos, calça-comprida, nem pensar! 

A televisão era a “caixinha do demo”, o membro da igreja que a possuísse era disciplinado (ou seja, excluído). O meio de comunicação que os crentes assembleianos usavam era o rádio, que até a década de 50, havia sido proibido também. O pessoal na minha região (os programas eram em onda curta, sendo transmitidos para todo o país) gostavam de sintonizar o aparelho na rádio Marumby de Curitiba de propriedade do grupo Matheus Iensen. O ensino teológico não era visto com bons olhos, por muitos pastores e obreiros, apesar do pioneirismo de seminários como o IBAD. Na igreja que eu congregava, o único curso teológico disponível era o da EETAD, iniciativa do saudoso missionário Bernard Jonhson. Eu mesmo fiz o curso entre os anos de 1989 a 1992.

Mas voltando a frase do início do texto, dizer que “agora” é que está havendo política eclesiástica na Assembléia de Deus, é ingenuidade. Faz anos que há. A diferença hoje, é que o dinheiro que rola é grande em relação aos anos 70, 80 e até 90. Cantores e pregadores já cobravam suas ofertas há vinte anos atrás. Mas agora, o fazem de forma exorbitante e escandalosa. Antes, havia no máximo nas igrejas, um culto de louvor, hoje, virou show mesmo. Os cantores evangélicos são artistas, com raras, bem raras exceções. O povo evangélico é visto por eles e pelas gravadores sejam evangélicas ou seculares, apenas como um “grupo de mercado”.

Os “grandes pregadores”, vivem a repetir chavões triunfalistas, cacoetes, um tremendo besteirol, sem conteúdo bíblico, só com versículos isolados. O duro é que o povo engole e aplaude! Sem contar o rodízio de pastores, que funciona assim: eu vou numa igreja, prego e levanto uma boa oferta, depois o pastor dessa igreja vai na que eu pastoreio e faz o mesmo. É toma-lá-dá-cá.

Se o legalismo diminuiu nos usos e costumes, por outro lado, o fruto do caráter cristão não é ensinado, nem incentivado. Aliás, há pouco ensino bíblico sistemático nas igrejas. 
Agora, há vários Seminários, Institutos Bíblicos, Faculdade de Teologia. É moda fazer um curso de teologia, ter um diploma, anel no dedo, de bacharel em teologia, Ciência da Religião, etc. Mas será que estamos lendo a Bíblia, para nosso devocional diário, ou só para procurar textos para pregar?

Bíblias de estudo, há várias, de todos os tamanhos e formatos, mas como disse o pastor Geremias do Couto pelo twitter: "o melhor é voltar a marcar a sua bíblia com os velhos lápis de cor. Faz bem a alma e é melhor do que qualquer Bíblia de Estudo".

Gente, hoje eu desabafei! Mas depois eu continuo...

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