quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sobre a nova Declaração de Fé das Assembléias de Deus

A Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB) criou uma comissão especial para a elaboração de uma inédita Declaração de Fé das Assembleias de Deus. A previsão é que essa comissão conclua o trabalho em 2017. Nesses próximos meses alguns fóruns serão realizados em todo o país para que a elaboração do documento tenha a contribuição da igreja nacional.

A Assembleia de Deus não está formulando um credo. A palavra Credo está sempre associada aos primeiros documentos da Igreja Cristã antes da primeira cisão entre a igreja ocidental e oriental. Nesse grupo de documentos há o Credo Apostólico, o Credo Niceno e o Credo Atanasiano. O que caracteriza o Credo é o seu caráter ecumênico (serve a todas as tradições cristãs- católica, ortodoxa e protestante), histórico, devocional e sacramental. Os assembleianos também não estão formulando uma Confissão de Fé ou um Catecismo Maior. Essas nomenclaturas normalmente estão associadas aos documentos do período da Reforma Protestante. Nesse grupo de documentos há o Catecismo Maior de Lutero, a Confissão de Fé Belga, o Catecismo de Heidelberg, a Confissão de Fé de Westminster, os 39 Artigos da Religião etc. O que a Assembleia de Deus está fazendo é uma Declaração de Fé, um documento que naturalmente sofrerá influências dos credos da tradição cristã e das confissões reformadas.

Até a presente data o único documento doutrinário institucional das Assembleias de Deus brasileira é o Cremos. O Cremos, um texto conciso e simples, é um resumo das Verdades Fundamentais- que é a declaração de fé das Assembleias de Deus norte-americana (AG). Adaptar o documento americano para a igreja brasileira foi uma iniciativa do pastor Alcebíades Pereira de Vasconcelos (1914-1988). Vasconcelos trabalhava com a perspectiva que a igreja brasileira precisava de consolidação. O Cremos teve a primeira publicação em junho de 1969 no jornal Mensageiro da Paz, órgão oficial de comunicação de denominação.

A necessidade de posição na catolicidade da igreja

Embora o Cremos seja ortodoxo e consistente há a necessidade de um documento mais amplo. E, talvez, essa seja a principal novidade da declaração que está sendo elaborada, pois esta não ficará restrita aos atuais temas do Cremos (trindade, salvação, santificação, escatologia, ordenanças etc.), mas também trará a posição da denominação em assuntos de ética e moralidade (divórcio e segundo casamento, homossexualidade, aborto, eutanásia, etc.). É importante que não somente a igreja tenha posição, mas saiba o conteúdo da daquilo que acredita.

Espera-se que o documento não seja excessivamente hermético e nem caia na tentação de fechar qualquer assunto não essencial como fundamental. Ainda que aja a necessidade de um aprofundamento, esse processo não deve ser feito à custa da consciência que o “Espírito sopra onde quer” e que a Igreja não pode viver em função do denominacionalismo, ainda que seja ela mesma uma denominação histórica. A AD é apenas parte da cristandade e sempre precisa lembrar aos seus membros deste fato. A igreja do Senhor nunca é uma seita, ou seja, fechada em si como o grupo iluminado e exclusivo. 

É importante sempre defender as doutrinas da denominação sem, é claro, esquecer-se da catolicidade da igreja, ou seja, lembrando que a Igreja do Senhor tem um caráter além do tempo, do espaço, da cultura e das histórias locais. A denominação não pode usar o combate ao sincretismo como desculpa para o sectarismo.
Fonte: Trechos da postagem do blog: http://www.teologiapentecostal.com/

Meu Comentário: Em minha opinião, considero válida a justa preocupação com a preservação da ortodoxia bíblica, daí deve ter surgido a idéia de um credo assembleiano, para tratar tanto de temas de doutrina bíblica, quanto de outros ligados a moralidade e ética.

Mas dando uma olhada na história do cristianismo nesses 2.000 anos e também no período pós-reforma protestante, penso que um credo, sem a participação da Conamad (Madureira) e de outros ministérios assembleianos que não fazem parte da CGADB, ficaria meio vago e com seus efeitos práticos limitados no que tange a denominação.

Sem dúvida, que vivemos dias difíceis, onde as notícias são de campanhas eclesiásticas no nível das disputas políticas partidárias, com gastos financeiros enormes; politicagem explícita em ano de eleição como foi no ano passado; nepostismo e verdadeiras dinastias no controle de várias igrejas e ministérios; denúncia de líderes da denominação em diversas áreas seja moral, ética e em alguns casos doutrinária.


Diante do exposto, sinceramente, não sei se um Credo resolveria o que está ocorrendo, talvez nem uma Reforma, e sim somente uma Revolução.

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