Nesta seção da II Epístola de Paulo a Timóteo, somos instruídos pelo Apóstolo a viver em santidade, fundamentados na Palavra. Veremos na aula de hoje que Paulo orienta Timóteo a ser obreiro aprovado, e que não tenha do que se envergonhar. Em seguida, faz a distinção entre os obreiros que honram e desonram o trabalho de Deus, comparando-os a vasos de ouro, prata, madeira e barro. Ao final, faz advertências a Timóteo, bem como à Igreja, para que não se envolvam em questões loucas, e contendas que a nada levam, e que não resultam em edificação.
1. OBREIRO APROVADO POR DEUS
Paulo é um exemplo de obreiro aprovado por Deus, isso porque suporta todas as coisas por amor dos eleitos (II Tm. 2.10). Uma das características primordiais de um obreiro aprovado é sua disposição para sofrer por causa de Cristo e Sua igreja, uma demonstração de amor ao evangelho (II Co. 11.16-23; Rm. 8.35-39). Essa é uma mensagem que contradiz a doutrina triunfalista comumente apregoada nos arraiais evangélicos. Há pastores que não querem mais se sacrificar pelo rebanho. Diferentemente destes, Paulo está disposto a suportar todas as coisas a fim de que, por meio de seu ministério, as pessoas sejam salvas eternamente em Cristo (II Tm. 2.11-13). O obreiro dedicado a Deus não pode fugir da sua responsabilidade, deve ser fiel, mesmo diante das perseguições, pois o Deus a quem servimos permanece fiel, em todas as circunstâncias. É preciso ter cuidado para não se envolver em discussões loucas, contendas desnecessárias, totalmente inúteis (II Tm. 2.14). Existem obreiros que estudam, mas tão somente para demonstrar erudição, sem compromisso com a verdade exarada na Palavra de Deus. O conhecimento bíblico-teológico é fundamental ao exercício do pastorado, mas não deve ser instrumento de arrogância. Os falsos mestres que se infiltraram em Éfeso, como alguns que conhecemos atualmente, debatam assuntos que desconhecem, e que não estão revelados nas Sagradas Escrituras. Para demonstrarem uma espiritualidade superior, arrogam sobre si um conhecimento especial, sem qualquer fundamentação bíblica. O obreiro aprovado por Deus maneja bem a palavra da verdade, ele não apenas conhece o texto bíblico, mas sabe também interpretá-lo, sem deturpar o conteúdo da mensagem (II Tm. 2.15, 16).
2. VASOS DE HONRA E DESONRA NA IGREJA
O Senhor conhece aqueles que são seus, existem muitos supostos mestres que andam pelas igrejas, que advogam serem conferencistas, mas na verdade não passam de enganadores. Uma das marcas dos verdadeiros mestres é a santidade, eles se apartam da injustiça e vivem para a glória de Deus (II Tm. 2.18,19). Como em uma mesma casa existem vasos de ouro e prata, bem como de madeira e barro, entre os obreiros existem aqueles que são para honra, e outros para desonra. A característica de um vaso de honra na casa de Deus é a pureza, a santificação, diferentemente daqueles que vivem na hipocrisia, e se entregam à lassidão moral (I Co. 15.33). Paulo dá uma orientação específica para Timóteo:“Fuja, porém, dos desejos da juventude, e vá pós a justiça, a fé, o amor, a paz com aqueles que invocam o Senhor de coração puro” (II Tm. 2.22). Os jovens pastores, ao que tudo indica, são mais susceptíveis às tentações, por isso devem ter cuidado redobrado. Satanás tentou a Cristo, de igual modo tentará distanciar os obreiros da comissão para a qual foram chamados. Mas como o Senhor poderemos vencer através da Palavra de Deus (Mt. 4.1-4), por meio dela fugiremos da tentação do prazer desenfreado, do poder descontrolado, e das possessões terrenas. Infelizmente muitos obreiros estão se deixando levar pelas propinas do Diabo, alguns deles justificam a desonestidade tratando o pecado com naturalidade. A hipocrisia está solapando o meio evangélico, há líderes que censuram determinadas práticas mundanas, mas dentro da igreja são vasos de desonra. Pastores que amam o presente século, que se dobram diante de Mamon, o deus deles não é o da Bíblia, mas o próprio ventre. O evangelho de Jesus Cristo tem sido deturpado por causa de alguns pastores televisivos, que por se encontrarem em evidência, passam para a sociedade um modelo de cristianismo que nada tem a ver com Cristo.
3. CONTENDAS DESNECESSÁRIAS
Em seguida Paulo instrui Timóteo a rejeitar as questões insensatas e ignorantes, isso porque servem apenas para gerar contendas desnecessárias. Existem falsos mestres na igreja que semeiam intrigas entre os irmãos, fundamentando-se em revelações particulares, distanciadas da Palavra. É preciso ter cuidado com o experiencialismo que predomina em algumas igrejas evangélicas, principalmente entre os pentecostais. Há crentes que não leem a Bíblia, não frequentam a Escola Dominical, não querem saber da doutrina e instrução na Palavra. Esses se tornam alvos fáceis dos falsos mestres, e geralmente disseminam heresias no seio da congregação. Ainda por cima arvoram serem mais espirituais do que os outros, alguns querem até ter maior autoridade que os ministros da igreja. Ao contrário da arrogância demonstrada por esses, os crentes devem ser amáveis com todos, qualificado para ensinar, paciente ante as injúrias, e que com mansidão devem corrigir os oponentes. Não adianta entrar em discussões infindas, que não levam à edificação espiritual, às vezes é melhor calar (II Tm. 2.23,24; I Pe. 2.21-24). É possível que, através de um comportamento de mansidão, até mesmo os falsos mestres venham a se arrepender dos seus procedimentos. Não podemos perder a esperança de conduzir as pessoas a Cristo, principalmente porque existem pessoas que estão sendo enganadas, e que se forem alertadas a tempo poderão abandonar o erro. Essas pessoas precisam ser constantemente advertidas, é importante que frequentem os trabalhos de ensino da igreja. Mas é necessário fazê-lo com cautela, com sólida formação bíblica, e equilíbrio espiritual, caso contrário, há o risco de se deixar conduzir por aqueles que apregoam doutrinas falsas.
CONCLUSÃO
Por causa do evangelho Paulo passou por adversidades, mas não fez concessões em relação ao conteúdo da mensagem. O exemplo do Apóstolo deve servir de motivação para todos os obreiros que desejam ser aprovados por Deus. Tal aprovação depende de uma vida alicerçada na Palavra de Deus, demonstrada em santificação. Uma vida piedosa poderá surtir efeito até mesmo entre os opositores. Na medida em que vivemos com amabilidade, poderemos conduzir alguns a Cristo, principalmente aqueles que estão sendo vítimas do engano.
BIBLIOGRAFIA
KELLY, J. N. D. I e II Timóteo e Tito. São Paulo: Vida Nova, 1983.
SWINDOLL, C. R. Insights on 1 & 2 Timothy and Titus. Illinois: Tyndale House Publishers, 2013.
Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com/
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