Diante de tantos impasses ocorridos nos últimos anos, a decisão do ministério talvez tenha sido o melhor caminho para evitar futuros desgastes. Desde a jubilação do antigo patriarca pastor Paulo Belisário de Carvalho, a igreja da "Cidade Verde" passou por conturbados momentos. Dentro desse contexto de turbulências, pastor Mesquita negociou a autonomia dos setores.
Antiga fachada da AD em Teresina: autonomias confirmadas em 2016 |
Ao abrir mão da centralidade administrativa, pastor Nestor Mesquita levantou discussões sobre o atual modelo de gestão de grande parte dos ministérios assembleianos. Seria a autonomia das congregações ou setores boa ou ruim para as ADs?
Em sua biografia, o pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder do Ministério do Belenzinho (SP) e presidente da CGADB, explica que o modelo administração de "campos eclesiásticos", onde as congregações permanecem ligadas a uma sede é vantajoso por ser um padrão de "crescimento sustentável". Nesse conceito as congregações maiores ajudam as menores a se desenvolverem.
José Wellington critica "o sistema administrativo de conceder autonomia a uma pequena congregação de 40 ou 50 membros". Para ele, as ADs no Rio de Janeiro ao adotar esse princípio produziu "milhares de igrejas autônomas" com vários pastores-presidentes que permanecem "patinando para o resto da vida, porque o que seus membros contribuem mal dá para o pastor comer".
Contudo, tal sistema administrativo é questionado por muitos líderes e estudiosos das ADs. Um dos maiores críticos é o pastor pastor Geremias do Couto, que se declara "a favor da derrubada de impérios." Segundo o conhecido jornalista: "Bom seria que isso acontecesse em todo o Brasil. Mais igrejas autônomas, menos poder concentrado e mais proclamação do Evangelho."
A crítica é pertinente. Ministérios como Belenzinho, Madureira entre outros, tornaram-se realmente verdadeiros "impérios" com todas as características que o termo representa. Ao contrário do líder da CGADB, pastor Geremias considerou o caso do Rio de Janeiro benéfico para a denominação, pois no Rio "as emancipações dadas por Alcebíades Vasconcelos, em 1959, quando pastor em São Cristóvão, foram a chave para o crescimento das igrejas na capital fluminense."
Historicamente, a formação de grandes ministérios não era o desejo dos pioneiros. Para o historiador Moab César de Imperatriz (MA) "os missionários fundadores da AD no Brasil não desejavam criar grandes impérios religiosos sob o domínio de uma oligarquia". O estudioso afirma que os suecos "desejavam igrejas independentes e se esforçaram muito para concretizar seus ideais, tanto que foram 'expulsos' e esquecidos por muito tempo".
Mas, controvérsias à parte, os membros da AD em Teresina estão assistindo algumas mudanças a contragosto. Não é para menos. Chamados sempre a colaborar (em mutirões e principalmente nas contribuições financeiras) nos projetos da liderança, assistem agora sem consulta prévia, ao que parece ser o "fim da história" da AD local.
* Com a colaboração de Geremias do Couto e Moab César Carvalho Costa
Referências:
ARAÚJO, Isael de. José Wellington - Biografia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012
ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
LEAL NETO, Raimundo. Uma Igreja Edificada - História da Assembleia de Deus em Teresina - PI. Teresina: Halley, 2012.
Fonte: http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/
Observação: O blogueiro Daladier Lima lembrou em seu comentário que a AD em Maringá (PR) esse ano também emancipou algumas igrejas. Para quem quiser conferir é só acessar o link do Tiago Bertulino: http://www.tiagobertulino.com.br/2015/05/ad-em-maringa-pr-emancipa-10-campos.html?m=1
Maringá/PR já tinha feito o mesmo...
ResponderExcluirhttp://www.tiagobertulino.com.br/2015/05/ad-em-maringa-pr-emancipa-10-campos.html?m=1
Obrigado pela contribuição irmão Daladier, tinha me esquecido de Maringá.
ResponderExcluirA questão é: Todos querem ser presidentes! É a sidrome de Lúcifer!
ResponderExcluir