“Porque nele se
descobre a justiça de Deusde fé em
fé, como está escrito: Mas o justo
viverá da fé” (Rm 1.17). A
justiça de Deus é a maneira de Deus justificar os pecadores, isto é,
justificá-los perante Ele mesmo sem comprometer seu caráter moral absolutamente
puro. Como está escrito: Habacuque 2.4 indica que a salvação somente pela fé
também era claramente ensinada no Antigo Testamento – Note os exemplos de
Abraão e Davi em Rm 4.1-8; Veja também Hb 11. As pessoas não eram salvas pelas
obras ou obediência à Lei do Antigo Testamento mais do que do Novo Testamento,
as pessoas colocavam fé em um Messias que ainda chegaria (Veja Jo 8.56 e Hb
11.13).]
A epístola do apóstolo Paulo aos romanos é
leitura indispensável para entendermos o plano de salvação gratuita de Deus,
revelado no evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
O comentarista do trimestre é o pastor Natalino
das Neves. Ele é mestre e doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná — PUC.
A
proposta deste trimestre é ousada enquanto navega por águas profundas da
teologia paulina aplicada à doutrina da justificação pela fé. Agostinho, Lutero
e Wesley, três figuras extremamente importantes para a nossa herança cristã,
viveram a firmeza da fé através do impacto da carta aos Romanos em suas vidas.
Ao estudar esta obra de Paulo e os respectivos comentários de Santo Agostinho,
Lutero chega às questões de justificação, graça e fé, centrais na reforma
protestante. Curiosamente, para Lutero, a Carta aos Romanos era uma espécie de
porta para a compreensão de toda a Escritura. "O primeiro mérito de Lutero
é ter destacado, ainda que por vias tortuosas, o evangelho de Paulo, o mais
antigo escritor do Novo Testamento e o primeiro intérprete da mensagem cristã.
Para ele, a carta abre à inteligência de toda a Bíblia, que deve ser entendida
toda de Cristo". Paulo explica aos Romanos como a salvação é aplicada por
meio do Evangelho de Jesus Cristo. Esta é a primeira e a mais longa das
Epístolas Paulinas, e é considerada a epístola com o "mais importante
legado teológico". As cartas apostólicas, como um todo, constituem-se num
importantíssimo segmento do ensinamento neotestamentário, porque são um vasto
celeiro de ensinamentos teológicos, doutrinários e morais. Dentre as cartas de
Paulo, certamente, a Carta aos Romanos ocupa lugar de destaque. Alguém já a
chamou de “evangelho dentro do evangelho”, dado à forma linear, sistemática,
profunda e completa pela qual seu autor expõe sua compreensão do plano da
salvação. Assim expressou-se Lutero acerca desta epístola: “Esta carta e
verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro.”]
1. Autoria, data e
local da escrita. A autoria de
Paulo da carta aos Romanos é universalmente aceita, não existindo contestação
relevante, seja do ponto de vista documental, seja da alta crítica. Não somente
ela vem declarada na sua costumeira saudação (confira 1.1) como vem amparada
por fatos históricos, tais como sua pretensão de ir a Roma (1.15, 15.24) em
caminho para a Espanha, ou a referência à coleta feita em favor da igrejas
empobrecidas de Jerusalém (15.26-33), como ainda por referências próprias características,
tais como a de ser apóstolo entre os gentios (confira 15.16; Ef 3.7,8; Cl 1.27;
Gl 1.16). Acresce-se, ainda a esses elementos, referências a pessoas de
conhecimento comum, tais como Febe, Priscila e Áquila e Timóteo, que se tornam
elo importante entre o escritor e os destinatários Estima-se que este texto
tenha sido escrito no inverno de 57-58 d.C., estando Paulo em Corinto, na casa
de seu amigo Gaio, ao final de sua terceira viagem missionária aos territórios
que margeiam o Mar Egeu e às vésperas de partir para Jerusalém, levando a
oferta para os crentes pobres (15.22-27). O portador é uma senhora chamada
Febe, de Cencréia, subúrbio de Corinto, que estava de saída para Roma (16.1-2).
Como não havia serviço postal particular no Império Romano da época, as cartas
eram enviadas por viajantes de confiança. Tércio era o secretário ou amanuense
que escrevia enquanto Paulo ditava (Veja Gl 6.11). Paulo usava regularmente um
amanuense, identificando as epístolas como suas mediante uma breve saudação
escrita de próprio punho (1Co 16.21; Gl 6.11; Cl 4.18; 2Ts 3.17).]
2. A cidade de Roma. Roma, a cidade eterna, como era
designada, era uma cidade voltada ao prazer a qualquer preço, basta lembrar uma
das frases de Júlio César, no tocante a isso. Dizia ele:“Quero ser o homem de
todas as mulheres, e a mulher de todos os homens”. Segundo a lenda, Roma foi
fundada em 753 a.C, às margens do rio Tibre, sobre sete colinas: Palatino,
Aventino, Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino e Celio, por dois irmãos,
Rômulo e Remo, que teriam sido criados por uma loba. Ainda segundo a lenda,
Rômulo matou Remo e se tornou o primeiro rei de Roma. Na época do Novo
Testamento, Roma ocupava um lugar central em toda a sociedade ao redor do
Mediterrâneo. Havia estradas por todo o Império Romano que ligavam as cidades a
Roma, facilitando o comércio e a migração de pessoas. A população da cidade era
de cerca de 1.200.000 pessoas, sendo a metade composta por escravos e tendo
muitas pessoas livres vivendo de esmolas. Havia muito luxo na cidade, mas
também muita devassidão moral e muitos crimes. A educação era reservada para
poucos, entre os quais não se encontravam os plebeus]
3. A comunidade judaica em Roma. Roma era a capital do mundo. É raro uma
grande potência expressar compaixão por suas vítimas, mas quando Jerusalém caiu
nas mãos dos romanos, em 70 d.C., foram cunhadas moedas muito comoventes. Uma
destas trazia, de um lado, um soldado romano com a inscrição Judea Capta (a
Judéia foi conquistada) e, do outro, uma mulher judia chorando sob uma árvore.
Não sabemos quem fundou a igreja de Roma. Certamente não foi Pedro, ou qualquer
dos outros apóstolos, já que Paulo dificilmente enviaria uma carta doutrinária
a uma igreja que tivesse à sua frente um dos apóstolos. Nesta mesma Epístola
ele diz que “não edifica sobre fundamento alheio” (Rm 15.20). Entende-se que
foram visitantes de Roma que estiveram em Jerusalém durante a festa da Páscoa e
se converteram no Pentecoste, voltaram a Roma levando a semente do Evangelho.
Essa Igreja era predominantemente gentílica, e estava agindo de forma
intolerante contra os cristãos judeus que obedeciam as regras alimentares e
datas cerimoniais da tradição judaica.]
O propósito da epístola. A Epístola aos Romanos é uma resposta
completa, lógica e reveladora para a grande pergunta da humanidade em todos os
tempos: “Como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9.2). A discussão
sobre o tema justificação toma o espaço dos capítulos 1 ao 5. A base dos
argumentos de Paulo é a longânime, infalível e eterna justiça de Deus. O texto
desta surpreendente epístola nos apresenta, de forma progressiva, a compreensão
que seu autor tem da expressão de Habacuque 2:4: “O justo viverá pela sua fé”.
Apresentando de outra forma esta expressão-chave, redigi-la-íamos, de forma
livre, assim: “aquele que pela fé é justificado, terá vida eterna”. A Bíblia na
Linguagem de Hoje fornece a seguinte tradução: “Viverá aquele que, por meio da
fé, é aceito por Deus”. A carta de Paulo aos Romanos, como um todo, pode ser
dividida nas duas partes: uma parte doutrinária (capítulos 1 a 11) e outra
prática (capítulos 12 a 16). Dentro da parte doutrinária, Paulo desenvolve de
forma soberba seu tema introdutório, deixando para a parte prática
recomendações de santidade. Essa primeira parte, divide-a ele em dois
segmentos. O primeiro, trata da iniciativa de Deus em relação à redenção humana
(“aquele que pela fé é justificado)”, onde desenvolve os temas da justiça de
Deus em condenar o pecador, da indesculpabilidade humana, da justificação do
pecador e da aceitabilidade do homem diante de Deus, através da fé. O segundo
segmento, (“viverá”), fala da vida prometida aos justificados por Deus,
incluindo aí as expectativas de Deus quanto à resposta humana à sua iniciativa
de amor. Para desenvolver sua primeira parte do argumento, Paulo mostra que
todos os homens precisam de salvação, porque, judeus ou não-judeus, todos são
pecadores diante de Deus. Nesse movimento de raciocínio, o Apóstolo demonstra
que tanto os homens depravados quanto os moralistas ou mesmo os religiosos são
culpados diante de Deus. Uns pecaram sem conhecer a lei de Deus, e serão
julgados de forma condizente; outros pecaram contra a lei de Deus, e serão
julgados mediante a mesma. Dessa forma, Paulo conclui que “não há justo, nem
sequer um” (3:10). Assim, se alguém tiver que ser justificado diante de Deus,
não o será por meio de obras, mas tão somente pela sua graça, que é capaz de
tornar justo o ímpio. Desta forma, Deus é apresentado como justo e justificador
daquele que crê em Jesus. Segue-se, ainda na parte doutrinária, uma exposição
do poder de Deus em santificar o crente (capítulos 5 a 8) onde apresenta os
temas da paz com Deus, da união com Cristo, da libertação do domínio da lei, da
vida no Espírito e da vitória pelo Deus da graça. Abre-se, então, um parêntesis
no veio principal da argumentação do autor, onde se apresentam temas difíceis,
relacionados à justiça de Deus na história humana (capítulos 9 a 11). Nesse
parêntesis Paulo trata, com exemplos da história de Israel, da questão da
soberania Divina, em contraposição à liberdade e responsabilidades humanas,
colocando frente-à-frente, sem resolvê-los, temas aparentemente contraditórios
e inconciliáveis como um Deus soberano que, todavia, responsabiliza o homem por
seu mau caminho. Deixa, contudo, uma luz final, dizendo que o propósito final
do Altíssimo é o de “usar de misericórdia para com todos” (11:32). Segue-se a
parte prática da carta que, iniciando no capítulo 12, segue até ao final, com
recomendações à santidade e obediência na vida diária coletiva e individual.
Nesta parte, após uma introdução na qual apela por consagração integral do
cristão (12:1, 2), desenvolve recomendações de que o cristão se faça servo,
seja no uso adequado dos dons, seja no uso do amor que vence o mal (12:3-21);
de que o cristão se porte adequadamente como cidadão (13:1-14); de que o
cristão manifeste sua salvação junto à igreja, seja no manejo da liberdade, seja
no uso do amor altruísta (14:1-15:21). http://www.monergismo.com/textos/comentarios/romanos_amorese.htm]
CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que a epístola foi
escrita por Paulo, por volta de 57 a.C., na cidade de Corinto, durante a
terceira viagem missionária de Paulo. A comunidade cristã de Roma não foi
fundada por Paulo, mas ele se ocupou em reforçar para a comunidade a revelação
da justiça de Deus por meio da fé, tema central da epístola e fundamento para o
desencadeamento da Reforma Protestante do Século XVI. O evangelho é o poder de Deus revelado
no seu filho, Jesus Cristo; o Rev Hernandes Dias Lopes escreve sobre qual é a
natureza do evangelho: “O evangelho trata das boas novas de salvação num mundo
imerso na mais completa perdição. O homem morto em seus delitos e pecados é
escravo da carne, do mundo e do diabo. É filho da ira e caminha para a
perdição. Está no reino das trevas e sob a potestade de Satanás. Sem qualquer
mérito existente nesse homem, Deus o amou. Mesmo sendo inimigo de Deus, o
próprio Deus caminhou na sua direção para reconciliá-lo consigo mesmo por meio
de Cristo Jesus. O Evangelho, portanto, é Deus buscando o perdido. É Deus
abrindo para o pecador um novo e vivo caminho para o céu. O evangelho é a
expressão da graça de Deus, manifestada em Cristo, aos pecadores perdidos.”(
http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/09/as-boas-novas-do-evangelho-num-mundo-de-mas-noticias/#.VoHJek8afIV).
Em Romanos temos a essência desse evangelho, aqui Paulo afirma que o propósito
da morte e ressurreição de Cristo é trazer todos à obediência da fé (vs.5). O
homem que realmente aceita Cristo vai obedecer a Cristo e provar a sua fé.
Assim expressou-se Lutero acerca desta epístola: “Esta carta e verdadeiramente
a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro.” ] “NaquEle que me garante: "Pela
graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus"
(Ef 2.8)”,
BIBLIOGRAFIA
CABRAL, Elienai. Romanos: O evangelho da justiça de Deus.
1ª Edição. RJ: CPAD, 1986.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.
Fonte: http://www.auxilioaomestre.com/
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