A “doação” que Eduardo Cunha fez à igreja rendeu frutos. E muito além da evangelização, educação e ação social típicas das instituições religiosas. Os autos da Operação Lava-Jato também se multiplicaram. Primeiro, o deputado tratou de repartir a última parte de seu butim de US$ 5 milhões em propinas acertadas com os lobistas Júlio Camargo e Fernando Baiano. O primeiro deveria depositar R$ 250 mil na conta da Assembleia de Deus do Ministério Madureira.
Revelada a trama, sobrou para o pastor Samuel Ferreira. Ele passou a responder a um inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro. O juiz agora é Sérgio Fernando Moro, da 13ªVara Federal de Curitiba. A PF verifica se o pastor tinha conhecimento ou não de que o dinheiro recebido era propina obtida por Cunha a partir de desvios e achaques na Petrobras.
Quando o deputado foi cassado pela Câmara, em setembro de 2016, sua fé foi lembrada duas vezes no plenário da Casa, dessa vez associada não a votos, mas a controvérsias criminais.
Filha de um ex-aliado e inimigo mordaz de Cunha, a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) não perdoou a relação de fé que, a contragosto, mantém com o adversário. Ao discursar na sessão, disse que o peemedebista fazia papel de “caixeiro viajante”, “fariseu”, “lobista” e “psicopata”. Os fariseus eram uma espécie de casta de sacerdotes judeus que, no tempo de Jesus Cristo, no século I, falavam o que deveria ser feito, mas praticavam o contrário, desprezavam a essência da fé em Deus e ainda se apegavam a tradições irrelevantes. “O terceiro papel desempenhado pelo deputado é o de fariseu, porque ele teve a coragem de colocar carros luxuosos, comprados com dinheiro de propina, em nome de uma empresa fundada por ele, chamada Jesus.com”, apontou Clarissa.
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Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/
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