Assisti ao
filme “Jogos do Poder”, estrelado pelos atores, Tom Hanks e Julia Roberts. O
filme fala sobre a participação dos Estados Unidos na época da invasão
soviética no Afeganistão (1979-1989).
Alguns
cientistas políticos dizem que foi “o Vietnã”, da ex-União Soviética, e um dos
fatores que aceleraram sua queda. Filme a parte, falando agora, sobre o título,
jogos do poder e relacionando com a Palavra, pode-se dizer que, tudo é jogo
neste mundo caído. Jogo consciente. Jogo inconsciente. Mas é jogo, e nós nem
sempre nos damos conta disso.
A prova mais
cabal desse “Game” que se instalou como sistema de interpretação e também de
prática humanos, nos vem do próprio Trama que "Historificou" a Cruz.
Se não, veja: Temos Jesus e seus discípulos. Um movimento cresce... Curas,
milagres, doutrina que se difere de tudo e todos; autoridade nunca vista, e um
sentimento de maravilha que domina a tudo e todos: Deus visitou os homens!
O povo é
apenas o povo. O povo não luta contra curas, milagres, maravilhas, e bondades
distribuídas gratuitamente. ! O povo nunca teve nada contra isso, pois, as
pessoas do povo são sempre as maiores beneficiárias da Graça. Quem está
morrendo de dor só quer alívio... Mas nós sempre temos mais que o povo.
Havia alí
outros poderes, outros principados e potestades históricos em operação. Havia o
Sinédrio dos Judeus: a Religião na sua mais ousada e segura certeza de
autoridade medianeira entre Deus e os homens, onde tudo o que dissesse respeito
a Deus, era objeto da “gestão” dos sacerdotes e de seus oficiais. Havia Roma: A
Política que se apresenta como poder político.
E seus
representantes estavam presentes na judéia nos dias de Jesus, como em qualquer
outro lugar. Haviam as seitas e grupos religiosos, que naqueles dias tinham
também seu papel político a cumprir. Cada um representava uma visão não apenas
religiosa, mas também uma interpretação política do mundo: saduceus, fariseus,
os escribas; e os demais grupos: zelotes, sicários e essênios...
Cada um com
sua própria agenda de interesses imediatos, sempre relacionados à busca de
poder temporal. Mas quem desestabiliza tudo, é sempre o povo! Todos os que não
se sentem povo—em qualquer lugar, tempo ou cultura da Terra—, alimentam-se do
povo, e do poder que dele emana, no mínimo como força de trabalho, ou de massa
de autenticação de autoridade. De súbito, há Jesus, os discípulos e multidão do
povo... E não era apenas o povo controlável que seguia a Jesus: haviam os que
vinham de outras fronteiras, sem falar que a mensagem do Evangelho se
infiltrava em literalmente todas as camadas da sociedade.
Então,
primeiro mobilizam-se as seitas: fariseus, saduceus—e seus escribas! Esgrimam
com Jesus, disputam a veracidade de Seus feitos e palavras. Interpelam-no. O
Evangelho nos dá testemunho vasto, desses encontros, muitos deles extremamente
tensos. As interpretações que daí advêm, são as mais perversas: “Tem demônio!”
“Samaritano possesso!” “Comilão, beberrão, amigo de pecadores!” “Embusteiro!”
São apenas algumas das afirmações que tentam colar em Jesus.
Mas o povo
continuava a vir e a receber. O trama todo, é o próprio Evangelho; seria,
portanto, impossível tratar do sistema todo sem que, para isso se tivesse que
escrever um livro. Não é o caso aqui... Lázaro ressuscita depois de morto há
quatro dias, e, tal fato acaba sendo a “gota final” a fim de que as autoridades
religiosas decidam matar a Jesus.
“Se o
deixarmos, o mundo virá após ele; e os romanos nos tirarão o poder”—considerava
o Sinédrio.
Mas como o Sinédrio haveria de matá-lo? O falso profeta sempre está
em parceria com alguma besta política, conforme o apocalipse!
Então, o
Sinédrio faz duas coisas:
1. Esconde-se
atrás do pretexto de que a questão era religiosa; sou seja: Jesus era um
herege. Isto para confundir o povo!
2. Apresenta
o caso a Roma como sendo religioso com implicações políticas. E pede a
Roma—representada em Pilatos—,que faça alguma coisas, para se auto-preservar de
uma possível sublevação do povo, e, conseqüentemente, também para preservá-los
como os mediadores da estabilidade e da paz social.
Esse é o
“esqueminha” de sempre! Daí pra frente é só um jogo de empurra...
É o Sinédrio empurrando para Pilatos
autenticar; Pilatos “não entendendo” e lavando as mãos, abrindo assim o caminho
para “outras mãos” que desejam matar se expressarem, agora com o aval
silencioso e omisso da Política. E também haviam os “partidos”, mobilizando uma
“militância” comprável a fim de fazer algum barulho em Jerusalém.
A mulher de
Pilatos ouviu falar do “julgamento” e assustou-se, havia sonhado o desfecho do
caso. “Não te envolvas com este justo, pois, em sonho muito sofri a seu
respeito”—disse ela. Não era mais possível: o jogo estava feito, e Pilatos
estava dentro, sem nem bem saber, o quão envolvido estava. O resultado é a
crucificação.
O fato é a
Cruz. Mas a motivação não era nem política, nem religiosa, nem de qualquer
outra natureza que não fosse a mais psiquicamente animal de todas as motivações
entre os humanos: a inveja! Assim, os pretextos são muitos e variados, mas as
guerras de fato militam é na carne!
Por trás de
todos esses jogos o que há sempre é a basicalidade da inveja e dos pequenos
interesses. Se todos fossem apenas povo, a inveja se manifestaria do modo como
ela se manifestou nos Evangelhos: Senhor, será que dá para os meus filhos se
assentarem ao teu lado no teu reino?—propunha a mãe de Tiago e João. E
discutiam pelo caminho quem era o maior entre eles—confirma o evangelho. E
assim vai... Mas não há o jogo homicida.
O próprio
Judas, a fim de trair, teve que encontrar a interface da Religião a fim de
negociar. Um Judas sozinho não faz crucificação! O que aprendemos? Bem, o que
move o povo é a necessidade. O que move as seitas é a arrogância da presunção
da verdade. O que move Pilatos é a política e a necessidade de não complicar a
sua própria “gestão”. O que move o Sinédrio é o medo de perder o poder. O que
move Judas é desapontamento.
Mas e o jogo?
Ora, o que há por trás do jogo, é o de sempre: inveja dissimulada! Por trás de
todas as nossas grandes “causas” o que há é apenas insegurança, pois, a inveja,
é a filha mais perversa que a insegurança consegue gerar. O ciúme é o filho
mais fraco, porém altamente recrutável para qualquer que seja a missão,
inclusive, de morte.
No fim,
ninguém matou, apenas porque todos mataram... E a multidão do povão, são sempre
os menos culpados; a final: eles não sabem o que fazem!
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