Teólogo Rodolfo Capler analisa o fenômeno dos “desigrejados” que cresce cada vez mais dentro do segmento religioso no país
Por Rodolfo Capler 9
Maio 2022, 07h47
Segundo o último senso do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2010, o número de “cristãos
evangélicos não determinados”, era de 9,2 milhões, o que perfazia 21% dos
evangélicos na época.
Os cristãos “indeterminados” são uma categoria de evangélicos que não romperam com as confissões dogmáticas do Cristianismo, porém se desvincularam da forma institucional das igrejas. Conhecidos popularmente no seio do evangelicalismo brasileiro como desigrejados, esse contingente de fiéis não para de crescer, chegando hoje – segundo alguns estudiosos do fenômeno -, à marca de mais de 16 milhões de pessoas, o que os elegeria (se Igreja fossem uma denominação), como o segundo maior grupo confessional do país, ficando apenas atrás das Assembleias de Deus.
Em linhas gerais, os desigrejados consideram que a igreja está desvirtuada em sua natureza, na essência, na proposta relacional comunitária e em sua oferta de missão e serviço. Eles denunciam a distância entre o que se vê hoje na prática nos ambientes religiosos e o que poderia ser feito visando o melhor dos fundamentos colocados por Jesus e seus apóstolos.
Para o teólogo Nelson Bomilcar, autor da obra “Os sem igreja: buscando caminhos de esperança na experiência religiosa”, os seguintes subgrupos integram o fenômeno, a saber:
a) Os assumidos sem-igreja: aqueles que se identificam como não pertencentes a nenhuma igreja e portanto não possuem vínculos, parcerias ou compromissos institucionais com comunidades e denominações;
b) Os desencantados
com a igreja: pessoas que se decepcionaram com a instituição formal religiosa e
permanecem a uma distância preventiva da experiência comunitária de ser igreja;
c) As
pessoas inseridas como membros de uma igreja ou como líderes eclesiásticos que
vivem relacionamentos superficiais e quase nulos na igreja; d) fiéis recolhidos
em pequenos grupos que se reúnem informalmente em casas, escritórios, salões
alugados, parques ou escolas, e que não querem serem vistos ou reconhecidos
como uma organização;
e) indivíduos
que foram alvos de abuso espiritual por parte da liderança e que estão
decepcionadas com as relações e a instituição;
g) os sem igreja
que acompanham mensagens e reflexões pela internet. São muitos os fatores que
refletem na subsistência do fenômeno dos desigrejados, porém se destacam os aspectos
internos (eclesiásticos) e os aspectos externos (sociológicos).
* Rodolfo Capler é teólogo, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP
Fonte: blog do Matheus Leitão na Revista Veja -https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/por-que-milhoes-de-evangelicos-estao-abandonando-suas-igrejas/
Ultimamente isso foi estimulado pelo isolamento social, na pandemia do covid.
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