quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A INTOLERÂNCIA DOS TOLERANTES



Em 1999, o Conselho Federal de Psicologia baixou uma resolução proibindo os psicólogos de tratar as homossexualidades como patologias. Na época, o pastor Israel Belo de Azevedo publicou a reflexão abaixo, a qual se mantém atual em meio às novas polêmicas sobre o tema.

"Será a psicologia uma ciência? A pergunta pode parecer tosca, não fosse uma resolução baixada pelo Conselho Federal dos psicólogos. Desde o dia 23 de março de 1999, portanto, ficamos todos sabendo, pelo Diário Oficial da União, que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio, nem perversão”. Não adianta discordar porque, como manda a praxe, ficaram revogadas todas as disposições em contrário.

Pela mesma instrução, os psicólogos estão terminantemente proibidos de colaborar “com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades” ou de achar publicamente que os homossexuais são “portadores de qualquer desordem psíquica”. Assim, quem é psicólogo que trate de pensar igual ao Conselho Federal, a menos que queira acertar as contas com seus pares-representantes.

De igual modo, quem achava que o tema da homossexualidade fosse uma questão aberta e até pretendesse estudá-lo fique certo que não há mais o que debater. Uma penada o encerrou. Como é da natureza da ciência estar sempre aberta ao debate, especialmente quando o objeto é o ser humano, soa doloroso e anacrônico que a psicologia enquanto ciência tenha sido assassinada, logo ela que tem escolas, correntes e tendências tão fascinantemente múltiplas.

O que se quer discutir aqui, pois, não é a natureza, desviante ou não, do homossexualismo, mas a intolerância estampada em nome da tolerância. Por isso, o lamento seria o mesmo se a ordem fosse contrária. Decidisse o CFP que os homossexuais são portadores de desordem psíquica, estaria destilando a mesma intolerância.

Não tem um homossexual o direito de se achar psiquicamente desordenado e bater à porta de um consultório em busca de cura? Não tem o psicólogo o direito de entender que esse homossexual pode ser tratado?

A resposta, por decreto (como se ciência fosse feita por decreto), é um duplo “não”. Os homossexuais, que eventualmente queiram mudar, não precisam se preocupar: o Conselho não legisla sobre eles, pelo que não poderão ser alcançados. Aos psicólogos, que eventualmente queiram ajudá-los, só resta a indigna clandestinidade. Com licença para uma paráfrase, seu cuidado não pode ousar dizer o nome.

Nada haveria a opor se o órgão de classe apenas e contundentemente condenasse, como o faz, aquelas ações coercitivas que visem “orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”. Ninguém deve ser coagido, nem mesmo pela melhor causa, porque é a liberdade que faz uma pessoa tornar-se humana.

A grandeza de Galileu Galilei foi precisamente a de resistir às bulas papais de que a terra não se movia. É àquela época que a resolução de agora nos faz retroceder. Não será, porém, um desvio desses que fará a ciência da psicologia resvalar do seu caminho".


Fonte: Editora Mundo Cristão, via o blog do autor: www.prazerdapalavra.com.br

6 comentários:

  1. Parabéns pelo blog.

    Muito abençoado e abençoador.

    Deus abençõe.

    Se quiserer visitar o meu blog:

    www.vivendooevangelho.blogspot.com

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  2. Excelente, perfeito!!! Deveria ser mais divulgado, quem sabe alguma coisa mudaria...

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  3. Alex,

    Obrigado pela visita e pela participação. Estarei logo fazendo-lhe uma visita.

    Abraço.

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  4. Rubinho,

    Deveria mesmo, pelo menos para que fosse mostrado todos os ângulos da questão, que nesse caso é polêmica.

    Abraço.

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  5. Graça e Paz, Pr. Juber!

    Parabéns pela postagem! Devemos ter uma visão equilibrada desta questão.

    Tudo que um militante gay quer é um severo cristão fundamentalista indo para a arena com ele! Isso fortalece a militância gay e os alguns cristãos não percebem isso.

    Um abração!

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  6. Marcos Wandré,

    Em tempos de discussão da homofobia, não é fácil tratar do assunto, sem despertar os ânimos de um lado ou outro. Mas o pastor Israel Belo de Azevedo, tentou ser bem equilibrado.

    Abraço.

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